terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Analistas veem inflação perto do teto em 2017


  • PIB brasileiro cai e mantém recessão

Raquel Landim – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A inflação projetada pelo mercado para 2017 está se aproximando do topo da meta de 6% prevista pelo governo, apesar da recessão.

Com receio, economistas já falam em alta dos juros, mas duvidam da eficácia da política monetária.

A pesquisa Focus, do Banco Central, mostra que os cinco economistas que mais acertam suas estimativas apostam que o IPCA vai terminar 2017 em 5,5%. A média dos analistas projeta 5,17%.

O valor estimado pelos "top five" se afasta dos 4,5% do centro da meta e fica mais perto do teto. Em junho, o governo reduziu a margem de tolerância da inflação em 2017 de 6,5% para 6% na esperança de ganhar a confiança dos investidores.

O BC, que iniciou o ano dizendo que perseguiria o centro da meta em 2016, postergou o objetivo para 2017. Mas agora isso está ameaçado.

"Parece que estamos perdendo a ancoragem dos preços da economia", diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Associados, ressaltando que qualquer reajuste hoje fica na casa de 10%.

O IPCA deve fechar 2015 em 10,5%. Três fatores colaboraram: forte desvalorização do câmbio, alta dos preços administrados (cerca de 18% por causa de energia e gasolina) e alimentos mais caros.

Como a inflação ainda é muito indexada, os resultados de 2015 contaminam 2016. A média dos analistas projeta IPCA em 6,22% no ano que vem, quase estourando o teto da meta.

Crise política
Para os economistas, as previsões para a inflação em 2017 refletem as expectativas negativas do mercado, que não acredita que o governo colocará as contas em ordem e teme os efeitos de um impeachment de Dilma.

"Crise política provoca incerteza, que aumenta o risco, que leva a alta de juros", diz André Perfeito, economista da Gradual Investimentos.

A média dos economistas ouvida pelo Focus passou a projetar aumento de 0,5 ponto percentual na Selic em 2016, para 10,75%.

Na última reunião, dois membros do Copom já votaram a favor da alta da Selic. Desde então, o BC vem sinalizando com alta de juros.

A chegada de Nelson Barbosa à Fazenda gera um sentimento dúbio. Os analistas não acreditam que Barbosa seja favorável à alta de juros, mas avaliam que o BC pode se sentir pressionado a provar sua independência.

O Banco Central vem mantendo os juros estáveis desde setembro, após um ciclo de alta. Não há consenso entre os economistas se é o melhor momento para subir os juros e se a medida será eficaz.

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