sábado, 7 de fevereiro de 2015

Para oposição, interferência do governo continuará

• Líderes ironizam e criticam escolha política feita por Dilma

Adriana Mendes, Cristiane Jungblute e Chico de Gois - O Globo

BRASÍLIA - Para líderes da oposição, o principal motivo que levou a presidente Dilma Rousseff a escolher Aldemir Bendine foi a dificuldade de achar um nome que aceitasse afastar o Planalto dos escândalos da Petrobras.

A proximidade do executivo com o grupo político de Dilma e do ex-presidente Lula, num momento em que a empresa enfrenta sua mais grave crise de credibilidade, causou surpresa aos parlamentares, que defenderam a adoção de um mecanismo que obrigue as indicações para o comando da estatal a passar pelo crivo do Legislativo. E todos oposicionistas lembraram ainda as denúncias que envolvem o ex-presidente do Banco do Brasil.

- Bendine é ligado ao mesmo governo que permitiu que uma quadrilha se instalasse na companhia e que faz o que pode para descredibilizar as investigações do esquema para, assim, blindar a presidente Dilma e Lula. A indicação dele sinaliza também que a interferência do governo na estatal irá continuar - criticou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Assim como Aécio, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), também foi irônico:

- Para substituir a presidente da Petrobras, a exigência maior era escolher alguém da total confiança de Dilma. Ponto. A escolha foi feita.

Os líderes da oposição foram unânimes em criticar a decisão da indicação política, ao invés de um técnico do setor que pudesse recuperar a empresa com independência e credibilidade do mercado.

Ex-líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) ironizou a opção presidencial, afirmando que o novo presidente da estatal "entende tanto de petróleo como a Palmirinha", referindo-se a apresentadora de um programa de TV sobre culinária.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), por sua vez, defendeu que seja aprovado um mecanismo que obrigue essas indicações a passarem pelo crivo da sociedade, via Legislativo. Assim, seria evitada, por exemplo, a ingerência política em um cargo estratégico como a presidência da Petrobras.

- A presidente Dilma pensou: ou explode o Brasil ou explodimos nós. Preferível explodir o Brasil - disse Delgado.

Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse aguardar os desdobramentos e não quis comentar a indicação:

- Prefiro não opinar.

Os partidos começaram ontem a apresentar os nomes que irão compor a CPI da Petrobras na Câmara. O início da CPI se dará após o Carnaval, mas a expectativa é que todos os membros sejam indicados ainda na próxima semana.

CPI: PT quer emplacar relator
O líder do PT, Sibá Machado (AC), disse que irá brigar para emplacar um petista como relator. O nome, no entanto, ainda será definido até segunda-feira. Ontem, o PSD indicou os deputados Paulo Magalhães (BA) e Silas Câmara (AM) como titulares da comissão; o Solidariedade escolheu Paulinho da Força (SP); o PSDB terá o estreante Bruno Covas (SP), além de Izalci (DF) e Otávio Leite (RJ); pelo PR, estarão João Carlos Bacelar (BA) e Altineu Côrtes (RJ), outro estreante na Câmara; e o líder do PROS, Domingos Neto (CE), ligado ao ministro da Educação, Cid Gomes, optou pelo próprio nome para integrar a CPI.

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