sábado, 16 de julho de 2016

No Senado, PMDB atuou a favor da escolha de Maia

• Em troca, partido conseguiu que fosse mantido o acordo para eleição de Eunício em 2017

Júnia Gama - O Globo

BRASÍLIA - Com medo de ter sua hegemonia afetada e tentando eliminar a influência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre o Congresso, o PMDB do Senado atuou de forma decisiva pela eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. O acordo que possibilitou a vitória de Maia teve como pano de fundo a ameaça velada de que, caso não ajudasse a eleger Maia, a negociação para que os peemedebistas fiquem com a presidência do Senado em fevereiro do ano que vem estaria comprometida.

Os senadores José Agripino (DEM-RN) e Aécio Neves (PSDB-MG) estiveram na linha de frente da negociação. A interlocução foi feita, principalmente, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o líder do partido, Eunício Oliveira (PMDB-CE), candidato a presidir a Casa no próximo ano.

— Na hora que o PMDB fizesse o presidente da Câmara, estaria criado um obstáculo gratuito para a presidência do Senado. Se fosse Rogério Rosso o eleito, também não haveria reciprocidade de nossa parte. Então, eles trabalharam em legítima defesa dos interesses deles — afirmou um aliado de Maia.

Atualmente, há um amplo acordo para eleger Eunício em 2017, mas o PMDB foi informado de que haveria rebelião na base aliada de Michel Temer contra a eleição dele, caso a velha oposição continuasse escanteada dos cargos de comando. Nas contas dos senadores, o trabalho, que incluiu, além de Renan e Eunício, Romero Jucá (PMDBRR) e Jader Barbalho (PMDB-PA), serviu para virar ao menos 20 votos entre os deputados do PMDB.

Além do próprio partido, Renan influenciou na aliança do PCdoB com Maia, por meio de seu aliado Aldo Rebelo. Para o PR, em troca dos votos para Maia, foi prometido um espaço na Mesa Diretora do Senado. Segundo interlocutores de Renan, o sentimento anti-Cunha também contribuiu para o acordo. Seus aliados lembram que, durante o período em que Renan foi alvejado pela Lava-Jato, Cunha fez cobranças públicas sobre ele, tentando jogá-lo no olho do furacão.

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