sábado, 14 de novembro de 2015

Massacre em Paris

• Homens-bomba e atentados a tiros em 5 locais deixam mais de 140 mortos

Pelo menos 80 pessoas foram assassinadas em casa de shows. Hollande pediu união contra terrorismo após ser retirado do Stade de France porque perto do local houve explosões. Para Barack Obama, foi ataque contra a Humanidade. Há dois brasileiros feridos

Os maiores atentados terroristas da história de Paris paralisaram a capital francesa e mergulharam a França em estado de choque na noite de ontem. Ataques a tiros em cinco locais e três explosões com homens- bomba perto do Stade de France, onde jogavam França e Alemanha, deixaram pelo menos 140 mortos, segundo a prefeitura. Cerca de 80 pessoas foram assassinadas a tiros na casa de shows Bataclan. O presidente François Hollande, que estava no estádio de futebol, foi retirado e pediu união contra o terrorismo. O americano Obama disse que foi um ataque contra a Humanidade. Entre os feridos há dois brasileiros.

Banho de sangue em Paris

• Pelo menos 140 mortos em tiroteios e explosões 11 meses após massacre no ‘Charlie Hebdo’

- O Globo

-PARIS- A França sofreu ontem o mais mortífero atentado terrorista da sua História. De acordo com a imprensa local e fontes policiais, pelo menos 140 pessoas foram mortas em vários ataques a tiros e explosões, em seis locais distintos, e outras dezenas ficaram feridas. Dois brasileiros estariam entre os que sofreram ferimentos. Embora ninguém tenha assumido imediatamente a autoria dos atentados, testemunhas contaram ter ouvido agressores gritando “Alá é grande!”, grito de guerra de extremistas islâmicos. A ofensiva ocorre 11 meses depois do massacre ao semanário satírico “Charlie Hebdo” e a um mercado de produtos judaicos, que deixou, ao todo, 16 mortos, em janeiro. Além dos tiros, foram relatadas três explosões, praticamente simultâneas, próximas ao Stade de France, no momento em que jogavam França e Alemanha, numa partida amistosa. O presidente francês, François Hollande, que assistia à partida, foi retirado às pressas, de helicóptero, e levado para o Ministério do Interior, onde foi estabelecida uma célula de crise. O procurador de Paris, François Molins, anunciou que cinco terroristas foram neutralizados e se presume que todos os atacantes foram mortos.

Seis mil militares foram mobilizados. Os ataques a tiros começaram por volta das 21h20m ( 18h20m em Brasília), em restaurantes, no meio da rua e a uma casa de shows, localizados nos 10º e 11º distritos, no coração da capital francesa (em Paris, os bairros são numerados, de 1 a 20). A região é onde se localiza também a sede atacada do “Charlie Hebdo”. Cinco das 16 linhas de metrô foram completamente fechadas.

Segundo um boletim divulgado pela polícia de Paris, três pessoas foram mortas em explosões na zona do Stade de France, localizado no subúrbio de Saint Denis, ao norte da capital, e dois homens-bomba teriam se explodido. De acordo com uma testemunha que esteve no local, uma das bombas seria formada de explosivos e artefatos metálicos.

Um repórter do jornal francês “Libération”, que estava próximo a um dos locais atacados, o bar Le Carillon, afirmou que cinco ou seis atiradores, não encapuzados, abriram fogo contra o estabelecimento. Em seguida, os agressores se voltaram para o restaurante Petit Cambodge, do outro lado da rua, em frente ao Carillon.

— Durou um tempo horrivelmente longo — afirmou uma testemunha ao repórter. — Ele levantou a Kalashnikov e atirou indistintamente contra o Carillon. Podíamos ouvir as pessoas gritando e, depois, vimos uma dezena de corpos no chão.

O Cafe Le Belle Équipe também foi um dos alvos. Por volta das 23h30m, pessoas que estavam próximas ao centro comercial Les Halles, um dos principais de Paris, próximo à prefeitura da capital, relataram ter escutado disparos no interior do local. Autoridades não chegaram a confirmar este ataque.

Na sequência, o lugar atacado foi o Bataclan, que fica a dez minutos a pé do “Charlie Hebdo”. A banda californiana Eagles of Death Metal começava uma apresentação para um público de 1.500 pessoas. Então, testemunhas contam terem escutado uma “enorme explosão” seguida por dezenas de disparos. Uma delas relatou ter visto dois homens abrindo fogo a partir do terraço de um café na Rua de Charonne, próximo ao local.

— Escutamos mais de cem tiros — disse uma testemunha, afirmando que o ataque tinha como alvo a esquina das ruas Charonne e Faidherbe.

A justiça francesa abriu uma investigação por homicídio com ligação terrorista. Testemunhas contaram que, na invasão à casa de shows, foi possível escutar os agressores gritando: — Alá é grande! Iraque, Síria, revanche!

As forças de segurança francesas montaram então um cerco à casa de shows. Os terroristas não fizeram nenhuma reivindicação. Estima- se que mais de cem presentes foram feitos reféns. No começo da madrugada de Paris, explosões e tiros anunciavam a invasão dos agentes ao Bataclan para retomar o local. Em seguida, veio a trágica notícia: pelo menos 80 pessoas morreram após três terroristas suicidas se explodirem dentro da casa de shows.

Os ataques a Paris ocorrem um dia depois de duas explosões que deixaram 23 mortos em Beirute, em um atentado reclamado pelo Estado Islâmico. Eles coincidiram ainda com o primeiro dia de alerta policial especial por conta da cúpula sobre o clima que será realizada na capital, a COP21, entre 30 de novembro e 11 de dezembro — deste ontem, o Acordo de Schengen, de livre circulação europeu, está suspenso no país.

Em uma reunião ainda na noite de ontem, o presidente Hollande reuniu-se com o primeiro-ministro Manuel Valls e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Além do estado de emergência, foi decidido o fechamento das fronteiras e 1.500 militares foram mobilizados. O governo belga anunciou que intensificou o controle das fronteiras.

— São medidas para que aqueles que cometeram esses crimes possam ser presos em nosso território. Nesses momentos muito difíceis, tenho uma mensagem de solidariedade às famílias, a quem peço trocas de compaixão, mas também para se agir com sangue frio — afirmou Hollande, para finalizar: 

— A França deve ficar unida e forte e as autoridades devem agir serenamente. Diante do pavor, temos uma nação que saberá vencer o terrorismo.

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