sexta-feira, 8 de abril de 2016

No país das maravilhas de Dilma... - Ricardo Noblat

• “Quem comanda a arrecadação de recursos em uma campanha é gente ligada ao candidato a presidente. Vice não faz campanha”

- O Globo

Há o mundo real da política e o mundo da fantasia. No real, a delação da Andrade Gutierrez atingiu frontalmente a presidente Dilma Rousseff e reforçou as chances de aceitação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados.

No mundo da fantasia, compartilhado por Dilma e políticos de todos os partidos interessados em cargos, favores e sinecuras, aconteceu o contrário: a delação reforçou as chances de o governo enterrar na Câmara o processo de impeachment.

De baixo para cima: é fato que a delação atingiu Dilma ao demonstrar que dinheiro de propina financiou a eleição dela em 2010 e a reeleição em 2014. Mas está na delação que o PMDB do vice-presidente Michel Temer recebeu também dinheiro sujo. E aí?

Aí, nada. O raciocínio de gente do governo é lógico, mas imprestável. Nada mais inorgânico como o PMDB. Não existe um PMDB como existe um PT. Existem muitos. E, desta vez, foi o do senador Edson Lobão (MA) que embolsou a grana da Andrade Gutierrez.

O míssil disparado pela Andrade Gutierrez passou perto de Temer e alcançou Dilma. De resto, quem comanda a arrecadação de recursos em uma campanha presidencial é gente ligada ao candidato a presidente. Vice não faz campanha. É figura decorativa.

O calendário do impeachment na Câmara está pronto e não será mudado a esta altura. Não por mais uma denúncia de corrupção contra a presidente Dilma. Neste fim de semana, a comissão especial do impeachment discutirá o voto do relator, Jovair Arantes (PTB-GO).

Na próxima segundafeira, à tarde, começará a votá-lo. Na sexta-feira, dia 15, será a vez de o plenário da Câmara começar a votar o relatório. A votação poderá se estender pelo sábado, terminando no domingo. Ou ser suspensa e retomada na segunda-feira.

A esperança de Dilma de salvar-se do impeachment tende a diminuir à medida que se aproxima o dia do juízo final. Há novas delações. E cresce a pressão da sociedade para que o mundo irreal dos políticos se concilie com o mundo real dos brasileiros.

O mundo real cobra a aprovação do impeachment. O irreal sabe disso, mas hesita.

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