quarta-feira, 29 de junho de 2016

'Inflação do aluguel' registra maior taxa para junho desde 2008, diz FGV

• IGP-M de junho dobra frente a maio e chega a 1,69%; em 12 meses, fica em 12,21%

Andrea Freitas – O Globo

RIO - Puxado por alimentos in natura, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), considerado a inflação do aluguel, mais que dobrou em junho. A taxa ficou em 1,69% em junho frente ao 0,82% registrado em maio — quando já tinha subido com força ante abril. O resultado é o mais alto para o mês desde 2008 (1,98%) e veio acima das expectativas do mercado. O Bradesco esperava uma alta de 1,47%. Em igual mês do ano passado, a taxa foi de 0,67%. Nos doze meses encerrados em junho, a alta foi de 12,21% frente a 11,09% um mês antes. No acumulado do ano, a variação é de 5,91%.

Dois dos três componentes do IGP-M apresentaram alta na passagem de maio para junho: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do índice geral, saltou de 0,98% para 2,21%, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) passou de 0,19% para 1,52%. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% na taxa geral, desacelerou de 0,65% para 0,33%.

As maiores influências de alta para o IGP-M de junho vieram de alimentos como feijão, que subiu 42,60% no atacado e 26,08% no varejo; da batata inglesa que ficou 28,48% mais cara no atacado, assim como do farelo de soja (26,12%).


Dentro do IPA, que passou de 0,98% para 2,21%, os bens finais pularam de 0,21% em maio para 1,65%, em junho. A alta foi puxada pelo subgrupo alimentos in natura, que acelerou com muita força, de 2,30% para 9,96%. Sem alimentos in natura e combustíveis, os bens finais variaram 0,74% ante 0,22% no mês anterior.

Já os bens intermediários registraram alta de 1,48% frente a 0,38% em maio. O resultado se deveu principalmente a materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de 0,71% para 2,79%. Sem combustíveis e lubrificantes para a produção, a taxa ficou em 1,80%, ante 0,45%, em maio.

As matérias-primas brutas, grupo do estágio inicial da produção, teve alta de 3,66% em junho ante 2,64% no mês anterior. A alta foi puxada por soja em grão (12,38% para 14,82%), bovinos (-2,28% para 0,36%) e suínos (-5,13% para 16,31%). Por outra parte, minério de ferro (3,98% para -3,56%), algodão (em caroço) (3,48% para -6,06%) e milho em grão (7,93% para 5,65%) desaceleraram ou registraram deflação.

Cinco das oito classes do IPC desaceleraram. A principal contribuição foi de saúde e cuidados pessoais, que passou de 2,21% em maio para 0,67% em junho. A FGV destacou a forte diminuição na alta dos preços dos medicamentos em geral: de 6,20% para 0,48%. Também reduziram a alta ou deflacionaram alimentação (0,77% para 0,12%), despesas diversas (2,44% para 1,48%), transportes (-0,13% para -0,26%) e comunicação (0,29% para 0,13%).

Feijão em alta
O feijão que foi de alvo de piadas na internet nas últimas semanas devido à alta de preços, mais uma vez, foi um dos vilões. A leguminosa, cuja taxa de importação foi suspensa pelo governo por 90 dias para reduzir a pressão sobre os preços, acelerou muito a alta em junho, passando de 7,28% para 26,08%.

Os destaques individuais foram as frutas, que passaram de alta de 3,27% em maio para deflação de 6,69% em junho. Os cigarros desaceleraram de 5,88% para 2,74%. A gasolina passou de 0,04% para -1,18%. A tarifa de telefone móvel foi de 0,45% para 0,24%.

Já habitação (0,38% para 0,69%); educação, leitura e recreação (-0,13% para -0,03%); e vestuário (0,64% para 0,70%) aceleraram. Taxa de água e esgoto residencial avançou de 1,43% para 4,09%, show musical foi de -1,94% a -0,81% e calçados acelerou de 0,36% para 1,13%.

Como parte do INCC, o índice de materiais, equipamentos e serviços variou 0,26% ante 0,04% em maio. A mão de obra saltou de 0,32% para 2,64%.

O índice da Fundação Getulio Vargas (FGV) é o mais usado nos reajustes de contratos de aluguel no país. O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência e é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel de imóveis.

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