domingo, 1 de fevereiro de 2015

Denúncias de Janot devem engessar Casa, prevê Planalto

• Para ministros, desgaste por corrupção na Petrobras vai paralisar a Câmara

• Se as denúncias contra deputados se confirmarem, eles devem ser alvo de processos de cassação

Andréia Sadi – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Após a eleição do novo comando da Câmara dos Deputados, neste domingo (1º), o Palácio do Planalto prevê um presidente da Casa ''engessado'' para tocar pautas prioritárias do governo no Legislativo. O motivo: os desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga o escândalo de corrupção na Petrobras, no Congresso Nacional.

Neste mês, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai indicar todos os políticos que deverão ser investigados por suspeita de participação no esquema de desvio de recursos da estatal.

Um dos principais delatores da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que entre 35 e 40 políticos foram citados por ele em seu depoimento.

A avaliação de ministros ouvidos pela Folha é que, independentemente do vencedor neste domingo, a Câmara estará concentrada em ''trabalhar para dentro'', às voltas com os reflexos das denúncias envolvendo congressistas, e não em atender a demandas externas, como as promessas de Dilma.

Se as denúncias contra deputados se confirmarem, eles devem ser alvo de processos de cassação no Conselho de Ética. Após análise do colegiado, a perda ou não do mandato é submetido a voto.

Por isso, dizem ministros, o plenário da Câmara estará ''paralisado e dominado'' pelo desgaste da Lava Jato, e não com projetos.

Na campanha do ano passado, a presidente Dilma anunciou prioridade para temas que precisam passar pelo Congresso, como a reforma política, emendas contra a corrupção e que atribuem à União responsabilidade pela segurança pública nos Estados. Mas assessores presidenciais creem que essas pautas não vão ser tocadas no tempo previsto pelo Planalto.

Além disso, o governo teme que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se eleito presidente da Casa, não se oponha a um pedido de impeachment da presidente. Ele tem repetido que não será ''oposição nem submisso'' ao governo.

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