terça-feira, 8 de setembro de 2015

Dilma e Temer têm encontro protocolar e pouco conversam

• Dos 7 ministros do PMDB, 1 foi ao desfile; petistas minimizaram ausências

Catarina Alencastro e Cristiane Jungblut - O Globo

- BRASÍLIA- Um beijinho ao chegar no palanque e poucas palavras. O encontro da presidente Dilma Rousseff com o vice Michel Temer durante o desfile do 7 de Setembro foi protocolar. O clima meramente formal entre a petista e o presidente do PMDB ficou evidente não apenas pela linguagem corporal dos dois, ao longo das quase duas horas em que permaneceram lado a lado assistindo à apresentação militar, mas também pela ausência de ministros peemedebistas. Dos sete ministros da legenda, apenas um compareceu: Hélder Barbalho, da Pesca.

Até sexta- feira, Michel Temer não havia definido se iria ao 7 de Setembro. Durante o fim de semana, no entanto, o vice decidiu comparecer para explicitar a imagem de que não está rompido com a presidente. Ele chegou a Brasília no fim da tarde de domingo. Ontem, depois de acompanhar o desfile ao lado de Dilma, o vice foi para o Palácio do Jaburu, sua residência oficial, e não falou mais com a presidente.

Ministros petistas tentaram minimizar as ausências de peemedebistas e o distanciamento da presidente e seu vice durante o evento. Temer foi o primeiro a beijá- la, logo que Dilma desceu do Rolls- Royce que a levou ao palanque. Mas, depois disso, os dois só conversaram duas vezes ao longo do desfile, ambas rapidamente. Primeiro, Dilma dividiu com ele o programa da apresentação e eles trocaram algumas palavras. Depois, ela comentou com o vice algo sobre a pirâmide humana que o batalhão de polícia do Exército de Brasília formava sob a arquibancada onde estavam.

Ao lado de Temer, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, intercedeu algumas vezes, puxando os dois para uma conversa. Dilma, no entanto, parecendo ignorar o vice, passou o braço por cima dele e cutucou Wagner para comentar algo.

Após o desfile, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, não quis polemizar sobre a relação de Dilma com Temer, afirmando que o vice é leal e comprometido com o governo.

— A relação é boa. O vice soltou uma nota muito firme, muito explícita de qual é a sua postura em relação ao governo e à presidente Dilma e o respeito que o presidente Temer tem à institucionalidade do país. Tem tido ao longo de todos esses anos a postura de compromisso, lealdade e diálogo com o conjunto das forças políticas que integram o governo — declarou.

Ao lado da presidente estavam também dois ministros que estão sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal: Edinho Silva ( Comunicação Social) e Aloizio Mercadante ( Casa Civil). Edinho disse que Temer é o símbolo da união do PT com o PMDB e que a relação do governo com o seu maior aliado é honesta e transparente.

— ( Temer) tem sido muito correto com a presidente Dilma, muito leal e tem trabalhado muito para a construção de um ambiente político para que o Brasil supere as dificuldades e que a gente volte a fazer a economia crescer o mais rapidamente possível — afirmou Edinho.

Dos sete ministros do PMDB, não compareceram Katia Abreu ( Agricultura), Eduardo Braga ( Minas e Energia), Henrique Eduardo Alves ( Turismo), Eliseu Padilha ( Aviação Civil), Mangabeira Unger ( Secretaria de Assuntos Estratégicos) e Edinho Araújo ( Portos). Também não estavam presentes os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), e do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL).

“Clima bom para melhorar”
Jaques Wagner foi ainda mais longe na defesa da relação com o PMDB. Tentando cumprir o papel de bombeiro, o ministro saiu em defesa até da afirmação feita por Temer no fim da semana passada de que seria difícil Dilma resistir a mais três anos de governo com uma popularidade tão baixa.

— Pessoalmente, não tenho constrangimento e continuo assinando embaixo das declarações dele. (...) As pessoas quiseram dar conotação diferente. A fala dele foi o óbvio. Se alguém lhe pergunta: é tranquilo ter 7%. 8% de popularidade? Não, não é — disse o ministro, acrescentando:

— É óbvio que nós, todas as pessoas que estão no governo, estamos trabalhando para que a popularidade e a aceitação do governo cresça. Ninguém acha bom ter 7%,8%, 9% ( de popularidade). Tenho certeza de que dá para terminar ( o governo), porque já, já a gente começa o processo de recuperação.

Ao ser perguntado como estava o clima entre o PMDB e o governo, o ministro brincou:

— Acho que ( o clima) está bom para melhorar.

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