sábado, 7 de fevereiro de 2015

Propina na BR distribuidora variava entre 5% e 10%

• Segundo Moro, Mário Goes atuou no esquema até fim de 2014

Cleide Carvalho – O Globo

CURITIBA- A propina cobrada de fornecedores da BR Distribuidora variava entre 5% e 10% do valor dos contratos - que, segundo investigações da Operação Lava-Jato, eram superfaturados para garantir lucro maior às empresas e repasse de "comissões" a diretores da própria empresa e da Petrobras, e a agentes públicos. O modelo da corrupção era o mesmo adotado na matriz: os fornecedores faziam pagamentos a empresas de fachada, por meio de falsos contratos de prestação de serviços, e um operador fazia a distribuição entre os beneficiados. Segundo o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, há provas de funcionamento do esquema na BR até o fim do ano passado.

O esquema na BR foi flagrado na 9ª etapa da Lava-Jato, batizada de My Way, em que 62 mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos pela PF, anteontem. Notas e contratos falsos, firmados com a empresa entre 2013 e 2014, mesmo depois de março, quando foi deflagrada a Lava-Jato, foram apreendidos na Arxo, fabricante de caminhões-tanque e tanques de armazenamento de combustíveis para aeroportos localizada no norte de Santa Catarina.

Entre as 26 empresas alvo de mandados de busca e apreensão quinta-feira, quatro eram ligadas ao operador Mário Goes, que teve prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro. Eram usadas para emitir notas e fechar contratos sem prestar serviços. Goes não foi achado até ontem à noite e é considerado foragido. Segundo a PF, ele atuava na diretoria de Serviços da Petrobras - na distribuição de dinheiro para o ex-diretor Renato Duque e para João Vaccari, tesoureiro do PT -, e na BR Distribuidora. Em despacho, Moro se mostrou inconformado com a atuação de Goes:

"Perturba este juízo a existência de provas de que Mário Goes, na intermediação de propinas, teria atuado para Pedro Barusco e Renato Duque no passado e persistiria atuando (...) agora da Arxo até o final de 2014". A PF chegou a Goes unindo depoimentos de delações premiadas e dados passados voluntariamente por uma ex-funcionária da Arxo.

Em nota ontem à noite, a Petrobras Distribuidora afirmou que "está encaminhando aos responsáveis pelas investigações os documentos referentes à relação comercial com a Arxo Industrial do Brasil Ltda.".

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