terça-feira, 12 de abril de 2016

Lula diz a militantes que Temer é o primeiro a querer tirar Dilma do governo

• Em ato contra o impeachment no Rio, petista acusa vice e caciques do PMDB de liderarem o movimento pela deposição da presidente

O Estado de S. Paulo

RIO - Em discurso para manifestantes contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, nesta segunda-feira, 11, no Rio de Janeiro, o ex-presidente Lula acusou o vice-presidente Michel Temer e caciques do PMDB de liderarem o movimento pela deposição de Dilma. O ex-presidente lamentou o resultado da votação na Comissão Especial do Impeachment, que aprovou a abertura do processo no início da noite. Lula afirmou ainda que aceitou voltar ao governo para "recuperar" o País e defendeu mudança na política econômica.

"Quem quer tirar a Dilma? Em primeiro lugar, o Temer. Em segundo, o (Eduardo)Cunha, Em terceiro, o Geddel (Vieira Lima). Em quarto, o Henrique Alves, e em quinto, o Moreira Franco", afirmou o ex-presidente no ato realizado na Lapa, na região central do Rio. "Jamais imaginei que veria gente da minha geração, agora golpistas querendo tirar a presidente eleita", completou.

O público vaiou os políticos citados pelo ex-presidente e gritaram 'Fora Cunha'. Durante o discurso, Lula ainda lamentou o resultado da votação na Comissão Especial do Impeachment, mas minimizou o resultado: "Essa comissão foi montada pelo Cunha. O que vale mesmo é no próximo domingo", disse.

Durante o discurso, o ex-presidente lembrou que perdeu quatro eleições e disse que nunca reclamou ou foi à Justiça contra o resultado das eleições. "Vamos dizer aos amigos que querem o golpe: aprendam com o Lula. Ele esperou 12 anos pra ser presidente", provocou.
Lula afirmou ainda que foi convidado a entrar no governo desde agosto, mas que agora atendeu a um apelo da presidente Dilma para "recuperar" o País. Segundo Lula, ao aceitar o convite para o governo, ele pediu à presidente uma mudança de rota.

"Dilma me convidou pra voltar ao governo em agosto e eu não quis. Agora ela me disse: preciso de você pra recuperar o país e nós vamos recuperar o País. Mas eu disse a Dilma que volto, mas a gente tem que ter outra política econômica", afirmou.

Em outro momento do discurso, ele voltou ao tema. "A companheira Dilma aprendeu uma lição. Ela fez uma proposta de ajuste que nenhum companheiro gostou. Era um ajuste para atender ao mercado financeiro. Mas o mercado dela não é o banqueiro, é o povo consumidor", afirmou o ex-presidente, sob fortes aplausos do público.

Lula negou as acusações de corrupção envolvendo o apartamento tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia. Ele voltou a criticar a imprensa e a defender a as marcas de seu governo, como o programa Minha Casa Minha Vida, a política de cotas em universidades e o Bolsa Família.

'Luta de classes'. O ex-presidente afirmou, ainda, que não quer incitar a luta de classes no País ou dividir a sociedade. Segundo ele, defender o governo é defender a "honra das mulheres brasileiras" e criticou os ataques à presidente.

"Acham que quero incitar a luta de classes. Não quero dividir a sociedade. O País não pode ser dividido entre aqueles que se acham mais brasileiros porque usam verde e amarelo. Não se mede o brasileiro pela cor da camisa, mas pela vergonha na cara e pelo trabalho que fazemos", afirmou o ex-presidente. "Vejo que eles têm ódio de mim, vejo como eles me tratam. Mas nesse país ninguém governou o país para todos mais do que eu", completou.

O ex-presidente comparou os movimentos contra a presidente ao Fascismo e ao Nazismo. "Eles não gostam de política, negam a política. Em São Paulo, não deixaram o Alckmin e o Aécio falarem. quem fala por eles é o Bolsonaro. Foi assim que nasceu o Nazismo e o fascismo. Aqui, aprendemos a gostar de democracia, pois somente a democracia permite que um cara como eu chegue a presidência".

Lula ainda afirmou que solicitaram a ele que usasse coletes a prova de balas em manifestações na Av. Paulista. "No dia em que eu tiver medo, eu prefiro não sair de casa. Se quiserem me derrotar, vão ter que aprender que nós não saímos nas ruas apenas aos domingos, mas de segunda a sexta, o ano inteiro", completou.

Ele classificou de "injusta" a campanha contra a presidente Dilma Rousseff. "Eu aguento muita bordoada, mas não é justo eles fazem com a Dilma. A gente não está defendendo apenas o direito de uma mulher ser presidente, estamos defendendo a honra das mulheres brasileiras que sempre foram tratadas como objeto".

Lula também afirmou que a "elite brasileira nunca se preocupou que o pobre estudasse". Segundo ele, os governos do PT mudaram a 'lógica'.

"Para eles, o pobre nasceu pra ser faxineiro, eles que nasceram pra ser engenheiros. Falo com orgulho, só tenho diploma primário e o curso do Senai. Mas vou passar para a história como o presidente que mais fez universidades nesse país. Isso incomoda. Como pode esse peão analfabeto ter mais título de doutor honoris causa que o sociólogo?", alfinetou Lula, sem citar nominalmente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

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