domingo, 31 de maio de 2015

"Reeleição matou uma geração", diz Luiz Carlos Hauly

• Para tucano, instituto privou muitos que tinham condições de chegar ao poder

Maria Lima – O Globo

Há 40 anos na vida pública, o tucano Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) admitiu em sua declaração de voto em plenário, nesta semana, que estava amargamente arrependido de ter apoiado a criação da reeleição na década de 90. Ao ajudar agora a enterrar a possibilidade, ele argumenta que o instituto trouxe enormes malefícios para o país pelo uso abusivo da máquina e por prejudicar uma geração inteira de políticos que deixou de ocupar cargos no Executivo.

Por que o senhor votou pelo fim da reeleição?
Minha avaliação agora é que a reeleição é um instituto para dar certo em países prontos, como os da Europa ou os Estados Unidos. O Brasil é um país em construção, ainda muito precário. Os governantes, no segundo mandato, tendem a se encastelar, ficam num palco de vaidades e se acham no direito de não receber parlamentares, ministros ou prefeitos. Por fim, a reeleição matou uma geração inteira que tinha condições de chegar ao poder. Com uma janela de oito anos, com chances de quem está no comando da máquina eleger o sucessor, perdemos 50% das possibilidades de disputar e ganhar a eleição para esses cargos.

Mas foi o PSDB que articulou a aprovação da reeleição.
Aprovamos por causa da implantação do Plano Real. Mas a História mostrou que isso era muito pouco diante da importância da alternância de poder.

Mas o que impedirá o governante de usar a máquina para fazer seu sucessor?
É diferente quando ele trabalha para se reeleger e para eleger outros. O Ministério Público e entidades de fiscalização da sociedade estão fazendo marcação cerrada. Ninguém vai bancar o bobo de usar a máquina para eleger uma pessoa que não seja ele. Quem vai para a cadeia é ele.

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