quarta-feira, 22 de julho de 2015

Opinião do dia – Aécio Neves

A pesquisa CNT/MDA é mais uma a confirmar o repúdio dos brasileiros ao governo do PT.

À medida em que, infelizmente, os efeitos da crise econômica, em muito resultado das ações e omissões do governo, batem à porta das famílias brasileiras, e a população toma conhecimento dos desdobramentos dos inúmeros casos de corrupção que contaminaram a máquina pública federal, cresce a desaprovação da presidente.

Os brasileiros estão cada vez mais indignados com o estelionato eleitoral do que foram vítimas.

Em relação à pesquisa eleitoral, o fato de nomes do partido serem bem aceitos pela população reforça a nossa certeza de que estamos no caminho certo defendendo os interesses dos brasileiros e buscando alternativas para tirar o país da crise ética, econômica e social a que nos levou o governo do PT.

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Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, em Brasília, 21 de julho de 2015.

Dilma mobiliza governo para se defender de ‘pedaladas’

Todo fôlego para negar 'pedaladas'

Vinicius Sassine – O Globo

• Tropa de choque foi mobilizada para produzir defesa de mais de mil páginas que será entregue hoje ao TCU

BRASÍLIA - Depois de mobilizar uma tropa de choque para elaborar sua defesa, o governo vai protocolar hoje no Tribunal de Contas da União (TCU) um documento sem a assinatura da presidente Dilma Rousseff e com cerca de 1 mil páginas, incluídos os mais de 900 anexos, em que nega ter recorrido à prática de "pedaladas fiscais" para melhorar artificialmente as contas públicas em 2014.

O TCU tinha cobrado respostas de Dilma para 13 indícios de irregularidades nas contas de 2014. No documento, uma das principais alegações apresentadas pelo governo é que o Tesouro ficou com saldo positivo na operação feita com a Caixa Econômica Federal para pagar os benefícios sociais em 2014. O crédito favorável à União chegou a R$ 1,58 bilhão em 2014, segundo tabela reproduzida na defesa.

A resposta que será protocolada no fim do dia pela Advocacia-Geral da União (AGU) reagrupou as 13 perguntas do TCU em oito pontos, entre eles as "pedaladas fiscais". O julgamento das contas de Dilma ganhou um contorno inédito diante do risco de a presidente ter as contas rejeitadas em plenário no TCU, o que levaria a um julgamento político das contas no Congresso num momento de crise.

Pelo relatório em debate no TCU, no ano passado o governo federal recorreu a uma manobra conhecida como "pedalada fiscal": o Tesouro diminuiu o fluxo de repasses de verbas a bancos oficiais, que se viram obrigados a arcar com o pagamento de benefícios sociais como o seguro-desemprego e o Bolsa Família. No caso da Caixa Econômica, a instituição teve que honrar pagamentos do Bolsa Família, sem que houvesse repasses do Tesouro para fazer o pagamento.

Infração à Lei de Responsabilidade
Segundo o tribunal, a manobra para melhorar artificialmente as contas públicas envolveu recursos da ordem de R$ 40 bilhões entre 2009 e 2014 - R$ 7 bilhões somente no ano passado. Por ter se configurado como uma operação de crédito financeiro, conforme o TCU, as "pedaladas fiscais" infringiram a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Na linha de frente da tropa de choque do governo estão o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Os presidentes do Banco Central e dos bancos oficiais - Caixa, Banco do Brasil e BNDES - também foram mobilizados pela presidente. Cabe ao TCU julgar um parecer sobre as contas, com indicativo de rejeição ou de aprovação com ressalvas, para decisão final do Congresso. Uma conta presidencial não é reprovada pelo TCU desde 1937.

O documento que será protocolado hoje reproduz informação sobre os saldos da União nas operações com a Caixa - que é a instituição responsável pelo pagamento de benefícios sociais. Apesar de terem ocorrido represamentos de repasses, que levaram a débitos esporádicos do Tesouro com o banco, o governo sustenta que o saldo médio do ano ficou positivo entre 1994 e 2014, conforme a tabela apresentada na resposta.

No ano passado, esse saldo ficou positivo em R$ 1,58 bilhão. Em 2013, em R$ 1,75 bilhão. E em 1994, o ano mais distante usado na defesa, o governo teve superávit de R$ 163,7 milhões.

Para tentar provar que não houve prejuízos com as "pedaladas", a defesa de Dilma afirma ainda que a Caixa sempre pagou juros à União, ano a ano, por conta dos créditos na conta. Em 2014, essa remuneração foi de R$ 141,6 milhões.

A defesa é assinada pelo advogado-geral da União, e não pela presidente, embora o TCU tenha cobrado as respostas de Dilma. No dia da sessão que deu o prazo de 30 dias à presidente para se explicar, o ministro relator das contas no TCU, Augusto Nardes, afirmou que o documento deveria ser assinado pela presidente. Dilma decidiu ontem que não assinaria, segundo fontes do governo. O entendimento prevalecente é que o questionamento é ao governo e não à pessoa da presidente.

Dilma se reuniu durante quase três horas ontem, no Palácio da Alvorada, com Adams, Barbosa e Aloizio Mercadante, da Casa Civil. Na segunda-feira, ela comandou uma reunião ainda mais ampla, incluindo os presidentes de Banco Central, Caixa, Banco do Brasil e BNDES.

Notas técnicas e tabelas
O documento principal da resposta tem 113 páginas, que se juntam às cerca de 900 páginas de anexos. O governo anexou à defesa notas técnicas de ministérios, jurisprudências e tabelas sobre as "pedaladas" e sobre os outros indícios de irregularidades apontados pelo TCU. A tônica da defesa é dizer que o próprio tribunal já considerou regulares práticas que agora condena em relação a 2014.

O governo pinça, inclusive, posições do relator Nardes nesse sentido. Sobre as "pedaladas" especificamente, a defesa cita a análise de um recurso em que se diz não ser "razoável classificar como operações de crédito meros atrasos de curtíssimo prazo no repasse de recursos do Tesouro". O julgamento das "pedaladas" ocorreu em abril, num processo à parte. Em junho, na análise das contas da presidente, a manobra voltou a ser considerada irregular.

O plano de Adams é deixar para o fim do dia a apresentação da defesa no TCU, que deverá ser entregue a Nardes. Por causa das tensões entre governo e relator, que já afirmou que votará pela rejeição das contas, os dois lados vêm evitando um confronto aberto. Adams não quer ser acusado de dar publicidade ao documento final antes de o ministro do TCU tomar conhecimento. Nardes, por sua vez, tem se mantido em silêncio diante de críticas internas no tribunal sobre sua atuação. Ele quer evitar a acusação de ter antecipado seu voto antes de analisar a defesa de Dilma.

A outros ministros do TCU, o relator vem afirmando que a defesa de Dilma será encaminhada com urgência à análise da Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag) do tribunal, que assessora o relator em relação às contas da presidente. A análise e a elaboração do voto de Nardes devem consumir pelo menos 15 dias. Assim, o julgamento em plenário deve ocorrer em agosto.

O governo já deu início a uma ofensiva no Congresso em defesa das contas de 2014. Na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Adams e Barbosa apresentaram os principais pontos das explicações de Dilma. Eles também se reuniram com as bancadas de PT e PCdoB na Câmara para detalhar a linha da defesa.

Ação do Planalto reforça viés do TCU para rejeitar contas

Ofensiva do Planalto incomoda tribunal

• Para ministros do TCU, tom 'beligerante' do governo reforça tendência de rejeição das contas por pedaladas

• Nesta quinta-feira (23), Planalto vai se defender afirmando que manobra é válida e foi usada por governos anteriores

Valdo Cruz, Marina Dias – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Apesar de todo o esforço do Palácio do Planalto para mostrar ao TCU (Tribunal de Contas da União) que as pedaladas fiscais não são uma criação petista, ministros do órgão avaliam que a ofensiva do governo reforça a tendência da corte a julgar irregulares as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff.

Segundo relatos obtidos pela Folha, os ministros do TCU estão incomodados com o tom "beligerante" utilizado em reuniões no Planalto sobre o tema, com auxiliares da presidente acusando o tribunal de agir politicamente.

Um ministro disse à Folha que o posicionamento do tribunal será técnico, baseado em documentos do próprio governo, nos quais órgãos federais, como o Banco Central, apontavam problemas nas pedaladas fiscais.

Por meio das pedaladas, o governo usou bancos públicos, como a Caixa, para pagar benefícios sociais como Bolsa Família e seguro-desemprego em momentos de falta de recursos no Tesouro Nacional.

O TCU argumenta que a manobra é uma operação de crédito e que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe que bancos públicos financiem o governo federal.

O governo anunciou entrevista nesta quinta (23) para explicar o documento de resposta aos questionamentos do TCU que será enviado ao órgão nesta quarta (22). Em junho, o tribunal deu 30 dias de prazo ao governo para se defender da avaliação de que suas contas de 2014 estão irregulares.

O TCU deve julgar as contas na segunda quinzena de agosto, após ouvir o governo. A dúvida é se o relator Augusto Nardes vai colocar em votação parecer pedindo a rejeição das contas ou classificando-as como irregulares.

Nesse segundo caso, o TCU deixaria o Congresso decidir por conta própria se rejeita ou não as contas –atribuição que é do Legislativo.

A oposição aposta na rejeição das contas da petista no Congresso para justificar a abertura de processo de impeachment contra Dilma.

Defesa
A gravidade do assunto levou Dilma a acompanhar pessoalmente a elaboração da defesa que o Planalto vai apresentar ao TCU nesta quinta. O principal argumento do relatório assinado pela presidente é que governos anteriores, como o do tucano FHC, e até 17 Estados também recorreram às pedaladas.

O governo vai insistir na tese de que as pedaladas não representam operações de crédito, mas sim um tipo de prestação de serviços. Dilma tem dito a aliados que a prática foi uma "operação cotidiana" entre o Tesouro e a Caixa.

Outro argumento será o de que o saldo de juros pago pela Caixa ao Tesouro em 2014 foi de R$ 140 milhões, superior aos R$ 100 milhões de 2013.

Segundo interlocutores da presidente, isso indica que o Tesouro antecipou mais recursos para a Caixa no ano passado, e não o contrário, já que o pagamento de juros ao governo só ocorre quando o banco recebe mais repasses do que o necessário em um determinado mês.

Na segunda (20), Dilma se reuniu com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) e presidentes dos bancos públicos para revisar o relatório final.

Nesta terça (21), a petista recebeu Adams para uma última leitura do documento.

EUA apontam corrupção em negócios da Odebrecht

EUA monitoram obras da Odebrecht no exterior e apontam sinais de corrupção

Jamil Chade – O Estado de S. Paulo

• Wikileaks. Telegramas do serviço diplomático americano apontam suspeitas de irregularidades nos negócios da empreiteira brasileira em ao menos quatro países durante segundo mandato de Lula, que, segundo os documentos, "ajudou a concluir um acordo" em Angola

A diplomacia americana monitorou os negócios da empreiteira brasileira Odebrecht no exterior e apontou para suspeitas de corrupção em obras espalhadas pelo mundo na segunda gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência (2007-2010). Telegramas confidenciais do Departamento de Estado norte-americano revelados pelo grupo WikiLeaks relatam ações da empresa brasileira e suas relações com governantes estrangeiros. Lula é citado em iniciativas para defender os interesses da Odebrecht no exterior. No dia 21 de outubro de 2008, a embaixada americana em Quito (Equador) descreve a pressão imposta sobre as empresas brasileiras pelo presidente daquele país, Rafael Correa.

O governo equatoriano ameaçava expulsar tanto a Odebrecht quanto a Petrobrás, alegando descumprimento de contratos. A embaixada americana em Quito, porém, alerta ao Departamento de Estado dos EUA que o motivo da pressão seria outro: corrupção. "Alfredo Vera, chefe da Secretaria Anticorrupção do Equador, levantou questões sobre os preços e financiamento dos contratos da Odebrecht", indicou o telegrama. "Apesar de não termos in-ormações de bastidores no projeto San Francisco (usina), o posto ouviu alegações com credibilidade de corrupção envolvendo o projeto de irrigação da Odebrecht em Manabi de um ex-ministro de Finanças que se recusou a assinar os documentos do projeto diante de suas preocupações sobre a corrupção", afirmaram os EUA.

Outro alerta feito nos bastidores aos americanos se referia às condições do empréstimo do BNDES, para o mesmo projeto. "O posto também ouviu preocupações de um funcionário do Banco Central sobre termos desfavoráveis nos empréstimos do BNDES que apoiariam o projeto de irrigação", constata o telegrama. Segundo os EUA, ambos problemas teriam ocorrido em 2006, no último ano do governo de Alfredo Palacio. "Apesar de não termos a história completa da ira de Correa contra a Odebrecht, suspeitamos que a corrupção e a pobre construção da empresa amplamente devem explicar suas ações (em relação a Correa)", indicou a diplomacia.

Lula. Um ano depois, num telegrama de 5 de outubro de 2009, a embaixada americana no Panamá relata a Washington a situação delicada que vivia o então presidente local, Ricardo Martinelli. Numa conversa entre os diplomatas e um ministro do governo, Jimmy Papadimi-riu, os americanos são alertados de que um escândalo de corrupção estaria prestes a eclodir, envolvendo a Odebrecht.

"O administrador da campanha de Martinelli, e hoje ministro da presidência, Jimmy Papadimitriu, disse à Emboff (sigla em inglês para "oficial da embaixada") que notícias estavam a ponto de sair de que Martinelli recebeu uma grande contribuição para sua campanha da construtora brasileira Odebrecht, que estava conduzindo várias grandes obras públicas no. Panamá", indicou o telegrama e que cita como Martinelli passou a ser alvo de ataques quando deu à empresa brasileira um contrato de US$ 60 milhões para a construção de uma estrada "sem licitação".

Em 30 de outubro de 2007, outro telegrama apontou para as relações da Odebrecht com políticos estrangeiros. O caso se referia à viagem de Lula para Angola, naquele ano. A embaixada americana em Luanda escreveria naquele dia para Washington para descrever "uma produtiva visita de Lula". Segundo a mensagem, "a visita de Silva (Lula) ajudou a concluir um acordo entre a gigante construtora brasileira Odebrecht, a paraestatal angolana no setor do petróleo Sonangol, e a Damer, até então desconhecida empresa angolana, para construir uma usina capaz de produzir não apenas etanol para exportação, mas gerar 140 megawatts de eletricidade por ano pela queima de bagaço".

O papel de Lula não é colocado em questão. Mas a diplomacia dos EUA levanta questões sobre a parceria fechada pela Odebrecht: "O acordo, chamado na imprensa de um entendimento entre a Sonangol e a Odebrecht, aloca 40% das ações para a Odebrecht, 20% para a Sonangol, e os restantes 40% para a Darrier". "Fontes na embaixada brasileira afirmaram que a Odebrecht foi "evasiva" quando questionada sobre a Damer, enquanto outras fontes apontam que a Damer está conectada com o presidente angolano (José Eduardo) dos Santos".

Dilma tem 70% de avaliação negativa, diz pesquisa

Bernardo Caram, Daiene Cardoso – O Estado de S. Paulo

• Levantamento do instituto MDA mostra que apenas 7,7% dos entrevistados avaliam positivamente o governo

Levantamento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em conjunto com a MDA Pesquisa, divulgado ontem, mostrou que a avaliação negativa do governo Dilma Rousseff está em 70,9%, ante 64,8% constatados em março.

A gestão da petista é avaliada da positivamente por só 7,7% dos entrevistados, ante 10,8% da sondagem anterior. É a pior avaliação de um governo desde 1998, quando a CNT começou a fazer a pesquisa. De acordo com o levantamento, 18,5% disseram que o governo Dilma é "ruim" e 52,4% afirmaram que ele é "péssimo". Já 20,5% consideraram que o governo é regular, 6,2% disseram é bom e 1,5% o classificaram como ótimo.

A porcentagem dos entrevistados que não souberam ou não responderam é de 0,9%. Com relação ao desempenho pessoal de Dilma Rousseff, houve crescimento na rejeição à atuação da presidente. A desaprovação atingiu 79,9% e a aprovação está em 15,3%. A avaliação negativa também é a mais alta desde 2001. Em março, o desempenho pessoal da petista era aprovado por 18,9% dos consultados e desaprovado por 77,7%. Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 137 municípios de 25 unidades federativas, entre os dias 12, e 16 de julho de 2015. A margem de erro é de 2,2, pontos porcentuais para mais ou para menos, com 95% de nível de confiança.

Impeachment O levantamento também mostrou que 62,8% dos ouvidos são a favor do impeachment de Dilma. Já 32,1% disseram ser contra o afastamento dela e 5,1%, não souberam responder. Questionados sobre os motivos que justificariam o impedimento, 26,8% consideraram que as chamadas "pedaladas fiscais" seriam a principal razão.

Outros 25% apontaram a corrupção na Petrobrás e 14,2%, os indícios de irregularidades na prestação de contas da campanha presidencial de 2014. Para 44,6%, a combinação de todos os problemas anteriores poderiam justificar a queda de Dilma.

Lava Jato. A CNT/MDA abordou ainda a percepção dos entrevistados sobre a Operação Lava Jato. Pelo levantamento, a maior parte dos entrevistados considerou a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como responsáveis pelo esquema de corrupção na Petrobrás. No caso de Dilma, 69% entendem que ela tem responsabilidade; no de Lula, 65%. A pesquisa também avaliou uma possível eleição presidencial. Se a disputa fosse hoje, os tucanos Aécio Neves (MG), Geraldo Alckmin (SP) e José Serra (SP) venceriam o ex-presidente Lula num segundo turno.

Economia aumenta queda da popularidade de Dilma

Bruno Peres e Lucas Marchesini - Valor Econômico

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff contabiliza as piores avaliações de sua gestão e imagem pessoal desde o início do primeiro mandato, de acordo com pesquisa do instituto MDA divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), superando o patamar alcançado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante a crise econômica de 1999.

O cenário é semelhante. A grande maioria dos entrevistados considera que a presidente não está sabendo lidar com a crise econômica (84,6%), apontada por 60,4% dos entrevistados como mais grave do que a crise política (36,2%). Como resultado, um impeachment da presidente Dilma se justificaria na opinião de 62,8% dos entrevistados.

O levantamento foi feito entre os dias 12 e 16 de julho. A avaliação positiva do governo da presidente Dilma piorou entre março e julho, caindo para 7,7% de 10,8%. A avaliação foi regular para 20,5% (frente a 24% em março) e ruim ou péssima para respectivamente 18,5% e 52,4% dos entrevistados - num total de 70,9% de avaliação negativa, um crescimento na comparação com março, quando o percentual foi de 65%. Já a aprovação pessoal da presidente variou de 18,9% para 15,3% no período. O índice de desaprovação foi de 79,9% em julho, ante 77,7% em março. Essa variação está no limite da margem de erro, de 2,2 pontos percentuais.

Mais da metade dos entrevistados disse que a situação do emprego no país piorará nos próximos seis meses (55,5%). Enquanto 15% indicaram que ela deve melhorar, 27,5% responderam que ela deve ficar estável. Além disso, 50% dos entrevistados afirmaram terem medo de ficar desempregados por conta do desaquecimento da economia brasileira. Outros 43,7% responderam negativamente à pergunta, e 6,3% não souberam ou não responderam. Em relação à renda mensal, 13,8% afirmaram que ela deve aumentar. Outros 33,7% acreditam que seu rendimento diminuirá no mesmo período, enquanto a maioria (50,2%) acha que continuará igual.

Para o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e candidato à Presidência da República derrotado em 2014, os números da pesquisa confirmam "o repúdio dos brasileiros ao governo do PT". Segundo ele, "os brasileiros estão cada vez mais indignados com o estelionato eleitoral do qual foram vítimas". Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que recentemente rompeu com o governo, disse que o PMDB pode discutir se continua ou não aliado ao Palácio do Planalto a qualquer momento. "Minha militância vai pregar para que a gente deixe a base. Até porque não queremos ficar sócio de 7%", afirmou. "A discussão de permanecer ou não permanecer pode ser feita a qualquer tempo na instância apropriada."

Segundo a sondagem, a situação de piora do governo atinge também o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A maior estrela petista perderia em um eventual segundo turno para os três principais políticos do PSDB, caso a eleição fosse realizada nas datas em que a pesquisa foi produzida. Aécio receberia 49,6% dos votos e Lula, 28,5%. Em uma disputa contra o senador José Serra, o petista receberia 31,8% dos votos contra 40,3% do tucano. A menor margem aconteceria em uma disputa contra o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin - 39,9% a 32,3%.(Colaboraram Raquel Ulhôa e Thiago Resende)

Apoio ao impeachment surpreende Planalto

Fernando Exman - Valor Econômico

BRASÍLIA - A trajetória de queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff já vinha sendo apurada nas mais recentes pesquisas de avaliação do governo. Assim, a notícia divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o instituto MDA de que a aprovação da petista caiu de 10,8% em março para 7,7% em julho não chegou a surpreender autoridades do Palácio do Planalto. O mesmo não pode ser dito, porém, em relação ao dado segundo o qual cerca de dois terços da população apoiam o impeachment da presidente. Agora, o risco de Dilma é tal estatística traduzir-se em maior volume de manifestantes nos protestos contra o governo que devem ocorrer neste segundo semestre.

Em março, a pesquisa CNT/MDA calculou em 59,7% os entrevistados que apoiavam o impedimento da presidente. No mais recente levantamento, feito neste mês, o percentual atingiu 62,8% - alteração preocupante para quem pode depender da boa vontade de um presidente da Câmara dos Deputados que acaba de romper com sua administração e enfrenta ações no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, no limite, podem levar à perda de seu mandato.

Em pergunta estimulada apenas aos que se disseram favoráveis à interrupção do segundo mandato da presidente, 26,8% mencionaram que a medida se justificaria devido à existência de irregularidades nas prestações de contas do governo, as chamadas "pedaladas fiscais". Outros 25% citaram a corrupção na Petrobras investigada pela Operação Lava-Jato, ante 14,2% que apontaram ilegalidades na prestação das contas da campanha presidencial de 2014. Para 44,6% dessa parcela dos entrevistados, todos os três motivos embasariam o impeachment de Dilma.

Apenas 1,5% citaram outros assuntos como justificativa e outros 1,8% não souberam ou não responderam. Além de apontar uma maioria favorável ao impeachment da presidente da República, a pesquisa demonstra que grande parte dos críticos do governo sabe exatamente os motivos de sua indignação. Com o risco de enfrentar novos panelaços se for à televisão para explicar as ações de sua gestão ou vaias em eventos públicos em que o cerimonial do Palácio do Planalto não tiver o controle total da plateia, a margem de manobra da presidente também parece cair a cada dia.

De olho em 2018, Temer diz que PMDB pode sair do governo

Temer diz que PMDB examinará saída do governo por candidatura em 2018

Isabel de Luca, correspondente, O Globo

Em Nova York, vice-presidente foi aplaudido por empresários quando elogiou Joaquim Levy

NOVA YORK — Em viagem oficial a Nova York para vender uma agenda positiva, assim como fez a presidente Dilma Rousseff no fim de junho, o vice-presidente Michel Temer disse nesta terça-feira que o PMDB pode deixar o governo e lançar candidato próprio à presidência em 2018. O assunto foi levantado pelo próprio peemedebista durante uma palestra para advogados americanos, pela manhã. À tarde, em rápida entrevista à imprensa depois de participar de um almoço com investidores, Temer voltou ao tema.

— Perguntaram se o PMDB teria candidato (em 2018), eu disse que sim – afirmou, evitando comentar se ele seria o postulante do partido. — Faltam no mínimo três anos...

Mais cedo, o vice-presidente havia citado em seu discurso na NYC Bar Association, uma espécie de OAB local, o pleito do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para que o partido acompanhasse a sua decisão de partir para a oposição.

— Ele (Cunha) falou que vai trabalhar muito para que o partido possa desvincular-se do governo. É claro que nós, do partido, reiteramos que a decisão é pessoal, mas o partido tem instâncias, e essas decisões são tomadas pelas instâncias partidárias. É uma questão que será examinada daqui pra frente – afirmou. – Evidentemente que pode ocorrer um dia qualquer em que o PMDB resolva deixar o governo, especialmente em 2018, quando entender ter uma candidatura presidencial.

Temer chegou a ser aplaudido no almoço que reuniu dezenas de pesos pesados do mercado financeiro — como JP Morgan, BlackRock, Goldman Sachs, Pimco e Morgan Stanley — quando defendeu a escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda.

— Eles perguntaram o que eu faria se fosse presidente, e eu disse que manteria o Levy, claro. Ele está fazendo um belo trabalho — relatou à saída do estrelado restaurante de cozinha nórdica Aquavit.

Ainda na conversa com jornalistas, Temer atribuiu a “uma inferência da Polícia Federal” a citação das iniciais MT, que constariam de anotações no celular do empreiteiro Marcelo Odebrecht, como sendo suas. Ele frisou que “dezenas de iniciais” foram listadas na análise de dados armazenados no iPhone apreendido na casa do executivo, e garantiu não ter “nenhuma relação com fatos delitosos”:

— Foram dezenas de iniciais. Eu não tenho a menor ideia. Eu nem sei se a Odebrecht colaborou com o partido, com o PMDB. Várias empresas colaboraram, eu até mandei verificar se colaborou. Mas não tenho a menor ideia. É uma inferência da Polícia Federal, não sei se legítima ou ilegítima. Eu conheço o Marcelo Odebrech. Não sei por que está lá. Esse MT pode ser tanta coisa, é uma sigla de muitos nomes e de muitas instituições, quem sabe. É preciso perguntar a eles, assim como atribuíram a outros tantos que eu não quero mencionar aqui. Mas eu não consigo entender e não tenho nenhuma relação com fatos delitosos.

Questionado sobre a defesa das chamadas pedaladas fiscais que o governo entrega nesta quarta-feira ao Tribunal de Contas da União (TCU), o vice-presidente foi breve:

— Conheço juridicamente, acho que está muito bem montado. Agora, o que o Tribunal vai decidir cabe ao Tribunal, né?

Sobre a pesquisa CNT que indicou mais uma queda na aprovação do governo, para 7,7% — a pior desde 1999 —, Temer minimizou:

— Isso e cíclico, né, de vez em quando há essas avaliações, isso aconteceu em muitos governos e a avaliação depois melhora. Vamos aguardar o futuro.

Temer: por 2018, PMDB vai examinar ida para oposição

'PMDB pode deixar governo caso tenha candidato próprio em 2018", diz Temer

Altamiro Silva Junior, correspondente - O Estado de S. Paulo

• Vice-presidente da República confirmou possibilidade de seu partido virar oposição, e romper com o Executivo no ano eleitoral, caso decida disputar sozinho próximas eleições presidenciais

NOVA YORK - O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, disse em uma palestra nesta terça-feira, 21, em Nova York, que pode ocorrer "um dia" de o PMDB deixar o governo e virar oposição, especialmente se tiver candidato próprio nas eleições presidenciais de 2018.

"É uma questão que será examinada daqui pra frente. Evidentemente que pode ocorrer um dia qualquer em que o PMDB resolva deixar o governo, especialmente em 2018, quando entender ter uma candidatura presidencial", disse em sua apresentação para advogados e investidores, que durou cerca de 40 minutos.

Temer voltou a enfatizar que o rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com o governo de Dilma Rousseff foi de caráter pessoal. "Essa distensão, divergência entre o presidente da Câmara e o Poder Executivo é, como ele registrou, salientou e voltou a salientar, uma divergência de natureza pessoal", afirmou o vice-presidente.

A governabilidade, ressaltou Temer, é um fenômeno mais político do que jurídico, "porque depende mais da articulação política". Se o governo não tiver forças políticas que o ampare, deixa de existir, disse ele, ressaltando que tem conseguido desempenhar seu papel de articulador com "tranquilidade".

Redes sociais. Em sua palestra, Temer falou até da interferência da internet em questões do governo. "O que as redes sociais produzem de informações, às vezes de deformações, faz com você tenha que ter, ao lado da governabilidade, o apoio de forças sociais emergentes, que têm influência extraordinária", disse.

Temer promete manter Levy caso concorra à Presidência e seja eleito

Thais Bilenky – Folha de S. Paulo

NOVA YORK -O vice-presidente Michel Temer (PMDB) afirmou a investidores estrangeiros que, caso seja o candidato do PMDB à Presidência em 2018 e seja eleito, manterá o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no governo.

"Claro, claro. Ele está fazendo um belo trabalho", justificou. Temer teria sido aplaudido nesse momento, segundo um participante.

Em almoço em Nova York, nesta terça (21), Temer foi praticamente sabatinado sobre a crise no Brasil. Os investidores mostraram conhecer detalhes do escândalo da Petrobras e a crise gerada pela ida do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), à oposição.

À mesa, estavam cerca de 30 investidores de grupos como Pimco, Goldman Sachs, JP Morgan e Nomura.

Temer minimizou pesquisa CNT/MDA que apontou que o governo Dilma Rousseff (PT) registrou a pior aprovação da série histórica, 7,7%.

"Isso é cíclico, né? Aconteceu em muitos governos e a avaliação depois melhora. Vamos aguardar o futuro", afirmou.

O vice-presidente comentou ainda a defesa de Dilma sobre as pedaladas fiscais no Tribunal de Contas da União. A presidente tem até quarta (22) para apresentar sua explicação de por que o pagamento de contas do Tesouro Nacional foram feitos por bancos públicos.

"Conheço [a defesa] juridicamente. Acho que está muito bem montada. Agora, o que o Tribunal vai decidir, cabe ao Tribunal, né?"

Mais cedo, em palestra para advogados, o vice-presidente afirmou que, "evidentemente, pode ocorrer um dia qualquer em que o PMDB resolva deixar o governo, especialmente se, em 2018, entender ter uma candidatura presidencial".

Temer disse que toca no assunto "singelamente, suavemente, com uma questão política, e não de atrito pessoal. Jogando água no fogo, e não gasolina".

Oposição
O vice-presidente criticou a postura da oposição. "No Brasil, sempre foi assim. Quem perdeu a eleição acha que tem que contestar", afirmou. "[A oposição] deve se opor por uma questão de mérito, não simplesmente porque perdeu."

"O sistema jurídico impõe que a oposição fiscalize, critique, observe, contrarie e controverta, precisamente para ajudar a governar", discursou.

Na sequência, ele emendou: "Tenho colegas jornalistas brasileiros aqui e não estou fazendo nenhuma crítica à oposição lá do Brasil. Os que foram oposição hoje foram situação no passado e poderão vir a ser situação no futuro. A coisa é sempre a mesma. Enquanto você não mudar os costumes políticos, ninguém vai ter esse conceito jurídico positivo de situação e oposição".

Temer fez referência à postura da base aliada de votar contra o governo e da oposição de votar a favor em algumas questões como a do ajuste fiscal no que diz respeito a direitos trabalhistas para mostrar como é complexo o sistema político brasileiro.

Governo tem que mudar, diz Cunha, que volta a pedir PMDB na oposição

Ranier Bragon – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Após a divulgação de nova pesquisa que mostra índices baixíssimos de aprovação ao governo Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a defender nesta terça-feira (21) que o PMDB abandone o Palácio do Planalto e siga para a oposição.

Cunha sempre foi um aliado incômodo, mas se tornou adversário declarado do governo desde a semana passada, quando veio à tona nova suspeita contra ele no escândalo de corrupção da Petrobras –notícia que ele atribui a umadobradinha secreta entre o Executivo e o Ministério Público Federal.

"Realmente quando a gente vê essa pesquisa, a gente vê que realmente alguma coisa tem que ser mudada. É por isso que o PMDB tem rever essa posição [de continuar na base aliada]. É mais uma constatação de que as coisas não estão caminhando bem e algo tem que ser feito", disse o presidente da Câmara.

Pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça aponta que a popularidade de Dilma é de apenas 7,7%, contra 70,9% de reprovação.

O parlamentar já havia defendido que o PMDB vá para a oposição. O partido, por sua vez, afirma que a decisão de Cunha é pessoal e que continua na base aliada do governo.

Cunha se negou a responder perguntas sobre a Operação Lava Jato, afirmando que só seu advogado falará sobre o tema e que ele, de agora em diante, só comenta política.

Mesmo assim, abordou de forma lacônica os rumores de que setores do governo viram com bons olhos a mudança na delação premiada do lobista Júlio Camargo, que agora acusa o peemedebista de receber US$ 5 milhões em propina.

"Quem vê com com bons olhos [a delação] pode ver lá na frente com outros olhos qualquer outra coisa em relação a eles também."

Aliado de Cunha pede acareação de Dilma com Youssef em CPI

Daniel Carvalho e Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo

• Líder do PSC apresentou requerimento na comissão que investiga desvios na Petrobrás um dia após o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) lançar provocação à presidente e seus ministros

BRASÍLIA - Deputado próximo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder do PSC, André Moura (SE), protocolou na tarde desta terça-feira, 21, requerimentos de acareação envolvendo a presidente Dilma Rousseff e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação).

Os requerimentos pedem acareação da presidente da República com o doleiro Alberto Youssef e dos ministros com o do dono da UTC, Ricardo Pessoa, na CPI da Petrobrás, comandada por outro aliado de Cunha, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB).

A solicitação ocorre uma dia depois de o presidente da Casa afirmar que aceita ficar cara a cara com Julio Camargo, mas também lançou a provocação para a presidente e os ministros participarem de acareação com Youssef e Ricardo Pessoa, da UTC.

Os requerimentos de acareação vêm como resposta a ameaças feitas por parlamentares governistas de pedirem uma acareação entre o presidente da Câmara e o lobista Julio Camargo, que acusou Cunha de pedir propina no valor de US$ 5 milhões. A delação ampliou a crise entre Executivo e Legislativo. Na última sexta-feira, 17, Eduardo Cunha anunciou que havia rompido com o governo. Deputados do PT e do PSOL já informaram que pediriam a acareação envolvendo o peemedebista.

Para que as acareações ocorram, elas precisam ser aprovadas pela CPI.

Motta já marcou as oitivas de J.W.Kim, presidente da Samsung Heavy Industry no Brasil, e Shinji Tsuchiya, da Mitsui, para 5 de agosto, na volta do recesso parlamentar. No dia seguinte, está marcada a acareação entre Youssef e Paulo Roberto Costa.

Citações. Citado pelo delator Julio Camargo, que disse ter sido pressionado por Cunha para pagar US$ 5 milhões em propina referente a contratos de navio-sonda, e também pelo doleiro Alberto Youssef, que apontou o parlamentar como beneficiário de propinas e também disse que Cunha estava ameaçando sua família Eduardo Cunha está na mira da Lava Jato, que rastreia movimentação de contas no exterior utilizadas pelos operadores que teria sido usadas para repassar dinheiro para o deputado.

Já Edinho Silva e Aloizio Mercadante teriam sido citados, segundo a revista Veja, pelo dono da UTC Ricardo Pessoa em sua delação, que ainda está em segredo de Justiça. Mercadante teria recebido R$ 250 mil da empreiteira via esquema de desvios na Petrobrás que também teria sido utilizado para as doações oficiais à campanha de Dilma no ano passado. Na época, Edinho Silva era o tesoureiro da campanha presidencial do PT.

A presidente Dilma também chegou a ser mencionada pelo doleiro Alberto Youssef, que afirmou, sem provas, que ela e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de propinas na estatal. O procurador-geral da República Rodrigo Janot entendeu que não caberia investigação contra Dilma, pois a citação era relativa a um período em que ela não era presidente e que, portanto, não pode ser investigada.

Movimentos esperam mais adesão a protestos

Cristiane Agostine - Valor Econômico

SÃO PAULO - Grupos contrários à presidente e ao PT apostam na baixa popularidade de Dilma Rousseff para turbinar os novos protestos contra o governo e em favor do impeachment no dia 16 de agosto. Movimentos como o Brasil Livre e o Vem Pra Rua comemoraram ontem os resultados da pesquisa CNT/ MDA, que mostram a desaprovação do governo por 70,9% da população e da presidente por 79,9%. O MBL disse que já confirmou protestos em 100 cidades. O Vem Pra Rua, em 55.

Líder do Vem Pra Rua, Rogério Chequer disse que a pesquisa "comprova a indignação com as políticas adotadas nos últimos anos". "O governo tem adotado práticas tão ineficientes que consegue bater recordes de queda de popularidade. Isso tende a levar mais gente para as ruas", afirmou.

A pesquisa mostra que 62,8% da população é a favor do impeachment de Dilma.

Representante do MBL, Rubens Nunes afirmou que o descontentamento gerado com o aumento do desemprego e da inflação "deve ser sentido nas ruas". "Isso está refletido na pesquisa. A população que foi 'iludida' nas urnas está acordando".

A expectativa dos grupos contrários à presidente é de voltar a mobilizar um grande número de pessoas, assim como foi no primeiro protesto, em março. O ato de abril foi esvaziado. "Foram dois atos em seguida. Isso tornou mais difícil a mobilização. Agora teremos fatos novos, como os julgamentos do TCU [Tribunal de Contas da União] e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], além do rompimento do [Eduardo] Cunha com o governo", disse Nunes.

O MBL defende o impeachment só de Dilma. O grupo evita criticar o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) e poupa o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado pelo consultor Julio Camargo, delator na Operação Lava-Jato, de ter pedido propina de US$ 5 milhões. "Apoiamos qualquer medida que venha a afastar Dilma. Mas sobre as denúncias contra Cunha ainda estamos estudando. Pode ser que isso [a denúncia] tenha sido retaliação contra ele", disse Nunes. "No protesto nosso tema será um só: o impeachment de Dilma". O grupo protocolou um pedido de impeachment em maio e posou para fotos ao lado de Cunha. Na internet, o MBL vende produtos como a caneca "Marcha pela Liberdade" por R$ 50 e uma camiseta "Fora PT" autografada pelo apresentador Danilo Gentili por R$ 500.

Além do protesto no dia 16, o Vem Pra Rua está organizando um panelaço contra o PT no dia 06, quando será veiculada a propaganda partidária petista.

O PT analisa com cautela os próximos protestos. A sigla prevê que será forte o panelaço durante a veiculação da propaganda petista, que deve exibir o ex-presidente Lula e defender o legado do PT. A participação de Dilma ainda não está definida. O protesto do dia 16 ainda é "uma incógnita" para dirigentes petistas, mas há o temor de que a crise econômica leve ao aumento da presença de eleitores petistas "desiludidos".

Gravidade da crise faz Dilma buscar reaproximação com Renan e Supremo

Raquel Ulhôa - Valor Econômico

BRASÍLIA - A necessidade de manter a interlocução com uma das Casas do Congresso levará a presidente Dilma Rousseff a buscar uma reaproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Aliados do pemedebista garantem que as portas não estão fechadas, mas que a melhora na relação está condicionada à mudança da condução da economia e da articulação política - que chamam de "refundação do governo".

Por sobrevivência política do grupo, outra condicionante apontada é a melhoria dos índices de popularidade de Dilma. Se ela continuar muito desgastada, terá dificuldade. Renan está dando início aos entendimentos para as alianças eleitorais para 2016. E a aprovação da presidente em Alagoas não é boa. O pemedebista tem aliados em 98 das 102 prefeituras e quer manter essa base.

Para quebrar a aliança de Renan com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompido com o governo, a ideia de Dilma seria devolver ao presidente do Senado o papel central na articulação política e o de principal interlocutor do Planalto no Congresso que ele teve nos governos Lula e no seu primeiro mandato.

A disposição de Dilma é revelada por interlocutores da presidente, segundo os quais ela finalmente está "mais atenta" à gravidade da crise política e disposta a melhorar a relação com o Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, fazer aquilo que deveria ter feito no início da Operação Lava-Jato e não fez por subestimar a investigação.

Para governistas empenhados em aproximar Dilma e Renan, poderia haver uma articulação do Planalto com o STF para poupá-lo de eventual denúncia na Lava-Jato. A tese é que "apenas o presidente de uma Casa do Congresso pode morrer; o outro tem que ser preservado". Renan é tido como "mais maleável" e alguém que sempre teve papel importante na relação do governo com o Legislativo. Teria começado a impor derrotas ao governo quando perdeu interlocução, especialmente quando o vice-presidente Michel Temer passou a cuidar da articulação.

Aliados de Renan rechaçam a possibilidade de o pemedebista trocar apoio ao governo por benefício no Judiciário, já que estaria tranquilo com a falta de consistência das acusações contra ele. O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em depoimento que o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) negociou com empreiteiros pagamento de propina em nome de Renan. O deputado negou ser emissário do presidente do Senado.

Apesar do discurso de ministros palacianos minimizando as críticas de Renan ao governo em gravação para a TV Senado, o governo teme enfrentar eventual oposição de Renan e Cunha. Eles acham que Renan tem dado sinais de estar aberto a uma aproximação, como o fato de ter adiado para a primeira semana de agosto a leitura do requerimento de criação da CPI do BNDES. Poderia ter lido antes do recesso branco, mas deu mais prazo para senadores que assinaram mudarem de posição.

A análise feita por aliados de Dilma a ela é que impopularidade todo governo tem, principalmente em momentos de situação econômica ruim. Mas o que mantém a impopularidade é a corrupção, representada hoje pela Operação Lava-Jato. "Então, o que o governo pode fazer é distensionar a Lava-Jato", diz um interlocutor de Dilma.

Dentro do PMDB, um aliado fez ontem declarações contundentes sobre o rompimento de Cunha com o governo federal. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, afirmou que a atitude do correligionário "não soma nada" para o país. "Temos que lutar pela governabilidade."

Presente ao velório do prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, Pezão disse ter conversado com outros governadores, do Sudeste e do Nordeste, que estariam pensando o mesmo. "Tenho feito essa discussão com todos os governadores. Hoje os 27 governadores querem a governabilidade. Estamos fazendo um ajuste fiscal, um esforço imenso para ajudar o país. Acho que o Congresso Nacional, o Senado, a Câmara, também têm que fazer esse esforço", afirmou. (Colaborou Cristian Klein, do Rio)

Em 7 meses, prévia da inflação ultrapassa o teto da meta para o ano

Idiana Tomazelli - O Estado de S. Paulo

• IPCA-15 avança 0,59% em julho, maior resultado para o mês desde 2008; índice acumula altas de 6,9% no ano e 9,25% em 12 meses

RIO - A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,59% em julho, após subir 0,99% em junho, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da desaceleração - que foi acompanhada por sete dos nove grupo pesquisados -, o índice registrou a maior variação para meses de julho desde 2008. Com o resultado, o IPCA-15 agora acumula alta de 6,90% no ano, a maior desde 2003 e já acima do teto da meta estabalecida pelo governo para todo o ano, de 6,50%. Em 12 meses, o avanço ultrapassa o patamar dos 9%, chegando a 9,25%, também o maior desde 2003.

Esse resultado mensal já era esperado pelo mercado e ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas consultados pelo AE Projeções. As expectativas iam de 0,48% a 0,70%, com mediana de 0,63%.

Segundo o IBGE, as tarifas de energia elétrica ficaram 1,91% mais caras no IPCA-15 de julho, como reflexo de reajustes nas regiões metropolitanas de Curitiba e São Paulo. Com isso, o item exerceu, novamente, o principal impacto individual sobre o índice.


Merval Pereira - A "delação premiada" de Marcelo

- O Globo

Quando Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba, encaminhou um bilhete a seus advogados orientando "destruir e-mail sondas", ligou-se logo a orientação a um e-mail descoberto pela Polícia Federal em que um diretor da empreiteira falava em conseguir um "sobrepreço" num contrato de sondas petrolíferas.

Logo os advogados da Odebrecht correram a explicar que esse "destruir" era metafórico, e queria dizer apenas que era preciso provar que "sobrepreço" também não significava "sobrepreço", mas, sim, uma taxa legal do contrato. Agora, a PF encontrou uma série de anotações de Marcelo em seus celulares, e várias dão a entender coisas gravíssimas.

Por exemplo, ele questiona em uma delas seu vice-presidente jurídico se é necessário avisar Edinho (Silva?) que nas campanhas dela (Dilma Rousseff?) e também de (Fernando?) Haddad pode aparecer dinheiro de uma conta na Suíça. Seria um aviso amigo ou uma ameaça? Quer dizer o que todos nós imaginamos, que a campanha de Dilma foi financiada por dinheiro ilegal?

O juiz Sérgio Moro deu dois dias para que haja uma explicação oficial por parte do empreiteiro sobre o significado de cada uma daquelas anotações, que estão sendo traduzidas pela PF com a ajuda de vários órgãos de imprensa e blogs, dentre os quais se destaca "O Antagonista", de Diogo Mainardi e Mario Sabino.

Para Moro, o trecho mais perturbador é a referência ao uso de "dissidentes PF" com "trabalhar para parar/anular" a investigação. "Sem embargo do direito da defesa de questionar juridicamente a investigação ou a persecução penal, a menção a "dissidentes PF" coloca uma sombra sobre o significado da anotação", ressalta o juiz.

Uma das anotações achadas pela PF nos celulares de Marcelo Odebrecht diz ser necessário ter "contato ágil/permanente com o grupo de crise do governo e nós para que informações sejam passadas e ações coordenadas".

Há ainda entre as anotações algumas que indicam que os executivos da empreiteira presos na Lava-Jato Márcio Faria e Rogério Araújo são orientados para que não "movimentem nada e que serão reembolsados, bem como terão suas famílias asseguradas". Além disso, Marcelo lembra a necessidade de "higienizar apetrechos" dos dois, o que, diz a PF, "traduz a ideia de que os apetrechos (a exemplo de telefones, tablets, notebooks, pendrives etc.) sejam limpos, impedindo que, em possível apreensão, possam conter informações prejudiciais aos supracitados".

Em outro momento, aparece a possibilidade de incentivar "delação premiada" de Rogério Araújo como sendo um plano alternativo (fallback). Segundo a Polícia Federal, "referência a Rogério Araújo e conta-corrente na Suíça é constante, indicando a preocupação de Marcelo com a mesma, como pode ser observado na anotação "RA vs cc Sw" (direção fluxo? Delação dos envolvidos?)".

No caso da "declaração premiada" combinada, seria como fazer doações de dinheiro roubado como se fossem legais, uma tática utilizada pelas empreiteiras. Assim como o dinheiro fica "lavado" pelo TSE, a "delação" seria oficializada pelo Supremo.

Como alternativa, o presidente da Odebrecht admite a possibilidade de ter dado dinheiro para caixa dois de campanha: "Campanha incluindo caixa 2, se houver era soh com MO (a PF acredita ser a MO Consultoria, empresa de fachada de Alberto Youssef), que não aceitava vinculação. PRC (Paulo Roberto Costa) soh se foi rebate de cx2".

Vários nomes de políticos surgem no decorrer das anotações, inclusive altas cifras para o Vaca, que todos acreditam ser João Vaccari, o ex-tesoureiro do PT já preso.

As anotações de Marcelo são muito detalhadas, o que combina com a descrição de seus carcereiros em Curitiba, que certa vez o definiram como uma pessoa que passa o dia escrevendo, tomando notas. Graças a esse hábito, a PF tem em mãos uma coletânea de notas e informações que podem se equivaler a uma delação premiada, depois de devidamente decodificada.

Dora Kramer - Fim de ciclo

- O Estado de S. Paulo

Se alguma novidade há na pesquisa CNT obviamente não é a constatação de que as coisas estão péssimas para o lado do governo, mas sim o sinal de que o poço não tem fundo à vista.

Os 9% de aprovação da presidente Dilma Rousseff da consulta divulgada dias atrás pelo Ibope pareciam o desenho do patamar mais baixo. Como se vê agora pelos 7,7% que consideram a gestão Dilma ótima ou boa, há espaço para cair. Uma relativa surpresa, pois o mais provável era que tivesse havido uma subida na aprovação ou, no máximo, uma estabilidade na desaprovação. Margem de erro? Na atual conjuntura qualquer ponto é letra.

Cresce o apoio popular à tese do impeachment, cai o mito de imbatível do ex-presidente Luiz Inácio da Silva que hoje perderia a eleição para os três tucanos que já concorreram e perderam a Presidência para o PT e aumenta a quantidade de gente que não cai na conversa de que os escândalos atuais são resultado do empenho do governo em combater a corrupção.

A popularidade da atual presidente já é comparada à do ex-presidente José Sarney que, a despeito de ter conduzido com habilidade, competência e serenidade o processo de transição democrática, por obra do desastre econômico deixou o poder pela porta dos fundos. Simbolicamente falando, claro, pois desceu a rampa do Palácio do lado de Fernando Collor. Na campanha, não pôde sequer apoiar um candidato à própria sucessão, pois contaminaria qualquer candidatura. Atacá-lo era sucesso certo.

Tais fatores levam alguns a comparar este agora com aquele momento, Dilma com Sarney. Um exame mais detido da história recente, porém, nos revela – sempre guardadas as proporções relacionadas às circunstâncias – mais e maiores coincidências entre o cenário atual e as cenas finais do regime militar.

Aquele comandado pelo último ditador que saiu do poder literalmente pela porta dos fundos do Palácio do Planalto por se recusar a passar a faixa presidencial para José Sarney, que havia abandonado o PDS, se aliado a Tancredo Neves e vencido com ele a eleição do Colégio Eleitoral de 1985 contra Paulo Maluf. Candidato do regime contra a vontade do representante do regime, general João Figueiredo.

Confuso? Pois é, assim como hoje o partido do governo buscou se afastar assim que detectou a aproximação do fim de um ciclo. Pelo jeito, tal como vivemos agora. A ditadura, primeiro perdeu apoio popular, depois ficou sem maioria no Parlamento. A economia entrava em franco declínio, a inflação "abria" seus índices, os escândalos financeiros começavam a "pipocar" nos poucos espaços abertos à ainda pouca liberdade de imprensa.

Mal comparando, no que tange à ausência de apetite para as lides políticas e na maneira algo brusca e confusa de se expressar, é possível identificar na presidente Dilma Rousseff um quê do "jeito Figueiredo" de ser.

A impaciência do general o fez recusar (em pronunciamento oficial em rede nacional) a delegação dada pelo PDS para coordenar a sucessão, abrindo espaço para a desorganização da "base" e a ação da oposição.

A intolerância da presidente ao longo de seu primeiro mandato aprofundou e agravou as feridas que o PT já havia aberto nas relações com seus aliados. O temperamento a fez objeto de maus sentimentos no Parlamento.

Os escândalos de corrupção, agravamento da situação econômica, o comportamento desonesto durante da campanha eleitoral e depois dela, fizeram o restante do serviço. Com a vantagem, em relação ao período anterior utilizado aqui para comparação, que há uma diferença essencial entre as duas épocas: a vigência plena e inabalável da democracia.

Luiz Carlos Azedo - A chicana de Cunha

- Correio Braziliense

• Até agora, essa foi a maior cartada de um advogado de defesa para tirar as investigações do escândalo da Petrobras das mãos do juiz federal de Curitiba, que é atacado por todos os flancos

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, solicitou ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância, esclarecimentos sobre a citação ao nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na ação penal da Operação Lava-Jato. O parlamentar questionou a atuação de Sérgio Moro no processo em que foi citado e reivindica que a ação seja remetida ao Supremo.

Até agora, essa foi a maior cartada de um advogado de defesa para tirar as investigações do escândalo da Petrobras das mãos do juiz federal de Curitiba, que é atacado por todos os flancos possíveis e imagináveis pelos investigados. Cunha alega que o juiz federal feriu a competência do Supremo ao investigá-lo, uma vez que deputado federal só pode ser alvo de apuração com aval dos ministros da mais alta Corte do país.

A defesa de Cunha, porém, foi mais longe. Solicitou uma liminar para suspender imediatamente o andamento do processo, além de pedir o envio imediato dos autos ao STF. Como se sabe, na semana passada, o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo afirmou perante Moro, ao depor em juízo, que Cunha pediu US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de navios-sonda por parte da Petrobras.

O deputado já é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de ter recebido propina de fornecedores da Petrobras, e atribuiu o depoimento a uma manobra articulada pelo Palácio do Planalto, com objetivo de provocar seu afastamento do comando da Câmara. Cunha alega ter direito a foro privilegiado e solicita a anulação de todos os atos praticados por Moro que possam se referir a ele.

Seu advogado é ninguém menos do que o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, aquele que ofereceu a denúncia do mensalão no governo Lula, que argumenta: “Mostra-se fartamente demonstrado que o Juízo reclamado, ao realizar atos manifestamente investigatórios em face de agente público com prerrogativa de foro, usurpou de forma flagrante a competência desta Suprema Corte. Isso porque é prerrogativa do próprio STF, em havendo suspeita de envolvimento de pessoas detentoras de foro perante o tribunal, analisar a sua competência”.

Antônio Fernando pede o arquivamento do inquérito por “ausência de indícios mínimos de autoria e materialidade” e sustenta que, antes do depoimento da semana passada, Júlio Camargo havia negado o envolvimento do peemedebista no episódio do navio-sonda.

Cunha quer paralisar a ação penal a qual respondem como réus o ex-consultor Júlio Camargo e o doleiro Alberto Youssef, outro delator da Lava-Jato. Além deles, são réus nesse processo o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, acusado de ser o operador do PMDB no esquema de corrupção, e o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró, que está em vias de recorrer à “delação premiada”. Esse seria o “braço” do PMDB no escândalo.

Fernando Baiano e Cerveró até agora não entregaram os pontos e negam as acusações contra eles, apesar de o Ministério Público já ter provas do envolvimento de ambos. Teriam recebido cerca de R$ 40 milhões de Júlio Camargo para viabilizar a contratação, por parte da Petrobras, de um navio-sonda para perfuração de águas profundas na África e no Golfo do México. Youssef, segundo o MP, teria facilitado o recebimento do dinheiro por meio de operações de câmbio com empresas offshores.

Caberá a Ricardo Lewandowski decidir sobre a liminar solicitada por Cunha. Os advogados dos réus já fizeram várias investidas contra Moro, mas essa parece ser a mais robusta até agora, tanto que o presidente do Supremo solicitou informações sobre o fato. Se for bem-sucedido, Cunha criará um precedente para todos os demais envolvidos com direito a foro privilegiado citados em depoimentos dos demais investigados em nível de primeira instância e tornados públicos.

Volume morto
A pesquisa CNT/MDA divulgada ontem mostrou que a presidente Dilma Rousseff está se afogando no “volume morto” da popularidade: a desaprovação ao governo supera os 70%, enquanto apenas 7,7% o avaliam positivamente, confirmando a tendência antecipada pelo Ibope de popularidade inferior a um dígito. Há muito pessimismo em relação ao emprego, à renda e aos serviços públicos. Ou seja, o ajuste fiscal caiu no descrédito popular.

Os dados mais preocupantes para o Palácio do Planalto, porém, são os seguintes: 62% dos entrevistados são a favor do impeachment de Dilma Rousseff e 60% a consideram tão culpada pela corrupção na Petrobras quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acreditava-se, com base em pesquisas qualitativas, que Dilma não havia sido tão atingida pela crise ética.

Somente 1,5% dos entrevistados classifica o governo como “ótimo” enquanto 52,4% fazem uma avaliação “péssima” da gestão Dilma. O desempenho pessoal da presidente é desaprovado por 79,9% e aprovado por apenas 15,3%. Os esforços do Palácio do Planalto para recompor sua base parlamentar no Congresso, aproveitando o isolamento político do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ajudam a manter certa estabilidade política, mas não resolvem esse problema central.

Mais: Caso a eleição fosse hoje, qualquer candidato do PSDB derrotaria o ex-presidente Lula na disputa pela Presidência. Pela ordem, Aécio Neves, o mais competitivo, Geraldo Alckmin e José Serra.

Ana Estela de Sousa Pinto - Mais humor, por favor

- Folha de S. Paulo

Olhe para cima nesta página. Sua pressão se regularizou, sua tolerância à dor subiu e você ficou mais resistente a infecções.

O humor, já sabem os médicos, melhora a saúde, além de ser uma das formas mais refinadas de inteligência. E talvez a última arma de resistência do ministro Joaquim Levy.

O Congresso eleva os gastos públicos com o Judiciário e ele afirma: "Precisamos acelerar o ajuste".

O Congresso impede o corte no pagamento de benefícios e ele repete: "Precisamos acelerar o ajuste".

O Congresso barra aumentos de arrecadação: "Precisamos acelerar o ajuste". Com tantas bombas fiscais, o Congresso está sendo irresponsável?, pergunta o repórter Valdo Cruz (folha.com/no1657605). Nada de contra-ataque. "O Congresso reflete o que ele entende ser alguns desejos. Na área econômica, algumas coisas andam mais fácil, outras demoram um pouquinho mais."

Até quando seus próprios colegas de governo trabalham abertamente contra o garrote, desconversa: "Por falha minha não conheço a proposta, não vou falar de algo que não sei". "E é preciso acelerar o ajuste."

Ainda assim havia surpresa na entrevista da última quinta à noite: a de que, como descreveu o repórter, Levy continuava bem-humorado –apesar dos crescentes bombardeios externos e sabotagens internas.

Faz sentido. O segredo da presença de espírito é justamente manejar ideias que contrariam a lógica.

No país que naufragou com a âncora cambial e se debate com a âncora fiscal, o humor parece ser para Levy uma âncora moral –ferramenta útil para um ministro que, como bem notou Vinicius Mota neste espaço, gosta de símbolos náuticos.

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Para se distrair da turbulência mesquinha, navegantes não devem perder as tempestades marinhas de William Turner (1775-1851), na Pinacoteca (folha.com/no1656628).

Eliane Cantanhêde - De "marolinhas" e "crisezinhas"

- O Estado de S. Paulo

O momento brasileiro não tem graça nenhuma e o vice-presidente Michel Temer, sempre tão sóbrio, foi no mínimo infeliz ao imitar o ex-presidente Lula, sempre tão boquirroto, e dizer que toda essa baita confusão não passa de uma "crisezinha". A ebulição política não é só uma "crisezinha", tanto quanto o tsunami econômico internacional de 2008 não foi só "marolinha".

A "marolinha" de Lula pegou os Estados Unidos, a Europa de jeito e o mundo inteiro de jeito, virou o que virou e até hoje é pretexto, inclusive, para a desordem econômica herdada do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Até o presidente do Supremo Tribunal Federal caiu nessa, ou prefere cair nessa.

Quanto à "crisezinha" de Temer: o rompimento declarado do deputado Eduardo Cunha com o governo acentua o clima de guerra entre a Câmara e o Planalto e aumenta a desconfiança mútua entre o PMDB de Temer e o PT de Dilma. Fosse só uma "crisezinha", o Planalto não estaria de prontidão, menos para atacar, mais para se defender.

Nesse tiroteio, com bala perdida para todos os lados, a Lava Jato segue seu rumo, não propriamente a jato, mas no tempo certo, e cria uma cena inédita na vida nacional: os atingidos não são pobres coitados de favelas e periferias, mas ricos e poderosos encastelados nas grandes empreiteiras. Se o mensalão meteu os corruptos na cadeia, o petrolão chega na outra ponta: a dos corruptores.

A Justiça acaba de condenar três mandachuvas da Camargo Corrêa e a Polícia Federal está indiciando o dono da Odebrecht, nada mais nada menos que a maior empreiteira do País. Vocês lembram de algo parecido? E não vai parar por aí, porque a fila é grande e a Lava Jato entrou na fase do "anda rápido que atrás vem gente". Depois dos empreiteiros, diretores da Petrobrás e doleiros, está chegando a vez dos políticos.

Eduardo Cunha pode espernear à vontade, mas ele não vai escapar tão fácil das investigações – e não está sozinho. Além dos colegas do PMDB, inclusive o presidente do Senado, Renan Calheiros, a Lava Jato atinge praticamente todo o PP, aliados governistas do PT e de vários partidos e até gente da oposição. Logo, vice Temer, é até de mau gosto falar em "crisezinha".

Se diplomatas irritam por falar muito e não dizer nada, políticos falam muito, dizem cobras e lagartos dos adversários e muitas vezes morrem pela boca. Os anais políticos são pródigos em expressões que ficam como carimbos indeléveis. O "duela a quien duela" de Collor, o "esqueçam o que escrevi" de Fernando Henrique (que ele nega), o "estupra, mas não mata", de Paulo Maluf, o "relaxa e goza" de Marta Suplicy, Lula chamando o filho Lulinha de "Ronaldinho" dos negócios e, claro, Dilma enaltecendo a "mulher sapiens" e a "mandioca". Ela, aliás, bate todos os recordes.

Mas com crise não se brinca, seja política, econômica, ética, ou, como agora, todas juntas. Lula falou de "marolinha" em 2008 por pura esperteza, mas Temer tentou fazer blague com a crise atual chamando-a de "crisezinha" por simples falta do que dizer. Como ele poderia escapar? Nem poderia romper com Cunha, muito menos poderia romper com governo. Então, improvisou uma gracinha, mas, no dia seguinte, já admitiu que, "um dia", pode ocorrer de o PMDB deixar mesmo o governo.

Enquanto Temer está em Nova York menosprezando a "crisezinha" política, aqui a recessão se aprofunda, o desemprego já empurrou 345 mil famílias no limbo e na incerteza neste semestre e a popularidade de Dilma vai ficando abaixo do volume morto. Segundo a CNT-MDA de ontem, ela tem 7,7% de aprovação e 70,9% de rejeição. Pior: mais de 60% aprovam o impeachment.

E a pesquisa não é dramática só para o PT no presente, mas também para o PT no futuro: se a eleição presidencial fosse hoje, o antes endeusado Lula perderia no 2.º turno para Aécio Neves, José Serra ou Geraldo Alckmin. Vocês acham mesmo que o PMDB vai segurar a onda de uma "crisezinha" assim? É só questão de tempo.

Cláudio Gonçalves Couto - O PMDB, de Ulysses a Cunha

Valor Econômico

• Cunha é líder mais nacional do PMDB após Ulysses

A profunda crise política oferece oportunidades ambíguas para a compreensão de nosso sistema político, pois os eventos tanto podem lançar luz sobre a realidade - explicitando fatores - como turvar a percepção - tamanha a confusão instalada e a velocidade dos acontecimentos. Talvez por isso muitos têm usado a expressão "crise institucional" para se referir à atual conjuntura, sem se dar conta de que nem toda crise política é uma crise institucional.

Com o perdão da redundância, instituições políticas - como outras construções humanas - têm a capacidade de suportar tensões e pressões, e é justamente por isto que são "instituições" - e não qualquer arremedo de organização. Estruturas como os três Poderes (e talvez um quarto, o Ministério Público) podem e até mesmo devem operar em tensão e sob pressão. O fato de pressões e tensões expressarem crises políticas não leva a crises institucionais. Noutros termos, instituições são feitas para processar crises, não para acabar por causa delas.

Todavia, isto não implica negar que, por vezes, tensões e pressões superam a capacidade de processamento das instituições. Assim, se atingirem níveis altos demais, podem converter a crise política em institucional (como em 1964). Contudo, para tal é preciso que não apenas o nível de tensão/pressão seja muito alto, como também que os atores responsáveis por elevá-lo já não reconheçam as instituições como algo a preservar. Estamos distantes de tal cenário, mesmo que alguns atores políticos se indignem justamente com o fato das instituições cumprirem seu papel - note-se o inconformismo de parte da classe política com a atuação do MP e da Polícia Federal.

Se a preocupação com uma inexistente crise institucional é exemplo de percepção errônea provocada pela crise, o desvendamento do PMDB pode ser o oposto. A atual situação explicita os diferentes papéis que o partido desempenhou na democracia brasileira desde a redemocratização.

De principal polo aglutinador da oposição ao regime autoritário dos anos 60 ao início dos 80, o MDB (depois PMDB) se converteu no grande fiador dos governos da transição e da consolidação democrática no Brasil. Foi assim com Sarney, não foi com Collor (e deu no que deu), foi com Itamar e, depois dele, com Fernando Henrique e Lula. O caldo começou a entornar com Dilma Rousseff e sua proverbial incapacidade política.

Ironicamente, justo quando o partido ocupou novamente a chapa presidencial vitoriosa, com a Vice-Presidência, foi desprestigiado e ganhou motivos para se tornar cada vez mais arredio. Isso deu força dentro da agremiação para os segmentos menos propensos a um entendimento com o governo e com o PT, desembocando na atual barafunda. Nela, tornou-se imperativo à presidente (sempre tão refratária a delegar qualquer coisa a quem quer que fosse) abdicar da coordenação política em prol do vice pemedebista - embora talvez já demasiadamente tarde.

Em seu período áureo, entre 1982 e 1986, o PMDB arrebatou governos estaduais importantes, liderou a campanha das "Diretas Já", elegeu o presidente (encerrando o regime militar) e arrebanhou uma esmagadora (embora enganosa, pois fragmentária) maioria dos governos estaduais e do Congresso Constituinte nas eleições de 1986.

O fracassado governo Sarney, contudo, iniciou o ocaso do PMDB como protagonista na cena nacional. Isso fez com que o último dos líderes pemedebistas de projeção e discurso nacionais - Ulysses Guimarães - tivesse uma melancólica participação na eleição presidencial de 1989, amargando mirrados 4,7% dos votos e apenas o sétimo lugar.

Depois disso, o PMDB começou a se converter mais claramente no que conhecíamos até hoje: uma federação de caciques regionais e o maior dos partidos de adesão ao governo do dia. O canto do cisne do velho PMDB confirmou essa nova condição. Nas eleições de 1994, o então poderoso ex-governador paulista, Orestes Quércia, foi o último candidato próprio do PMDB à Presidência da República, amealhando uma votação inferior à de Ulysses cinco anos antes (apenas 4,4%) numa disputa com menos contendores. Ficou claro que se tratava de um candidato presidencial puramente paulista, já enfraquecido em seu próprio estado - um sub-Adhemar de Barros.

Contudo, restou ao partido uma grande máquina eleitoral, implantada em todo o país e forte nas disputas estaduais, locais e congressuais. Veio daí a sua força como principal partido de adesão e expressão maior de uma política particularista, pragmática, localista e internamente acomodatícia. Como organização, o PMDB era descompromissado de qualquer nitidez maior em termos programáticos, ideológicos ou éticos. Cada um faz o que quer e é tolerado pelos demais. Porém, como a esmagadora maioria é pragmática, a estratégia dominante e de interesse comum é aderir ao governo do dia, visando boas retribuições. Um ou outro faz oposição, mas não muda o curso geral.

Desse modo, pôde-se aderir indistintamente a Itamar, FHC e Lula. O programa governamental propriamente dito sempre foi pouco relevante. Porém, o fracasso de Dilma em manter o PMDB na sua própria senda deu espaço para o surgimento da primeira liderança partidária, desde Ulysses Guimarães, detentora de projeção e discurso nacionais.

Não é à toa que Eduardo Cunha começou a ser cogitado como possível candidato presidencial. Além da grande visibilidade pública e de se converter no principal opositor do governo petista, encampou projetos que ultrapassam o particularismo, o localismo, o pragmatismo e a prática acomodatícia. Em vez disso, levou adiante uma plataforma conservadora nos campos econômico, político e da moralidade privada. Do apoio à terceirização irrestrita à defesa da família tradicional e às propostas da bancada da bala, Cunha fugiu ao figurino tradicional do PMDB e, assim, deixou de ser um mero cacique regional ou um congressista de adesão.

A diferença em relação a Ulysses, contudo, não está só nas origens, mas também no destino. O primeiro era uma liderança progressista, enquanto o segundo encarna o regresso. Resta saber se não se tornará Cunha, o Breve.
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Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

Elio Gaspari - A cabeça dos oligarcas

- O Globo

Marcelo Odebrecht está preso e foi indiciado pela Polícia Federal. Em sua cela no Paraná mantém um diário do cárcere. Os barões da Camargo Corrêa foram condenados e na oligarquia política fabrica-se uma crise institucional. Houvesse ou não uma Lava-Jato, a desarticulação do Planalto envenenaria as relações com o Congresso. Ademais, essa crise tem um aspecto inédito. De um lado, estão servidores a respeito dos quais não há um fiapo de restrição moral ou mesmo política. São os magistrados e os procuradores. Do outro lado está o outro lado, para dizer pouco. Nunca aconteceu isso na vida pública brasileira.

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, estaria retaliando o governo ao permitir a criação de uma CPI para investigar os empréstimos dos BNDES. Há uma armadilha nessa afirmação. Ela pressupõe uma briga de quadrilhas, com Cunha de um lado e o Planalto do outro. Ou há esqueletos no BNDES ou não os há. Se os há, a CPI, bem-vinda, já deveria ter sido criada há muito tempo. Se não os há, nada haverá.

A verdadeira crise institucional está nas pressões que vêm sendo feitas sobre o Judiciário. Quem conhece esse mundo garante que nunca se viu coisa igual. Se as pressões forem bem-sucedidas, avacalha-se o jogo. Cada movimento que emissários do governo fazem para azeitar habeas-corpus de empresários encarcerados fortalece a ideia de que há um conluio entre suspeitos presos e autoridades soltas. Ele já prevaleceu, quando triturou-se a Operação Castelo de Areia.

Em 2009 a Camargo Corrêa foi apanhada numa versão menor da Lava-Jato. Dois anos depois ela foi sedada pelo Superior Tribunal de Justiça e, há meses, sepultada pelo Supremo Tribunal Federal. Agora o ex-presidente da empresa e seu vice foram condenados (com tornozeleira) a 15 anos de prisão. O ex-presidente do conselho de administração levou nove. Desta vez a Viúva foi socorrida por dois fatores. O efeito Papuda, resultante da ida de maganos e hierarcas para a cadeia, deu vida ao mecanismo da colaboração de delinquentes em busca de penas menores. Antes, existiam acusações, agora há confissões. Já são 17. A Castelo de Areia não foi uma maravilha técnica, mas a sua destruição será um assunto a respeito do qual juízes não gostarão de falar.

Quem joga com as pretas tentando fechar o registro da Lava-Jato sabe que a Polícia Federal e o Ministério Público estão vários lances à frente das pressões. Da mesma forma, quem se meteu nas petrorroubalheiras sabe que suas pegadas deixaram rastro. Curitiba dribla como Neymar. Quando baixa uma carta, já sabe o próximo passo.

Afora os amigos que fazem advocacia auricular junto a magistrados, resta a ideia da fabricação da crise institucional. Ela seria tão grande que a Lava-Jato passaria a um segundo plano. É velha e ruim. Veja-se por exemplo o que aconteceu ao vigarista americano Bernard Madoff: na manhã de 11 de setembro de 2001 ele sabia que seu esquema de investimentos fraudulentos estava podre. (Era um negócio de US$ 65 bilhões.) Quando dois aviões explodiram nas torres gêmeas de Nova York e elas desabaram, matando três mil pessoas, ele pensou: "Ali poderia estar a saída. Eu queria que o mundo acabasse".

Madoff contou isso na penitenciária onde, aos 77 anos, cumpre uma pena de 150 anos.