segunda-feira, 20 de junho de 2016

Opinião do dia – Luiz Sérgio Henriques

Quase 30 anos depois da Carta de 1988, a esquerda brasileira ainda não tirou de sua história os recursos para construir uma forte social-democracia, cujo compromisso essencial seja, além dos objetivos de reforma, a defesa da legalidade democrática e suas instituições, que dão vida e densidade a tais objetivos. Não consegue estabelecer parâmetros altos para a ação de um reformismo latino-americano mais unitário, generoso e integrador. A vertente democrática fraca termina por abrir o flanco para a vertente autoritária e personalista. Condena-se, assim, a recomeçar em condições piores – e sempre depois de tempestades que, como na Venezuela, caudilhos meticulosamente semeiam e, agora, colhem.

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*Luiz Sérgio Henriques é tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das Obras de Gramsci no Brasil; ‘As duas esquerdas’, O Estado de S. Paulo, 19/6/2016

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