sábado, 23 de janeiro de 2016

Michel Zaidan Filho: Exercícios de futurologia política

No final de dezembro de 2015, recebi uma solicitação do jornal “GARRA”, para escrever, inicialmente, uma frase que resumisse o primeiro ano político do segundo mandato da Dilma. A ideia era inseri-la numa revista cujo tema era os aposentados e a Terceira Idade. Depois, recebi uma segunda solicitação para produção de um artigo, para o jornal mensal, com um balanço geral e a indicação de perspectivas políticas e econômicas para o ano 2016. 

Relutei, porque achei difícil fazer projeções desse tipo, sobretudo em razão do ano não ter se concluído, do ponto de vista legislativo e político. Ou seja, as questões ficaram para este ano, depois do recesso parlamentar. Mas, apesar disso, fiz o artigo cujo título era: “um ano politicamente perdido e com muitas incertezas econômicas”. 

Hoje, aconteceu o que previa, um novo pedido refere-se a uma atualização ou reescritura do artigo, para ser publicado em meados de fevereiro, sob a alegação de que o artigo está desatualizado.

O que eu posso dizer? - Ora, o recesso parlamentar não acabou. Todas as questões pendentes (entre elas, a do Impeachment) ficaram para ser tratadas a partir do mês de fevereiro, quando os parlamentares retomarem seus trabalhos (a comissão de admissibilidade do processo contra o presidente da Câmara, a composição da comissão que analisará o pedido de Impeachment contra Dilma, medidas pendentes do ajuste fiscal etc.). 

A rigor, nada aconteceu de extraordinário de lá para cá. Estamos em compasso de espera. Inclusive em relação aos números da economia brasileira. Se eu fosse dado a exercícios de futurologia, como as cartomantes e os que jogam búzios, poderia fazer um montão de previsões bombásticas e catastróficas sobre a política e a economia do país. Mas sou uma pessoa que tem senso de responsabilidade. Não vou adiantar conjecturas ou especulações, num ambiente de expectativa e angústia, em relação à manutenção do cargo da Dilma, ao afastamento do Presidente da Câmara, à eleição do líder do PMDB, à aprovação do CPMF, à Convenção do PMDB etc.

Na prática, não há elementos novos – no momento - que possam servir de base para uma reavaliação da conjuntura brasileira. Amainou a crise política – com o recesso parlamentar – e isso foi um ponto positivo para Dilma. Tanto quanto as manifestações populares. Mas isso é uma trégua que será interrompida logo a seguir com a reabertura do novo ano legislativo. E nada promete que será melhor, muito diferente deste do ano que passou. Que aproveite a Presidente para repensar sua estratégia de governabilidade com um aliado tão ruim, instável e sem confiança como o velho PMDB.

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Michel Zaidan é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

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