quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Baiano diz que Palocci indicou Ferraz

Por André Guilherme Vieira e Graziella Valenti – Valor Econômico

SÃO PAULO - O ex-presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, chegou ao cargo em 2011 por indicação do então ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Antonio Pallocci, segundo consta da delação premiada de Fernando Soares, o Baiano, em termo sigiloso obtido pelo Valor.

Baiano atuava como lobista na área internacional da Petrobras e ficou conhecido na Operação Lava-Jato como operador de propinas do PMDB.

O vínculo entre Ferraz e Palocci foi fundamental para que, em 2012, Baiano conseguisse contato com o executivo em busca de um contrato de construção de sondas para a OSX, companhia criada por Eike Batista para construir sondas para sua petroleira, a OGX.

A Sete é a holding criada para construir as sondas para a estatal explorar o pré-sal.

A reportagem tentou contato com o advogado que representa Palocci, José Roberto Batochio, mas ele não foi localizado.

A OSX, na época presidida por Luiz Eduardo Carneiro, havia procurado Baiano porque queria atender também a Petrobras, além da OGX. Carneiro hoje é presidente da Sete Brasil.

Para chegar a Ferraz, Baiano foi antes a José Carlos Bumlai, conhecido pela proximidade com o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

O lobista foi à Bumlai pedir a conexão até Ferraz. Após confirmar a indicação por Palocci, Bumlai diz a Baiano "que tinha como trabalhar o assunto".

Ferraz conservava ao lado de seu computador um porta-retrato com uma foto de Lula.

Para trabalhar o tema, Baiano tem diversas reuniões com Ferraz e Bumlai, até que seu pedido em nome da OSX fosse levado até Lula, diretamente, em uma reunião em São Paulo, realizada no fim do primeiro semestre de 2011.

Bumlai e Baiano acordam dividir a propina da intermediação. As tratativas se alongam e Bumlai pede ao operador um "adiantamento", pois alega estar "sendo pressionado a resolver um problema".

Baiano aceita pagar R$ 2 milhões antecipadamente, sem pedir à OSX, depois que Bumlai relata que "estava sendo cobrado por uma nora do ex-presidente Lula para uma dívida ou uma parcela de um imóvel".

O valor pago, segundo Baiano, foi "uma quantia um pouco menor". O depósito a Bumlai, por meio da empresa de aluguel equipamentos São Fernando, ficou sem contrapartida e sem devolução.

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