sábado, 7 de fevereiro de 2015

PT aplaude e Lula elogia Vaccari

Vaccari é aplaudido em reunião no PT e defendido por Lula

• Lula ataca imprensa, justiça e a oposição

• Na festa dos 35 anos, Dilma conclama partido a resistir ao ‘golpismo’ dos adversários: Não podemos vacilar’

Tatiana Farah e Thiago Ricci – O Globo

BELO HORIZONTE- Um dia depois de ser conduzido à força para depor na Polícia Federal e acusado de receber US$ 50 milhões de propina no esquema de corrupção da Petrobras, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi aplaudido ontem no encontro do Diretório Nacional do partido, em Belo Horizonte, ao falar sobre o depoimento e afirmar que respondeu todas as perguntas dos policiais, sem deixar nenhuma sem resposta.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também recebeu aplausos de petistas ao defender Vaccari. Em encontro a portas fechadas, Lula pediu apoio ao tesoureiro e, com a ressalva de que pessoas que cometem erros devem pagar, usou o seguinte argumento para afirmar que confia em Vaccari:

- Na dúvida, fique com o companheiro.

Lula classificou o depoimento coercitivo de Vaccari como "repugnante" e conclamou dirigentes a não vacilarem na defesa do partido e do tesoureiro.

As acusações contra o PT e Vaccari constam da delação premiada do ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, na Operação Lava-Jato.

- Se a ficarmos quietos, a sentença já está dada. O PT vai ter que voltar pra luta. Não podemos permitir que quem não tem moral venha dar moral na gente - disse o ex-presidente.

Lula ainda disse aos correligionários ter aprendido que "há situações que não têm sustentação", e acrescentou acreditar que a denúncia do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco é um desses episódios. O ex-presidente disse que não vai "admitir a criminalização das doações privadas ao partido" e acrescentou ter aprendido com o processo do mensalão que o julgamento "é político, não jurídico".

Confiança de Rui Falcão
Vaccari, por sua vez, anunciou que o partido fará corte de gastos. O discurso de Lula vai na mesma linha do que foi dito anteontem pelo presidente do PT, Rui Falcão, que afirmou que sequer perguntaria a Vaccari sobre supostos desvios de recursos porque tem "confiança de que ele nunca colocou dinheiro do bolso".

O deputado Arlindo Chinaglia afirmou que é preciso tomar cuidado com a "eventual exploração midiática" da condução coercitiva do tesoureiro.

- Evidentemente que quando o tesoureiro Vaccari vai depor de forma coercitiva, é preciso ter um cuidado quanto a uma eventual exploração midiática de fatos ruins. É preciso ter cautela - afirmou Chinaglia.

O novo líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que é necessário recompor a base e organizar o partido e a militância. Guimarães também defendeu o ajuste fiscal do governo e afirmou que para isso era preciso dialogar com os movimentos sociais. Esta semana, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que o governo errou e retrocedeu em conquistas trabalhistas.

"O PT está em uma encruzilhada e precisa de mudanças", afirma um texto divulgado durante a reunião do diretório nacional do partido pela segunda maior força da sigla, o grupo Mensagem ao PT, do qual fazem parte o ex-governador Tarso Genro, o ministro José Eduardo Martins Cardozo e os integrantes da Democracia Socialista (DS), como os ministros Pepe Vargas e Miguel Rossetto. O documento acusa a mídia de formar um "cartel" e pede reação dos petistas. Para a Mensagem, a mídia "transformou política em crime".

"Ou aprofundamos o processo de transformação que desencadeamos na sociedade brasileira, produzindo alterações relevantes no sistema político partidário do país e que resultou nos governos Lula e Dilma, ou sucumbimos à moléstia que acometeu as legendas que nos precederam", afirma o texto.

A proposta, que não foi integralmente encampada pelo PT, diz ainda que as autoestimas dos brasileiros e do partido foram "sistematicamente demolidas pelo cartel da mídia conservadora que pretende converter a política em crime". O texto prossegue: "Esse cartel, verdadeiro obstáculo ao avanço da democracia e ao direito à informação, não suporta a altivez que conquistamos com os governos Lula e Dilma diante do mundo".

Fundo partidário menor
Vaccari frisou a necessidade de o partido em economizar recursos. Com 20 deputados a menos que na legislatura anterior, o partido viu encolher a cota do fundo partidário, recurso público do Orçamento da União distribuído aos partidos com base na representação da bancada na Câmara dos Deputados. O PT estima que deve deixar de receber, no mínimo, R$ 1 milhão mensais do Fundo Partidário.

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