terça-feira, 17 de novembro de 2015

Wellington Moreira Franco: Uma ponte para a esperança

- Folha de S. Paulo

Quanto tempo ainda temos até que seja tarde demais? Qual o prazo de que dispomos para esperar desdobramentos das crises política e econômica sem que haja o comprometimento das bases da nossa economia e da relativa paz social ainda existente?

É essa a reflexão necessária, a se fazer com urgência, posto que a gravidade do momento exige iniciativa para medidas contundentes. O Brasil está acostumado a enfrentar suas fragilidades não com o silêncio, mas com a esperança.

Nesta quarta (17), a Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, realiza seu Congresso Nacional para debater o documento "Uma Ponte para o Futuro", recentemente divulgado com grande repercussão.

A razão disso é que fomos direto ao ponto: é hora de discutirmos o papel do Estado. É hora do Estado eficiente, livre do desperdício, intolerante com a corrupção e obcecado por resultados.

Não vislumbramos um Estado mínimo, pois defendemos o papel indutor das políticas públicas. Algumas delas, entretanto, precisam ser discutidas e adaptadas à realidade dinâmica da economia. Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação informa que o Brasil, dentre os países de maior carga tributária, é o de pior retorno à população em serviços públicos.

Ou seja, garantir políticas públicas não significa, apenas, distribuir dinheiro entre escaninhos da burocracia. Sabemos que, historicamente, a opção pelo mais fácil abre caminho para o desperdício, a ineficiência e a corrupção.

Afinal, se o dinheiro já está garantido, o gestor não precisa buscar melhores resultados para assegurar a continuidade dos programas que gerencia. Basta procurar manter o emprego.

Elevamos a condição social, profissional e escolar de milhões de brasileiros nos últimos anos. O problema que devemos ter a coragem de enfrentar agora é a grave recessão que pode representar a volta de milhares de brasileiros beneficiados nesse período ao ponto de origem. Ou a um ponto ainda anterior de pobreza e falta de perspectiva.

Precisamos formar uma maioria com iniciativa para enfrentar, certamente, a maior crise econômica da nossa história, uma vez que agora sua origem é interna, provocada por mau uso dos recursos públicos.

Não estamos em ano eleitoral, não se trata de buscar culpados. Mas, sim, de unir brasileiros que façam a nossa economia recuperar um ano que não existiu e possam planejar o futuro.

Coragem não faltou ao PMDB nesses 50 anos em que sempre votamos a favor da nação brasileira. Não faltará para propor e implementar as medidas de que precisamos para fazer o nosso povo se reconciliar com a esperança. Construímos pontes no passado, vamos novamente construir agora.
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Wellington Moreira Franco, 71, ex-ministro da Aviação Civil (2013-2015), é presidente da Fundação Ulysses Guimarães, instituto de formação política do PMDB
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