sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Para entidades empresariais, reedição da cobrança é absurda

Por Tainara Machado e Fábio Pupo – Valor Econômico

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Entidades representativas da indústria, comércio e serviços se manifestaram contra o retorno da CPMF. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou como "absurda" a possibilidade de reedição do tributo. A CPMF, segundo a confederação, reduziria ainda mais a capacidade de concorrência do setor produtivo brasileiro e iria na contramão das economias mais competitivas do mundo.

A CNI ainda argumenta que a medida poderia aumentar o desemprego e não é o melhor caminho para retomar o equilíbrio das contas públicas. José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), diz que o ajuste deve ser feito por meio de corte de despesas e que a entidade é contra qualquer elevação de tributos, o que desestimularia o setor produtivo. "Nós da Fiesp vamos sair na frente, nesta reação à CPMF", disse Paulo Skaf, presidente da entidade. "Se for necessário haver uma reação forte também contra os governos estaduais que apoiarem a criação de novos impostos, haverá", completou.

Para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a volta do tributo vai onerar as empresas em um momento difícil da economia, com inflação e desemprego em alta e elevada taxa de juros. "É um total retrocesso na economia do país", disse Kelly Carvalho, assessora econômica da entidade. O presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese, disse que "é uma loucura criar novo imposto no Brasil em um momento de crise e fragilidade das empresas".

Mesmo sem a volta da CPMF, a estrutura tributária atual é queixa da indústria. Pesquisa da CNI com 2.622 empresas mostra que o número de tributos no país é a característica mais criticada pelos entrevistados. Para 90% das empresas ouvidas, o número de impostos é um aspecto ruim ou muito ruim. Os entrevistados afirmam ainda que ICMS, Cofins e contribuições previdenciárias são os que mais afetam negativamente a competitividade. Para 70% das empresas, o PIS e a Cofins precisam ser aperfeiçoados. Para 71%, o ICMS também deve passar por mudanças e a prioridade é a unificação de alíquotas entre os Estados.

Depois do excesso de impostos, a falta de simplicidade do sistema tributário é a que mais recebe avaliações negativas - de 85% dos entrevistados. A avaliação negativa aumenta quanto maior é o porte da empresa. No caso das empresas integrantes do Simples - regime de pagamento unificado de impostos -, as avaliações a respeito da complexidade melhoram. Mesmo assim, diz a CNI, são negativas. (Com Folhapress)

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