sábado, 31 de outubro de 2015

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

O problema é eles (PT) entenderem o que se passa, que esse populismo latino-americano leva os países ao desastre, a Venezuela está acabando como país. Eles vão continuar tomando essas mesmas posições? Porque atrapalha o Brasil. Não podemos ficar a reboque de corporativismo, de populismo, de atraso. Acho que o PT foi engolido por uma utopia regressiva, mas pode reagir. Precisa pensar no futuro, em ideias novas.
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Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, em entrevista,ontem, sexta-feira, ao programa Conexão Roberto D’Ávila, da Globonews

Marcelo Odebrecht ataca Lava Jato e se recusa a responder a Sergio Moro

Graciliano Rocha, Reynaldo Turollo Jr. – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Na sua primeira tentativa de se defender em público desde que foi preso, em junho, o empresário Marcelo Odebrecht atacou os procuradores da Operação Lava Jato, afirmou ser vítima de prejulgamento e recusou-se a responder perguntas do juiz Sergio Moro e da acusação.

Presidente do quinto maior grupo privado do país, ele declarou que tudo o que tinha a dizer sobre a ação penal em que é réu estava no documento de 19 páginas protocolado pouco antes por sua defesa. Trechos do documento foram antecipados pela colunista da Folha Mônica Bergamo.

Nesta sexta (30), logo no início da audiência do processo que corre na Justiça Federal do Paraná, Odebrecht pediu ao juiz Moro para usar a palavra. Primeiro, reclamou por não ter sido ouvido pelos procuradores da Lava Jato antes de ser preso e ter os sigilos quebrados pela Justiça.

"As especulações talvez não tivessem prevalecido se os investigadores tivessem se dado ao trabalho de me ouvir", declarou Odebrecht.

Um dos momentos de tensão ocorreu quando o empresário afirmou que suas filhas menores foram grampeadas pela Polícia Federal. Moro retrucou, dizendo que as adolescentes não eram alvo, mas suas conversas foram captadas em telefones que ele, Marcelo Odebrecht, usava.

O empresário chamou de "publicidade opressiva" a divulgação de informações que, segundo ele, não têm ligação com o caso: "Para suprir a absurda falta de provas contra mim, estes repetidos vazamentos vêm sendo acompanhados por ilações descontextualizadas e inverídicas".

E, no final, criticou veladamente o juiz Sergio Moro: "Temo que este processo sirva para justificar a prisão preventiva injusta e desnecessária".

Silêncio falado
Marcelo Odebrecht não invocou o direito a ficar em silêncio, mas se recusou a responder às questões na audiência, porque havia protocolado um documento com 60 perguntas e respostas preparadas por seus advogados.

O magistrado insistiu, fazendo perguntas específicas sobre transferências de US$ 21 milhões feitas pela Construtora Norberto Odebrecht, em 2006, a empresas offshore que abasteceram contas de ex-dirigentes da Petrobras.

"Tudo que sei sobre essas contas está respondido por escrito", disse Odebrecht, sem explicar os depósitos. A mesma resposta, ou variantes dela, foi repetida 14 vezes.

Na defesa entregue por escrito, Odebrecht negou saber da existência do cartel de empreiteiras investigado pela Lava Jato ou das contas secretas encontradas no exterior. Ele também negou ter mandado subornar ex-dirigentes da Petrobras ou políticos.

O empresário diz que nunca pensou em fugir do Brasil e ofereceu explicações para anotações encontradas em seu telefone celular que Moro usou para justificar suas ordens de prisão preventiva.

"Trabalhar para parar/anular (dissidentes PF)", segundo ele, seria referência a supostas ilegalidades na Lava Jato e se elas teriam efeito jurídico sobre a investigação.

A expressão "higienizar apetrechos MF ou RA", diz a defesa, seria uma menção à possibilidade de os executivos Márcio Faria e Rogério Araújo estarem grampeados ilegalmente. Os dois também depuseram nesta sexta e negaram ter repassado propina.

Odebrecht diz que MPF atua de ‘forma ilegal’

• Presidente da Odebrecht, preso há 133 dias, diz que força-tarefa 'distorceu fatos' para sujeita-lo à prisão

Por Ricardo Brandt, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

CURITIBA - O presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou à Justiça Federal, nesta sexta-feira, 30, que a força-tarefa da Operação Lava Jato ‘distorceu fatos’ com o objetivo “ilegal” e “cruel” de sujeita-lo à prisão preventiva. Ele está preso desde 19 de junho, em Curitiba, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Petrobrás.

“Fica evidente a distorção dos fatos com o objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva”, afirmou Odebrecht em defesa escrita entregue ao juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava jato – antes de ser interrogado.

O interrogatório de Odebrecht, o mais esperado até aqui na Lava Jato dentro do rol de acusados do núcleo empresarial, marca a fase final da ação penal envolvendo ele e outros cinco executivos do grupo – que também negaram relação com o esquema, em depoimentos prestados nesta sexta-feira e na quinta, 29 “Importante esclarecer desde logo que nunca cogitei interferir em investigações”, afirmou ele em manifestação escrita ao juiz. Em uma sequência de 60 perguntas e respostas, o presidente da empreiteira tenta rebater argumentos da acusação do Ministério Público Federal, que justificaram o decreto de prisão preventiva.

Uma das anotações questionadas pelo empresário foi a que registra:”trabalhar para parar/anular (dissidentes PF…)”. Para a Polícia Federal, tratava-se de possível orientação à defesa para atrapalhar às apurações da Lava Jato.

“Esta anotação foi feita, portanto, apenas para acompanhar o assunto, não tendo qualquer relação com as ilações feitas pelo Ministério Público no sentido de que eu estaria manipulando investigações”, sustenta Odebrecht.

“A alegação de que poderia ter interesse em interferir nas investigações não é verdadeira; a interpretação da anotação é propositadamente deturpada, sendo absolutamente desarrazoada a utilização de fatos noticiados em reportagens de jornal para fundamentar uma acusação penal.”

Odebrecht: Lava-Jato é cruel

Preso desde junho, Marcelo Odebrecht fez defesa por escrito e atacou a Lava-Jato

Perguntas sem respostas

• Em depoimento, Marcelo Odebrecht não explica mais de mil movimentações financeiras no exterior

Renato Onofre, Cleide Carvalho e Tiago Dantas - O Globo

-SÃO PAULO- Em seu primeiro interrogatório à Justiça Federal, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, se recusou ontem a responder perguntas do juiz Sérgio Moro, alegando que queria “evitar ser mal interpretado”. Preso desde 19 de junho, Marcelo reclamou da ação contra ele, disse que a Lava-Jato distorceu fatos e agiu de forma “cruel” e, para se defender, entregou ao juiz um texto de 19 páginas, uma espécie de autointerrogatório, com 60 perguntas e respostas elaboradas por ele próprio e seus defensores.

Moro pediu explicações sobre as contas no exterior que teriam sido usadas pela construtora para o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras. O empresário se negou a responder e disse que estava tudo explicado no documento. No autointerrogatório, porém, Marcelo não explicou as mais de mil movimentações financeiras de empresas offshore ligadas à Odebrecht, que teriam sido usadas para lavar recursos desviados da Petrobras. Todas foram mapeadas pelo Ministério Público suíço. O destino do dinheiro, quase sempre, eram contas controladas por ex-diretores da Petrobras. Marcelo limitouse a dizer que não tinha conhecimento.

“Iniciativa ilegal e cruel”
No documento, o empriteiro acusou a força-tarefa da Operação Lava-Jato de distorcer fatos para prendê-lo, criticou a publicidade e a interpretação dada a anotações e e-mails escritos por ele, e pediu a revogação de sua prisão. O executivo afirmou no texto, mais de uma vez, que não se envolve diretamente na área de negócio de nenhuma das 300 empresas da holding e que, como presidente do conselho de administração da empresa, tinha função apenas de “convocar e coordenar reuniões como um representante dos acionistas”.

“Há mais de quinze anos não assino nem mesmo um cheque em nome das empresas da organização, tampouco ordeno ou controlo operações financeiras”, disse. As declarações vão contra o material apreendido pela PF durante as investigações, que mostram uma forte influência de Marcelo nos negócios da empresa.

Em outro trecho, Marcelo escreveu: “Fica evidente a distorção dos fatos com o objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva”.

O procurador da República Antonio Carlos Welter chegou a pedir ao empresário que abra mão de uma ação da Odebrecht na Justiça suíça para impedir o acesso dos investigadores brasileiros a informações das contas, em nome da “disposição dele em colaborar com a Justiça”. Marcelo negou:

— Não me cabe responder pela construtora.

Marcelo reclamou da interpretação dada pelos investigadores a anotações e emails encontrados em seu computador e celular. Disse que houve equívoco. Para a PF, as mensagens mostram que ele sabia sobre o esquema de propina. Ele tentou explicar orientações supostamente dadas a funcionários assim que os primeiros indícios de corrupção vieram a público: “Higienizar apetrechos MF e RA”. MF e RA, para a PF, seriam Márcio Faria e Rogério Araújo e higienizar seria apagar provas. Marcelo contestou:

“Foi feito um lembrete sobre a necessidade de discutir se Márcio Faria e Rogério Araújo estavam sendo alvos de grampos ilegais e se seria o caso de fazer varredura, o que também acabou não acontecendo (...). A maior prova de que nunca cogitei apagar nada é que minhas próprias notas e mensagens foram integralmente apreendidas em meu próprio celular”.

Rogério Araújo e Márcio Faria também depuseram ontem e negaram a existência de contas na Suíça e o pagamento de propina. Em nota, a defesa de Odebrecht diz que “Marcelo refutou com firmeza as acusações que são feitas a ele na peça acusatória”. E que a empresa continua “confiante não só na sua absolvição neste processo penal, como na revogação da prisão”.

Lula se queixa a Dilma de atuação da Polícia Federal

Valdo Cruz, Gustavo Uribe e Catia Seabra – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, SÃO PAULO - Em jantar com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira (29), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas à Operação Zelotes, da Polícia Federal, e disse que é preciso estar atento ao que chamou de "onda de criminalização" contra eles.

O encontro, no Palácio da Alvorada, ocorreu na mesma semana em que o petista, em conversas com aliados e auxiliares, manifestou indignação e responsabilizou sua sucessora pela operação de busca e apreensão na empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a seu filho Luis Cláudio Lula da Silva.

Na nova fase da Operação Zelotes, que apura esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), foi preso Mauro Marcondes, sócio da Marcondes e Mautoni. Em 2014, o escritório contratou a LFT Marketing Esportivo por R$ 2,4 milhões.

Diante da queixa no jantar, Dilma deu sinais de solidariedade em relação ao desabafo de seu antecessor, mas evitou fazer comentários sobre a atuação da Polícia Federal.

Além de Dilma e Lula, participaram do jantar os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e o presidente do PT, Rui Falcão.

Na tentativa de evitar um novo mal-estar com Dilma, Lula explicou à presidente declaração feita no mesmo dia, em reunião do Diretório Nacional do PT, de que ela adotou no segundo mandato discurso diferente do encampado durante a campanha eleitoral de 2014.

Segundo ele, foi necessário deixar claro aos eleitores que votaram no partido que houve mudanças na postura do Planalto devido a fatores que não estavam ao alcance do governo, como as crises econômica e política

Ainda no jantar, Lula defendeu uma maior aproximação do Planalto com o PMDB e com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ameaça dar prosseguimento a pedido de impeachment contra a presidente.

O petista contou ter recebido um telefonema de Cunha na terça-feira (27), dia do seu aniversário, quando os dois combinaram de se encontrar em breve.

Segundo a Folha apurou, o ex-presidente recomendou ainda que Dilma mantenha o vice-presidente, Michel Temer, ocupado. Segundo seus aliados, Lula insiste para que Temer seja valorizado e cumpra novas tarefas numa tentativa de evitar seu afastamento do governo.

A sugestão ocorreu horas depois de Temer lançar um documento do PMDB com críticas à gestão econômica do governo.

Em almoço com a bancada federal do PC do B na quinta, Lula defendeu mudanças na política econômica. Segundo ele, chegou a hora de adotar medidas "mais ousadas" e repetir a linha econômica adotada pela sua administração à frente do Planalto.

Na avaliação dele, assim como em 2008, o país pode superar a atual crise com o aumento do consumo.

Nesta sexta-feira (30), a presidente Dilma Rousseff cancelou viagem oficial após sua mãe, Dilma Jane Silva, de 92 anos, apresentar um mal-estar.

Em maio, ela foi internada após ter apresentado sintomas de um ataque isquêmico transitório, uma perturbação no funcionamento do cérebro pela falta de irrigação de sangue, o que pode levar a derrame.

Teori tira de Moro o caso Eletronuclear

STF tira de Sérgio Moro caso da Eletronuclear

• Investigação da Lava-Jato será remetida à Justiça Federal do Rio

Outros três casos podem sair da jurisdição de Moro: Belo Monte, Caixa e contrato entre Saúde e Labogen

Eduardo Bresciani - O Globo

-BRASÍLIA- O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), remeteu para a Justiça Federal do Rio de Janeiro as investigações sobre corrupção na estatal Eletronuclear, no caso da construção da usina nuclear Angra 3. A decisão, tomada na noite de anteontem, retira a competência do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, para atuar no processo. O senador Edison Lobão (PMDB-MA) é citado como um dos beneficiários do esquema e Teori deve deixar a relatoria do procedimento que analisa sua conduta.

A decisão segue o preceito firmado pelo STF de que apenas as denúncias relativas à Petrobras devem permanecer no âmbito da Operação Lava-Jato. O tribunal adotou esse posicionamento ao analisar as suspeitas relativas ao Ministério do Planejamento, que envolvem a senadora Gleisi Hoffmann (PTPR). Também foram retiradas do âmbito da Lava-Jato as acusações de caixa dois feitas pelo delator Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, contra o ministro Aloizio Mercadante (Educação) e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).

O ministro Teori já tinha determinado a suspensão da ação sobre a Eletronuclear que tramitava em Curitiba, acolhendo reclamação da defesa de Flávio Barra, executivo da Andrade Gutierrez. O advogado dele, Juliano Breda, afirmou que o envio para o Rio é “o reconhecimento de que não há relação entre os casos da Eletronuclear e da Petrobras”. Ele espera também que seja acatado pedido de liberdade para seu cliente.

No desmembramento relativo ao Ministério do Planejamento, o STF decidiu que caberia à Justiça Federal de São Paulo, para onde a ação foi enviada, verificar as decisões de Moro, como as prisões determinadas até aquele momento. Caso Teori siga o mesmo entendimento, a Justiça do Rio avaliará as prisões dos envolvidos no caso da Eletronuclear. Entre eles está o ex-presidente da empresa, o almirante da Marinha Othon Luiz Pinheiro.

Segundo a denúncia do MP, operadores desviavam recursos da Eletronuclear a partir de contrato para obras na usina nuclear de Angra 3. De acordo com as investigações, 1% do valor do contrato seria destinado a propinas para dirigentes e agentes políticos. Em abril, o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini afirmou, em depoimento de delação, que houve “promessa” de pagamento de propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear. Somados, os contratos de Angra 3 chegam a R$ 3 bi.

Outros três casos correm o risco de deixar a vara de Sérgio Moro. Eles dizem respeito às investigações sobre a construção da usina Belo Monte, contratos de publicidade na Caixa Econômica Federal, e entre Ministério da Saúde e o laboratório Labogen. Nestes processos há inclusive sentenças já expedidas por Moro, como a condenação do ex-deputado André Vargas a 14 anos de prisão pelo recebimento de recursos que seriam desviados da Caixa e do Ministério da Saúde. Em relação a Belo Monte, Avancini afirmou que a Camargo Corrêa pagou R$ 20 milhões em propinas para o PMDB.

‘Mensalão e Petrolão criaram heróis, juízes que saíram do padrão’, afirma ministro Barroso

• Na abertura do XXI Congresso de Magistrados Brasileiros, ministro do Supremo Tribunal Federal criticou a morosidade do Judiciário e reconheceu que 'sistema punitivo é feito para pegar pobre'

Por Julia Affonso e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso alertou nesta sexta-feira, 30, que o Brasil ‘vive uma epidemia de processos judiciais’. Para Barroso, a punição é exceção. Segundo ele, é preciso mudar o sistema recursal diante da dificuldade de manter grandes criminosos na cadeia. “O sistema punitivo no Brasil é um desastre. Ele é feito pra pegar pobre. A vida tem que ser igualitária. É muito mais fácil prender menino com 100 gramas de maconha do que empresário que roubou 10 milhões”, afirmou.

Na avaliação do ministro, o sistema atual faz com que sociedade transforme magistrados que pensam fora da curva em heróis. “Mensalão e Petrolão criaram heróis, porque foram juízes que saíram do padrão”, disse. “Se um modelo precisa de heróis é porque as instituições não funcionam”, destacou.
As informações foram divulgadas pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Luís Roberto Barroso falou na abertura do primeiro dia da programação científica do XXII Congresso de Magistrados Brasileiros, realizado em Rio Quente (GO) pela AMB, O ministro abordou temas polêmicos como o excesso de processos judiciais e o sistema recursal. Ele criticou o sistema de justiça brasileiro e a morosidade do Judiciário.

“Existe uma judicialização que atinge a vida de todos nós. Estamos vivendo uma epidemia de processos judiciais no país e diante disso é preciso pensar em algum tipo de remédio. São mais de 100 milhões de processos, um em cada dois brasileiros está em juízo”, afirmou.

Durante o painel O Direito e a transformação social, o ministro reconheceu aspectos positivos diante da quantidade de processos que tramitam no Judiciário brasileiro, mas apontou a falta de estrutura como uma das questões mais graves que congestionam os tribunais. “As pessoas tomaram consciência dos seus direitos e passaram a exercer a sua cidadania. Isso é bom. O Judiciário desfruta de um grau relevante de credibilidade”, declarou. “Porém, não há estrutura que dê conta desse volume. Temos um sistema que não consegue dar vazão. O Poder Judiciário é uma instância patológica da vida. Uma questão chega quando teve briga, quando as partes não conseguiram se compor amigavelmente. Ninguém pode achar que o litígio seja a forma natural de se viver a vida e de uma democracia fluir com naturalidade”, afirmou.

Barroso também destacou a necessidade de métodos alternativos como a conciliação para trazer celeridade à Justiça. “É preciso criar mecanismos alternativos. Precisamos criar um país que tanto no setor público quanto no setor privado funcione melhor. Vamos ter que fazer o caminho inverso, o caminho da desjudicialização. O grande advogado vai ser o sujeito que não propõe uma ação judicial, mas vai ser aquele que tem a capacidade de negociar e articular para não propor uma demanda. Entrar no Judiciário é procrastinar uma decisão”, disse.

Dilma afirma que País não é ‘prisioneiro do ajuste’

• Presidente falta cerimônia em MS, mas discurso é lido pela ministra da Agricultura

José Maria Tomazela - O Estado de S. Paulo

TRÊS LAGOAS - Em discurso lido pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, no lançamento de um projeto para dobrar a capacidade de celulose da empresa Fibria em Três Lagoas (MS), nesta sexta-feira, 30, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não está parado, nem é prisioneiro da agenda de ajustes da economia. "Não estamos prisioneiros da agenda de ajustes. Temos uma agenda consistente de estímulo ao desenvolvimento", afirmou.

O recado foi dado um dia depois que o PMDB divulgou documento apontando o "desequilíbrio fiscal" e de o vice-presidente Michel Temer ter afirmado que o governo se equivocou na política econômica.

Segundo o discurso da presidente, um investimento como o da Fibria, de R$ 7,7 bilhões, não ocorre num país em que está sem perspectivas e no qual o empresariado não confia. "Nenhum empresário investe se não tiver confiança no retorno dos recursos aplicados. (O investimento) é expressão da confiança da Fibria no desenvolvimento sustentável do Brasil."

Dilma cancelou sua ida à cerimônia de última hora, após sua mãe, dona Dilma Jane, de 92 anos, ter passado mal durante a noite. No discurso que leria no evento, ela defendeu o ajuste fiscal, mas disse que as medidas não travam o desenvolvimento do país. "Em momento de ajuste e de transição, a expansão da fábrica mostra que os empresários não se deixam levar pelas análises conjunturais pessimistas e não paralisam suas obras, confiando que o Brasil retomará os investimentos e que vale a pena investir nele." Defendeu ainda o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que participou do investimento da Fibria.

Em entrevista, Katia Abreu, que é do PMDB, negou-se a responder a perguntas sobre o documento divulgado pelo partido. "Vim aqui para falar da Fibria e do Brasil." Segundo ela, os investimentos do governo em infraestrutura não estão sendo mostrados pela imprensa que, segundo ela, prefere mostrar as ações da Justiça. "O que precisamos divulgar para o Brasil, e isso é da maior importância, acho que a Justiça está cumprindo bem o seu papel, mas precisamos fazer o Brasil crescer. E isso quem faz não é o governo, é a iniciativa privada e os trabalhadores que precisam de emprego. E isso não se faz com pessimismo."

Segundo ela, apesar das críticas dos pessimistas, o Plano de Investimentos em Logística (PIL) está caminhando e uma das obras, a duplicação da BR-262, em Mato Grosso do Sul, recebeu 29 manifestações de interesse, o que mostraria que a iniciativa privada quer investir no país. "Sei que é difícil ficar sabendo pelo noticiário, mas o Brasil real está acontecendo." Ela defendeu o ajuste fiscal. "Ou votamos as medidas que estão sendo propostas pela Fazenda, ou vamos estar optando pelo pior imposto que existe, que é o imposto inflacionário."

Defesa pública de Levy por Lula foi ‘beijo da morte’

Ricardo Galhardo e Vera Rosa – O Estado de S. Paulo

Pouco depois de defender o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na reunião do Diretório Nacional do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em conversas reservadas mantidas em Brasília, que o comandante da economia não deve durar muito tempo no cargo. Nos bastidores, o discurso de Lula pedindo apoio a Levy, no encontro do PT, foi considerado por seus aliados como um “beijo da morte”

Apesar das negativas, o governo avalia que Levy ficará apenas até a aprova- ção das medidas do ajuste fiscal e não passa da virada do ano. Segundo dirigentes do PT, a presidente Dilma Rousseff já procura um substituto para Levy. Aliados de Dilma têm reclamado que as propostas do ministro se resumem às medidas de austeridade e que ele não tem o que dizer quando indagado sobre o que fazer na fase pós ajuste fiscal.

Lula já tinha afirmado antes que o prazo de validade do ministro da Fazenda está vencendo, mas decidiu defender Levy e pediu para que o PT amenizasse as críticas à política econômica porque o governo precisa aprovar, até dezembro, as medidas de austeridade fiscal.

No diagnóstico do Palácio do Planalto, o recrudescimento do bombardeio, nesse momento, agravaria ainda mais a situação. Diante desse quadro, a ordem foi para o PT dar uma trégua.

Lula também acha que a presidente Dilma Rousseff deve conversar mais com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem o poder de dar o pontapé inicial em um pedido de impeachment contra ela. Na avaliação do ex-presidente, Cunha não vai cair pela via política e, então, o governo precisa investir mais no diálogo com ele. Durante jantar no Palácio da Alvorada, na quinta-feira, Lula disse a Dilma que conversará novamente com Cunha.

Dilma: governo tem agenda e não é prisioneiro do ajuste

• Recado foi dado após PMDB divulgar alternativa ao modelo econômico

Economistas elogiam medidas propostas pelo vice Michel Temer para tentar destravar a economia e fazer o país crescer; já Planalto e PT não gostaram do programa do aliado

Um dia após o PMDB divulgar o documento “Uma ponte para o futuro”, com propostas alternativas à atual política econômica para tirar o país da crise, a presidente Dilma afirmou ontem que o Brasil não é “prisioneiro do ajuste” e que o governo tem uma “agenda robusta de investimentos”. O discurso foi lido pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, porque a presidente teve de cancelar compromisso, já que sua mãe passou mal. Enquanto o PT e o Planalto não gostaram, economistas elogiaram as propostas do PMDB, consideradas por eles necessárias para reduzir a dívida pública e fazer o país voltar a crescer.

Dilma: 'Não estamos prisioneiros de ajustes'

• Um dia após críticas do PMDB à crise fiscal, ministra lê discurso da presidente sobre os ajustes necessários

Fernanda Krakovics, Cristiane Jungblut – O Globo

-SÃO PAULO e BRASÍLIA- Um dia após o PMDB divulgar documento em que aponta “desequilíbrio fiscal” do governo e defende um “ajuste permanente”, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não é “prisioneiro da agenda de ajustes” e tem “agenda de estímulo ao investimento”. O discurso de Dilma foi lido ontem pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, do PMDB, durante evento em uma empresa de celulose em Sete Lagoas (MS).

Dilma cancelou sua viagem ao Mato Grosso do Sul de última hora, pois sua mãe, Dilma Jane, de 92 anos, passou mal durante a noite. Kátia Abreu representou a presidente na cerimônia e leu um discurso escrito por Dilma:

— De nossa parte, estamos trabalhando intensamente para realizar os ajustes necessários ao estabelecimento de uma situação fiscal mais robusta e à redução da inflação. Não estamos, no entanto, prisioneiros da agenda de ajustes. Ao contrário, temos uma agenda consistente de estímulo ao investimento.

Em seu texto, Dilma também afirmou que o país tem uma “agenda robusta de investimentos em infraestrutura de transporte, em parceria com o setor privado”. Ela lembrou que o governo lançou projetos orçados em R$ 198 bilhões para estradas, ferrovias, portos e aeroportos, por meio do Programa de Investimentos em Logística (PIL).

— Ao contrário do que muitos pessimistas querem fazer crer, a segunda etapa do PIL está avançando — escreveu Dilma.

A presidente destacou, ainda, em seu discurso que o governo federal vai trabalhar para “criar um ambiente de negócios" favorável para empreendimentos bem sucedidos.

— É assim que vamos voltar a crescer, a gerar emprego e renda e oportunidades para nossa população — leu Katia Abreu.

O novo programa do PMDB, com propostas que vão na contramão da política econômica em vigor, não agradou ao Palácio do Planalto. A orientação, porém, é não polemizar com o principal aliado, no momento em que o governo precisa reconstruir sua base para garantir governabilidade.

— O PMDB tem tanto direito de fazer propostas e críticas à política econômica quanto o PT — disse o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política.

Com o vice-presidente Michel Temer cada vez mais afastado da presidente Dilma Rousseff e com setores do PMDB flertando com o impeachment, integrantes do governo e do PT não se surpreenderam com a estocada peemedebista.

No PT, a avaliação é que o PMDB quis marcar posição às vésperas de congresso nacional do partido, no próximo dia 17, e, assim, manter a pressão sobre Dilma. Segundo um experiente parlamentar petista, o PMDB é “mestre” no jogo de se apresentar como problema e, em seguida, se oferecer como solução.

— Isso é para assustar o Planalto. É o velho jogo do PMDB — resumiu o parlamentar petista.

Para integrantes do governo, o plano apresentado pelo PMDB tem mais identificação com o PSDB. Auxiliares da presidente tentaram minimizar a divergência com o principal aliado afirmando que os peemedebistas não são os únicos no governo a defender esse receituário. Além do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi citado o nome do ministro das Cidades, Gilberto Kassab.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), no entanto, reagiu com ironia:

— Acho que temos um nível de identidade. O PT prega mudança na política econômica e o PMDB também. E, se o PMDB está descontente com a política econômica do governo, é o caso para se tratar dentro do relacionamento da presidente com o seu vice.

No PMDB, os caciques do partido acreditam que o recado foi dado com sucesso.

— Fomos realistas e independentes — destacou o senador Romero Jucá (RR). (Colaborou Simone Iglesias)

Palavra de especialistas

A VISÃO DE: Mansueto Almeida, economista e especialista em contas públicas
Agenda de longo prazo
“A agenda é muito boa. Inclusive é bem diferente do que o PMDB falava há três, quatro anos. É uma agenda muito parecida com a da oposição. Por exemplo, o ajuste fiscal de longo prazo, a mudança de regras. Não adianta querer fazer um ajuste fiscal sem mudança de regra, porque, no Brasil, grande parte da despesa pública é obrigatória. Para se fazer um ajuste fiscal de curto prazo, sem mudar regras, não adianta. Se for fazer isso, há apenas dois resultados: aumento tributário e corte de investimento público. Se quisermos fazer um ajuste de forma que a economia cresça e que o gasto cresça numa proporção menor do que o crescimento do PIB, a gente vai ter que mudar algumas regras. Hoje, 75% da despesa federal é indexada. É uma agenda mais estrutural e liberal, que estava ausente no PMDB”.

A VISÃO DE: Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e economista da CNC
Medidas necessárias
“São essas as medidas que devem ser tomadas para permitir que a trajetória da dívida pública comece a cair daqui a alguns anos, porque são medidas estruturais, necessárias. Todas elas são necessárias. Pelo que vi, não há nenhuma medida para tapar buraco momentaneamente, como a CPMF. Essas medidas não aumentam a carga tributária necessariamente. Elas procuram dar uma característica mais definitiva ao déficit nominal. O que quer dizer isso? Mexe nos pontos mais importantes, que são o indexamento de benefícios sociais da previdência ao salário mínimo e a idade mínima da aposentadoria. São medidas que, se fossem adotadas agora, possivelmente já teríamos uma recuperação mais rápida no ano que vem, e a taxa de juros também cairia muito rápido. Também não são medidas que necessariamente vão diminuir a arrecadação. Não são medidas contracionistas”.

A VISÃO DE: Luiz Carlos Prado, professor do Instituto de Economia da UFRJ
Apenas um pedaço de papel?
“A maior parte das proposições do PMDB é francamente aceitável por pessoas bem informadas, economistas. Agora, a experiência que nós temos visto na esfera pública não é bem essa. É bom saber se isso vale alguma coisa ou é apenas um pedaço de papel. É claro que não é desejável haver, por exemplo, vinculações obrigatórias, mas a Saúde e a Educação são áreas prioritárias dentro do gasto público brasileiro. Se você flexibiliza isso para fazer o que aconteceu este ano, por exemplo, como a aprovação de aumentos do Legislativo e do Judiciário, é um retrocesso. A questão que se coloca é se você terá um programa orçamentário que realmente seja consistente. Várias dessas medidas, com a base que o PMDB tem, já poderiam ter sido levadas adiante, não precisariam esperar para serem discutidas. Com um ou outro ponto que merecem mais reflexão, no seu conjunto, as propostas são positivas. Talvez, na questão trabalhista, eu fosse mais cauteloso, e também na área de comércio internacional, embora eu seja favorável aos acordos, mas não depende só de nós”.

Um programa antieleitoral

• Documento do PMDB responde aos desafios econômicos de longo prazo e às inseguranças políticas imediatas

Paulo Celso Pereira - O Globo

BRASÍLIA Apresentado como a base do programa de governo do PMDB para 2018, o texto econômico lançado na quinta-feira pelo vice-presidente Michel Temer e pelo ex-ministro Moreira Franco responde não só aos desafios estruturais do longo prazo, como também às inseguranças políticas imediatas. Ele começou a ser elaborado há dois meses, quando o risco de impeachment da presidente Dilma parecia iminente. Não à toa, o texto é aberto por referências à necessidade de pacificação nacional e apresenta um rol de medidas defendidas amplamente por empresários e pelo mercado financeiro.

É difícil imaginar, no entanto, que algum peemedebista coloque o rosto na TV para pedir votos à Presidência defendendo o fim dos gastos mínimos com Saúde e Educação, da indexação da Previdência e dos benefícios sociais ao salário mínimo (cerca de 70% dos aposentados recebem o piso atrelado ao mínimo) e a prevalência dos acordos coletivos sobre a lei. São medidas consideradas fundamentais para o reequilíbrio fiscal e a retomada do crescimento econômico. Só que por temas muito menos palpitantes para o eleitor, como a independência do Banco Central e o papel dos bancos públicos, Marina Silva e Aécio Neves foram trucidados pela campanha do PT.

Um observador mais maquiavélico, no entanto, poderia ver uma outra hipótese para o nível de impopularidade adotado no texto. Muitos parlamentares avaliam que o impeachment não prosperou até agora pela falta de acordo de peemedebistas e tucanos em relação ao “dia seguinte”. Os tucanos têm dois temores: um governo Temer dar muito certo — e ele se tornar candidato natural à reeleição, tomando o favoritismo do PSDB para 2018 —, ou o governo dele ser um fracasso retumbante, contaminando os neoaliados com sua impopularidade.

Alguns dos mais próximos auxiliares de Temer vinham emitindo sinais à cúpula do PSDB de que caso o vice assumisse o Planalto, ele se comprometeria a fazer apenas um governo de transição, com as duras e impopulares reformas necessárias para reorganizar as contas do país e entregar uma nação governável em 2018 a quem for eleito. Intencionalmente ou não, o documento intitulado “Uma Ponte Para o Futuro”, colocou isso no papel.

Dilma deveria dizer que só renuncia se Congresso aprovar reformas, sugere FHC

• Tucano avalia que, se propusesse mudanças eleitorais e na Previdência, petista recuperaria força política; caso contrário, restará 'empurrar o tempo com a barriga'

Lucas Azevedo - O Estado de S. Paulo

Porto Alegre - Em entrevista na manhã desta sexta-feira, 30, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a presidente Dilma Rousseff teria como melhor alternativa para a crise política propor um pacto pelo qual aceitaria renunciar ao mandato mediante a aprovação de reformas que dificilmente o Congresso e os partidos aceitariam fazer por conta própria, como melhorar os sistemas partidário-eleitoral e o previdenciário. "Ou ela assume e chama o País às falas, apresenta um caminho crível para o País e recupera a força para poder governar, ou então ela pelo menos deixa uma marca forte: 'Eu saio se vocês aprovarem tal e tal coisa", afirmou o ex-presidente tucano, em entrevista à Rádio Gaúcha, do Grupo RBS.

"Como a presidente está em uma situação tão delicada, tão difícil, de tão baixa popularidade e, ao mesmo tempo, com tanta dificuldade de aprovar qualquer coisa no Congresso, o que seria com grandeza? 'Olha aqui, vocês querem que eu saia? Eu saio, mas vocês primeiro me deem tais e tais reformas, para criar um clima mais positivo'", afirmou FHC. Para o tucano, as prioridades dessa agenda deveriam ser as regras das disputas eleitorais e o sistema público de pagamento de pensões e aposentadorias. "Muda a reforma eleitoral, porque esse sistema está fracassado. Mexe a Previdência, porque se não vai falir. Exige umas tantas coisas que sejam anseios nacionais e (diz:) 'Se fizerem isso, eu caio fora'. Um gesto e, se fizer isso, nem cai fora, porque ganha (força política)."

Há pelo menos dois meses, FHC tem defendido publicamente a renúncia como um "gesto de grandeza" para Dilma. Logo após as manifestações contra o governo e o PT de 16 de agosto, o ex-presidente publicou em seu perfil no Facebook: "Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza - renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional -, assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato. Até que algum líder com força moral diga, como o fez Ulysses Guimarães, com a Constituição na mão, ao Collor: você pensa que é presidente, mas já não é mais".

Na entrevista desta sexta-feira, motivada pelo lançamento do primeiro de quatro volumes da série de livros Diários da Presidência, em que relata o dia a dia no Palácio do Planalto, FHC se mostrou cético em relação à situação de Dilma. "Do jeito que está, ela pode até ficar (até o fim do mandato), mas vai empurrar o tempo com o barriga sem conseguir resultados satisfatórios", avaliou. Por isso, segundo o tucano, a renúncia seria o "menos custoso" ao País.

"Impeachment é um processo longo. É um debate que paralisa o País. Uma decisão do Tribunal (Superior) Eleitoral que anule a eleição provoca também uma grande confusão, eleição de novo", afirmou FHC, seguindo caminho diferente do defendido pela maioria do PSDB, que encampa um pedido de afastamento da presidente e contesta a campanha à reeleição de Dilma no TSE. "Tudo isso é muito fácil de falar, mas quem conhece o processo histórico sabe que tem um custo para o país muito elevado." Ao comparar na semana passada as dificuldades de seu governo com o PT na oposição às enfrentadas por Dilma, FHC disse ao Estadoque os tucanos não deveriam agir como os petistas fizeram no passado.

FH diz que PT ‘foi engolido por uma utopia regressiva’

• Ex-presidente admite que ficou ‘mordido’ por Lula não procurá-lo

- O Globo

SÃO PAULO - Em entrevista nesta sexta-feira ao programa Conexão Roberto D’Ávila, da Globonews, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu, em resposta à provocação feita pelo jornalista, ter ficado “mordido” com o ex-presidente Lula por tê-lo convidado a conversar em diversas ocasiões, antes da crise, sem que o petista jamais tenha retribuído o gesto. Fernando Henrique, no entanto, disse que seus sentimentos pouco importam diante das condições do país e das diferenças de visões que nutre com o PT:

“O problema é eles (PT) entenderem o que se passa, que esse populismo latino-americano leva os países ao desastre, a Venezuela está acabando como país. Eles vão continuar tomando essas mesmas posições? Porque atrapalha o Brasil. Não podemos ficar a reboque de corporativismo, de populismo, de atraso. Acho que o PT foi engolido por uma utopia regressiva, mas pode reagir. Precisa pensar no futuro, em ideias novas”. Fernando Henrique se mostrou disposto a sentar com adversários partidários para discutir saídas para a crise política e econômica.

“Você não sai de uma encalacrada do tamanho da nossa se um fica acusando o outro, você tem que ter autocrítica coletiva. Antes das eleições tive contato com duas pessoas ligadas ao PT e disse: “Isso aqui vai mal, está na hora de conversar”. Não houve sensibilidade no momento adequado. Isso não justifica que agora não se tente ver como se sai de onde estamos”, disse.

No entanto, o ex-presidente afirmou que Dilma Rousseff “não tem a vocação para a conversa. Não comigo, com o país, com o Congresso”. E voltou a sugerir a renúncia. “Porque a presidente não faz um gesto de grandeza: não me querem, eu vou me embora se vocês aprovarem isso, isso e isso — disse, referindo-se a propostas que considera fundamentais como as reformas política e da previdência”.

Lula acredita que PT vence em 2018

• 'Acho que a Dilma (Rousseff) vai voltar a crescer, e acho que aqueles que não gostam de nós vão ter que conviver, a partir de 2018, com mais quatro anos dos os partidos democráticos e populares na governança deste País', diz ex-presidente

Letícia Sorg - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o PT vive possivelmente o momento mais difícil de sua história, mas que acredita na superação das dificuldades. "Acho que a Dilma (Rousseff) vai voltar a crescer, e acho que aqueles que não gostam de nós vão ter que conviver, a partir de 2018, com mais quatro anos dos os partidos democráticos e populares na governança deste País", afirmou, em entrevista divulgada no site do PC do B. Em passagem por Brasília, nesta quinta-feira, 29, Lula discursou na abertura da reunião do Diretório Nacional do PT e almoçou com parlamentares do PC do B.

Segundo Lula, o momento é difícil porque o adversário enfrentado não são partidos comuns de oposição. "Estamos enfrentando um massacre de uma imprensa conservadora, que me parece que não concorda com a evolução e as conquistas do povo mais pobre desse País, com a ascensão de pobres às universidades, com programas que elevaram a qualidade de vida das pessoas", afirmou.

O ex-presidente admitiu, porém, que o PT cometeu erros. "Obviamente que também temos cometido erros, e é bom saber, e existe discordância com relação à política econômica e nós temos que fazer as correções na medida do possível e no momento correto". Ontem, em sua fala aos dirigentes petistas, Lula defendeu a aprovação do ajuste fiscal como prioridade zero para o governo poder avançar em outras pautas.

Lula também voltou a abordar a dificuldade de manutenção da base aliada no Congresso, mas elogiou a troca promovida por Dilma na Casa Civil. "Teoricamente a Dilma tem uma maioria dentro do Congresso Nacional, tanto na Câmara como no Senado. Acho que o governo agora arrumou a sua articulação política", disse. "A vinda do companheiro Jaques Wagner para a Casa Civil me parece que deu um alento muito grande dentro do Congresso Nacional. O Aloizio Mercadante voltou para a Educação e vai fazer um extraordinário trabalho de Educação."

O ex-presidente também elogiou o comportamento da bancada do PC do B no Congresso e defendeu uma maior aproximação da sigla com o PT. "O PT é muito agradecido ao comportamento da bancada do PC do B, não só nas cidades, nas Câmaras de Vereadores, mas sobretudo aqui no Congresso Nacional", afirmou. "A deputada Jandira Feghali tem que ser motivo de orgulho não só para o PT, mas para o PCdoB e para quem é da esquerda neste país, que sabe que tem gente que tem caráter, que não é oportunista".

Maduro sobe o tom de ameaças à oposição

• Presidente diz que ‘não entregará a revolução’ à oposição em caso de derrota nas eleições parlamentares de dezembro

EFE - O Estado de S. Paulo

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na noite de segunda-feira, 29, que no cenário hipotético de uma vitória da oposição nas eleições parlamentares de 6 de dezembro, ele disse que “não entregaria a revolução” e passaria a governar com o povo numa união cívico-militar
“ Se esse cenário ocorrer, a Venezuela entrará numa das etapas mais obscuras e comoventes de sua vida política e nós, defendendo a revolução, não a entregaríamos e ela entraria em uma nova etapa”, disse Maduro ao canal estatal VTV. “Quem tenha ouvidos que escute e quem tenha olhos que enxergue: jamais abdicaremos das história e da revolução”

Na segunda-feira, Maduro disse que a revolução bolivariana estava em “estado de emergência” e pediu um plano “antigolpe” para evitar a derrota em 6 de dezembro. “Sabemos de antemão que eles não vão reconhecer as eleições, que não estão fazendo campanha e buscam apoio internacional para fazer mal à Venezuela”, afirmou o presidente na ocasião.

Em razão do agravamento da crise econômica no país, provocado pela forte queda no preço do petróleo, a popularidade de Maduro caiu a níveis mínimos desde que o chavismo assumiu ao poder. Analistas estimam que as chances de a oposição sair-se vencedora é grande, mas a coalizão Mesa de Unidade Democrática tem alertado para o risco de fraudes.

Nas últimas semanas, Maduro rejeitou a indicação do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim como monitor da eleição em nome da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O presidente também ampliou o estado de exceção no Estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia, principalmente em municípios que tendem a votar pela oposição. Nesses lugares, reuniões públicas, como comícios eleitorais, estão proibidas.

Desde que o presidente Hugo Chávez chegou à presidência, a Venezuela teve duas eleições para o Parlamento do país. A primeira, em 2005, foi boicotada pela oposição e o governo teve todos os assentos da Assembleia Nacional. Na segunda, em 2010, a MUD conseguiu tirar do chavismo a maioria qualificada, mesmo após a Justiça eleitoral ter alterado a configuração dos distritos eleitorais em um desenho que elegia mais deputados em distritos chavistas.

Antes da posse da nova Assembleia, no entanto, o Parlamento aprovou uma Lei Habilitante que permitiu a Chávez governar por decreto praticamente até sua reeleição, em 2012. Já com Maduro no poder, deputados opositores foram cassados e substituídos por suplentes chavistas.

López. Ainda ontem, o ex-procurador venezuelano do caso do líder opositor Leopoldo López disse que esta semana pediu desculpas, por telefone, aos pais do político preso, depois de fugir do país para evitar ser pressionado pelo governo no julgamento de um recurso.

“Tenho vergonha. Acabei com uma família”, disse Franklin Nieves. Ele acusa o governo venezuelano de pressioná-lo a utilizar provas falsas para condenar López. “Na Venezuela governa o medo, que é a forma da lei”, disse. / EFE

"A chama do bolivarianismo está se apagando"

Entrevista

Por Monica Gugliano - Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

SÃO PAULO - Os argentinos que foram às urnas no domingo deram um claro recado: querem mudanças na condução do país. Seja qual for o presidente eleito em segundo turno no mês que vem - o kirchnerista Daniel Scioli ou o oposicionista Mauricio Macri -, ele terá de oferecer novos rumos para os argentinos.

O ex-embaixador brasileiro na Argentina José Botafogo Gonçalves, vice-presidente emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), diz não ter dúvidas sobre a necessidade de mudanças no país vizinho. Como ocorreu no Brasil, o governo gastou demais: "Na Argentina, assim como no Brasil e em outros países, ficou mais do que evidente aquela máxima de que 'não existe almoço grátis'. Chegou a hora de pagar a conta. Está muito claro que chegamos ao fim do ciclo do distributivismo populista no continente, seja quem for o próximo presidente".

Nos últimos 45 anos, Botafogo Gonçalves ocupou diversos cargos na área diplomática, quase sempre relacionados a assuntos econômicos e comerciais. Em 2000, foi o embaixador especial para assuntos do Mercosul. Logo depois ocupou o posto de embaixador brasileiro na Argentina (2002-2004).

Leia, a seguir, trechos da entrevista:

Valor: Qual é a sua avaliação do resultado das eleições presidenciais na Argentina onde, pela primeira vez na história, haverá segundo turno?

José Botafogo Gonçalves: É evidente que houve uma reação muito clara contra a política econômica. A Argentina vive uma situação bastante difícil na economia. Preços distorcidos, inflação, tarifas públicas controladas. A presidente Cristina Kirchner continua tendo uma capacidade de comunicação e de sedução junto à população argentina muito grande. Mas ficou evidente que só isso não basta.

Valor: Qual é o principal problema econômico da Argentina?

Botafogo Gonçalves: A atual política econômica está chegando no limite. Na Argentina, assim como no Brasil e em outros países, ficou mais do que evidente aquela máxima de que "não existe almoço grátis". Chegou a hora de pagar a conta. Está muito claro que chegamos ao fim do ciclo do distributivismo populista no continente, seja quem for o próximo presidente. Perceba que é uma situação mundial. Aconteceu também na Grécia. A população não queria, mas acabou tendo que aceitar as medidas de austeridade. Esse modelo distributivista acabou.

Valor: O senhor vê semelhanças entre o que ocorre no Brasil e na Argentina?

Botafogo Gonçalves: Sim. Guardadas as peculiaridades de cada um dos dois países, há esse paralelismo. Creio que a Argentina tem uma capacidade de recuperação mais rápida do que o Brasil, pelas suas peculiaridades, como a forte classe média. Nossa situação é muito mais grave. Mas não há dúvidas de que é chegada a hora de seguir uma política de austeridade.

Valor: Mas o Brasil não consegue seguir essa política econômica. As medidas propostas pelo governo não encontram respaldo no Congresso.

Botafogo Gonçalves: Esse é um grande obstáculo. Fala-se em acabar com o Bolsa Família. Ninguém quer acabar com o Bolsa Família. Trata-se apenas de o governo dizer onde vai cortar despesas. Porque precisa cortar. Não contesto os méritos dessa política. No Brasil, ela trouxe melhorias para a população. Tirou milhões da pobreza, mas temos que pensar na sustentabilidade dessa e das demais políticas distribucionistas.

Valor: O senhor diria que a América do Sul vive uma onda onde os governos tidos como de centro-esquerda vêm perdendo espaço para os mais conservadores?

Botafogo Gonçalves: Acho que vivemos um momento em que os governantes da região, de formas diferentes, estão dando prioridade à austeridade. Embora o presidente Evo Morales mantenha seu discurso, há bastante tempo a Bolívia se afastou das fantasias do bolivarianismo. O Chile também pratica uma política econômica bastante ortodoxa. O recente Tratado do Pacífico é o sinal mais claro. A Colômbia vem exibindo ótimos indicadores. O Peru também. Até mesmo a Venezuela, onde haverá eleições e não se vislumbram saídas políticas, mas confrontos que podem levar a uma ruptura social grave, terá que mudar. Eles não têm mais condições de manter a atual política. A chama do bolivarianismo está se apagando.

Valor: Seja qual for o resultado das eleições presidenciais na Argentina, o senhor acha que haverá mudanças substanciais na relação com o Brasil e o Mercosul?

Botafogo Gonçalves: O Mercosul já não dá conta dos desafios da inserção no mercado internacional. De agora em diante só podemos regredir.

Valor: Os dados mostram que um quarto dos produtos vendidos pelo Brasil no exterior tem o Mercosul como destino e a Argentina é nossa principal parceira...

Botafogo Gonçalves: Sim, mas temos que pensar em novos conceitos para uma integração regional. O ideal seria uma convergência de políticas macroeconômicas. O que vem acontecendo é que as importações de produtos brasileiros pela Argentina têm diminuído. Isso não é um problema em relação ao Brasil. A Argentina está em crise, sem dinheiro. Diminuiu o que compra do Brasil porque tem dado prioridade aos países, como a China, com oferta de mais crédito.

Valor: Na sua opinião, enquanto a Argentina não resolver seus problemas na economia, a tendência é continuar nessa curva em declínio?

Botafogo Gonçalves: A situação ruim está em ambos os países. A balança comercial brasileira também teve uma brutal queda nas importações. O Mercosul foi criado como uma zona de livre comércio e da união aduaneira. A união aduaneira, ainda que com defeitos, existe. O item de maior dinamismo, no entanto, não é o livre comércio. Do ponto de vista técnico, ele não existe. O Brasil tem que trabalhar, junto com a Argentina, pela integração não apenas entre si, mas no mundo. Veja a situação do Brasil: estamos entre as dez maiores economias do mundo e nossa participação é de 1% do comércio mundial. Somos anões do comércio.

Sergio Fausto - Brasil – a difícil construção do futuro

- O Estado de S. Paulo

A prova de que a crise é grave está na dificuldade de vislumbrar o futuro.

No penoso e desajeitado esforço para superar o seu atraso secular de país colonial, escravocrata e patrimonialista, o Brasil moveu-se à frente sempre que animado por um ou mais “projetos” de modernização. Estes só se tornaram de fato democráticos a partir do fim do regime militar. Na Constituição de 1988 o País projetou a aspiração de construir um moderno Estado democrático, assegurador dos direitos civis e políticos e comprometido com a universalização dos direitos sociais. De olho no futuro, elevou o meio ambiente à condição de bem público a ser protegido. Com um pé no passado, consagrou monopólios estatais anacrônicos. Por isso, antes mesmo de completar dez anos, a nova Carta teve de ser reformada, não para desfigurá-la, mas para permitir ao Brasil navegar nos mares da globalização.

No primeiro mandato de FHC se criaram agências reguladoras com independência técnica e financeira para impedir a sua captura por interesses políticos clientelistas e para evitar que monopólios privados viessem a substituir os monopólios estatais. No segundo mandato, a Constituição foi complementada pela Lei de Responsabilidade Fiscal, com o objetivo de assegurar que os governos respondessem às demandas da sociedade sem sacrificar o equilíbrio estrutural das contas públicas, pedra angular da estabilidade econômica propiciada pelo Plano Real. Essa construção institucional se fez juntamente com a implantação de um amplo leque de programas de Estado e do aumento dos gastos na área social. Como não há almoço grátis, a carga tributária passou de 26% a 34% do PIB em oito anos. O segundo mandato terminou com uma alternância real de poder, feita em moldes civilizados, marca de uma democracia madura.

Tais avanços se deram concomitantemente à permanência de elementos do atraso: o clientelismo, fenômeno com origens na Velha República, presente nas relações entre o Executivo e o Congresso; e o corporativismo, herança do Estado Novo, que inscreveu seus privilégios na Constituição “cidadã” em favor de determinadas categorias das burocracias estatal e sindical, de patrões e empregados. Esses elementos seguiram vigentes, mas enfraquecidos, pela modernização do Estado e da economia. Pelas mesmas razões se tornou menor a influência desproporcional de um punhado de empresas sobre o processo decisório.

Na transição para o governo Lula e no curso dos anos iniciais do seu primeiro mandato, pareceu que o “projeto de modernização” impulsionado no período FHC teria continuidade pelas mãos de um partido de esquerda convertido à social-democracia e de um líder com uma trajetória individual e política que simbolizava as maiores aspirações da Constituição de 1988. Prefigurava-se a consolidação de um sistema político estruturado em torno de duas forças social-democratas, uma mais à esquerda e outra mais liberal, representativas dos setores mais modernos da sociedade brasileira. Ledo engano.

Como ficou claro a partir do escândalo do mensalão, sob o verniz de um partido de esquerda aggiornato se encontrava o PT velho de guerra. É verdade que não mais aquele condomínio confuso de tendências, em grande parte sectárias, mas uma organização burocrática comandada operacionalmente por José Dirceu e liderada pelo carisma de Lula. O partido havia se tornado pragmático, disposto a fazer alianças à sua direita, mas suas práticas e mentalidades seguiam presas à matriz sindical e às tradições da esquerda latino-americana, nostálgica do castrismo e seduzida pelo “socialismo do século 21”. Para não falar de apetites mais mundanos.

Hoje só mesmo a cegueira ideológica impede enxergar que o PT perdeu a capacidade de liderar qualquer projeto de modernização e Lula já não simboliza as aspirações de um Brasil desenvolvido, democrático e justo. O partido monetizou o clientelismo e soldou o corporativismo estatal, empresarial e sindical à base de recursos públicos e da corrupção sistêmica. E tem se revelado inteiramente incapaz de autocrítica diante dos malfeitos praticados.

O drama é que tampouco o principal partido da oposição, o PSDB, se mostra à altura do desafio de retomar o bastão da liderança e reencaminhar o projeto de modernização do Brasil.

Ao contrário do senso comum corrente, as agendas do ajuste fiscal estrutural, da eficiência e da produtividade, de um lado, e a da distribuição de renda, do combate à pobreza e do desenvolvimento social, de outro, podem e devem se reforçar mutuamente. Na teoria não é difícil desenhar uma agenda que compatibilize esses objetivos no médio e no longo prazos. Implementá-la está longe de ser impossível, em que pesem as tensões que inevitavelmente surgirão na execução de seus objetivos durante o percurso, sobretudo ao início, dada a gravidade da crise.

Falta, porém, uma aliança de atores políticos e sociais que recrie uma nova perspectiva de futuro. Esta deverá ter a Constituição como guia, pois suas aspirações continuam válidas, embora os meios para concretizá-las devam ser ajustados, o que implica reformas constitucionais.

A safra de líderes não é brilhante, o sistema de partido está desorganizado, os velhos movimentos sociais estão cooptados, os novos correm à margem das instituições, a sociedade está perplexa e polarizada. De positivo, apenas o Judiciário e as instituições de controle, frutos maduros da Constituição de 1988. Mas a Justiça não pode nem deve substituir a política.

Nessa esfera, falta liderança em toda parte. Na Presidência ela é dramática. Dilma até pode se segurar na cadeira presidencial, amparada em argumentos jurídicos contra o impeachment e comerciando apoios com a “base aliada”. A questão que interessa, porém, é outra: pode e merece o Brasil esperar mais três anos para começar a construir uma nova perspectiva de futuro?
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Sergio Fausto é superintendente executivo do IFHC, colaborador do Latin American Program do Baker Institute of Public Policy da Rice University, É membro do Gacint-USP.

Igor Gielow - Piadas de salão

- Folha de S. Paulo

À usual retórica da "perseguição das elites e da mídia", Lula adicionou troça para comentar o fato de que a PF cumpriu o que a lei lhe ordenou e bateu nas portas de sua família numa investigação.

No tom chão de fábrica que o tornou o melhor orador popular do país, ironizou aos seus no encontro do PT de quinta (29) que suas noras iriam acabar brigando pelas propinas que são atribuídas à sua família.

Lembrou um antigo companheiro seu, Delúbio Soares, dizendo que o mensalão viraria "piada de salão". Bom, o ex-tesoureiro petista acabou encarcerado no julgamento do caso.

A bazófia revela o nível de nossa política, numa semana em que o Diabo se divertiu no cerrado: teve líder do PT incitando violência, senador do DEM trocando impropérios com ministro, deputados irrelevantes fora da rede social ganhando... rede social. Enquanto isso, o país manquitola para 2016 com o impeachment no ar e a economia bichada, e só agendas regressivas avançam na Câmara.

Falta exemplo. Num lugar sério, filho de presidente é tão escrutinado quanto o pai, e a máxima da mulher de César vale especialmente para a "primeira-família". Aqui, não pode.

A despeito do desfecho das investigações, o caso em questão na mira da Operação Zelotes permitiria em outro país levantar a bandeira de uma necessidade civilizatória: a legalização e normatização do lobby.

Enquanto lobista não andar com crachá, ele merecerá relatórios policiais adjetivados e reportagens flertando com o udenismo. Claro, a inércia deixa todo mundo feliz: o empresário atendido, o lobista comissionado e a autoridade "presenteada".

Vivemos numa antessala do capitalismo. Demagogias populistas, a maioria, mas não só, à esquerda, são triviais da academia às cortes superiores, contaminando o debate, como prova o caso do financiamento privado de campanhas.

A esperança poderia estar na política, mas aí você olha e vê o vazio.

Cristovam Buarque - É a educação, gente!

• Caminhamos para uma decadência histórica

- O Globo

O debate político brasileiro está dominado por duas visões maniqueístas: uns não percebem os custos institucionais da derrubada de uma presidente eleita, mesmo dentro da Constituição, nem os riscos dos anos seguintes, mesmo com novo presidente; outros ignoram o esgotamento da credibilidade do atual governo e sua presidente, desmoralizada por falsas promessas, incompetência na gestão da economia e contaminação pela corrupção ao redor. Ambas visões não percebem os riscos de o Brasil ingressar em um período de decadência, seja em função da continuidade de um governo que já nasceu condenado por seus erros, seja devido a um governo com um nome novo mas sem novidade para os rumos do Brasil.

Este debate imediatista está custando ao Brasil não enfrentar os grandes desafios de um país que, mais uma vez, perde a chance de usar seu maior recurso, sua população educada, para fazer-se uma nação eficiente, justa, democrática, com protagonismo no cenário mundial.

No lugar de avançar, entendendo a realidade do mundo global (economia baseada no conhecimento, limites ao crescimento, cooperação entre setores público e privado, fontes alternativas de energia, responsabilidade fiscal), continuamos no velho modelo — protecionismo fiscal à indústria, desprezo à inovação, consumo em vez de poupança e investimento, ocupação depredadora do território, antagonismo entre Estado e setor privado, governos quebrados. Em consequência, no lugar de enfrentarmos a crise, estamos caminhando para uma decadência histórica.

As indicações dessa decadência estão na violência generalizada que já começa a desagregar o tecido social brasileiro; está em uma política sem partidos, sem propósitos, sem ética, onde a juventude não vê políticos como líderes admirados, mas como aproveitadores de recursos públicos; está em uma economia que se desindustrializa, sem dar os passos para um PIB baseado na alta tecnologia, sem competitividade, produtividade e capacidade de inovação; está nas finanças públicas condenadas pela própria Constituição a gigantescos déficits provocados por gastos com o passado: os pobres que não emancipamos, um sistema de aposentadoria insustentável, uma dívida financeira impagável; um país sem recursos financeiros para construir seu futuro.

Cada um destes problemas exige reformas profundas, mas todos eles dependem de educação de qualidade para todos. Por isso, ao assistirmos ao debate atual entre impeachmistas e antiimpeachmistas, vale a pena lembrar o que disse James Carville, chefe da assessoria do então candidato Bill Clinton, ao interromper a discussão entre assessores sobre qual era o principal problema dos EUA: “É a economia, estúpido!”. A continuação ou a interrupção do mandato da presidente Dilma não será suficiente para trazer saída à crise e evitar a decadência, se não entendermos que, para o Brasil: “É a educação, gente!”
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Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

Demétrio Magnoli - Lição de anatomia

- Folha de S. Paulo

Você pode interpretá-las como um material indiciário: nexos e chaves para investigações policiais. Mas, nas declarações recentes de quatro personagens, descortina-se um rico material sociológico: os contornos da estrutura e organização de um sistema de poder.

Dilma Rousseff justificou as "pedaladas fiscais" pelo imperativo de preservar os programas sociais. A Folha evidenciou a inverdade: as "pedaladas" financiaram, principalmente, grandes grupos econômicos. A mentira oficial, um método de governo, não passa de notícia velha. O fato relevante encontra-se na segunda justificativa, oferecida por Jaques Wagner, ministro da Casa Civil: "Cada empresa dessa para a qual foi oferecida uma taxa de juros compatível gerou riqueza e emprego".

Lição de anatomia, parte 1: no capitalismo de Estado, o Orçamento nacional é uma peça de ficção, o nome de um tesouro distribuído seletivamente pelo governo à alta burguesia. A santa aliança entre os donos do poder e os donos do capital legitima-se por gerar "riqueza e emprego". Odebrecht, JBS e Eike Batista, filhos diletos do BNDES, são os instrumentos do desenvolvimento do país.

Do poderoso ministro a um especial ex-ministro, Gilberto Carvalho, o mais íntimo assessor de Lula. Depondo à Polícia Federal no âmbito da Operação Zelotes, que apura o "comércio" de medidas provisórias em benefício do setor automotivo, Carvalho reconheceu a proximidade entre Lula e Mauro Marcondes, preso sob acusação de "negociar" a MP 471, editada pelo ex-presidente. Depois, produziu uma tese singular sobre as relações entre governantes e lobistas: "A malandragem é deles [lobistas] que, na hora de vender para as empresas podem falar que precisaram pagar propinas. Quando você recebe as pessoas, não sabe o que elas vão fazer com aquilo".

Lição de anatomia, parte 2: o capitalismo de Estado é um capitalismo de máfias. A porta do palácio está sempre aberta aos lobistas, que são antigos conhecidos dos governantes e, em certos casos, como o de Marcondes, parceiros de negócios de um filho do ex-presidente. Mas, nessa interação, oculta-se uma desigualdade de natureza moral: as autoridades políticas miram o bem da nação, enquanto seus interlocutores, os lobistas, concentram-se no vil metal. Lula, o bom selvagem, é puro, casto e tolo. Marcondes, lobo em pele de cordeiro, é infame, astuto e safo.

Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves. O Instituto Lula negou que o ex-presidente tenha atuado como intermediário de empresas, "antes, durante ou depois de seu governo". O delator Fernando Baiano afirmou que pagou propina a José Carlos Bumlai pela intermediação de uma visita do presidente da Sete Brasil a Lula consagrada à inclusão da OSX num negócio com a Petrobras. Bumlai, "amigo de festa, de almoço, de aniversários" do ex-presidente, confirmou o encontro e, claro, desmentiu a propina. Calúnia: Baiano, que ele conhecia apenas superficialmente, "fiquei até surpreso", transferiu-lhe R$ 1,5 milhão, mas como empréstimo, contabilizado na pessoa física, usado para despesas da pessoa jurídica e jamais quitado.

Lição de anatomia, parte 3: o capitalismo de Estado é um capitalismo de favores e privilégios. No seu universo de amigos, acasos e almoços, os comensais são empresários ou lobistas, ou empresários-lobistas, inclusive os filhos do operário-presidente, que aprenderam as artes burguesas do empreendedorismo.

Rui Falcão, presidente do PT, qualificou a operação policial no escritório de Luis Cláudio, filho de Lula, como "perseguição" contra Lula conduzida em caviloso conluio do Ministério Público, do Judiciário, da Polícia Federal e de "setores da mídia". Lição de anatomia, conclusão: o capitalismo de Estado não convive bem com as instituições da democracia. Na hora da crise, precisa da couraça protetora de um regime autoritário.

Míriam Leitão - Cenário opaco

- O Globo

Faltam nove semanas para 2015 acabar. É nesta época que as empresas fazem seus orçamentos para 2016. A maioria já está vivendo o ano que vem. Mas o que elas estão vendo é um mar de incertezas. As previsões de recessão e inflação vêm piorando, e novos impostos estão sendo criados. A falta de clareza atrapalha o desempenho da economia. O ano que vem ainda é um ilustre desconhecido.

Oano está acabando e não é possível saber, por exemplo, qual será o buraco fiscal de 2015. Nesta semana, a equipe econômica apresentou uma nova meta, que ainda precisa ser aprovada. O rombo pode superar R$ 100 bi se as “pedaladas” do primeiro mandato forem pagas agora. O que se sabe na última semana de outubro, é que o déficit primário do ano pode ser de 0,85% do PIB ou o dobro. Para as contas de 2016, a indefinição faz muita diferença.

Sem capacidade de previsão, os empresários ficam mais cautelosos e aí investem menos. Na projeção da Go Associados, o investimento, que deve recuar 13% em 2015, vai cair mais 6% em 2016 e ficar estagnado em 2017. Nesses cálculos, o consultor Gesner Oliveira leva em conta a implantação de parte do Programa de Investimento em Logística, que depende da agilidade do governo. Se o projeto não vingar, o problema pode ser maior. Nesse cenário, as empresas se retraem.

— A incerteza aumentou. Até 2013, as projeções para o ano seguinte eram mais estáveis. Agora, é diferente. As probabilidades mudam de forma mais frequente. O conjunto de cenários possíveis também sofre variações. Surgem alguns que nem sequer eram considerados meses atrás, como uma volta à política econômica do primeiro mandato —, conta o consultor.

A incerteza tem efeito generalizado na economia. As medidas do ajuste fiscal não avançam. Os empresários estão planejando o ano que vem, mas o governo não. A OKI Brasil, empresa de serviços de automação, está montando o orçamento de 2016. Wilton Ruas, diretor-geral da companhia, classifica a tarefa como “extremamente complicada”.

— Um ponto que atrapalha muito é a inflação. Ela reajusta várias despesas. Muitos contratos são atualizados com base nela, que também corrige os salários. O país precisa de uma meta inflacionária de fato. Quando o governo fala que vai buscar a meta e não consegue, tem consequências no orçamento das empresas —, conta Ruas.

A projeção para o IPCA de 2016 sobe há 12 semanas no relatório Focus. A OKI se reporta à matriz, no Japão. Com as variáveis mudando tão rapidamente, cresceu a demanda por relatórios da filial.

— É complicado explicar para quem não está aqui. As variáveis mudam rápido no Brasil, e as regras são trocadas no meio do jogo. São várias frentes. Na estrutura tributária, há novidades que vão desde o custo da folha de pagamento até a elevação do PIS/Cofins para produtos de tecnologia. A volta da CPMF talvez seja aprovada. A falta de previsibilidade dos impostos é o que mais atrapalha o planejamento —, conta Ruas.

O dólar reflete as incertezas, mas a volatilidade piora tudo. A alta da moeda tem afetado importadoras como a OKI, que traz de fora cerca de 60% de seus insumos. O risco de errar e perder competitividade é grande. Os contratos, conta Ruas, são longos. Um preço mal calibrado pode trazer sequelas. Com a receita já definida, ele se equilibra mexendo nas variáveis que controla. A revisão de despesas tem sido crítica.

Os contratos estão sendo renegociados. Os maiores clientes da OKI são bancos e redes de varejo, dois setores muito impactados pela alta do desemprego. Nesta semana, o IBGE divulgou que a taxa subiu para 8,7% no trimestre encerrado em agosto.

A Toledo, fabricante de balanças, demitiu em 2015. Mas a companhia continua investindo em pesquisa e desenvolvimento cerca de 4% do que fatura. Produtos mais modernos reduzem as perdas dos clientes. Ela quer aproveitar o movimento de corte de gastos.

— Os clientes querem reduzir seus custos. Ainda que não estejam crescendo, trocam equipamentos mais antigos por novos para ter menos paradas, menos manutenção e mais segurança —, conta Paulo Haegler, presidente da Toledo.

Mesmo com as dificuldades, os empresários percebem as chances do país no longo prazo. No curto prazo, no entanto, a incerteza está paralisando os planos. Este é o risco Brasil da economia real.

PT aposta na confusão moral – Editorial / O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff disse recentemente, em tom indignado, que seu governo estava sendo atacado por “moralistas sem moral”, isto é, políticos sujos cujas biografias desautorizariam qualquer forma de acusação ou de crítica e que só lhe assacam crimes que eles mesmos cometeram, com o único objetivo de dar um golpe e tirá-la do poder. É assim o modo petista de agir: quando companheiros são pilhados em delitos capazes de embaraçar até mesmo o mais crédulo dos militantes, os figurões do partido tentam virar o jogo, apostando na confusão moral, imputando a seus adversários os mesmos desvios éticos de que os petistas são acusados. Assim, tentam minimizar a roubalheira generalizada que o País hoje testemunha, fruto de inédito projeto de pilhagem do Estado para a manutenção do poder.

Essa estratégia está em pleno curso. O mais recente movimento foi feito na segunda-feira, quando o PT entrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Ministério Público Eleitoral com um pedido para que se investiguem suspeitas de irregularidades na campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência em 2014.

Alega o partido que 2.397 recibos eleitorais da campanha do tucano, ou quase 80% do total, continham alguma irregularidade. Aponta também que há indícios de caixa 2, uso irregular do Fundo Partidário, exploração do trabalho de servidores públicos lotados no gabinete do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e contratação irregular de funcionários, entre outros problemas. O PT quer que Aécio e os demais tucanos envolvidos sejam punidos por crime eleitoral e por improbidade administrativa.

O TSE ainda não apreciou as contas da campanha de Aécio porque técnicos do tribunal pediram esclarecimentos. Os tucanos entregaram retificações em agosto e alegaram, na ocasião, que os problemas eram apenas formais e já foram sanados. Para o PT, os recibos supostamente irregulares têm de ser auditados pela Receita Federal e pelo Tribunal de Contas da União.
Nem se discute se devem ou não ser investigadas eventuais irregularidades cometidas pelos tucanos na campanha. É evidente que o Judiciário é capaz de averiguar a lisura da prestação de contas de Aécio e de qualquer outro candidato - e, caso conclua que houve algum crime, que aplique a punição adequada, nos termos da lei.

Mas não é de justiça que o PT quer tratar. Ao contrário: a tática diversionista objetiva exclusivamente disseminar a falsa tese de que, se o dinheiro que irrigou a campanha petista é ilegal, o dinheiro que financiou a dos tucanos também é.

Não é por outra razão que a decisão do PT de questionar a campanha tucana no TSE se deu três semanas depois que o tribunal resolveu dar continuidade a uma ação em que o PSDB pede a cassação do mandato de Dilma e do vice-presidente, Michel Temer (PMDB). Entre outras coisas, os tucanos acusam a campanha petista de ter sido financiada por doações eleitorais que, na verdade, eram fruto de propinas pagas por empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobrás.

Os petistas querem fazer acreditar, portanto, que os recursos utilizados pelos tucanos não se diferenciam dos milhões desviados dos cofres da Petrobrás para bancar o palanque do PT e de seus comparsas. De acordo com essa lógica, se todos roubam, não existem ladrões. A diferença, alegam os ideólogos do partido, é que o PT aceitou o jogo da corrupção porque seria a única forma de chegar ao poder para implementar seu redentor projeto de justiça social. É a reedição do cínico bordão “rouba, mas faz”.

Quando era o partido que se dizia campeão da ética, o PT especializou-se em moer reputações alheias, para surgir como alternativa a “tudo o que está aí”. Agora, usa sua expertise para nivelar a tudo e a todos ao rés do chão, para que no final ninguém consiga diferenciar criminosos de inocentes. Felizmente, como têm demonstrado a Justiça e a polícia desde o escândalo do mensalão, as instituições do País são plenamente capazes de colocar as coisas em seu devido lugar.