sábado, 31 de outubro de 2015

Palavra de especialistas

A VISÃO DE: Mansueto Almeida, economista e especialista em contas públicas
Agenda de longo prazo
“A agenda é muito boa. Inclusive é bem diferente do que o PMDB falava há três, quatro anos. É uma agenda muito parecida com a da oposição. Por exemplo, o ajuste fiscal de longo prazo, a mudança de regras. Não adianta querer fazer um ajuste fiscal sem mudança de regra, porque, no Brasil, grande parte da despesa pública é obrigatória. Para se fazer um ajuste fiscal de curto prazo, sem mudar regras, não adianta. Se for fazer isso, há apenas dois resultados: aumento tributário e corte de investimento público. Se quisermos fazer um ajuste de forma que a economia cresça e que o gasto cresça numa proporção menor do que o crescimento do PIB, a gente vai ter que mudar algumas regras. Hoje, 75% da despesa federal é indexada. É uma agenda mais estrutural e liberal, que estava ausente no PMDB”.

A VISÃO DE: Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e economista da CNC
Medidas necessárias
“São essas as medidas que devem ser tomadas para permitir que a trajetória da dívida pública comece a cair daqui a alguns anos, porque são medidas estruturais, necessárias. Todas elas são necessárias. Pelo que vi, não há nenhuma medida para tapar buraco momentaneamente, como a CPMF. Essas medidas não aumentam a carga tributária necessariamente. Elas procuram dar uma característica mais definitiva ao déficit nominal. O que quer dizer isso? Mexe nos pontos mais importantes, que são o indexamento de benefícios sociais da previdência ao salário mínimo e a idade mínima da aposentadoria. São medidas que, se fossem adotadas agora, possivelmente já teríamos uma recuperação mais rápida no ano que vem, e a taxa de juros também cairia muito rápido. Também não são medidas que necessariamente vão diminuir a arrecadação. Não são medidas contracionistas”.

A VISÃO DE: Luiz Carlos Prado, professor do Instituto de Economia da UFRJ
Apenas um pedaço de papel?
“A maior parte das proposições do PMDB é francamente aceitável por pessoas bem informadas, economistas. Agora, a experiência que nós temos visto na esfera pública não é bem essa. É bom saber se isso vale alguma coisa ou é apenas um pedaço de papel. É claro que não é desejável haver, por exemplo, vinculações obrigatórias, mas a Saúde e a Educação são áreas prioritárias dentro do gasto público brasileiro. Se você flexibiliza isso para fazer o que aconteceu este ano, por exemplo, como a aprovação de aumentos do Legislativo e do Judiciário, é um retrocesso. A questão que se coloca é se você terá um programa orçamentário que realmente seja consistente. Várias dessas medidas, com a base que o PMDB tem, já poderiam ter sido levadas adiante, não precisariam esperar para serem discutidas. Com um ou outro ponto que merecem mais reflexão, no seu conjunto, as propostas são positivas. Talvez, na questão trabalhista, eu fosse mais cauteloso, e também na área de comércio internacional, embora eu seja favorável aos acordos, mas não depende só de nós”.

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