terça-feira, 16 de junho de 2015

Milton Coelho da Graça - Tribunais de Contas não podem ser cupinchadas

Os tribunais de contas necessitam de uma faxina geral. Não podem ser indicados para um cargo perpétuo através de acertos políticos. Houve um caso famoso no Rio de Janeiro. A maioria dos vereadores queria se livrar do colega Maurício Azedo (foi depois presidente da ABI) porque ele não participava das tramóias. E aí se livraram dele, escolhendo-o para o Tribunal de Contas da cidade.

Mas esse foi um caso raro. A regra geral é escolher como um prêmio ao “coleguismo”.

Editor-chefe recente do Jornal dos Sports fui pleitear ao Secretário de Esportes da Prefeitura o patrocínio de um campeonato de esporte amador. Ele concedeu uma pequena verba e, meses depois, voltei lá e pedi apoio para outra competição amadora.

A resposta foi de franqueza assustadora: “Olha, Milton, você até hoje não trouxe os 35% de praxe que o jornal sempre trouxe para o ex-Secretário e, depois, pra mim.”

O ex-Secretário, eleito vereador, já havia sido escolhido pelos novos colegas para o Tribunal de Contas do município. E, bom cupincha, ensinara ao sucessor como “administrar” a Secretaria de Esportes.

Agora, Elio Gaspari, em sua excelente coluna publicada por vários jornais, conta como a filha do presidente do TC municipal do Rio, Thiers Montebello, já estava sendo nomeada para conselheira do TC do Estado do Rio - num processo super-rápido: em menos de uma semana, o governador Pezão assinou a nomeação, a Assembléia sabatinou e aprovou a moça. Que só ainda não está no cargo porque o Procurador da instituição está pedindo exame mais cuidadoso de todo o processo – a mãe da moça também trabalha na fiscalização.

O erro não é o excesso de camaradagem ou zelo familiar. É o processo de escolha que devemos mudar. E não pode ficar só nas mãos dos políticos. A seleção tem de também passar por outros órgãos de representação da cidadania.

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