quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Aécio nega divisão interna no PSDB sobre desfecho da crise política no país

• Presidente do PSDB também repeliu acusações de que a oposição esteja agindo para agravar o cenário político

Por Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, após reunião com dirigentes dos 27 diretórios estaduais, negou que haja divergências internas no partido sobre os desfechos da crise política e econômica para a presidente Dilma Rousseff. Segundo o tucano, tanto ele quanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; e o senador José Serra (SP), concordam que qualquer saída deverá se dar pelas vias constitucionais.

— Essas divergências em relação ao que pensa o governador Alckmin, eventualmente até o Serra e o Aécio, eu vejo muito na imprensa, não vejo nas nossas conversas. Inclusive, estivemos ontem em Recife, e há uma grande concordância entre nós. Não cabe ao PSDB decidir se essa ou aquela é a melhor saída. Cabe ao PSDB dizer quais são as alternativas possíveis, inclusive a da própria permanência da presidente, se ela readquirir as condições de governabilidade. Muitos dos seus aliados, e gente do próprio PT, acham que isso não é mais possível, como nós vimos, inclusive, em entrevistas com pessoas de representatividade, como o Frei Betto, por exemplo — disse Aécio.

Ele explicou que existem as saídas via Parlamento, a partir de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), e a via Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Aécio, qualquer uma dessas possibilidades, seja via TCU e uma votação pelo Congresso Nacional, seja via TSE, com a cassação do diploma, dependem desses órgãos.

— Não precipitamos cenários, não escolhemos cenários. É uma grande bobagem achar que essa saída interessa a A ou B ou a C dentro do partido. O que fez o PSDB foi dizer que, para nós, qualquer que seja o desfecho tem que se dar dentro daquilo que prevê a Constituição — completou Aécio.

Na reunião com os dirigentes estaduais, Aécio leu a nota que divulgou para responder ao discurso feito pela presidente Dilma ontem, no Maranhão, dizendo que as pessoas não podem investir no “vale tudo” e que precisam colocar os interesses do Brasil acima dos interesses pessoais.

— O Brasil assistiu em 2014 ao maior vale tudo da nossa história. Empresas públicas se subordinando ao interesse da candidatura presidencial. A mentira, o engodo, o falseamento de números e o adiamento da tomada de medidas de interesse da população única e exclusivamente para vencer as eleições. Quem não pensou primeiro no Brasil foi a presidente da República e o seu partido que pensaram exclusivamente nas eleições. E a conta agora chega muito salgada principalmente para aqueles que menos tem. Com desemprego crescendo, com inflação em torno de 10%, os juros na estratosfera e uma perda de renda dos trabalhadores, a maior dos últimos 20 anos — declarou Aécio.

O presidente do PSDB também repeliu acusações de que a oposição esteja agindo para agravar a crise no país. Disse que os partidos da oposição atuam com responsabilidade para que o país possa sair “dessa crise dramática” criada pelo governo da presidente Dilma, mas que a responsabilidade maior hoje de superação da crise é do PT.

— Estamos assistindo a algo absolutamente inacreditável. A presidente da República, em determinados pronunciamentos, e setores do governo, querem responsabilizar a oposição pelo agravamento da crise. Essa crise é obra deste governo, é obra consciente da presidente da República porque não tomou, no ano passado, mesmo tendo consciência do seu agravamento, as medidas que poderiam minimizar os seus efeitos para a população. Preferiu vencer as eleições, e agora paga o altíssimo preço de ser uma presidente sitiada, uma presidente que, para participar de um evento público, só pode ir - como aconteceu no Maranhão - com uma claque organizada, onde aqueles que não concordam com o governo não podem participar — contra atacou Aécio.

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