terça-feira, 17 de março de 2015

Bernardo Mello Franco - A Lava Jato chegou ao PT

- Folha de S. Paulo

A resposta que as ruas pediram no domingo não apareceu no palavrório da presidente Dilma Rousseff em Brasília. Veio de Curitiba, com a nova leva de denúncias e prisões da Operação Lava Jato.

Os manifestantes concentraram sua ira no PT. No dia seguinte, a investigação chegou ao coração do partido, com a primeira denúncia formal contra o tesoureiro João Vaccari.

O dirigente petista foi acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo os procuradores, ele abastecia o caixa do partido com repasses do esquema de corrupção na Petrobras.

A operação também atingiu outro homem-chave do PT: o ex-diretor Renato Duque, que representava a sigla no loteamento da estatal. Ele foi preso após enviar 20 milhões de euros para contas secretas em Mônaco, de acordo com o juiz Sergio Moro.

A nova fase da Lava Jato ganhou o nome de Que País É Este em homenagem a Duque, que usou a expressão ao ser preso pela primeira vez.

A frase é atribuída a Renato Russo, mas foi criada pelo ex-governador mineiro Francelino Pereira. Ele também é lembrado por definir a Arena, a sigla que apoiava os militares, como o "maior partido do Ocidente".

Esse tipo de bravata não costuma dar sorte. A Arena foi extinta cinco anos antes do regime que ajudou a sustentar. Há quatro meses, o ex-presidente Lula se referiu ao PT como "o maior partido de esquerda do mundo, com exceção da China".

Em 2007, Luiz Flávio Borges D'Urso despontou como líder do movimento Cansei, uma espécie de precursor dos atos deste domingo. Ele parece ter se cansado. Está de volta à cena como advogado de Vaccari.

"A corrupção não está no Poder Legislativo. Está no Poder Executivo." As palavras foram ditas ontem por Eduardo Cunha, um dos 35 legisladores investigados no petrolão.

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