domingo, 12 de junho de 2016

Campanha de Marina recebeu por caixa 2, dirá Léo Pinheiro

• Delação de ex-presidente da OAS revelará que candidata teve doação ‘por fora’ em 2010

A mesma empreiteira e a Odebrecht vão admitir que fizeram contribuições ilegais para Eduardo Paes; Marina Silva e o prefeito do Rio negam irregularidades em suas contas eleitorais

Em negociação de delação premiada com a Lava-Jato, revela LAURO JARDIM ,o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro prometeu detalhar o esquema de caixa dois que, segundo ele, irrigou a campanha de Marina Silva à Presidência em 2010, pelo PV. A doação teria sido intermediada pelo candidato a vice de Marina, Guilherme Leal, um dos donos da Natura. A OAS e a Odebrecht revelarão também que fizeram doações “por fora” às campanhas de Eduardo Paes à prefeitura. Em nota, Marina Silva alega que nunca usou “um real sequer que não tivesse sido regularmente declarado”. Ela defendeu a Lava-Jato e disse confiar que nenhum dirigente do PV tenha usado seu nome para fins ilícitos. Guilherme Leal admitiu que se encontrou com Pinheiro, mas refutou as acusações. O prefeito do Rio também negou irregularidades em suas contas eleitorais.

Marina e Leal negam uso de dinheiro ilícito em 2010

• Prefeito Eduardo Paes também diz que não houve esquema de caixa 2 em sua campanha, como delatores indicam

- O Globo

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva (Rede) e o presidente da Natura e ex-candidato da vicepresidente na chapa de Marina Silva, Guilherme Leal, negaram ontem que a campanha de 2010 tenha recebido recursos ilícitos, conforme relato do ex-presidente da construtora OAS, Adelmário Pinheiro, mais conhecido como Léo Pinheiro, durante negociação para acordo de delação premiada.


Segundo informação publicada por Lauro Jardim, em sua coluna na página 2 do GLOBO, Pinheiro prometeu aos procuradores da Lava-Jato falar sobre um pedido de contribuição para a campanha de Marina em 2010, que teria sido feito por Leal e pago fora da contabilidade oficial apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com a coluna, não há registro de doação oficial da OAS para a campanha de Marina naquele ano.

Na nota divulgada ontem, Leal afirma que se encontrou com Pinheiro, ocasião em que foram apresentadas “as propostas da candidatura”. Ele nega ter discutido pagamento de caixa 2 para a campanha.

“Houve sinalização da OAS em apoiar a campanha presidencial por meio do Partido Verde, certamente dentro dos termos da lei, com o devido registro perante a Justiça Eleitoral", disse o executivo, segundo o qual “qualquer outra insinuação é uma inverdade".

Em nota enviada ao GLOBO e também distribuída em suas redes sociais, Marina Silva escreveu nuca ter usado “um real sequer em minhas campanhas que não tivesse sido regularmente declarado".

Sobre Guilherme Leal, ela disse que ele "sempre foi fiel ao compromisso ético e à orientação política de que todos os recursos de financiamento de campanha teriam origem e uso inteiramente legais".

Leal confirmou a informação da nota de que Alfredo Sirkis, dirigente nacional do Partido Verde na época, teria participado da reunião.

Paes: ‘tudo legal’
A coluna de Lauro Jardim também informa que a OAS e a Odebrecht prometem detalhar aos investigadores suposto esquema de caixa 2 para a campanha do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Em nota ao GLOBO, Paes afirma:

“O prefeito Eduardo Paes afirma que todas as doações às suas campanhas eleitorais — sejam aquelas feitas diretamente a ele ou via diretórios municipal, estadual e nacional do seu partido — ocorreram de forma oficial e legal e foram declaradas à Justiça Eleitoral. Paes ressalta que as contas de campanha foram devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral".

Procurado neste sábado, Alfredo Sirkis não foi encontrado pela reportagem.

Nota de Marina Silva: ‘Todo apoio à Lava-Jato’
Recebi a notícia de que estaria sendo divulgada uma suposta menção a meu nome em delação premiada à força-tarefa que investiga a corrupção na Petrobras. Segundo essas fontes, dinheiro de uma empreiteira teria sido destinado ao “caixa dois” da minha campanha à Presidência, em 2010. Como ressaltou recentemente o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “da esquerda à direita, do anônimo às mais poderosas autoridades, ninguém, ninguém mesmo, estará acima da Lei”. Por esse motivo, quero que as autoridades deem a devida atenção a essa acusação.

De minha parte, reafirmo que a Operação Lava Jato não pode sofrer nenhuma tentativa de interferência ou constrangimento para apurar denuncias de corrupção. Posso alegar que nunca usei um real sequer em minhas campanhas que não tivesse sido regularmente declarado. Guilherme Leal, que foi candidato a vice em minha chapa em 2010, sempre foi fiel ao compromisso ético e à orientação política de que todos os recursos de financiamento da campanha teriam origem e uso inteiramente legais e não acredito que nenhum dirigente do PV possa ter usado meu nome sem ter me dado conhecimento, ainda mais para fins ilícitos.

Posso assegurar à opinião pública que, neste momento em que a sarjeta da política já esta repleta de denunciados, o melhor caminho é confiar no trabalho do MP e da Polícia Federal. Por isso, reitero meu apoio e confiança no trabalho da Justiça.

Nota de Leal: Propostas ‘nos termos da lei’
Solicitado a me manifestar sobre a alegação do Sr. Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, envolvendo doação à campanha presidencial de 2010 e se referindo à minha pessoa, informo que: de fato houve reunião em 1 de semestre de 2010, com a presença de Léo Pinheiro, Alfredo Sirkis, então dirigente nacional do PV e responsável pela pré-campanha, e Leandro Machado, meu então assessor. Na oportunidade, apresentamos as propostas da candidatura e houve sinalização da OAS em apoiar a campanha por meio do PV, certamente nos termos da lei, com o devido registro na Justiça Eleitoral. Qualquer outra insinuação é uma inverdade.

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