segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Valdo Cruz: A vida pós-Carnaval

- Folha de S. Paulo

Dizem que o ano só começa depois do Carnaval. Talvez para os preguiçosos ou para os que estão fugindo da realidade, que não são poucos nestes tempos de Operação Lava Jato, Zelotes e de uma crise econômica piorando.

Em janeiro, antes das folias, a inflação vestiu de novo sua fantasia de dragão. Foi a pior nos últimos 13 anos, bateu em 1,27% –motivo de sobra para o Banco Central subir os juros no mês passado. Mas não subiu.

Por quê? Porque avaliou que a economia mundial ensaia, com ou sem Carnaval, um desfile horroroso, com risco de nova desaceleração global, agravando ainda mais a nossa.

Se o BC estiver correto, a cotação do dólar pode seguir em queda pois o mundo vai reagir à sua paralisia. Daí que, dentro do governo, a ordem é ficar de olho no valor do dólar.

Caso recue mais, a inflação, enfim, cederá de fato, elevando a pressão por uma queda dos juros ainda neste semestre para minorar os custos sociais da tragédia econômica.

Afinal, para muitos, só a economia salva a pele do bloco dos enrolados no petrolão, que não aguardou o Carnaval passar para seguir com suas prisões e revelações. Pior, aproximou-se do ex-presidente Lula.

E promete muita confusão pela frente, quando os enjaulados começam a se desesperar. Amigo de Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai, já deu sinais de que pode explodir.

Seu advogado classificou de "pouca-vergonha" e "fraudulenta" a contratação de um navio-sonda pela Petrobras destinada, segundo Bumlai, a quitar uma dívida do PT.

Sem falar que vem por aí a delação da construtora Andrade Gutierrez, a segunda maior do país, com potencial para trazer muita dor de cabeça para a presidente Dilma e arredores.

Seja como for, primeiro, ainda bem que o Carnaval veio mais cedo neste ano, encurtando a fantasia de muitos. Segundo, 2016 começou em ritmo assustador, cobrando ação, não delongas, de quem decide. O Brasil pede urgência.

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