terça-feira, 11 de agosto de 2015

Aécio: ‘ Não cabe ao PSDB escolher o melhor desfecho para a crise’

• Em homenagem a Campos, oposição evita apoiar tese de impeachment

Júnia Gama – O Globo

RECIFE- Uma semana após o PSDB defender no Congresso a realização de novas eleições, os principais presidenciáveis tucanos, o senador Aécio Neves ( MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tentaram ontem distanciar o partido de uma solução para a crise política e econômica que vive o governo Dilma Rousseff. Em evento para homenagear o ex-governador Eduardo Campos, morto em agosto do ano passado, tanto Alckmin quanto Aécio evitaram a defesa do afastamento de Dilma.

Ao GLOBO, Aécio defendeu que o PSDB não deve ser “protagonista” no processo de desgaste do governo e deve concentrar seus esforços na blindagem às instituições que estão levando adiante a “depuração” na política, como o Ministério Público e a Polícia Federal. Após o evento, em entrevista, o senador afirmou que não cabe ao partido escolher o “melhor desfecho” para a crise.

— Não cabe ao PSDB escolher qual o melhor desfecho para essa crise, até porque as alternativas que estão colocadas não dependem do PSDB. Seja a continuidade da presidente, seja a discussão na Câmara dos Deputados da questão do impeachment, seja a questão do TSE, o papel do PSDB é garantir que as instituições funcionem na sua plenitude — disse.

Alckmin defendeu o aprofundamento das investigações das denúncias de corrupção no governo, mas descartou a tese de afastamento da presidente.

— Essa questão de impeachment não está colocada neste momento, não há nenhuma proposta hoje de impeachment no Congresso Nacional. O que precisa agora é investigar, investigar e investigar e cumprir a Constituição. (...) Só existirá nova eleição se anular a eleição passada, isso hoje não é discutido. O que nós precisamos é passar a limpo a roubalheira, e o país crescer. Não é possível o país ter 2% de PIB negativo — afirmou.

A ex-senadora Marina Silva, que também prestou homenagem a Campos, fez um discurso conciliatório, destacando a necessidade de se ter uma “agenda conjunta” para superar os momentos difíceis. ela deverá deixar o PSB.

— Acima de nós está o Brasil, a democracia, nossa Constituição, 200 milhões de brasileiros que querem um Brasil melhor. Temos que ter a humildade, cada um de nós aqui, de compreender que, em momentos difíceis, as respostas não estão individualmente com nenhum de nós, mas entre nós. É preciso que se juntem para uma agenda em que o Brasil esteja em primeiro lugar — disse Marina.

Os discursos de quase todos os presentes ressaltaram que o Brasil passa por um momento de crise política e econômica e citaram a necessidade de superação desse cenário. Os políticos, no entanto, evitaram fazer do evento um palanque partidário contra ou a favor do governo. Somente após a homenagem, em entrevistas, os tucanos atacaram o governo Dilma.

Único representante do governo no evento, o ministro Jaques Wagner, em linha com o que Dilma disse no Maranhão, afirmou que é preciso colocar “o interesse do país na frente”.

— Nós temos o ideal de construir o Brasil que todos queremos: da inclusão social, da democracia, do respeito às diferenças, da prosperidade. E vamos construir, com altos e baixos, com divergências que são super bem-vindas na democracia, senão não teríamos a propulsão da caminhada, que é o debate entre os diferentes, mas sempre colocando o que é fundamental, o interesse do país na frente — disse.

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