segunda-feira, 25 de maio de 2015

Temer cobrará do Planalto adesão do PT ao ajuste fiscal

• Com receio que governo seja derrotado no Senado, vice e articulador político pediu encontro com Dilma hoje

Articulador político do governo, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) vai cobrar que o Palácio do Planalto enquadre o PT na votação das medidas do pacote fiscal, que têm uma semana decisiva no Senado.

Temer pediu uma conversa hoje com a presidente Dilma Rousseff, na qual vai questionar, segundo disse a interlocutores, "para onde o governo deseja ir, para o lado do PT ou do ajuste fiscal".

O vice teme derrota na votação de medidas provisórias que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários —aprovadas na Câmara.

Temer dirá a Dilma que nãodápara exigir que a base aliada aprove as medidas sem ter o apoio do PT, que na semana passada reagiu contra as propostas, forçando o adiamento das votações no plenário do Senado.

Além do vice, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) também manifestou no fim de semana insatisfação com o rumo das votações.

As medidas precisam ser aprovadas nesta semana, sob a pena de caducarem.

Levy, que na última sexta faltou ao anúncio do corte de R$ 70 bilhões no Orçamento e gerou mal-estar no Palácio do Planalto, está preocupado com a desidratação das medidas do pacote fiscal.

O ministro segue, porém, defendendo Dilma e Temer nos bastidores.

Temer cobra apoio do PT a medidas do ajuste fiscal

• Vice-presidente pede empenho do Planalto para dobrar resistência de petistas

• Medidas que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários vão caducar se não forem aprovadas pelo Senado

Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer, principal articulador político do governo, vai cobrar do Palácio do Planalto empenho para garantir o apoio do PT às medidas do pacote fiscal, que terão uma semana decisiva no Senado.

Temer, que preside o PMDB, pediu uma conversa nesta segunda-feira (25) pela manhã com a presidente Dilma Rousseff. Segundo relatou a interlocutores, ele pretende saber "para onde o governo deseja ir, para o lado do PT ou do ajuste fiscal".

Amigos do vice-presidente dizem que ele teme o risco de o governo sair derrotado das votações previstas para esta semana, quando o Senado analisará as medidas provisórias 664 e 665, que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários e já foram aprovadas pela Câmara.

Na conversa com Dilma, antes de ela embarcar em viagem oficial ao México, Temer pretende expor as dificuldades que encontrará para exigir o apoio dos demais partidos da base governista se o PT não se comprometer com as medidas do ajuste fiscal.

Na semana passada, petistas criticaram publicamente as propostas, forçando o adiamento das votações no plenário do Senado. Dois senadores do PT apoiaram um manifesto contra as medidas, e um deles, Lindbergh Farias (RJ), defendeu a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Neste domingo, Temer desabafou numa de suas conversas: "Quando vejo o PT trabalhando contra o ajuste, eu me pergunto se isso é coisa só do PT ou conta com o apoio de setores do governo".

Um dos interlocutores do vice-presidente disse à Folha que ele quer "informação segura" da presidente sobre o caminho a adotar nas votações, para não ser culpado depois por uma eventual derrota como articulador político.

Assessores do vice-presidente relatam ainda que ele ficou contrariado por não ter sido chamado para a reunião realizada na última sexta (22) em que Dilma discutiu a situação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros que também atuam na articulação com o Congresso.

Segundo o assessor, Temer recebeu informações de que ali se debateu a condução da votação do ajuste fiscal, com alguns participantes defendendo concessões ao PT. O vice-presidente acha que o debate não deveria ter ocorrido sem sua participação.

Sinais contraditórios
O ministro Joaquim Levy também manifestou no fim de semana insatisfação com o rumo das votações das medidas provisórias do pacote fiscal, que vão caducar e perder seus efeitos se não forem aprovadas até o fim desta semana.

Levy, que na sexta-feira faltou ao anúncio do corte feito no orçamento do governo federal para este ano e causou mal-estar no Palácio do Planalto, está preocupado com a desidratação das medidas que o Senado irá votar, que não deverá render mais do que R$ 5 bilhões dos R$ 18 bilhões previstos inicialmente.

Levy teme que as mudanças feitas pelo Congresso nas medidas tenham impacto negativo nas expectativas do mercado, adiando a recuperação da atividade econômica.

Na opinião do ministro da Fazenda, todo mundo estava preparado para apertar cintos acreditando na mensagem de austeridade do governo, mas os sinais contraditórios emitidos pelos petistas lançou dúvidas sobre o compromisso do governo com as medidas.

Em suas conversas nos bastidores, o ministro Levy segue defendendo Temer e a presidente Dilma, que descreve como a "campeã do ajuste". Mas ele se queixa das negociações em tomo do projeto que reduz benefícios da desoneração da folha de pagamento, elevando alíquotas da contribuição que várias empresas pagam sobre o faturamento.

Na sexta-feira, o governo anunciou corte de R$ 70 bilhões no orçamento previsto para este ano, que tinha sido inflado pelo Congresso. Mesmo que o corte ocorra, as despesas do governo devem superar as do ano passado.

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