sexta-feira, 8 de maio de 2015

Roberto Freire - O tamanho da crise

Ao contrário do que fazem crer os áulicos do PT e defensores do atual governo, a grave crise econômica do país ainda não chegou ao ápice. Como se já não bastasse sofrer com o desemprego, a inflação e o endividamento das famílias, o brasileiro também vê diminuir o seu poder de compra, em uma trajetória que está na contramão daquilo que acontece em países emergentes de diferentes regiões do mundo.

Segundo dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional com base no PIB per capita dos países, o poder aquisitivo dos brasileiros recuou em 2014 pela primeira vez em três anos. A chamada Paridade do Poder de Compra (PPC) é calculada em relação à renda americana, que serve como referência para comparações globais. O índice do Brasil, que em 2011 havia ultrapassado o patamar de 30% do nível americano pela primeira vez desde o fim da década de 1980, recuou levemente para 29,5% no último ano.

De acordo com o levantamento, o nível de renda do Brasil tem avançado bem menos que o de países como Chile, Uruguai, Coreia do Sul, Taiwan, Polônia e Estônia, só para citar exemplos de outros emergentes. É importante lembrar que a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada em abril pelo IBGE já havia apontado um recuo de 2,8% no rendimento médio dos trabalhadores entre fevereiro e março. Se compararmos com 2014, esse percentual chega a 3%, a maior queda em 11 anos.

O país vem pagando a fatura pela irresponsabilidade dos governos de Lula e Dilma Rousseff nos últimos 12 anos, sobretudo na área econômica. Ao desprezar um projeto nacional de desenvolvimento, descuidar da política industrial e optar pelo incentivo ao consumo exacerbado, pois isso lhe dava popularidade, o governo Lula levou as famílias a um endividamento recorde, revelado em levantamento recente da Serasa Experian. Nada menos que quatro em cada dez brasileiros adultos (ou 55,6 milhões de consumidores) estão inadimplentes, impedidos de obter créditos e com dívidas que, somadas, alcançam R$ 235 bilhões. Trata-se do segundo maior patamar de inadimplência desde o início da série histórica do Serasa.

Enquanto a propaganda enganosa do PT fala em “pleno emprego”, o próprio IBGE aponta que mais de 280 mil trabalhadores deixaram seus postos de trabalho no último ano, o que corresponde a um aumento de 23,1% em março em relação ao mesmo mês de 2014. Não deixa de ser emblemático que a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) tenha dado férias coletivas para 8 mil funcionários da linha de produção, alegando que precisava ajustar a produção à baixa procura por veículos novos. Em todo o país, já são mais de 13 mil metalúrgicos afastados pelas montadoras.

Lula e Dilma são os grandes responsáveis pelo panorama sombrio da economia brasileira, cujos indicadores negativos se acumulam a cada dia. A crise é grave e, infelizmente, se aprofundará nos próximos meses, especialmente se o malfadado ajuste fiscal for aprovado da forma como o governo defende. Enquanto o sistema financeiro tem seus interesses atendidos pela política econômica em curso no país, a conta a ser paga recai sobre os ombros da sociedade brasileira. Se a crise não tem fim, a incompetência do PT não tem tamanho.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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