quinta-feira, 16 de junho de 2016

Delator da Lava-Jato cita Temer e Aécio

Carolina Oms e Letícia Casado – Valor Econômico

BRASÍLIA - A delação do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado provocou ontem um terremoto político. A lista de nomes citados por ele vai de caciques do PMDB - Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho, Edison Lobão e José Sarney - ao presidente do PSDB, Aécio Neves, e a nomes de peso de outras legendas, como os deputados federais Heráclito Fortes (PSB), Jandira Feghali (PCdoB) e o governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles (PP). E envolve, também, o nome do presidente interino, Michel Temer.

Machado afirma em sua delação, um documento de 246 páginas, que acertou com Temer uma doação de R$ 1,5 milhão, feita pela empreiteira Queiroz Galvão, para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. De acordo com ele, o contexto da conversa deixava claro que Temer estava ajustando pedido de "recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial".


Em conversas com interlocutores no Palácio do Planalto, Temer classificou como "mirabolante" a história de Machado. A opinião de Temer é que ele procurou puxar "um peixe grande" para seu termo de colaboração com as autoridades, a fim de valorizar a delação. O presidente interino também disse que não se lembra de ter conversado com Machado sobre doações para a campanha de Chalita a prefeito.

Na delação, Machado disse que, enquanto esteve na presidência da Transpetro, entre 2003 e 2011, repassou ao PMDB pouco mais de R$ 100 milhões, cuja origem eram "comissões pagas ilicitamente por empresas contratadas". Foi desse valor, segundo ele, que saiu o R$ 1,5 milhão para Temer e outros R$ 24 milhões para o senador Edison Lobão (MA). No total, ele citou 23 políticos de sete partidos como beneficiários da propina.

O delator também afirmou que participou da captação de recursos ilícitos para bancar a eleição do hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência da Câmara dos Deputados, em 2001. De acordo com seu relato, Machado, Aécio e Teotônio Vilela, na época presidente do PSDB, levantaram R$ 7 milhões para ajudar a eleger aproximadamente 50 deputados, o que viabilizaria o apoio à eleição de Aécio para o comando da Casa. Desse valor, o próprio Aécio teria recebido R$ 1 milhão em dinheiro. Por meio de nota, o senador disse que as acusações são "falsas e covardes". "No afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, [Machado] não hesita em mentir e caluniar", afirma.

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