terça-feira, 7 de junho de 2016

Governo deve atuar em ‘sintonia fina’ com Congresso e sociedade, diz Freire em seminário

Fábio Matos- Assessoria Parlamentar

SÃO PAULO - O governo do presidente interino Michel Temer deve ter a preocupação de agir em sintonia com o Congresso Nacional, mas sem se esquecer das demandas da sociedade e da repercussão das medidas adotadas junto à opinião pública. A avaliação é do deputado Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, que participou nesta segunda-feira (6) do seminário “Brasil: Desafios e Perspectivas”, organizado pela InterNews e realizado no Paulista Plaza Hotel, em São Paulo.

Além do parlamentar, que foi um dos conferencistas do evento, participaram do encontro o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o economista Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, e o cientista político Bolívar Lamounier.


“O governo precisa ter uma sintonia fina com a sociedade e, ao mesmo tempo, com o Congresso, que vai ser chamado para discutir as principais questões”, afirmou Freire. “O governo tem uma sólida maioria na Câmara e no Senado como poucas vezes tivemos. Esse é um dado positivo porque dá sustentação às propostas. Mas essas medidas também têm de estar em sintonia com a sociedade.”

Para o presidente do PPS, “a sociedade está muito mais participativa, ativa e crítica do que em qualquer outro momento da história brasileira” e esse é um fator que deve ser levado em consideração – especialmente por um governo que se formou como resultado da pressão popular pelo impeachment de Dilma Rousseff.

“Há uma dualidade de poder existente no país. Temos um presidente interino e uma presidente afastada. Estamos em uma situação de confronto”, analisou o deputado. “Para dar essa sustentação em termos de votos, o governo precisa do Congresso. O grande desafio é conciliar isso com o interesse da sociedade.”

Projeto de desenvolvimento
Em sua explanação, Freire recordou que era um dos poucos que criticava os governos de Lula e Dilma, especialmente a opção equivocada do PT pelo incentivo ao consumo e a ausência de um projeto nacional de desenvolvimento para o país.

“O governo do PT não tinha nenhum projeto para o país. E fez escolhas erradas como ampliar o endividamento via consumo e crédito fácil”, afirmou o parlamentar. “Foi uma opção do governo que gerou grande popularidade e quase nenhuma crítica em tempos de euforia. Parecia que o país caminhava rumo ao nirvana. Houve pouca crítica na política, eram poucos os que criticavam.”

Na avaliação de Freire, os governos do PT optaram por “políticas assistencialistas da pior espécie”. “O sistema estruturou uma Bolsa Família que, no fundo, não tem nenhuma perspectiva de futuro”, criticou o parlamentar.

Roberto Freire também fez duras críticas ao governo anterior no que diz respeito ao trato da coisa pública. “Do ponto de vista da corrupção, o governo Collor deveria ser julgado por um tribunal de pequenas causas se comparado aos governos do PT nos últimos 14 anos”, ironizou. “Houve desvio da corrupção por uma organização criminosa que tomou o poder. Estamos vendo o resultado de tudo isso: o rombo e esse desmantelo que o governo do PT gerou, com recessão econômica, inflação e desemprego.”

No encerramento de sua fala, o presidente do PPS reforçou seu apoio à mudança no sistema de governo do Brasil a partir de 2018. “A grande reforma política, a grande transição que o Brasil pode fazer é instituir o parlamentarismo, sem esse estresse político que o país está vivendo hoje.”

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