sexta-feira, 8 de julho de 2016

Chorando, Cunha renuncia à presidência da Câmara

Débora Álvares, Gabriel Mascarenhas, Daniela Lima, Rubens Valente, Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou nesta quinta-feira (7) à presidência da Câmara dos Deputados. Ele anunciou a decisão em uma coletiva de imprensa, durante a qual chorou.

Agora, a Casa tem cinco sessões para realizar novas eleições para o cargo.

"É público e notório que a Casa está acéfala", afirmou, acrescentando que só sua renúncia poderia pôr fim ao impasse. "Estou pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment."

O peemedebista disse que vai continuar defendendo sua inocência e acusou a Procuradoria-Geral da República de agir com seletividade abrindo inquéritos e apresentando denúncias com o intuito de desgastá-lo como presidente da Câmara.

A decisão de enfim deixar o cargo em definitivo ocorreu em reunião na noite de quarta (6), após a divulgação do voto de Ronaldo Fonseca (Pros-DF) na Comissão de Constituição e Justiça, que acatou apenas um dos 16 questionamentos de Cunha à tramitação de seu processo no Conselho de Ética, que recomendou a cassação de seu mandato.

Com a renúncia, Cunha pretende ter um aliado comandando a Câmara durante a sessão em que será votado o seu processo de cassação, já que Waldir Maranhão (PP-MA) rompeu com ele havia algum tempo.

O nome pelo qual ele tem predileção para ocupar o mandato-tampão pelos próximos meses é do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), mas há pelo menos 12 candidatos informais na Casa para disputar o pleito.

Até aliados do peemedebista dizem acreditar, porém, que as chances de o deputado escapar da punição são pequenas. Desde que foi afastado do cargo e do mandato pelo STF, Cunha vem perdendo força pouco a pouco na Câmara. Mas ainda reúne apoio político para influenciar a sua sucessão.

E mesmo com a avalanche de acusações de envolvimento no petrolão e com o afastamento determinado pelo STF, Cunha conseguiu obter 9 votos favoráveis a ele no Conselho de Ética (de um total de 20) e tinha, segundo aliados e até adversários, 30 dos 66 votos da Comissão de Constituição e Justiça.

Além disso, conseguiu apesar de todo o cenário desfavorável a ele ser recebidohá alguns dias no Palácio do Jaburu por Michel Temer, mesmo nunca tendo tido uma relação de proximidade com o presidente da República interino. Ministros de Temer também atuam nos bastidores a favor do peemedebista.

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