sábado, 10 de outubro de 2015

‘Crise é muito dolorosa’

- O Globo

BOGOTÁ e BRASÍLIA - Com os nervos à flor da pele e sem saber como reagir, petistas e líderes do governo já esperam que a oposição, articulada com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deflagre semana que vem, na Câmara, o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Em Bogotá, ontem, ao participar de fórum entre empresários brasileiros e colombianos, Dilma disse que a crise que atinge o Brasil “é muito dolorosa”.

— Estamos fazendo uma redução do tamanho do Estado. E isso é que chamamos de tentar utilizar a crise como oportunidade que você não pode desperdiçar. Até porque ela é muito dolorosa.

— A reforma não adiantou nada, Dilma perdeu aliados e fortaleceu Eduardo Cunha. Depois de um mês apanhando, mesmo com a revelação das contas na Suíça ele saiu fortalecido. Agora na próxima semana, aproveitando o calor da decisão do TCU, eles botam o impeachment para andar. Só não fazem isso se forem idiotas. O que podemos fazer? Ir para o plenário denunciar o golpe — desabafou um senador petista.

Os ministros Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, e Jaques Wagner, da Casa Civil, vão intensificar a liberação de emendas e distribuição de cargos do segundo escalão para tentar pacificar parlamentares de partidos da base que abandonaram o blocão governista antes liderado por Leonardo Picciani (PMDB-RJ).

Enquanto na Câmara o líder tucano Carlos Sampaio (SP) torce para que as investigações sobre as contas de Eduardo Cunha na Suíça atrasem o máximo para que ele deflagre o processo do impeachment, no Senado, os tucanos reforçam a aposta em um desfecho positivo da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, impetrada pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode derrubar de uma vez só a presidente Dilma e o vice Michel Temer, abrindo caminho para uma nova eleição em que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disputaria com grandes chances de vitória.

Do plenário do Senado, o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), irritou ainda mais os aliados de Dilma ao defender que, aprovada a impugnação da chapa, com a comprovação de uso de recursos ilegais da Petrobras na campanha, o TSE faça uma eleição casada de prefeitos e de presidente da República em 2016:

—É o tempo suficiente para o TSE concluir a apreciação da ação de cassação de Dilma e Temer e casar a nova eleição presidencial com a eleição municipal ano que vem. Aécio tem juízo suficiente que não pode assumir sem passar por uma nova eleição e ser consagrado pelo voto. A partir daí , ele terá que buscar um grande entendimento nacional.

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