sexta-feira, 3 de julho de 2015

Colaborador afirma que Odebrecht pagou us$ 4,8 milhões de propina

Tiago Dantas – O Globo

• Comissões teriam sido pagas no exterior; empreiteira nega

CURITIBA - O Ministério Público Federal (MPF) acusa a Odebrecht de utilizar contas bancárias sediadas em paraísos fiscais no exterior para pagar cerca de US$ 4,8 milhões de dólares em propinas distribuídas a três ex-diretores da Petrobras entre 2007 e 2010. Os procuradores chegaram ao montante analisando documentos fornecidos pelo delator Rafael Ângulo, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef. Ambos foram presos pela Operação Lava-Jato.

Teriam sido beneficiados pelos pagamentos, de acordo com a investigação, o ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e o ex-gerente Pedro Barusco. Em documento protocolado ontem na Justiça Federal, o MPF não relaciona os pagamentos a contratos mantidos entre Petrobras e Odebrecht.

Ângulo já havia contado aos procuradores que, a mando de Youssef, levava para o ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar o número das contas onde deveriam ser feitos os depósitos. Em troca, ele pegava de volta documentos que comprovavam o pagamento, chamados Swifts . Alexandrino participava dessas reuniões, segundo a acusação do MPF, a mando do presidente da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht, que foi preso no último dia 19.

Foi a partir da apreensão desses recibos que a força-tarefa da Lava-Jato pode chegar a três empresas estabelecidas em Antígua e Barbuda, no Caribe, e que seriam utilizadas pela Odebrecht para fazer pagamentos ilícitos: Trident Inter Trading, Klienfeld Services e Intercorp Logistics. Foram rastreados 20 depósitos a contas mantidas também no exterior por Duque, Paulo Roberto e Barusco.

Os procuradores utilizam o relatório das contas bancárias para justificar o pedido à Justiça para manter presos preventivamente quatro executivos da Odebrecht. Além de Marcelo e Alexandrino, também estão na carceragem da PF de Curitiba Rogério Araújo e Márcio Faria. Segundo o MPF, se estivessem soltos os executivos poderiam movimentar as contas e dificultar o rastreamento do dinheiro.

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