quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Cúpula do PMDB reage à ascensão de Kassab e Cid

• Os dois ministros são incentivados pelo governo a liderar base "alternativa"

• Reunidos, integrantes do PMDB avaliaram que a articulação palaciana para fortalecer a dupla é operação "desastrosa"

Andréia Sadi – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Irritada com o tratamento do Planalto ao PMDB, a cúpula do partido avalia como "desastrosa" a iniciativa do governo de articular uma base aliada "alternativa" no Congresso liderada pelos ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Cid Gomes (Educação), membros do PSD e do Pros, respectivamente.

O tema foi tratado por peemedebistas na segunda (19), na casa de Renan Calheiros (PMDB-AL), em Brasília.

Participantes reclamaram que o governo está desorientado sobre as disputas para os comandos do Senado e da Câmara e "escanteando"" o PMDB e a CNB (Construindo um Novo Brasil), ala majoritária do PT ligada ao ex-presidente Lula, no Congresso.

O objetivo do Planalto ao incentivar uma base "alternativa" é ficar menos dependente do PMDB no Congresso.

Peemedebistas ouvidos pela Folha disseram que a ideia de delegar poderes de articulação política à dupla Cid e Kassab é "desastrada"".

Segundos eles, a dupla não teria a veia "profissional"" da legenda para operar temas espinhosos no Congresso, principalmente em ano de crises iminentes, como os desdobramentos da Operação Lava Jato e reflexos da crise econômica.

À Folha, um peemedebista ironizou dizendo que querem quebrar a vertente operacional do Congresso "a troco de quê, já que Dilma não é mais candidata?". Disse ainda que "uma limpeza étnica num período desses é coisa de gênio e desastrado"".

Além de Renan, participaram do encontro o vice-presidente, Michel Temer, os senadores Romero Jucá (RR) e Edson Lobão (MA) e os deputados Henrique Eduardo Alves (RN) e Eduardo Cunha (RJ).

Sem conversa
Segundo a Folha apurou, Dilma Rousseff e Temer não conversam sobre matérias de ordem política, como a eleição no Congresso, desde as negociações para a reforma ministerial, antes da posse.

Os peemedebistas reclamam que Dilma se fechou após as eleições, aconselhando-se apenas com o núcleo palaciano petista, principalmente com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).

Alguns caciques do PMDB atribuem o isolamento de Dilma ao distanciamento da petista de Lula e à influência de Mercadante.

Durante a reunião, segundo um parlamentar, um presente relatou que o ex-presidente Lula teria dito que Mercadante "teria sequestrado" o governo Dilma.

No encontro, o deputado Eduardo Cunha apresentou aos presentes o teor da fita supostamente forjada, que tentaria ligá-lo à Operação Lava Jato.

O deputado diz ter relatos de que o governo tenta interferir na disputa da Câmara ao oferecer cargos em troca de apoio a Arlindo Chinaglia (SP), candidato petista à presidência da Casa. O governo nega a operação.

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