quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

"O mais significativo das demonstrações, como as de ontem, é a persistência do sentimento popular de que o governo, embora legal, é ilegítimo. Falta-lhe a base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo. Com a metáfora do boneco vestido de presidiário, a Presidente, mesmo que pessoalmente possa se salvaguardar, sofre contaminação dos malfeitos de seu patrono e vai perdendo condições de governar.

A esta altura, os conchavos de cúpula só aumentam a reação popular negativa e não devolvem legitimidade ao governo, isto é, a aceitação de seu direito de mandar, de conduzir. Se a própria Presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lavajato. Até que algum líder com forca moral diga, como o fez Ulysses Guimarães, com a Constituição na mão, ao Collor: você pensa que é presidente, mas já não é mais".
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Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da República, em nota no Facebook, 17 de agosto de 2015.

Governo ‘ perde menos’, e Câmara muda FGTS

• Apesar de acordo, escalonamento da correção desagrada ao Planalto Deputados aprovam texto- base de projeto que leva o Fundo a alcançar a rentabilidade da poupança a partir de 2019; equipe econômica queria que alíquotas anuais de reajuste fossem aplicadas

O governo vai analisar os números e ver se sanciona ou se veta. Não foi um acordo de 100%, mas diria que de 80% José Guimarães ( PT- CE)
Líder do governo na Câmara

Em votação simbólica, a Câmara aprovou ontem a mudança da correção do FGTS. Segundo o projeto, a partir de 2019, o Fundo alcançará a rentabilidade da poupança. O texto aprovado, negociado com o governo, é melhor para a equipe econômica do que o original, que previa a correção pela poupança já em 2016. Apesar da pequena vitória, segundo fontes do Ministério do Planejamento, o governo tentará reverter a proposta no Senado ou poderá recorrer ao veto para modificála. O presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), deve votar hoje o projeto que acaba com a desoneração da folha de pagamento de setores da economia.

Acordo reduz prejuízo

Júnia Gama, Simone Iglesias, Isabel Braga e Geralda Doca - O Globo

- BRASÍLIA- Após negociações com o governo, a Câmara aprovou na noite de ontem, em votação simbólica, o projeto que altera a correção dos depósitos do FGTS de forma escalonada em quatro anos até alcançar a rentabilidade da poupança, a partir de 2019. A princípio, o Palácio do Planalto trabalhou para que o projeto sequer fosse votado. Diante de uma iminente derrota, decidiu negociar para que a nova correção, que seria feita a partir de janeiro de 2016 pelo índice da poupança, não fosse aplicada integralmente no próximo ano. Mas, segundo fontes do Ministério do Planejamento, mesmo com as alterações no texto, o governo irá tentar reverter a proposta no Senado ou poderá recorrer ao veto para modificá- la.

Segundo o relator do texto, deputado Rodrigo Maia ( DEM- RJ), a proposta da equipe econômica foi de um escalonamento em 11 anos, mas o relator decidiu pelo que considerou um meio- termo. Maia diz que não há radicalismo em sua proposta e espera que não seja vetada:

— Os cotistas não podem, sem o direito de dar sua opinião, continuar oferecendo ao governo o subsídio que é injusto. Eu pergunto: quem é o gestor do FGTS? Aplica seu dinheiro em TR mais 3%? Então, não é justo que o dinheiro dos outros renda TR mais 3%. Agora, é claro, também não é justo que da noite para o dia você dê a liberdade para que essas contas possam buscar a rentabilidade de mercado.

Governo queria prazo maior
Todos os destaques apresentados na Câmara foram rejeitados e o projeto deve ser enviado ao Senado, a partir de janeiro de 2016. Pelo texto, os novos depósitos do FGTS terão correção monetária da Taxa Referencial ( TR) mais 4% no primeiro ano; 4,75% em 2017; 5,5% em 2018 e, depois disso, passarão a ser corrigidos pelo mesmo índice da poupança, o que pode dobrar a remuneração atual do fundo.

Além disso, o projeto determina que 60% do lucro efetivo do FGTS seja destinado a aplicações em habitação popular, o que foi considerado uma vitória pelo líder do governo, José Guimarães ( PT- CE). Sobre o escalonamento, no entanto, Guimarães disse que o governo irá analisar se vetará algum item, já que, segundo o petista, o governo trabalhava com a perspectiva de uma graduação da correção em 8 anos.

— O governo vai analisar os números e ver se sanciona ou veta, e em quais condições isso será feito. Não foi um acordo de 100%, mas diria que de 80% — disse Guimarães, que encaminhou voto favorável ao projeto, diante de dezenas de integrantes da Força Sindical, que pressionavam pela aprovação do texto nas galerias do plenário da Câmara.

Rodrigo Maia afirmou que, desde a semana passada, tenta, junto ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), construir uma alternativa ouvindo o governo. Na manhã de ontem, o relator se reuniu com o vice- presidente Michel Temer e com os ministros Nelson Barbosa ( Planejamento), Joaquim Levy ( Fazenda) e Gilberto Kassab ( Cidades), para tentar avançar a proposta.

— O trabalhador tem que falar também nesse debate, não é só o governo. De forma nenhuma a nossa proposta tende a gerar prejuízo a qualquer tipo de financiamento de projeto que o governo faz, seja no saneamento ou na habitação — afirmou Maia.

O relator explicou que a proposta inicial era garantir a rentabilidade da poupança para 100% das contas. Mas, com as resistências do governo, ficou definido o escalonamento.

— Tenho certeza que o escalonamento dará ao governo condições, até porque eu espero e confio no Levy, que a nossa taxa de juros possa cair no médio prazo. Até por isso, colocamos a poupança como referência, e não colocamos a TR mais 6% — afirmou.

Demora na negociação
O governo decidiu aceitar um acordo com a Câmara para, segundo auxiliares presidenciais, “minimizar o prejuízo”. O Executivo não queria nenhuma mudança agora, em meio ao ajuste fiscal.

Atualmente, o rendimento do FGTS é de 3% mais a Taxa Referencial. Pela proposta inicial, defendida por deputados autores do projeto e o próprio presidente da Câmara, o rendimento dobraria, alcançando mais de 6% ao ano.

Mais cedo, Eduardo Cunha criticou o governo por demorar em negociar a proposta. Mesmo depois de pedidos do Palácio do Planalto para que a votação fosse adiada, Cunha manteve a proposta como primeiro item da pauta.

— Coloquei na pauta. Não tem um cabo de guerra. Está lá como aconteceu com a PEC 443 que o governo votou para adiar e não conseguiu adiar. Eu não tenho cavalo de batalha. O tema está lá, anunciado há muito tempo. O problema é que o governo só resolve discutir o assunto de verdade quando faltam cinco minutos para o time entrar em campo. Nunca discute quando você avisa que o jogo é daqui a dois meses — disse Cunha, alfinetando:

— Eles tendem a empurrar com a barriga. Se tivesse tido a boa vontade que estão tendo hoje certamente a gente chegaria a um acordo.

Cunha disse não ver problema em propor um escalonamento na correção, mas criticou a proposta, defendida inicialmente pelo governo e que acabou excluída, de divisão dos lucros do FGTS no lugar da correção dos novos depósitos pelo índice da poupança:

— Escalonamento? Sim. Não tem problema nenhum. Isto já vem sendo falado para mim e para o Nelson Barbosa. Acho que qualquer tipo de solução que dê um pouco de conforto a todos não é ruim. Tem uma divergência entre tratar sobre lucro e tratar sobre aumento de taxa. Tratar sobre lucro é mais difícil, porque você não controla o lucro. Quem coloca o subsídio para manter o lucro é sempre o governo, e o trabalhador não tem forma de se proteger. Agora, fazer a graduação é razoável.

Dilma volta a usar Caixa e BB para socorrer empresas

• Governo libera R$ 5 bi a montadoras a fim de evitar demissões

Governo volta a usar banco público contra a recessão

• Caixa dará crédito com juros mais baixos a montadoras e outros setores em dificuldade que não cortarem vagas

• Medida se segue a apoio anunciado por empresários e retoma práticas criticadas por ministro da Fazenda

Eduardo Cucolo, Valdo Cruz, Natuza Nery – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Diante do risco de dois anos seguidos de recessão e precisando cimentar apoio entre o empresariado para enfrentar a crise política, o governo Dilma Rousseff decidiu voltar a usar bancos públicos para conceder crédito a juros baixos para setores da economia em dificuldades, como a indústria automotiva.

A polêmica medida, adotada em seu primeiro mandato e abandonada sob críticas, faz parte de um programa ainda maior, que está sendo costurado por Aloizio Mercadante (Casa Civil) com participação das pastas da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Nesta terça-feira (18), a Caixa implementou as primeiras medidas do programa ao anunciar linhas de crédito com taxas de juros menores para quem se comprometer a não demitir funcionários.

Nesta quarta (19), o Banco do Brasil lançará ações semelhantes, a taxas mais próximas das de mercado.

Entre 2008 e 2014, a prática era comum. Foi desmontada com a chegada de Joaquim Levy à Fazenda, após a reeleição de Dilma.

O pacote vem após as duas maiores entidades industriais do país, a Fiesp e a Firjan, divulgarem apoio público à governabilidades, e grandes empresários se movimentarem para apoiar a presidente Dilma.

Segue-se também ao apoio explícito do até então rebelde presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a uma agenda de consenso.

Uma ala do governo defende que, sem a volta do crescimento, o governo não elevará sua receita e continuará tendo dificuldades para reequilibrar as contas (leia sobre arrecadação na pág. A19).

Joaquim Levy, por seu lado, afirmou em entrevista à TV Record não acreditar em PIB negativo em 2016.

"A economia brasileira, com a diversidade de empresas, com as pessoas que querem trabalhar, com as nossas riquezas, agricultura sempre indo muito bem, a gente tem como vencer e não ter mais recessão no ano que vem."

Respiro
A Caixa vai liberar cerca de R$ 5 bilhões somente para o setor automotivo. Outros 11 setores estão em negociação (veja quadro ao lado).

A presidente do banco, Miriam Belchior, afirmou que o objetivo é ajudar as empresas a "respirar". "Foi debatido inclusive com a Fazenda. É uma posição de consenso do governo", afirmou.

Levy, que defende que o setor financeiro privado ocupe o espaço de financiador de investimentos no país, era visto na tarde de terça-feira (18) como derrotado no debate.

O setor automotivo terá quatro linhas: antecipação de recursos para fornecedores de montadoras, dinheiro para despesas do setor no segundo semestre, financiamento de máquinas novas e usadas e renovação de frota (transporte coletivo, máquinas agrícolas e caminhões).

Em três delas, as prestações começam a ser pagas daqui a seis meses, quando o governo espera uma retomada (veja detalhes das linhas no quadro ao lado).

As taxas mínimas serão dadas a empresas que se comprometerem a não demitir durante o prazo do empréstimo –o controle será feito pela folha de pagamento.

Segundo a Folha apurou, no BB, o financiamento se dará com recursos e taxas de mercado. Empresas que mantiverem empregos e índices de inadimplência controlados terão taxas menores.

O BB dará crédito principalmente a fornecedores das empresas líderes de mercado e assinará convênio com o setor automotivo.

Banco público dará crédito a empresa que não demitir

Governo faz gestos a empresários e Dilma pede ajuda para ‘travessia’

• Planalto orienta bancos públicos a liberar créditos mais baixos a setores da economia e presidente cobra apoio para o enfrentamento da crise; Temer recebe comitiva de industriais, que defende aprovação de reoneração linear de 50% para todos os segmentos

Ricardo Brito e Victor Martins - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O governo federal fez nesta terça-feira, 18, gestos de boa vontade para setores empresariais no momento em que busca um pacto de estabilidade político e econômico que evite o agravamento da crise no País. No mesmo dia em que o vice-presidente Michel Temer comandou a recepção a uma frente de empresários que foi negociar o projeto que acaba com a política de desoneração da folha de pagamentos em vigor entre 2011 e 2015, o Planalto orientou os bancos públicos a liberar crédito mais barato para empresas da cadeia produtiva de diversos setores da economia.

Liderados pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, filiado ao PMDB, os empresários apresentaram uma proposta mais branda e linear de reoneração da folha para todos os setores. A votação, que estava prevista para a tarde de ontem no plenário do Senado, foi adiada e volta hoje à mesa de negociações.

Enquanto os empresários apresentaram uma proposta de reoneração linear para todas os setores com um aumento menor, de 50% – com exceção para os produtos da cesta básica –, durante outra cerimônia em Brasília, a presidente Dilma Rousseff fez apelos pelo enfrentamento da crise. Na inauguração da Escola Nacional de Gestão Agropecuária (Enagro), a presidente pediu ajuda para a “travessia” da turbulência econômica.

Acossado pelas crises política e econômica, o governo federal tenta envolver empresários num arranjo que evite um processo mais traumático.

“Hoje enfrentamos algumas dificuldades e todos nessa sala sabem disso. O Brasil, até então, tinha tido desempenho fantástico, mas hoje não temos mais como dar suporte a tudo que fizemos”, afirmou a presidente. “Desoneramos folha, cesta básica e uma série de investimentos produtivos”, disse. “Vamos continuar mantendo as desonerações, como a cesta básica. Temos de fazer isso (tirar as desonerações) porque estamos em travessia e não podemos permitir retrocessos.”

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que retomou a aliança com o Palácio do Planalto, chamou o projeto de desoneração de “cadáver insepulto” e disse que, após esse texto, o Senado poderá discutir um cenário de “pós-ajuste fiscal”. “Há um esforço muito grande do Senado para tirar esse cadáver insepulto da nossa pauta para, enfim, cuidar do pós-ajuste porque o Brasil precisa demais disso”, disse Renan.

O governo previa economizar R$ 12,5 bilhões com o fim das desonerações. O texto aprovado na Câmara eleva em mais de 100% a taxação para a maioria dos setores beneficiados, mas abre exceções para transportes, call centers, comunicações e têxteis e calçados. Esses segmentos foram preservados e deverão ter um tratamento diferenciado. O PMDB quer ampliar os setores preservados dos efeitos do projeto considerado fundamental para o ajuste fiscal conduzido pelo governo federal. “Não estamos atrás de facilidades, estamos atrás do interesse do Brasil. O difícil é enfrentar o desemprego e desestimular as empresas”, afirmou Paulo Skaf.

Adiamento. O relator da proposta, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que quer discutir com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a eventual ampliação das desonerações para mais setores. Para evitar a aprovação do texto sugerido pela Fiesp, Levy teve de entrar em campo e pedir a Eunício o adiamento da votação. “Estou fazendo uma discussão para tentar ampliar, mas nunca para restringir o número de setores”, afirmou Eunício. “Pode não mudar nada.”

A decisão de adiar a votação para hoje foi tomada após rodadas de reuniões entre lideranças do PMDB e empresários de diferentes segmentos que desembarcaram no início da manhã em Brasília.

Manifesto. A conclusão da discussão da última proposta do ajuste fiscal do governo pode ocorrer hoje, quando está prevista a divulgação de um manifesto promovido por entidades de vários setores a favor de um pacto pela governabilidade. Segundo uma fonte que participa da elaboração do documento, a carta não deve dizer claramente que é contra o impeachment, mas pedirá que se cumpra a Constituição.

“Partindo-se do pressuposto de que nenhum crime ocorreu, será pedido que se cumpra a Constituição, ou seja, não cabe impeachment”, disse. O documento, no entanto, não será omisso aos problemas e ao cenário político e econômico. “A ideia é morder e assoprar”, ponderou essa fonte. O empresariado e as entidades resistem a uma declaração que se coloque tão explicitamente favorável ao governo porque havia se instaurado um clima de que todos eram obrigados a aderir ao movimento de apoio.

“Ninguém queria ser obrigado a nada”, observou. Entre os autores do manifesto estão a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e as confederações nacionais da Indústria (CNI), da Agricultura e Pecuária (CNA) e dos Transportes (CNT). A presidente Dilma Rousseff terá agenda na tarde de hoje com empresários do setor produtivo.

Na medida anunciada ontem para evitar o agravamento da crise econômica, o governo estabeleceu uma contrapartida das empresas. Para ter acesso ao crédito a um custo reduzido, as companhias terão de se comprometer com a manutenção dos empregos.

Governo usa bancos públicos para ajudar setor automotivo

Por Eduardo Campos, Eduardo Laguna e Felipe Marques – Valor Econômico

BRASÍLIA e SÃO PAULO - O governo, por meio dos bancos públicos, costurou um pacote de ajuda ao setor automotivo via linhas de crédito, que começou a ser anunciado ontem.

A Caixa vai oferecer ao menos R$ 5 bilhões até o fim do ano em capital de giro e financiamento à produção em condições especiais. Hoje, o Banco do Brasil também anunciará medidas mais abrangentes do que as anunciadas pela Caixa, alcançando também as concessionárias de automóveis. 

Outras ações serão anunciadas nas próximas duas semanas, incluindo uma tentativa de "desburocratizar" a contratação de crédito a veículos e condições especiais no financiamento de tratores agrícolas, apurou o Valor.

Esse modelo, segundo Miriam Belchior, presidente da Caixa, deverá se expandir para a indústria da construção civil e para outros setores como eletroeletrônicos, telecomunicações, papel e celulose, fármacos e químicos. Ela afirmou que antes de fechar o acordo com o setor automobilístico teve a anuência dos Ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil, e que o lançamento decorreu de uma "posição de consenso do governo".

A iniciativa dos bancos públicos remete ao uso do sistema estatal para alavancar a venda de veículos, no passado recente, assim como inúmeros segmentos da economia tiveram isenção de tributos para baixar preços e estimular o consumo. Uma política polêmica que não gerou o crescimento esperado.

Atualmente, os bancos públicos respondem por 55% do crédito no país de R$ 3,1 trilhões ou 54,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O convênio que assinamos tem grande importância para a cadeia produtiva do setor automotivo e isso faz parte de uma linha mais geral de ter os bancos públicos trabalhando para dar melhores condições para todas as cadeias produtivas do país", disse a presidente da Caixa, durante cerimônia de assinatura do convênio firmado com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

O setor automotivo passa por uma retração da atividade. Produção e vendas recuaram e as demissões já passam de 10 mil trabalhadores este ano.

A Caixa acredita que as novas linhas tendem a aumentar a competição no setor e que o movimento do banco público pode ser acompanhado pelos privados.

Questionada se o movimento feito ontem representa uma mudança de foco dos bancos públicos de atuar no financiamento ao consumo para o financiamento ao investimento, Miriam disse que "é melhor consultar o governo". "Estamos fazendo agora esse estímulo à produção."

Entre as linhas anunciadas pela Caixa, uma é totalmente nova, que permite antecipação de recursos com base nos contratos firmados entre o fornecedor e a montadora.

Outra atenderá aos mais de 590 associados das três entidades em operações de capital de giro e investimento, com taxa de juros a partir de 0,83% ao mês, com recursos do FAT. Para conseguir a taxa mínima, o prazo da operação precisa ser curto e as empresas tem que se comprometer com a manutenção do patamar de empregos. Em outra linha semelhante a Caixa vai cobrar 1,59% mais TR, com funding próprio.

Outras linhas anunciadas envolvem recursos do FAT e BNDES, mas não são propriamente novas. O que se fez foi melhorar o canal de acesso para os recursos do Pró-Transporte, que é destinada à renovação de frotas de ônibus, e ao financiamento de aquisição de máquinas e equipamentos novos e usados, com juros a partir de 1,5% ao mês mais TR.

De acordo com a presidente da Caixa, o trabalho do banco é "oferecer linhas de crédito para passar por esse momento de travessia que o país atravessa com pouco mais de tranquilidade".

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse que as linhas em condições especiais valem tanto para pessoas jurídicas como para as pessoas físicas equiparadas a PJs, como autônomos e produtores rurais. Ele destacou que elas atenderão à produção de ônibus, utilitários e máquinas agrícolas, que são bens de capital. "São investimentos produtivos no país."

Apesar de nota de FH, tucanos divergem

O tom mais agressivo da nota do ex- presidente Fernando Henrique, sugerindo a renúncia da presidente Dilma, mostra o esforço do tucano para unificar o discurso do partido. O governador Geraldo Alckmin afirmou que “é hora de aguardar os desdobramentos das investigações em curso”. O senador Aécio Neves disse que vai discutir a possibilidade de impeachment com o PMDB. –

No PSDB, dificuldade para afinar o discurso

  • Fala de Fernando Henrique sobre renúncia de Dilma pode forçar líderes tucanos a unificar opiniões

Mariana Sanches, Silvia Amorim e Chico de Gois - O Globo

SÃO PAULO- A mudança de tom do ex- presidente Fernando Henrique Cardoso, que anteontem abandonou o perfil conciliador e sugeriu que a presidente Dilma Rousseff renuncie ou admita seus erros como um “gesto de grandeza”, tornou- se mais um sinal de que os tucanos pouco se entendem em relação à crise política. O esforço feito pelo expresidente para unificar o discurso — o que incluiu reuniões com os senadores José Serra ( SP) e Aécio Neves ( MG) e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin — mostra- se um desafio: os principais líderes do partido hoje agem em direções políticas diversas.

Ontem, Alckmin adotou outro tom para falar do assunto. Disse que ainda é preciso esperar os desdobramentos das investigações em curso antes de se exigir a saída de Dilma.

— Se surgir uma proposta de impeachment, o partido tem o dever de analisar e votar. (...) Hoje, não existe uma proposta. Que você tem uma crise de governabilidade no país, isso é fato. Agora, tem trâmites que devem ser seguidos. Você vai fazer um impeachment baseado em parecer do TCU? Mas ninguém conhece ainda esse parecer. Então, acho que nós devemos aguardar os fatos e os desdobramentos das investigações em curso — disse Alckmin.

Embora Fernando Henrique não tenha mencionado o impeachment em seu texto, e já tenha se colocado publicamente contra a solução, suas palavras animaram integrantes do PSDB no Congresso a voltar a defender essa tese. O senador Aloysio Nunes Ferreira ( SP) disse que a bancada tucana votaria a favor do impeachment.

A solução, no entanto, está longe de ser unanimidade mesmo entre os senadores do partido. José Serra e Aécio Neves nunca deram declarações neste sentido. Aécio já endossou a ideia de impugnação, pelo Tribunal Superior Eleitoral ( TSE), das candidaturas de Dilma e do vice Michel Temer, com realização de novas eleições.

Nesse contexto, as palavras de Fernando Henrique surgem como um recado com três destinatários: os manifestantes, com quem o partido tenta criar identificação, o PMDB, que ainda dá sustentação ao governo, e o próprio PSDB, que não acerta um discurso único.

— Vejo essas palavras dele como uma tentativa de ajustar o discurso da oposição — disse ontem o cientista político Carlos Melo, do Insper: — Quando ele coloca que a solução para a crise é a renúncia ou Dilma assumir seus erros, ele tenta, mais uma vez, mostrar ao partido que o impeachment não seria bom para ninguém, por causa de insegurança institucional que poderia provocar. Com o PT e Dilma vitimizados por um impeachment, que ( os dois) acusariam de golpe, uma nova eleição não seria garantia de vitória dos tucanos.

Ontem, Aécio disse que pretende fazer uma reunião entre oposição e setores do PMDB favoráveis ao impeachment para discutir a situação. Para Aécio, ao sugerir a renúncia, FH apenas expressou um sentimento que está nas ruas:

— Ele apresentou uma alternativa para um governo que já deixou de ser governo. Lembro as palavras do grande Ulysses Guimarães, quando comentava o momento por que passava o Collor: “O Collor pensa que é presidente, mas não é mais”. A presidente Dilma pensa que é presidente, mas ela não é mais. O PSDB não fugirá dessa conexão, de ser intérprete, como outros partidos da oposição, desse sentimento que tomou as ruas de todo Brasil.

O presidente do PT, Rui Falcão, chamou de “raivosa” a declaração de Fernando Henrique.

— Teve essa manifestação raivosa agora do Fernando Henrique... Quem quebrou o Brasil três vezes não deveria pedir para a presidente renunciar — disse Falcão, em entrevista à Agência Reuters.

'Daremos prioridade à blindagem de tribunais', diz Aécio

• Após se reunir com FHC e Alckmin, presidente do PSDB disse que há 'convergência clara' do partido em relação a quais medidas tomar diante da crise do governo federal

Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Depois de se reunir nesta segunda-feira, 17, com ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin em São Paulo para analisar o resultado das manifestações e unificar a estratégia do PSDB diante da crise política, o senador Aécio Neves, presidente nacional da legenda, afirmou nesta terça que há "uma convergência clara" no discurso do partido.

"A solução (para a crise) será pela Constituição. Daremos prioridade a blindagem dos tribunais contra qualquer tipo de constrangimento", afirmou. Na volta do recesso parlamentar, no começo de agosto, os líderes tucanos no Congresso Nacional defenderam a realização de novas eleições como solução para crise.

A tese gerou uma forte reação interna no PSDB, especialmente no núcleo paulista do partido, que reprovou a "radicalização". Para evitar o selo "golpista" que os petistas tentam colar no PSDB e acomodar as posições dos tucanos paulistas, o partido adotou o respeito a Constituição como palavra de ordem.

"Não vamos permitir que haja qualquer tentativa, como noticiam vários veículos de imprensa, de manietar os tribunais", disse, durante entrevista coletiva no Senado. O senador revelou, ainda, que se reunirá nos próximos dias com juristas ligados ao PSDB para definir que medidas serão tomadas na sequência das manifestações do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde tramitam processos que podem levar a cassação da presidente.

Aécio também falou sobre o texto que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou nas redes sociais afirmando que a renúncia da presidente Dilma Rousseff seria "um gesto de grandeza". "O que o presidente Fernando Henrique Cardoso disse é o que está no sentimento e na alma de milhões de brasileiros. Ele apresenta uma alternativa para um governo que deixou de ser governo. Renúncia é um ato unilateral e não depende de uma iniciativa do PSDB. O ex-presidente considera que a renúncia talvez seja o menos traumático nesse processo. Não sei se o governo teria essa grandeza".

Durante a coletiva, o senador também anunciou que o governador do Mato Grosso, Pedro Taques, deixou o PDT e se filiará no PSDB.

PSDB se conectou ao sentimento das ruas, diz Aécio

Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, afirmou nesta terça-feira (18) que o partido se conectou ao sentimento das ruas ao aderir oficialmente às manifestações contrárias ao governo. A bancada tucana se reuniu em um almoço para avaliar as manifestações contra o governo realizadas no último domingo (16).

"O PSDB se sente reconectado com o sentimento das ruas, com esse governo que tanto mal vem fazendo ao país. O PSDB não fugirá a essa conexão, a esse sentimento que tomou as ruas de todo o Brasil. Vamos examinar todas as alternativas e, obviamente, amparados pelos juristas do PSDB, avaliar de que forma vamos agir nas próximas semanas. O sentimento é de que esse governo perdeu na alma e no coração dos brasileiros qualquer chance de retomada do crescimento, recuperação do emprego, enfim, a recuperação da economia no Brasil", disse Aécio.

O tucano afirmou que o partido só participou formalmente dos protestos agora porque queria dar a "oportunidade de que a população percebesse que não são manifestações organizadas por partidos ou com objetivos menores". "Hoje sabemos que esses movimentos são da sociedade brasileira e que o PSDB, enquanto parcela da sociedade, se fez presente e foi imensamente bem recebido", avaliou.

O PSDB e, principalmente, Aécio foram muito criticados em protestos passados por não terem saído às ruas. Movimentos que pregam o fim do governo Dilma pressionavam o partido a tomar uma posição.

De acordo com Aécio, a cúpula da sigla se reunirá com juristas em breve para traçar as novas estratégias de ação. "Faremos nos próximos dias uma reunião com os líderes dos partidos de oposição e com setores do PMDB, que já manifestaram disposição de participar desse encontro, e com os juristas que têm expressado de forma muito clara também a sua posição para uma solução dessa crise. [...] A opinião pública do Brasil repudiou no último domingo e repudiará qualquer tentativa de acordo que signifique manietar, constranger as forças públicas que devem discutir as ações que lá estão com equilíbrio e isenção", disse.

O senador tucano ironizou ainda a declaração do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sente inveja da presidente Dilma Rousseff. Nesta segunda (17), Costa classificou a declaração do ex-presidente, em que sugere a renúncia da presidente Dilma Rousseff, como um "grave equívoco", "demonstração de ressentimento e inveja" e que revela uma "pequenez política" por parte do tucano, que age como "líder de torcida".

"Eu vi uma declaração que, para mim é quase inconcebível e inaceitável do líder do PT no Senado que dizia que a fala do Fernando Henrique tinha uma certa expressão de inveja e eu fico a imaginar", disse.

"Ele teria inveja de uma presidente sitiada? Inveja de um ex-presidente investigado e inflado nos céus de Brasília no último domingo? Inveja de um partido, que é o PT, mergulhado em denúncias que hoje alcançam um terceiro tesoureiro do PT. O presidente FHC anda de cabeça erguida pelo Brasil e presta contas apenas à História", rebateu Aécio.

O tucano afirmou ainda que a renúncia é "um ato unilateral que não depende de uma iniciativa do PSDB". "O que o presidente fez foi expressar o sentimento sobre tudo o que ele está vendo, sobre tudo o que ele está percebendo. Ele considera que a renúncia talvez seja o menos traumático dos processos mas não sei se o governo teria essa grandeza", disse.

PSDB quer reunião com oposição e PMDB para discutir crise política

• Aécio Neves disse que o partido está preocupado com tentativas de ‘constrangimentos’ ao TCU e TSE

Por Chico de Gois – O Globo

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, disse nesta terça-feira que pretende fazer uma reunião com a oposição e setores do PMDB que já se manifestaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff para discutir a situação política. Ainda não há data para o encontro. Aécio afirmou que os protestos de domingo mostraram ao PSDB que é importante ouvir os manifestantes. Para ele, que participou e, inclusive, discursou durante ato em Belo Horizonte, domingo foi um dos dias mais emocionantes de sua carreira de mais de 30 anos de mandatos.

— Quero registrar que vivi um dos mais emocionantes momentos da minha trajetória de mais de 30 anos de mandatos no último domingo. Há uma percepção clara, tanto dos movimentos, mas das multidões que lotaram as ruas e avenidas do Brasil, de que é importante haver este encontro entre as ruas e a política representativa para que possamos dar andamento às demandas colocadas espontaneamente pelos brasileiros em todas as regiões — afirmou.

No entanto, ele evitou dizer se o PSDB já tem unidade em torno da ideia de impeachment. Ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou, em redes sociais, que Dilma teria um gesto de grandeza se renunciasse ao mandato.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que foi vice na chapa de Aécio, em discurso na tribuna na segunda-feira, afirmou que já há condições jurídicas para o impedimento da presidente, mas politicamente, ainda não. Na avaliação de Aloysio, o impeachment passa, necessariamente, pelo PMDB.

Aécio declarou que o PSDB está preocupado com o que qualificou de tentativa de constrangimento do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A primeira corte irá julgar as chamadas "pedaladas fiscais" do governo na prestação de contas no ano passado. A segunda, avalia se a contabilidade da campanha de Dilma foi contaminada por doações irregulares feitas por empresas envolvidas na Lava Jato.

— Neste instante, é absolutamente fundamental que todos nós voltemos nossos olhos para a ação dos nossos tribunais, seja o TCU, seja o TSE para que não sofram qualquer tipo de constrangimento.

Na noite de ontem, Aécio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin reuniram-se em São Paulo para avaliar a situação política. Para Aécio, ao sugerir a renúncia de Dilma, FH apenas expressou um sentimento que estaria nas ruas.

— Ele apresentou uma alternativa para um governo que já deixou de ser governo. Lembro as palavras do grande Ulysses Guimarães, quando comentava o momento por que passava o Collor: "o Collor pensa que é presidente, mas não é mais". A presidente Dilma pensa que é presidente, mas ela não é mais, porque teve de delegar a condução da economia, a condução da política e agora sequer tem iniciativa na agenda do país. O PSDB não fugirá a essa conexão, a ser intérprete, como outros partidos da oposição, desse sentimento que tomou as ruas de todo Brasil.

Aécio afirmou que o partido não participou anteriormente dos protestos, porque avaliou que seria melhor deixar a população perceber que não se tratavam de convocações de partidos políticos, mas de forma espontânea da sociedade.

— O PSDB, na verdade, vem acompanhando desde o início, de forma adequada, estes protestos. Nossa ausência nos primeiros protestos, inclusive conversado com os líderes deles, tinha um sentido: darmos a oportunidade para que a população percebesse que não se trata de manifestações organizadas por partidos, ou por objetivos que sejam menores do que solução da gravíssima crise na qual estamos mergulhados. O PSDB, enquanto parcela da sociedade, se fez presente e foi imensamente bem recebido. Temos de dar encaminhamento a este sentimento. Sempre dentro do que prevê a Constituição, e na lei.

Aécio anuncia sexto governador do PSDB com filiação de Pedro Taques

Por Raquel Ulhôa – Valor Econômico

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, defendeu ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, criticado por petistas por sugerir a renúncia da presidente Dilma Rousseff como "gesto de grandeza" para tirar o país da crise, e disse que, para a população, ela não governa mais o Brasil. Aécio não foi tão enfático ao avaliar a renúncia, por se tratar de gesto unilateral, não esperado por parte de Dilma. Mas é considerada a solução menos traumática.

Aécio anunciou a filiação ao PSDB, em 29 de agosto, do governador Pedro Taques, do Mato Grosso. Ex-senador do PDT, Taques teve atuação alinhada com a oposição no Legislativo. O PSDB já ocupa os governos de São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Pará.

"Pedro Taques mostrou sua retidão moral e extraordinária coragem para defender as suas posições, inclusive muitas vezes em dissonância com aquilo que orientava a liderança do seu partido. Pedro foi durante todos os dias do seu mandato absolutamente fiel às suas convicções. E isso o aproximou do PSDB."

O presidente do PSDB anunciou que reunirá juristas, líderes de outros partidos da oposição e setores do PMDB para discutir qual encaminhamento será tomado em relação à crise.

Com relação a FHC, o senador respondeu ao líder do PT, Humberto Costa (PE), que na véspera atribuiu a "inveja" a declaração sobre a renúncia de Dilma. "Inveja de quem? De uma presidente sitiada? De um ex-presidente investigado e inflado nos céus de Brasília? De um partido mergulhado em denúncia?", perguntou. Para Aécio, FHC anda nas ruas sem segurança, é aplaudido de pé ao entrar em restaurante, abraçado pelas pessoas em filas de cinema e respeitado dentro e fora do país, além de não sofrer qualquer investigação. Disse que FHC expressou sentimento que "colhe" no país.

O senador tucano afirmou a prioridade do PSDB é evitar pressões sobre o Tribunal de Contas da União (TCU), prestes a julgar as contas do governo de 2014, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao qual cabe decidir ações de supostas ilegalidades da chapa de Dilma na eleição de 2014. Recorrendo a citação do ex-presidente do PMDB e da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, na crise do governo Fernando Collor, Aécio disse que "a presidente Dilma pensa que é presidente, mas não é mais presidente da República", por ter delegado a condução da política, da economia e da agenda do país.

Lula disse que renúncia de FHC seria grandeza

- Folha de S. Paulo

Em agosto de 1999, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) via sua popularidade cair em meio a uma grave crise econômica, o principal líder da oposição defendeu sua renúncia usando termos parecidos com os que o tucano adotou agora para criticar Dilma Rousseff. 

"Renúncia é um gesto de grandeza e FHC não tem essa grandeza", disse o petista Luiz Inácio Lula da Silva, que fora derrotado pelo tucano na eleição de 1998.

Aécio vai procurar PMDB para debater saída para crise

• Tucano sugere aproximar oposição da ala do partido contrária ao governo

• Após apelo de FHC para alinhar discurso de líderes do PSDB, tucanos fazem acenos a partido aliado de Dilma

Daniela Lima, Gustavo Uribe, Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO,e BRASÍLIA - Um dia depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reunir os principais líderes do seu partido, o PSDB, para alinhar o discurso da oposição, o senador Aécio Neves (MG), dirigente nacional da sigla, disse que vai procurar alas do PMDB contrárias ao governo para discutir uma saída para a crise política.

O aceno ocorre menos de duas semanas depois que os peemedebistas começaram a dialogar com outros partidos e líderes empresariais sobre as condições que o vice-presidente Michel Temer teria para governar se o agravamento da crise levar ao afastamento da presidente Dilma Rousseff.

"Faremos uma reunião com os líderes dos partidos de oposição, inclusive com setores do PMDB, e com os juristas que têm expressado, de forma muito clara, também, a sua posição em relação à solução dessa crise", avisou Aécio, em entrevista nesta terça-feira (18), em Brasília.

"Nesse instante, é absolutamente fundamental que todos voltemos os olhos aos tribunais. Seja o Tribunal de Contas, seja o TSE [Tribunal Superior Eleitoral], para que não sofram qualquer tipo de constrangimento", concluiu.

O TCU (Tribunal de Contas da União) retomará em breve o julgamento das contas de Dilma, em que foram apontadas irregularidades como as chamadas pedaladas fiscais. O TSE investiga suspeitas de abuso na campanha do PT no ano passado. As duas frentes podem abrir caminho para o impeachment de Dilma.

A disposição de Aécio em conversar com o PMDB representa um recuo da ala que o apoia no tucanato. Há duas semanas, seus apoiadores defenderam a renúncia de Dilma e Temer e a convocação de novas eleições como único caminho para sair da crise.

A sugestão foi mal recebida no partido, e um dos porta-vozes desse movimento, o senador Cássio Cunha Lima (PB), reconheceu nesta terça que não foi "feliz na declaração".

Assim como Aécio, outros líderes tucanos que também estiveram com Fernando Henrique nos últimos dias passaram a falar abertamente sobre a fragilidade do governo e a aproximação com o PMDB.

Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite de segunda (17), o senador José Serra (SP) disse achar "difícil" que Dilma consiga se manter no poder até o fim de seu mandato, em 2018. Ele afirmou que, se ela for mesmo afastada do cargo, o PSDB deverá atuar para dar sustentação ao novo governo.

"Como foi com Itamar Franco", concluiu Serra, lembrando a coalizão política formada antes do afastamento de Fernando Collor em 1992 para dar apoio ao seu vice.

A adesão do PSDB a um eventual governo Temer não é consenso no partido. Tucanos como o senador Aloysio Nunes (SP) acham que a legenda não deveria ocupar cargos numa administração liderada pelos peemedebistas.

Também convocado por FHC para amarrar o discurso tucano, o governador paulista, Geraldo Alckmin, manteve o tom cauteloso ao comentar o assunto nesta terça e recorreu à memória para falar do impeachment de Collor.

"Se surgir uma proposta de impeachment, o partido [PSDB] tem o dever de analisá-la", disse, ressalvando que o tema deve ser tratado "à luz dos fatos" e que hoje, sem o parecer do TCU sobre as pedaladas, "não existe" algo que justifique o afastamento.

Por fim, ao defender o impedimento como instrumento constitucional, lembrou: "Eu já votei a favor do impeachment no caso do presidente Collor".

Empresários negociam com cúpula do PMDB para minimizar aumento da folha

• O texto aprovado na Câmara eleva em mais de 100% a taxação para a maioria dos setores beneficiados, mas abre exceções

Erich Decat, Ricardo Brito e Vitor Martins - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - No centro das negociações de um pacto de estabilidade político e econômico, integrantes da cúpula do PMDB articularam ontem com um grupo de 44 empresários próximos ao partido o aumento de impostos para 56 setores por meio da reoneração da folha de salários. O projeto que acaba com a política de desoneração da folha em vigor entre 2011 e 2015, cuja votação estava prevista para a tarde de ontem no plenário do Senado, volta nesta quarta-feira, 19, à mesa de negociações. O governo previa economizar R$ 12,5 bilhões com o fim das desonerações.

O texto aprovado na Câmara eleva em mais de 100% a taxação para a maioria dos setores beneficiados, mas abre exceções para transportes, call centers, comunicações e têxteis e calçados. Esses segmentos foram preservados e deverão ter um tratamento diferenciado. O PMDB quer ampliar os setores preservados dos efeitos do projeto considerado fundamental para o ajuste fiscal conduzido pelo governo federal.

Uma frente de empresários, liderados pelo presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, defendeu ontem a aprovação no Congresso de uma proposta de reoneração linear para todas os setores com um aumento menor, de 50% apenas. Haveria uma única exceção para os produtos da cesta básica. "Não estamos atrás de facilidades, estamos atrás do interesse do Brasil. O difícil é enfrentar o desemprego e desestimular as empresas", afirmou Skaf.

Adiamento. O relator da proposta, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que quer discutir com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a eventual ampliação das desonerações para mais setores. Para evitar a aprovação do texto sugerido pela Fiesp, Levy teve de entrar em campo e pedir a Eunício o adiamento da votação. "Estou fazendo uma discussão para tentar ampliar, mas nunca para restringir o número de setores", afirmou Eunício. "Pode não mudar nada."

Ele rechaçou um acordo com o governo para mudar a redação do projeto. Inicialmente, o objetivo era dar à presidente Dilma Rousseff a opção de fazer vetos "cirúrgicos", atingindo apenas os setores que receberam tratamento diferenciado.

A decisão de adiar a votação para esta quarta-feira foi tomada após rodadas de reuniões entre lideranças do PMDB e empresários de diferentes segmentos que desembarcaram no início da manhã em Brasília. O primeiro encontro do grupo ocorreu na residência oficial do vice-presidente da República e articulador político, Michel Temer, ocasião em que foi pedido o apoio na aprovação de algumas mudanças na proposta.

No encontro, realizado a pedido do presidente da Fiesp, Temer sinalizou apoio às demandas dos empresários. O peemedebista disse, porém, que qualquer avanço nas negociações ainda dependeria do aval do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de Eunício Oliveira.

Risco. Doze dias antes de demonstrar concordância com as demandas dos empresários, Temer recebeu apoio da Fiesp, após a polêmica declaração de que era preciso de "alguém" capaz de reunificar o País. Na ocasião, considerado como um dos momentos de maior instabilidade política do governo Dilma Rousseff, a Fiesp lançou um manifesto em prol da governabilidade do País.

No centro das negociações da proposta de desoneração, a última do pacote de ajuste fiscal encaminhado pelo governo ao Congresso, lideranças do PMDB têm sinalizado que será mantido o texto encaminhado pelos deputados. Há o entendimento de parte da cúpula do governo e do partido de que qualquer alteração no texto implicará a devolução do projeto à Câmara e, com isso, deverá ser aberto novamente o balcão de negociação em que novos setores também poderão ser beneficiados no rol de exceções.

As negociações dos senadores foram acompanhadas por Joaquim Levy, que esteve ontem em São Paulo. "A gente está acompanhando. Eu acho que diminuir essa renúncia, esse dinheiro que o governo tem dado para algumas companhias, é importante, porque hoje o dinheiro está escasso", afirmou o ministro.

Manifesto. A conclusão da discussão da última proposta do ajuste fiscal do governo pode ocorrer esta quarta-feira, quando está prevista a divulgação de um manifesto promovido por entidades de vários setores a favor de um pacto pela governabilidade. Segundo uma fonte que participa da elaboração do documento, a carta não deve dizer claramente que é contra o impeachment, mas pedirá que se cumpra a Constituição.

"Partindo-se do pressuposto de que nenhum crime ocorreu, será pedido que se cumpra a Constituição, ou seja, não cabe impeachment", disse. O documento, no entanto, não será omisso aos problemas e ao cenário político e econômico. "A ideia é morder e assoprar", ponderou essa fonte. O empresariado e as entidades resistem a uma declaração que se coloque tão explicitamente favorável ao governo porque havia se instaurado um clima de que todos eram obrigados a aderir ao movimento de apoio.
"Ninguém queria ser obrigado a nada", observou. Entre os autores do manifesto estão a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e as confederações nacionais da Indústria (CNI), da Agricultura e Pecuária (CNA) e dos Transportes (CNT).

Sem consenso, setor empresarial não está 'fechado' com o Planalto

Alexa Salomão - O Estado de S. Paulo

Há uma diferença entre apoiar um governo e não querer a queda deste ou de qualquer governo. Essa questão tem vindo à tona no meio empresarial, diante da impressão de que os agentes econômicos estariam "fechados" com a permanência da presidente Dilma Rousseff no cargo. Empresários ouvidos pelo Estado dizem não haver uma única posição no setor, e atribuem essa leitura "equivocada" - como definiu um deles - de apoio ao governo ao manifesto das Federações das Indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro (Fiesp e Firjan) divulgado no começo de agosto.

Para essas fontes, o documento foi "mal interpretado". "O manifesto fala em união a favor do Brasil, mas não discute a permanência ou a saída da presidente", diz um executivo paulista.

Parte da "confusão" é atribuída ao fato de o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ser do PMDB e ligado ao vice-presidente Michel Temer. "Hoje (ontem), Skaf foi a Brasília com apoio dos empresários paulistas para tratar da questão da desoneração da folha de pagamento. Não estava lá representando a maioria para defender o governo - são duas coisas diferentes", diz um executivo com trânsito na Fiesp.

A ideia de que há um movimento em defesa de Dilma também é alimentada pelo fato de entidades empresariais estarem sensíveis a influências partidárias, principalmente por terem ex-integrantes e representantes ligados ao governo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi presidida por Armando Monteiro, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A titular da Agricultura, Katia Abreu, presidiu a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). E Clésio Andrade, presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), é do PMDB. "Ninguém enxerga com clareza o que pode acontecer - seja no governo Dilma, seja sem Dilma, porque não há como saber como e quais alianças políticas vingam com ou sem ela", diz um executivo.

O que mais preocupa os empresários é que a deterioração do ambiente de negócios se acentuou muito além do estimado. As vendas no mercado interno estão caindo e os juros cobrados nos financiamentos, dentro e fora do País, subindo. Com as crises política e econômica se realimentando, os empresários buscam não uma, mas qualquer luz no fim do túnel.

Folha de pagamentos: negociação de última hora faz Senado adiar votação

• Governo e empresários têm até hoje para fechar acordo sobre projeto

Cristiane Jungblut, Chico de Gois, Simone Iglesias e Bárbara Nascimento - O Globo

- BRASÍLIA- Depois de um dia intenso de discussões com a equipe econômica do governo e líderes empresariais, o Senado resolveu adiar para hoje a apreciação do projeto que volta a onerar a folha de pagamento de setores da economia. O tema tranca a pauta da Casa. Sem acordo, o governo e empresários ganharam mais 24 horas para tentar um entendimento. Se o projeto for aprovado exatamente como saiu da Câmara dos Deputados, o caixa do governo ganhará um reforço de R$ 10 bilhões.

Antes do adiamento, o presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), chegou a anunciar que votaria o último projeto do ajuste fiscal do governo, qualificado por ele como “cadáver insepulto”. Renan atendeu ao relator, Eunício Oliveira ( PMDB- CE), que pediu um dia a mais para negociar.

Há uma manobra do governo para impedir que alguns setores da economia sejam poupados do aumento de alíquota. Já em plenário, no entanto, Eunício afirmou que, como não se chegou a um entendimento, resolveu manter o projeto como fora enviado pela Câmara. O texto prevê oneração menor da folha para empresas de comunicação social, transportes, call center, calçados e para as que vendem alimentos da cesta básica. O governo queria que o Senado aprovasse uma emenda de redação separando esses setores, para facilitar um veto da presidente Dilma, mas não conseguiu.

Quando a sessão começou, Eunício afirmou que tinha recebido dois importantes telefonemas — um do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o outro, ele não revelou — e que, portanto, para tentar nova negociação, queria mais prazo.

— Recebi duas ligações e preciso fazer uma análise. Por isso, peço prazo até amanhã ( hoje) para tentarmos a possibilidade de um entendimento. Sei que a pauta está trancada, mas vamos fazer uma última tentativa de entendimento. Se não houver, não há outro caminho a não ser fazer a votação amanhã ( hoje) — disse.

A votação do projeto é considerada pelo governo essencial para melhorar o ambiente econômico. Mesmo assim, Renan concordou com o adiamento:

— Precisamos encerrar este ajuste. Mas adio para amanhã ( hoje) a votação.

À noite, a presidente Dilma defendeu a reoneração:

— Não temos mais como dar suporte a tudo que fizemos. Desoneramos a folha das empresas, desoneramos a cesta básica, investimentos produtivos. Vamos continuar mantendo as desonerações em alguns casos na sua integralidade, como é o caso da cesta básica. Em outros casos, nós teremos que reduzir o nível de desoneração. Por que temos de fazer isso? Para transitar. É uma travessia.

Durante o dia, houve pressão de empresários para que o governo e o relator aceitassem aumentar o número de setores da economia que terão alíquota menor. Pela manhã, em reunião na residência oficial do vice- presidente com 44 empresários da Federação das Indústrias de São Paulo ( Fiesp), Michel Temer disse que o governo concorda com um aumento menor do imposto sobre a folha de pagamento. Pediu que os empresários buscassem apoio do Senado e, posteriormente, da Câmara, para evitar que a medida deixasse de ser votada.

Mas a intenção da Câmara é apreciar o texto que for aprovado do Senado, caso seja modificado, e não fazer agora um acordo com um projeto que ainda não sabe como ficará.

— Há um esforço muito grande do Senado no sentido de tirar aquele cadáver insepulto da nossa pauta e cuidar do pós- ajuste, com uma agenda ( para o país) — disse Renan pela manhã, ao participar de seminário ao lado de Levy.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, criticou a possível votação do texto da Câmara sobre a oneração da folha de pagamento. A Fiesp, disse ele, defende aumento linear para todos os setores da economia, mudando o texto da Câmara. Colaborou: Luiza Damé

Emprego na indústria encolhe 5,2% no primeiro semestre, segundo IBGE

• De maio para junho, houve queda de 1%. Frente ao mesmo mês do ano passado, recuo foi de 6,3%

Por Andrea Freitas – O Globo

RIO - A Pesquisa Industrial Mensal — Emprego e Salários (Pimes), divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, mostra uma redução de 5,2% no total de vagas formais no setor produtivo no primeiro semestre deste ano. Em junho, na comparação com o mês anterior, houve recuo de 1%, a sexta queda consecutiva. Já frente ao mesmo mês do ano passado, a queda foi mais expressiva, de 6,3% — a 45ª taxa negativa seguida nesse tipo de comparação e a mais intensa desde agosto de 2009, quando o recuo foi de 6,4%. No acumulado em 12 meses, a taxa ficou negativa em 4,6%.

O número de horas pagas recuou 0,6% de maio para junho. Na comparação entre junho deste ano e o mesmo mês do ano passado, o recuo foi bem mais forte, de 6,3%. No ano, a queda acumulada é de 5,8% e, em 12 meses, é de 5,3%. Já a folha de pagamento real registrou alta de 1,3% em junho em relação a maio. Frente a junho do ano passado, a taxa ficou negativa em 7,1%. No ano, a retração é de 6,1% e em 12 meses, de 4,7%.

Em comparação a junho do ano passado, houve redução no contingente de trabalhadores em todos os 18 ramos pesquisados. As principais influências negativas vieram de meios de transporte (-11,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,9%), produtos de metal (-11,8%), máquinas e equipamentos (-8,9%), alimentos e bebidas (-3,0%), vestuário (-6,7%), outros produtos da indústria de transformação (-9,3%), calçados e couro (-7,8%), borracha e plástico (-4,9%), metalurgia básica (-7,3%), papel e gráfica (-4,0%), minerais não metálicos (-3,1%), produtos têxteis (-3,8%) e indústrias extrativas (-5,3%).

No acumulado nos seis primeiros meses do ano, também foram registradas quedas nos 18 setores analisados. As principais contribuições negativas vieram de meios de transporte (-9,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-12,5%), produtos de metal (-10,2%), alimentos e bebidas (-2,2%), máquinas e equipamentos (-6,4%), outros produtos da indústria de transformação (-8,7%), vestuário (-5,4%), calçados e couro (-7,5%), metalurgia básica (-6,5%), papel e gráfica (-3,3%), refino de petróleo e produção de álcool (-6,3%), indústrias extrativas (-4,6%) e produtos têxteis (-2,9%).

De maio para junho, o número de horas pagas aos trabalhadores, já descontadas as influências sazonais, teve recuo de 0,6% — a quarta taxa negativa seguida, acumulando nesse período perda de 3,4%. No acumulado em 12 meses, as horas pagas registraram queda de 5,3%.

Já frente a junho do ano passado, o número de horas pagas caiu 6,3%. Foi a 25ª taxa negativa seguida nesse tipo de comparação. E 17 dos 18 segmentos pesquisados registraram diminuição no número de horas pagas — só o setor de produtos químicos, com variação de 0,4%, teve resultado positivo. Os destaque negativos ficaram com meios de transporte (-11,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,5%), produtos de metal (-11,6%), máquinas e equipamentos (-8,4%), outros produtos da indústria de transformação (-10,1%), alimentos e bebidas (-2,0%), borracha e plástico (-6,9%), vestuário (-6,0%), calçados e couro (-8,8%), metalurgia básica (-9,0%), papel e gráfica (-5,0%), refino de petróleo e produção de álcool (-9,0%) e minerais não metálicos (-3,3%).

No primeiro semestre, o recuo no número de horas pagas foi de 5,8%, com redução nos 18 setores pesquisados. Os impactos negativos mais relevantes foram em meios de transporte (-10,4%), produtos de metal (-10,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-11,7%), máquinas e equipamentos (-7,5%), alimentos e bebidas (-2,5%), outros produtos da indústria de transformação (-9,4%), calçados e couro (-9,8%), vestuário (-5,0%), metalurgia básica (-8,4%), papel e gráfica (-4,4%), minerais não-metálicos (-3,5%), refino de petróleo e produção de álcool (-8,6%), borracha e plástico (-2,9%) e indústrias extrativas (-4,0%).

Após dois meses seguidos de taxas negativas, quando acumulou uma perda de 4,7%, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria, com ajuste sazonal, cresceu 1,3% de maio para junho. O setor setor extrativo exerceu influência positiva de 31,2%, devido ao pagamento de participação nos lucros e resultados em importante empresa do setor. A indústria de transformação, com recuo de 1,1%, permaneceu com taxas negativas pelo sexto mês seguido.

Na comparação com junho do ano passado, o valor da folha de pagamento real recuou 7,1%, registrando a 13ª taxa negativa seguida nesse tipo de confronto. Foram registrados baixas em 15 dos 18 ramos, com destaque para meios de transporte (-17,4%), alimentos e bebidas (-6,3%), máquinas e equipamentos (-10,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,7%), metalurgia básica (-13,5%), borracha e plástico (-11,4%), produtos de metal (-11,9%), produtos químicos (-4,3%), outros produtos da indústria de transformação (-8,7%), calçados e couro (-8,4%), minerais não-metálicos (-3,3%) e produtos têxteis (-3,6%).

Frente ao mesmo período do ano anterior, a folha de pagamento real recuou 7,5% no segundo trimestre e 6,1% no semestre. No acumulado nos últimos 12 meses, a queda foi de 4,7% — a mais intensa desde novembro de 2003 (-5%), mantendo a trajetória descendente iniciada em janeiro de 2014 (1,6%).

Prévia do BC aponta queda no PIB do trimestre e recessão técnica

Por Eduardo Campos - Valor Econômico

BRASÍLIA - A economia brasileira teve nova contração no segundo trimestre do ano, nas contas feitas pelo Banco Central. Pela métrica do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), a atividade teve queda de 1,89% sobre o primeiro trimestre do ano, feito o ajuste sazonal, e recuou 3,09% em comparação com o segundo trimestre de 2014.

No primeiro trimestre, o indicador registrou queda de 0,88%, ante o quarto trimestre de 2014 e recuo de 1,88% sobre o mesmo período do ano passado. Dois trimestres consecutivos de retração da economia caracterizam a chamada recessão técnica.

A previsão dos economistas ouvidos pelo Valor Data era de contração de 1,8% no segundo trimestre, na comparação com os três primeiros meses do ano.

Olhando apenas o mês de junho, o IBC-Br aponta retração de 0,58% na atividade, na série dessazonalizada, após breve alta de 0,06% em maio (dado revisado de alta de 0,03%). A média das estimativas de 17 consultorias ouvidas pelo Valor Dataapontava baixa mensal de 0,56%, com as previsões variando de queda de 0,3% até retração de 0,8%.

No ano, o IBC-Br aponta queda de 2,49% no dado observado (baixa de 2,58% com ajuste sazonal).

Nos 12 meses encerrados em junho o IBC-Br aponta retração de 1,61% na série sem ajuste (baixa de 1,64% no dado dessazonalizado). Devido às revisões constantes do indicador, o IBC-Br medido em 12 meses é mais estável do que a medição mensal, assim como o próprio Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação com junho de 2014 a baixa é de 1,2% na série observada (queda de 2,4% com ajuste).

Na média móvel trimestral, indicador mais utilizado para se tentar capturar tendência, o IBC-Br aponta nova baixa ao cair 0,5% em junho após contração de 0,81% em maio e de 0,59% em abril, na série com ajuste. Sem ajuste, a média móvel aponta baixa de 2,04% em junho, após elevação de 0,64% em maio.

Embora seja anunciado como “PIB do BC”, o IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços). A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos. Já o PIB calculado pelo IBGE representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período.

No Relatório de Inflação de junho, o BC projetou uma queda do PIB de 1,1% em 2015. Os analistas consultados para a confecção do boletim Focus estimam contração de 2,01%.

José Arthur Giannotti - Corrupção como forma de poder

- O Estado de S. Paulo

Nos últimos tempos a Operação Lava Jato tem marcado o ritmo da política brasileira. Quantas vezes partidos e atores se movem tendo em vista as fases do processo? Gostaria de levantar a hipótese de que ela mesma se tornou movimento político, embora sem participar do sistema representativo como tal.

Para distinguir o principado da república Maquiavel indica que no primeiro o poder ou é hereditário ou conquistado. A esquerda revolucionária sempre apostou na conquista do poder, que na tradição leninista é único e indivisível. A proposta de Lenin de conferir todo o poder aos sovietes implicava excluir da vida política quem não estava associado a essa organização de soldados, operários e camponeses. Essa orientação rachou a esquerda europeia do início do século 20, encontrando oposição ferrenha dos comunistas alemães, do “renegado” Karl Kautsky a Rosa Luxemburgo.

Se esses pregavam a ditadura do proletariado, esta era entendida como tarefa a ser entregue à classe total para instalar uma res publica.

A esquerda brasileira sempre se aproximou da linha leninista e o PT sofreu essa influência. É sintomático não ter-se comprometido com as fórmulas da República “burguesa” que se instalou depois da queda do sistema militar. Essa linha se aprofunda conforme o PT se aproxima e se infiltra no poder. Se a ele chega de forma republicana, desde logo trata de conquistar os aparelhos do Estado. Primeiramente, infiltrando neles militantes e sindicalistas, depois, com a vitória de Lula em 2002, ocupando novos postos, principalmente em comissão. A ideia inicial era politizar esses aparelhos, dando-lhes novo sentido histórico. E assim a máquina do partido se infla no Estado, tendendo a se confundir com ele.

Não reside aí o germe da nova forma de corrupção que o lulopetismo instalou no País? Para que essa enorme massa de militantes pudesse ser tramada para agir politicamente, para que pudesse ajudar numa governabilidade que se fazia mediante alianças as mais variadas, foi necessário montar e financiar uma cara máquina política. Isso se evidencia muito cedo, quando do assassinato de Celso Daniel, em 2002. O prefeito de Santo André recusa-se a dar continuidade ao fluxo de arrecadação de propinas quando percebe que, antes de chegar ao seu destino, deixava rastros nos bolsos dos coletores. Removido o obstáculo, porém, o sistema se expande e se agiganta.

Corrupção sempre existiu, até mesmo no Paraíso. O diabo-cobra não corrompeu Eva? Mas em política importa sobretudo sua forma, na medida em que entranha formas de poder. A forma da corrupção praticada por César ou Augusto – as apropriações efetuadas para manter o pão e o circo – não se confunde com a praticada pelo papa Alexandre VI na reestruturação da burocracia vaticana. Nem a especificidade da corrupção tucana se iguala à forma da corrupção petista, mesmo se ambas bebem na mesma fonte. A primeira se concentra na alimentação de um grupo, a segunda passa do partido para o Estado, um e outro se apresentando como momento do universal da História. E a “ditadura” do Terror ou do partido é “incorruptível”.

A corrupção do próprio aparelho do Estado serve de paradigma para corromper toda a sociedade. Não é estranhável que hoje em dia encontremos um corruptor em cada esquina. Em contrapartida, nada mais natural que a bandeira contra a corrupção seja levantada por aqueles que, na luta profissional, se particularizam e sofrem diminuição de seus poderes.

Conforme os agentes do Estado atuam na base da corrupção, cada vez mais aqueles funcionários, que percebem suas próprias práticas serem corrompidas, enfraquecidas e negadas, ganham condições e argumentos para levantar a bandeira contra ela. Tratam de salvar o sentido de suas profissões. E assim, conforme os partidos do governo perdem a auréola da probidade, outras frentes, tratando de recuperá-la, configuram nova oposição. Não é desse modo que o Ministério Público, cuja independência depende dessa aura, assim como partes da polícia e do Judiciário, que igualmente precisam destacar-se na probidade para sobreviver publicamente, todos eles se juntam para que o exercício de suas profissões ganhe autenticidade e dimensão política?

Não foi assim que o julgamento do mensalão acentuou o lado político do STF? Não que tenha perdido seu fundo jurídico, mas me parece inegável que hoje sua imagem realça um Poder associado aos outros dois da República. É o que me parece estar igualmente acontecendo com a Operação Lava Jato, que, ao tratar de operar de forma mais efetiva e cuidadosa, procura mostrar-se publicamente como estando engajada na regeneração do País.

A maneira como seus membros se comportam e se associam entre si, o timing de suas decisões e seu relacionamento com a mídia, tudo caminha nessa direção. A leitura do texto do juiz Sergio Moro justificando a prisão de José Dirceu, acusando-o de organizar novo sistema de corrupção, impressiona tanto pela segurança da argumentação policial e jurídica quanto por sua forma midiática. Do mesmo modo, os promotores e os policiais vêm a público explicar no pormenor cada elo do processo de corrupção, ligando Estado, sociedade civil e empresas. E assim promovem a consciência política da necessidade da mudança.

Aí residem a grandeza e o perigo desse processo. A Operação Lava Jato está nos obrigando a ter vergonha do estado de corrupção em que nos encontramos. Mas somente terá repercussão política se forças políticas representativas, levando em conta todos esses processos não representativos, decidirem pelas reformas de que o País necessita. E a ilusão de uma democracia direta – lado inverso do Estado total – só perturba a compreensão de como a política nacional mergulhou numa indecisão que nos engolfa. Os escândalos pipocam no ar, as pessoas se manifestam e os partidos só lidam com os fogos de artifício.

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*José Arthur Giannotti professor de filosofia da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento(CEBRAP)

Merval Pereira - FH organiza o PSDB

O Globo

Renúncia é modo sutil de tratar impeachment. Com a clareada dada pela declaração do ex- presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB tomou uma posição unificada em favor da saída da presidente Dilma diante da crise política que vivemos. O partido não reivindica para si o protagonismo para uma eventual ação de impeachment contra a presidente Dilma, mas se declara disposto a apoiar tal medida e, mais que isso, garante respaldo político ao sucessor caso o impeachment seja aprovado.

Oque estava travando as negociações políticas no Congresso em torno de Michel Temer era a insistência de um grupo de tucanos, comandados pelo presidente do partido, o senador Aécio Neves, em que a melhor solução estava na impugnação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral ( TSE), o que levaria à convocação de uma nova eleição direta para presidente.

Além de fazer perder o apoio do PMDB, essa solução teria um inconveniente gravíssimo: durante 90 dias presidiria o país o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, o que inviabilizava qualquer tipo de acordo político sério, no mínimo devido à incerteza que tal situação provocaria.

Também o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, amenizou sua posição, que era a favor da manutenção da presidente Dilma no posto até 2018, quando ele se considera um candidato com potencial para ser indicado pelo PSDB para disputar a Presidência da República.

Alckmin, diante do apelo de Fernando Henrique para que os líderes tucanos uniformizassem o discurso, agora defende que é preciso aguardar as investigações do TCU para tomar uma posição sobre o impeachment. O senador José Serra já havia até mesmo se antecipado a FH na proposta de renúncia como a solução menos traumática para o país.

Na verdade, a proposta de renúncia é uma maneira sutil de tratar o impeachment enquanto não estão colocadas as premissas necessárias para sua concretização. Uma maneira também de marcar a evolução da posição do PSDB em apoio a Michel Temer, que seria o sucessor nesse caso, assim como se a presidente for impedida pelo Congresso.

As manifestações de domingo passado, expressivas em número, mas sobretudo em símbolos políticos, deram o tom dessa mudança de patamar na discussão do impeachment da presidente Dilma, que ainda é um processo em curso, mas que vai ganhando substância a cada movimento de unificação da ação da oposição e, por enquanto, dos dissidentes do PMDB.

O tempo político tem suas peculiaridades, ainda mais num governo de coalizão que não se faz por programas, mas por interesses de cada grupo político. O governo tem certamente seus argumentos, políticos e fisiológicos, para se manter no poder, embora a cada dia fique mais claro para os de Brasília que a capacidade de governar da presidente Dilma se esvai, pelas dificuldades próprias das crises, e a que vivemos é das maiores, mas principalmente pela incapacidade pessoal de fazer política.

O presidente do PSDB, Aécio Neves, com a reunião que pretende realizar na próxima semana com Miguel Reale Júnior e outros juristas, quer que os partidos, inclusive o PMDB, comecem a discutir objetivamente as ações políticas para viabilizar o impeachment, a começar pelo que chama de “blindagem” dos tribunais superiores de controle.

Essa blindagem contará também com manifestações das organizações da sociedade civil que convocaram os protestos, e todos estarão dando respaldo político ao TCU e ao TSE contra ingerências do governo, mas ao mesmo tempo estarão também demonstrando aos ministros que a sociedade não aceitará acordos por baixo do pano.

Eliane Cantanhêde - Ruas 'destucanizam' PSDB

- O Estado de S. Paulo

O PSDB não resistiu à pressão de três grandes manifestações nacionais em cinco meses e, finalmente, “destucaniza”, ou seja, desce do muro. Em busca de alguma unidade, passou a admitir explicitamente que o governo Dilma Rousseff não tem jeito. Ou a presidente cai por bem (renúncia) ou cai por mal (impeachment).

Quem deu a voz de comando foi o ex-presidente Fernando Henrique, que deixou de lado sua conhecida prudência, rendeu-se à fragilidade do governo e à voz rouca das ruas e abriu a semana política defendendo a renúncia de Dilma. Não pode ser acusado de golpe, já que apenas inverte posições com o também ex-presidente Lula. Hoje, é FHC quem pede a renúncia de Dilma. Em 1999, era Lula quem pedia a do próprio FHC. Ou ambos são golpistas ou nenhum dos dois é.

Fernando Henrique usou sua página na internet, justamente no dia seguinte às manifestações, para dizer que a renúncia da presidente seria um “gesto de grandeza”, pois o mandato dela “é legal, mas ilegítimo”, carente de respaldo popular. Depois, foi almoçar com os presidenciáveis tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin. Nenhum dos três precisa dizer uma só palavra desse almoço para que os minimamente informados deduzam o que se passou ali. Dá até para visualizar FHC, com aquele seu jeito professoral, cobrando unidade e enquadrando o afoito Aécio e o dissimulado Alckmin. Mais ou menos assim: ou a gente se une ou vai quebrar a cara.

A reação foi em cadeia. O senador Aloysio Nunes Ferreira defendeu abertamente o impeachment da tribuna do Senado. Aécio Neves explicou que o PSDB busca uma “convergência”, vale dizer, uma convergência interna e também com as manifestações e pesquisas. E Alckmin tardou, mas falhou: ontem, com 24 horas de atraso, classificou a crise de “gravíssima” e avisou: “Se surgir a hipótese de impeachment, o partido vai estudá-la”. Para seu estilo, foi um nítido avanço.

E não faltou alguém nesse almoço do trio FHC-Aécio-Alckmin? Sim, faltou o também presidenciável José Serra e igualmente dá para apostar qual o motivo da ausência: ele já tinha feito a cabeça de Fernando Henrique, que fechou contra a convocação de eleições e a favor das opções renúncia ou solução Michel Temer. A aposta é com base num dado da realidade: bastou o almoço para Aécio e os líderes tucanos Carlos Sampaio e Cássio Cunha Lima recuarem da tese de novas eleições.

Isso seria possível se o TSE rejeitasse as contas da chapa Dilma-Temer, mas haveria vários efeitos colaterais. Com o quórum muito pequeno do TSE, o coro de golpe seria ensurdecedor. E quem presidiria o País por três ou quatro meses seria... o deputado Eduardo Cunha! Se depender dos tucanos e dos próprios aecistas, não se fala mais nisso, só em renúncia ou impeachment.

Pelo sim, pelo não, Serra admitiu segunda à noite, no Roda Viva, da TV Cultura, que “vai ser muito difícil” Dilma concluir o mandato. Ele escondeu o jogo sobre que desfecho prefere, se via TSE ou via TCU, mas deu pistas de que não se negará a compor com o PMDB caso a solução seja pelo TCU e o sucessor seja o vice Michel Temer. Curioso, aliás, que Serra tenha se esquivado de criticar até o neogovernista Renan Calheiros...

Tem-se, portanto, que o mundo governista, empresarial e financeiro se move para um lado – o de manter Dilma a qualquer custo para evitar um eventual mal maior – e a oposição se move em sentido contrário, com PSDB, DEM, PPS e Solidariedade entrando em sintonia e a favor das pesquisas e das ruas que pedem o afastamento de Dilma.

O que muda no estado de coisas e na situação de Dilma com essa nova postura do PSDB? Difícil saber, até porque ninguém sabe mais nada. Mas a unificação do discurso tucano a favor da renúncia e admitindo o impeachment não é nada bom para Dilma e pode ser muito bom para o futuro do próprio PSDB. Além de atiçar a cobiça do PMDB de Temer.