segunda-feira, 14 de março de 2016

Em São Paulo, 1,4 milhão de manifestantes

• No maior protesto da História, na Paulista, dez carros de som e trios elétricos foram usados por 40 movimento

- O Globo

- SÃO PAULO- Na maior manifestação da História, São Paulo reuniu ontem cerca de 1,4 milhão de pessoas na Avenida Paulista — além de outras 400 mil em diferentes cidades do interior do estado — para protestar contra o governo de Dilma Rousseff e o PT e dar apoio à Operação Lava- Jato. Os números foram divulgados à noite pela Polícia Militar, que classificou o protesto como pacífico.

Mais de dez carros de som e trios elétricos foram levados para a manifestação. Líderes de cerca de 40 movimentos usaram os veículos para os discursos. Ao citarem nomes de políticos, o público reagiu com vaias, independentemente do partido. Ainda assim, políticos se revezaram no microfone.

O Movimento Liberal Acorda Brasil distribuiu 50 mil máscaras de Dilma e Lula na forma de zumbis, em referência a uma paródia feita com a música “Thriller”, de Michael Jackson. Manifestantes também cantaram o Hino Nacional. Muitos gritavam palavras de ordem contra o governo e pediam a saída imediata de Dilma da Presidência.

Lotação máxima no Metrô
Durante toda a tarde o movimento foi grande nas vias de acesso à Avenida Paulista. As estações de metrô ficaram abarrotadas de usuários, com longas filas nas portas, principalmente nas estações Paulista e Consolação. Por algum tempo o Metrô evitou a entrada de passageiros nas estações, e permitiu apenas a saída deles para a avenida. Havia temor de um possível confronto dentro das estações. Não houve, porém, registro de confusão durante a manifestação, segundo a Polícia Militar.

O acesso à Avenida Paulista foi controlado pela PM e, em alguns pontos, foi atingida a lotação máxima considerada segura. Os manifestantes foram orientados a procurar locais de menor concentração para entrar na avenida. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública esclareceu que não barrou o acesso de manifestantes.

O comércio na Avenida Paulista, palco do protesto contra o governo, decidiu se antecipar a eventuais confrontos e adotou medidas de segurança. Um dos shoppings da região cercou todo o prédio com grades, enquanto uma das lojas de departamento abriu apenas uma das portas, e apenas pela metade. Mesmo assim, centenas de pessoas desciam ao mesmo tempo de algumas das estações de metrô na avenida.

Representantes dos movimentos aproveitaram para se capitalizar durante o protesto, com venda de camisetas e “pixulecos”, pequenos bonecos infláveis do ex- presidente Lula vestido de presidiário. Algumas pessoas tinham em mãos bonecos infláveis com o desenho do juiz Sérgio Moro.

O Grupo Ação Popular, ligado ao PSDB, estacionou um carro de som no fim da Avenida Paulista, e levantou os manifestantes ao tocar a marchinha do japonês da Federal, o conhecido agente Newton Ishii, que sempre aparece nas prisões nas operações da Lava- Jato.

— Vamos agora fazer uma homenagem a uma pessoa muito importante na história do Brasil — gritou o locutor ao anunciar que tocaria a marchinha.

Símbolo da Fiesp
A imagem da Avenida Paulista tomada pela multidão também chamava a atenção por conta da presença de um boneco gigante em forma de pato, usado como símbolo de uma campanha feita pela Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp) contra a elevação dos impostos no país.

Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), a saída da presidente Dilma deve ser encarada como uma medida rápida para estimular a retomada do crescimento econômico:

— Nós queremos recuperar a confiança do investidor. Sem confiança não há investimento, não há crescimento econômico — disse ele, durante entrevista na porta da sede da federação, na própria Avenida Paulista.

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