quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Opinião do dia: Fernando Henrique Cardoso

Hoje, se sente um mal-estar na sociedade. Embora existam democracia e crescimento econômico, as pessoas querem mais e melhor. Querem participar do processo deliberativo, pressionar, dar sua opinião. Precisamos ter partidos mais autênticos e menos corruptos. As pessoas querem ter vez e voz. E nós ainda não conseguimos organizar isso.

A sociedade moderna tem muitos interesses diversificados. E como se faz o contraponto disso em nome da maioria? Tem que ter a representação, o Congresso, o presidente. Senão, um lobby ou um movimento pode falar mais alto.

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República, em O Globo, 18 de setembro de 2014.

'Agora temos o maior mensalão da história deste País', diz Marina, em referência à Petrobrás

• Em entrevista promovida pelo Facebook Brasil, ex-ministra também foi questionada sobre supostos boatos que rondam sua campanha

Stefânia Akel - O Estado de S. Paulo

RIO - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, classificou nesta quarta-feira, 17, o suposto esquema de corrupção que envolve o ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobrás Paulo Roberto Costa como “o maior mensalão da história”. A declaração foi feita bate-papo em que respondeu a perguntas enviadas por internautas. “Agora temos o maior mensalão da história do País. Porque nunca na história deste País se viu um escândalo como esse”, completou.

Na semana passada, a candidata do PSB já havia desferido um pesado ataque ao PT, dizendo que o partido havia colocado Costa em uma diretoria para “assaltar” a Petrobrás.

A investida contra a adversária Dilma Rousseff ocorre um dia após o Ibope mostrar que a petista, candidata à reeleição, caiu três pontos porcentuais na corrida pelo Planalto. A presidente tem 36%. Marina tem 30% - oscilou um ponto para baixo em relação à pesquisa anterior. O tucano Aécio Neves cresceu 4 pontos e agora tem 19%.

A mudança do quadro ocorreu em meio a uma forte campanha de ataques contra Marina. Os programas de TV de Dilma tiveram como principal alvo na semana passada as propostas da candidata do PSB sobre a independência do Banco Central e a redução da importância do petróleo, incluindo o pré-sal, como fonte de energia no País.

Antes, em entrevista coletiva também concedida no Rio, Marina também fez críticas à gestão da Petrobrás e aos bancos públicos. Ela afirmou que “Paulo Roberto Costa foi funcionário de confiança da presidente Dilma. Isso é resultado da governabilidade que as pessoas reivindicam que não pode mudar.” A ex-ministra voltou a afirmar que a estatal está “reduzida à metade do seu valor”, “o que precisa ser explicado”.

Marina criticou Dilma pelos empréstimos de instituições financeiras federais a uma pequena parcela do empresariado. “Dilma tem que explicar para a sociedade por que colocou no seu governo R$ 500 bilhões para meia dúzia de empresários, usando recursos do BNDES, que equivalem a 20 anos de Bolsa Família”, afirmou ela.

‘Boatos’. Marina dedicou parte de sua quarta-feira a rebater “boatos” contra sua campanha. Segundo ela, o objetivo dos adversários é fazer os eleitores acreditarem que ela vai acabar com programas do governo federal.

“Eles (adversários) dizem que vamos acabar com o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, a exploração do pré-sal, o crédito para o consumidor... é tanta coisa que já nem é uma pessoa. Só se fosse o Exterminador do Futuro”, comparou, referindo-se ao personagem interpretado pelo ator Arnold Schwarzenegger no filme de mesmo nome, lançado em 1984.

“Isso é marketing selvagem. Quando ele é levado ao extremo, como está sendo na campanha dos meus adversários, principalmente da presidente Dilma, não há como combater com argumentos, porque ele não tem limites. Todo dia tem um filme contando uma história mentirosa de que nós vamos fazer um caminhão de maldades para os brasileiros. A única coisa que pode combater o marketing selvagem é o discernimento da sociedade”, afirmou. “O que está acontecendo é o medo daqueles que durante 20 anos se alternaram no poder”, completou a candidata.

As declarações sobre os boatos foram dadas no bate-papo na internet. A conversa se estendeu por cerca de uma hora e foi transmitida pela rede social Facebook. As perguntas foram selecionadas pela equipe da candidata.

Marina: 'nunca se viu escândalo como este'

• Candidata diz que corrupção na Petrobras é o maior caso da história do país; vice faz afago ao PMDB

Mariana Sanches, Renato Onofre e Juliana de Castro – O Globo

SÃO PAULO e RIO - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, voltou ontem a acusar a presidente Dilma Rousseff (PT) de fazer "marketing selvagem" contra sua candidatura e afirmou que "nunca na História do país" se viu um escândalo como o que ocorre hoje na Petrobras. As acusações foram feitas durante o primeiro "Face to Face" - debate ao vivo com internautas através de uma vídeo conferência. À noite, ela participou de um encontro no Rio com artistas, incluindo o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.

- Não vai mais ter indicação política como que foi feita pelo PMDB e outros partidos políticos, para colocar um diretor na Petrobras que transformou o mensalão em mensalinho. E agora temos o maior mensalão na História do país. Porque, nunca na História deste país, se viu um escândalo como este - afirmou Marina, em resposta ao questionamento da internauta Ananda Morais

Marina voltou a dizer que é vítima de ataques dos adversários:

- Os boatos vão se espalhando. É tanta coisa que isso já nem é mais uma pessoa, é um exterminador do futuro. Isso é marketing selvagem que, quando é levado ao extremo, como estão fazendo meus adversários, principalmente da presidente Dilma, não há como combater com argumentos. Porque ele não tem limite. Contra o marketing selvagem a única coisa que pode combatê-lo é o discernimento.

A candidata do PSB voltou ainda a falar que "ser gerente" não é qualificação necessária para ser presidente, em resposta direta a Dilma. Ela brincou com uma usuária, ao ser questionada se estava preparada para governar:

- Não sei se ela é casada ou solteira. Eu ia perguntar assim "o que é está completamente preparado para se casar?" - brincou Marina: -É claro que é completamente diferente (governar e casar). O preparo não é apenas de uma pessoa ou indivíduo. Qualquer pessoa que diz que pode governar apenas nas suas competências, está vendendo uma ilusão. O preparo de um governante é capacidade que ele tem de manejar diferentes competências.

"Não podemos nos curvar"
Depois de reiteradas declarações do ex-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos (morto em agosto) e de Marina, para quem o PMDB representa a chamada "velha política", o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), atual candidato a vice, estendeu a mão aos peemedebistas:

- Ninguém governa sem o PMDB, mas não é preciso entregar o governo para ter governabilidade. Se queremos fazer a mudança, não podemos nos curvar nem achar que será fácil - afirmou Albuquerque, em sabatina realizada ontem à tarde, no jornal "O Estado de S. Paulo".

A declaração acontece cinco dias depois de o vice-presidente da República, Michel Temer, que também é presidente nacional do PMDB, dizer que, a princípio, o partido será oposição em um eventual governo Marina. Isso despertou a discussão sobre a governabilidade de um eventual governo Marina.

- É possível e necessário dialogar com todo o Congresso, e não escolher seis ou sete para negociar e empoderar. Vamos criar um ambiente de respeito na política, valorizando todos os deputados, e não apenas poucos aliados - afirmou Albuquerque, para quem o apoio do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) segundo turno é algo "consolidado". Alckmin, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, deve ser reeleger ainda no primeiro turno.

Albuquerque disse ainda que "a sociedade brasileira se cansou de corrupção, malfeitos, desequilíbrio" e acrescentou que, em um governo Marina, não haverá indicação meramente política para o comando de empresas públicas. Segundo ele, o currículo das pessoas é o que será levado em conta.

- Por que eu, no governo, tenho que perguntar para Renan Calheiros (presidente do Senado) quem devo indicar para ministérios ou para a Transpetro? Não que as indicações de partidos e lideranças sejam ruins. Mas tem que ter perfil. Fizemos isso em Pernambuco com Eduardo Campos e tivemos governabilidade - disse Albuquerque.

Questionado sobre uma possível redução dos encargos trabalhistas, tema tratado de maneira vaga por Marina recentemente, Albuquerque disse que isso não é o mais importante agora, e que fundamental será diminuir os gastos de governo.

O ex-deputado negou que tenha havido qualquer irregularidade no processo de empréstimo do jatinho Cessna Citation no qual Campos costumava viajar - e que caiu em Santos, em 13 de agosto, matando o então candidato à Presidência. Admitiu, no entanto, que o processo de obtenção de uma aeronave para os deslocamentos de campanha poderia ter sido feito de modo mais transparente:

- Talvez o melhor caminho tivesse sido uma ligação de táxi aéreo. Mas, quando você está em campanha, você acaba acreditando, como foi no caso do Eduardo. A gente andava no avião, há total boa fé nesse processo.

Em encontro com artistas no Rio, Marina afirma que adversários sofrem ‘síndrome de Estocolmo’

• Ex-ministro de Lula, Gilberto Gil declara apoio a pessebista e canta música de sua autoria feita para a campanha da candidata

Marco Grillo – O Globo

RIO — A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, voltou a elogiar ações realizadas durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula e defendeu novamente a ideia de “governar com os melhores”. Durante o encontro “Mais cultura com Marina”, realizado na noite desta quarta-feira na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Centro do Rio, a ex-senadora demonstrou que vê com naturalidade a ideia de procurar nomes do PT e do PSDB em um eventual governo. Representantes do setor cultural como Marcos Palmeira, Marco Nanini, Jorge Mautner, Charles Gavin, Victor Fasano, Bruno Wainer, Ernesto Neto, Leonel Kaz, Liszt Vieira estiveram no encontro.

— Fernando Henrique foi tutelado pelo PFL. Lula, pelo PMDB. Será que não está na hora de acabar com isso? Estamos vivendo a síndrome de Estocolmo: eles se apaixonaram pelos sequestradores de seus sonhos. Será mais fácil conversar com Lula e Fernando Henrique do que foi conversar com Sarney e Antônio Carlos Magalhães. Já imaginaram o PSDB escalando os melhores para acabar com a inflação e o PT para a distribuição de renda? É uma aliança programática. Não dá para cada um continuar com um pedaço de estado para chamar de seu — disse Marina, que discursou por uma hora.

Sobre suas propostas na área cultural, a candidata propôs método colaborativo na indicação das soluções.

— Investir em meio ambiente e cultura não é custeio, é investimento. Nosso plano de governo foi feito de forma colaborativa por cerca de seis mil pessoas, em cinco seminários regionais e vários seminários temáticos — disse ela aos artistas e intelectuais presentes.

O cantor Gilberto Gil, ministro da Cultura durante o governo Lula, afirmou que apoia Marina porque ela tem visões parecidas com as dele e ficou irritado quando questionado se haveria possibilidade de mudar o voto e escolher Dilma no segundo turno. Gil foi companheiro das duas no governo: Dilma ocupou as pastas de Minas e Energia e Casa Civil, enquanto Marina foi ministra do Meio Ambiente.

— Qual o sentido dessa pergunta? Como vou votar na Marina no primeiro turno e contra ela no segundo? Me responda: tem algum senso? — afirmou Gil, que descartou a possibilidade de assumir cargo em um eventual governo, caso convidado.

Durante o encontro, Gil cantou uma música que fez para a campanha de Marina e que será usada na propaganda eleitoral. O ex-ministro da Cultura contou que a gravação será finalizada na semana que vem. Doze representantes de áreas diversas do setor cultural fizeram breves discursos durante o encontro. Marina defendeu uma maior participação da cultura no orçamento, mas não chegou a citar valores. O presidente da Associação de Servidores do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão ligado ao Ministério da Cultura, disse que o “patrimônio público está se deteriorando”. Segundo André Angulo, “prédios antigos (do governo federal) funcionam precariamente”.

— As politicas culturais correm risco de serem inviabilizadas por causa do baixo orçamento e da falta de servidores — afirmou.

Na letra da música composta por Gil para a campanha da candidata, há especial atenção em pontuar que as diferenças, sobretudo as religiosas, serão respeitadas em um eventual governo de Marina.

"Marina, vou eu, votar na Marina, Marina / Marina, vou eu, sonhar que a Marina vai chegar / Vai chegar para tomar conta da gente, e a gente vai cantar / Com a bênção de Jesus Nazaré e o axé de um Oxalá / Com a fé de todo povo, a razão de todo ateu / Eu que sou eu, ele que é ela / Ela quer você e eu / Marina, vou eu, votar na Marina, Marina / Marina vou eu, sonhar que a Marina vai chegar / Vai chegar com sua pele morena, e o apelo popular / Com recado, com respeito / Comandando, o muçulmano e o judeu / Eu que sou eu, ele que é ela / Ela quer você e eu / Marina, vou eu, votar na Marina, Marina / Marina vou eu, sonhar que a Marina vai chegar"

Ataques de rivais
A ex-senadora ironizou as acusações de que, se eleita, vai interromper a exploração do pré-sal e de que faltaria comida na mesa dos brasileiros caso o Banco Central se torne autônomo, em referência a uma propaganda da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).

— Isso não é uma pessoa, é o exterminador do futuro. Contra o marketing selvagem, não existem argumentos. Dizem que a Grande Família (programa de televisão) acabou também por culpa minha — brincou.

A candidata rebateu também as críticas a Neca Setúbal, coordenadora de seu programa de governo:

— Quando foi pra fazer o plano de governo do prefeito (Fernando) Haddad, foi (convidada) como educadora. Quando ela foi chamada para ser secretária de Educação (em São Paulo), foi como educadora. Agora que está comigo, é chamada de banqueira.

Sem citar o nome do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a candidata disse que, quando ela se manifesta sobre o tema, ele “abaixa a cabeça, com vergonha”.

— Sei que o ministro não entende nada de energia — disparou.

Apelo das ruas
A presidenciável disse ainda que acredita que este é o momento em que “as cartas vêm das ruas”, fazendo referência a “Carta ao Povo Brasileiro” escrita por Lula durante a campanha de 2002.

— Teve um presidente da República que se elegeu com base em apelo aos brasileiros: me deixem ganhar a eleição que vou dar continuidade a essa história do Plano Real. Depois, não bastava só gerar riqueza, tinha que distribuí-la, e veio um presidente e fez o apelo: me dê um voto de confiança. Teve que botar no papel. Agora, é a vez das ruas. Foi isso que as manifestações de junho disseram. Nesses 30 dias (de campanha), vi uma coisa fantástica acontecendo no país. Como pode alguém com dois minutos (de televisão) contra alguém com 11, que tem mais de 20 mil cargos só na administração direta? São deputados, senadores, amigos e inimigos históricos, todo mundo junto.

Acompanhada de lideranças que ajudaram na articulação da Rede no país, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, afirmou que uma “ação política” impediu o registro do partido a tempo da participação nas eleições deste ano.

— Outros três partidos foram criados ao mesmo tempo, mas com uma diferença: não tinham uma liderança política que já tinha recebido 20 milhões de votos e que estava com 26% das intenções de voto. A média de invalidação de nossas assinaturas era de 20% (nacionalmente). Em Brasilia, onde era nossa maior densidade, tivemos perda de 33% (das assinaturas). Em São Paulo, 35%. Em algumas áreas do ABC paulista chegou a 78%.

A ex-senadora, que lembrou várias vezes de Eduardo Campos mas não citou o PSB durante o discurso, chegou ao local acompanhada do deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ) e do ex-secretário de Cultura de Pernambuco, Sérgio Xavier, ambos articuladores da criação da Rede. O vereador Jefferson Moura (Psol), o deputado federal Miro Teixeira (Pros), ambos integrantes do movimento, participaram do encontro, assim como a deputada estadual Aspásia Camargo (PV).

Ex-diretor da Petrobras se nega a falar na CPI

• Costa se nega a responder sobre Petrobras para preservar delação premiada

• Aliados do governo e da oposição trocam acusações; PF gastou R$ 60 mil para levar preso ao Congresso

Gabriela Guerreiro / Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com o silêncio do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a CPI que investiga irregularidades na estatal virou palco, na quarta-feira (17), para troca de acusações entre governo e oposição a menos de um mês das eleições.

O ex-diretor se manteve calado nas mais de duas horas de sessão, o que agradou ao governo porque o impediu de falar sobre as denúncias contra aliados do Planalto sob suspeita de irregularidades.

A oposição pressionou o comando da CPI para fazer a sessão fechada, mesmo com a recusa de Costa em falar, na esperança de que ele mudasse de ideia. Aliado do governo, o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), chegou a colocar o pedido em votação.

Mas o requerimento foi derrotado por 10 votos a 8, com o apoio em peso do PMDB --partido com o maior número de integrantes citados pelo ex-diretor como participantes de esquema de corrupção na Petrobras, de acordo com a revista "Veja".

A lista de políticos do PMDB que, segundo Costa, estariam envolvidos inclui o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. Eles negam.

Na sessão, Costa se recusou 17 vezes a responder questionamentos dos congressistas, intercalando as frases "nada a declarar" e "me reservo no direito de ficar calado". O objetivo foi preservar o acordo de delação premiada firmado com a Justiça --por meio do qual pode ter redução de pena se colaborar com as investigações.

A maioria dos integrantes da CPI nem chegou a fazer perguntas diante das constantes negativas de Costa em falar, usando o tempo dos discursos para ataques políticos.

A estratégia da oposição foi ligar as denúncias na Petrobras ao mensalão do PT.

Congressistas do DEM e do PSDB se revezaram em discursos com ataques à presidente Dilma Rousseff (PT), por ela ter sido ministra de Minas e Energia e ter presidido o Conselho de Administração da estatal.

"Esse não é o mensalão dois. É o mesmo mensalão com fontes diferentes pagando políticos", afirmou o deputado federal Fernando Francischini (SDD-PR).

"Ele é chamado de Paulinho por Lula. O governo Lula, Dilma e o PT não aprenderam com o mensalão. O esquema é o mesmo", disse Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Do lado governista, os discursos foram em defesa de Dilma e do "oportunismo" da oposição ao atacar a Petrobras. "O jogo que aqui se faz é o da disputa política. As imagens que estão sendo gravadas têm o objetivo de serem utilizadas nos programas eleitorais", disse o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).

Presidente da CPI, Vital classificou o depoimento de "frustrante" e anunciou a prorrogação dos trabalhos da CPI por pelo menos um mês.

A CPI aprovou a convocação da contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, e vai se reunir na semana que vem com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, para reiterar o pedido para ter acesso à íntegra da delação premiada de Costa.

Avião
Costa deixou Curitiba na manhã de quarta escoltado por policiais federais. Foi para Brasília num jato da PF, o mesmo que, em novembro de 2013, transportou os condenados do mensalão.

Além dos quatro agentes que acompanharam o ex-diretor da Petrobras, a PF pagou diárias ao piloto, ao copiloto e a um agente operacional da aeronave. A Folha apurou que a PF gastou cerca de R$ 60 mil com custos da aeronave e diárias.

Por questões de logística da polícia, Costa passaria a noite na Superintendência da PF em Brasília e voltaria para a prisão em Curitiba no fim da manhã desta quinta (18).

Colaborou Fernanda Odilla

Dilma erra sobre orçamento ao corrigir adversários

• No debate da CNBB, presidente diz que país tem R$ 5 trilhões e não os R$ 2,48 aprovados pelo Congresso

Cristina Tardáguila – O Globo

No debate promovido anteontem pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, aproveitou o tempo de uma resposta para criticar os adversários Levy Fidelix (PRTB) e Pastor Everaldo (PSC). Pouco antes, eles haviam afirmado que o Orçamento anual do país é de R$ 2,48 trilhões.

- Eu queria, candidato, te dar uma informação: o Orçamento do Brasil é de R$ 5 trilhões - afirmou Dilma, enfaticamente.

Após a sabatina, em entrevista à "TV Aparecida", Dilma reforçou a posição, indicando que tem sempre que corrigir dados errados divulgados por adversários. Com ironia, ela afirmou:

- Outro candidato disse que o Orçamento geral do país, da União, é de R$ 2,4 trilhões. Eu acho que ele se confundiu. Seriam 2,4 trilhões (só se fosse) de dólares porque o Orçamento, em reais, é de R$ 5 trilhões.

Segundo o Ministério do Planejamento, o Orçamento da União em 2014 é de R$ 2,48 trilhões - assim como haviam informado Fidelix e Everaldo. Se considerado o Projeto de Lei Orçamentária Anual para 2015, o valor mencionado por Dilma também não se sustenta.

No último dia 28, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, entregou ao Congresso um texto que propõe um Orçamento de R$ 2,86 trilhões para 2015. A cifra é quase metade da mencionada por Dilma na CNBB.

Em 19 de janeiro de 2012, Dilma sancionou o Plano Plurianual 2012-2015. Nele, previa-se "um dispêndio total" (gastos) de R$ 5,4 trilhões nos quatro anos. O PPA define diretrizes e metas para os quadriênios.

Dilma Rouseff mantém tática de ‘desconstruir’ adversária

• Estratégia é reforçar propagandas que incutem o medo no eleitor, tentando carimbar em Marina o rótulo de ‘despreparada’

Vera Rosa Ricardo Della Coletta e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

A 17 dias da eleição, a campanha da presidente Dilma Rousseff vai ampliar a ofensiva para disseminar o medo contra a candidata do PSB, Marina Silva. No diagnóstico do PT, a estratégia de “desconstrução” de Marina não só está surtindo efeito como deve ser reforçada para desgastar a adversária. O objetivo dos petistas é colar em Marina o carimbo de “despreparada” para governar.

Reunidos nesta quarta-feira em Brasília, coordenadores da campanha de Dilma demonstraram alívio com a atuação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que ficou em silêncio na CPI e repetiu 18 vezes que não tinha nada a declarar. Em depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público, Costa acusou pelo menos 32 políticos -- incluindo na lista partidos da base aliada, como o PT e o PMDB - de participação em um esquema de desvio de dinheiro na estatal.

Além do “nada a declarar” de Paulo Roberto Costa, a campanha petista também comemorou na quarta-feira a aprovação, por eleitores, do novo personagem “Pessimildo” - boneco mal humorado que ironiza as previsões negativas sobre o desempenho do governo, no horário político de TV.

Embora a pesquisa Ibope de terça-feira tenha indicado que a vantagem de Dilma em relação a Marina diminuiu de 8 para 6 pontos, os “trackings” encomendados pelo marqueteiro João Santana mostram cenário mais favorável à presidente.

Pelos últimos levantamentos em poder do Palácio do Planalto e do PT, a diferença entre as duas está agora em dez pontos. Mesmo a pesquisa do PT, porém, mostra Dilma e Marina empatadas em eventual segundo turno.

A estratégia do partido para os últimos dias de disputa consiste em intensificar a campanha de Dilma em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O receio dos petistas é que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) seja reeleito no primeiro turno, situação que prejudicaria ainda mais a campanha de Dilma. O último comício da presidente deve ser realizado em São Paulo, no dia 30. Além da prioridade a São Paulo, Dilma também tentará ampliar a vantagem em Minas Gerais, onde o candidato do PSDB, Aécio Neves, está crescendo. Na reta final ela ainda irá ao Rio, à Bahia, ao Rio Grande do Sul e a Pernambuco.

Após Ibope, Dilma revê ataques a Marina

• Candidata do PSB e Aécio reforçam estratégias

• Petistas consideram já ter conseguido estancar crescimento da ex-senadora, que voltou a denunciar corrupção na Petrobras com PT

Júnia Gama, Fernanda Krakovics e Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA - Debruçados sobre a mais recente pesquisa Ibope de intenção de voto, integrantes das campanhas dos três principais presidenciáveis começaram a traçar as estratégias que serão executadas nos 18 dias que faltam até a eleição de 5 de outubro. Enquanto Marina Silva (PSB) vai focar em rebater os ataques dos adversários e reforçar suas críticas a ambos, Dilma Rousseff (PT) deverá diminuir o ritmo da desconstrução da imagem da adversária para investir em pauta mais propositiva. Aécio Neves (PSDB), por sua vez, vai intensificar a agenda de viagens para se tornar mais conhecido e prosseguir nas críticas às duas candidatas mais bem colocadas na pesquisa.

A equipe de Aécio, o único a subir no levantamento, de 15% para 19%, comemorou o resultado e decidiu intensificar a presença do tucano em estados mais populosos, para tentar chegar ao segundo turno. Entre os formuladores da campanha do PSDB, a estratégia é manter as críticas à presidente Dilma e também focar na desconstrução de Marina, mostrando sua ligação histórica com o PT. A avaliação é que, após um período difícil, a estratégia deu certo.

Já o comitê de Marina, respirou aliviado com a queda de apenas um ponto - de 31% para 30% -, mas resolveu reforçar as contestações ao que considera uma campanha difamatória contra a candidata e apostar nas interpelações judiciais aos adversários para garantir respostas aos ataques. A ordem é focar na vacina contra os boatos de que Marina acabará com os programas sociais do atual governo.

Na campanha petista, com a queda de 3 pontos de Dilma, que agora tem 36% das intenções de voto, passou-se a defender que o partido comece a dosar os ataques a Marina na propaganda de televisão. A avaliação majoritária é que a estratégia de desconstrução da ex-senadora já cumpriu seu papel e é hora de voltar a dar mais espaço para programas propositivos.

Dilma tende a ser mais propositiva e atacar menos
BRASÍLIA - Após terem conseguido estancar o crescimento de Marina Silva nas pesquisas eleitorais, há quem defenda, na coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, que se comece a dosar os ataques à adversária na propaganda de televisão. A avaliação é que a estratégia de desconstrução da ex-senadora já cumpriu seu papel.

Essa não seria a visão, no entanto, do marqueteiro João Santana. De acordo com participantes das reuniões de coordenação da campanha, Santana tem defendido a continuidade dos ataques, baseado em pesquisas qualitativas.

- Isso tem teto, tem limite. Tem que dosar, nem só mostrar obras do governo nem só atacar - disse um dos coordenadores da campanha.

Alguns coordenadores acreditam que, embora as investidas mais duras tenham efeito, há um limite para que elas não se voltem contra Dilma. Também há preocupação de guardar munição para o segundo turno.

- Normalmente você adia um pouco esse enfrentamento, deixa mais pra frente. Tivemos que antecipar e agora devemos manter um pouco em banho maria -disse um assessor do Planalto.

A queda da petista em três pontos percentuais, de 39% para 36%, foi encarada por integrantes do governo e do comitê eleitoral como uma oscilação normal.

- A presidente está na frente no primeiro turno e empatou no segundo. A campanha segue igual - disse um ministro.

Quanto ao crescimento de Aécio, os petistas afirmam que é preciso esperar mais uma ou duas pesquisas para ver se ele é consistente. Nessa reta final, a estratégia da campanha é investir nas cidades médias e grandes. A prioridade continua sendo São Paulo.

Foco de Marina é contestar acusações e reforçar críticas
BRASÍLIA - A campanha de Marina Silva respirou aliviada com o resultado da pesquisa Ibope divulgada na noite desta terça-feira, em que a candidata do PSB caiu um ponto, dentro da margem de erro, nas intenções de voto dos eleitores. A avaliação interna na cúpula socialista é que o resultado foi positivo pois havia uma expectativa de que a popularidade de Marina pudesse sofrer ainda mais com a campanha crítica feita por adversários pelo Brasil.

A ordem no comitê de Marina é focar na vacina contra boatos que estão sendo disseminados contra a candidata, reforçar as críticas aos dois principais opositores e investir em ações judiciais para assegurar espaços de resposta além do reduzido tempo de televisão a que o PSB tem direito no programa eleitoral. A estratégia visa manter Marina no páreo para chegar ao segundo turno, quando o tempo de televisão é dividido igualmente. O coordenador da campanha, Walter Feldman, contou ao GLOBO que, a cada oportunidade, as informações consideradas caluniosas serão desmentidas.

- Vamos trabalhar na linha da verdade contra a mentira, combater os boatos com os fatos da vida da Marina. O povo não gosta de carrascos - disse Feldman.

Feldman disse ainda que o comitê irá investir mais nas ações junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para contestar os adversários de Marina. Na terça-feira, o comitê do PSB conseguiu decisão favorável do TSE para tirar do ar o site Muda Mais, tocado por Franklin Martins.

- Vamos fazer uma ação dura e firme na área jurídica, derrubando esse instrumento antidemocrático que sabota a campanha. O estilo do PT é para deseducar a população - afirmou o coordenador.

Aliados de Aécio apostam que virada começou
BRASÍLIA - No curto voo que o levou de Aparecida do Norte a São Paulo, já na madrugada de ontem, após o debate da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, o candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves, comemorou. Encerrava duas semanas infernais com duas notícias boas: a distância para Marina Silva nas pesquisas de intenção de votos começava a diminuir e, no debate, voltara a ter papel de protagonista entre os que lideram a disputa presidencial. Da boca de todos os aliados ouvia-se que começava a virada, e que a próxima pesquisa Datafolha já poderia mostrar ele e Marina "mais próximos, na mesma caixinha dos 20%".

Um dos parlamentares no voo, o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA) disse que a ordem agora é "afundar o pé no acelerador" e intensificar a agenda de viagens para o tucano se tornar mais conhecido. Nos programas de TV, Aécio deve continuar batendo na presidente Dilma, mas também focar na desconstrução de Marina, mostrando sua ligação histórica com o PT. A coordenação da campanha acha que essa combinação tem dado certo.

Otimista, ao falar do "deserto" que vem atravessando desde que caiu o avião de Eduardo Campos, e Marina entrou na disputa, o candidato a vice na chapa de Aécio, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que "já é possível vislumbrar algo mais que uma miragem no horizonte".

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou que o clima é de muita animação e otimismo, porque foi um crescimento consistente de 4 pontos percentuais, diante da queda das adversárias. Avalia que quando há esse movimento na reta final, é um bom sinal de que Aécio pode ir, e bem, para o segundo turno.

Aécio destaca Ibope e diz que 'jogo está apertado'

• Candidato tucano menciona, em programa no rádio, último levantamento de intenções de voto em que ele subiu quatro pontos, mas segue atrás de Dilma e Marina

José Roberto Castro - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, explorou no horário eleitoral do rádio da manhã desta quinta-feira, 18, o resultado da última pesquisa Ibope, que apontou queda e oscilação negativa das adversárias Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) e a alta do tucano. Até o fim de agosto, Aécio ocupava o segundo lugar isolado nas sondagens, mas caiu para terceiro depois da entrada de Marina na disputa.

"[O resultado] mostra que o jogo está apertado", disse o locutor do programa eleitoral do PSDB. Os narradores destacaram o fato de Aécio ter sido "o único que subiu" e a redução da vantagem de Dilma sobre ele em um eventual segundo turno. O programa ainda utilizou um canto, tradicionalmente usado por torcidas de futebol em estádios, dizendo que "o campeão voltou".

Na pesquisa divulgada nessa terça, 16, Aécio subiu quatro pontos porcentuais, de 15% para 19%, enquanto Dilma caiu de 39% para 36%. Marina oscilou de 31% para 30% e sua vantagem em relação ao terceiro colocado diminuiu de 16 para 11 pontos.

Em seguida, Aécio falou das dificuldades de se implantar projetos no governo federal. Sem citar o nome de Marina Silva, candidata frequentemente atacada sob o argumento não ter força política, Aécio disse que o mundo político é duro, "até cruel". O tucano disse ainda que "no governo, ou você comanda ou é comandado". "Sonhar, todo mundo sonha. Agora quero ver mudar as coisas de verdade", disse Aécio.

A campanha de Marina repetiu o programa exibido na televisão, na terça, com trechos de um discurso feito em Fortaleza em que a candidata lembrou ter passado fome na infância. Em razão de sua história, argumentou, ela não poderia acabar com o programa Bolsa Família.

Já a propaganda de Dilma ignorou seus adversários e falou sobre projetos para micro e pequenos empreendedores, mesmo tema abordado durante o horário eleitoral da televisão da terça-feira. A candidata do PT exaltou o Simples Nacional e disse que, na prática, ele é o início da "reforma tributária que todo o nosso País reivindica". A petista chamou a burocracia de "praga" e prometeu que o processo de abrir ou fechar uma pequena empresa vai demorar "apenas 5 dias". Hoje, segundo a própria Dilma, são necessários, em média, 107 dias. / Colaborou Lilian Venturini

Aécio insiste no eleitor anti-PT e vai invadir inserções regionais

• Candidato tucano mantém tática de colar Marina na sigla petista e pede espaço nas propagandas estaduais do PSDB

Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves vai intensificar até o dia 5 de outubro as fórmulas que, na avaliação da campanha, o ajudaram a recuperar quatro pontos na pesquisa de intenção de votos divulgada nesta terça-feira, 16, pelo Ibope/Estado/TV Globo.

O foco continuará sendo a conquista do eleitor anti-PT. Para isso, Aécio insistirá na tática de criticar a presidente Dilma Rousseff (PT) e “desconstruir” a candidata Marina Silva (PSB).

A coordenação da campanha presidencial tucana quer intensificar o contato de Aécio com o eleitor e ampliar a ocupação de espaços nas campanhas regionais. Às lideranças estaduais, o presidenciável demonstrou a intenção de fazer aparições nas propagandas regionais, pedindo votos para candidatos a deputado e senador do PSDB.

Ficará também mantida a estratégia de ampliação das inserções diárias. A coligação Muda Brasil tem direito a um minuto diário para comerciais durante a programação regular da TV. Ao contrário do que vinha sendo praticado no início da campanha, os filmetes não serão mais divididos em duas propagandas de 30 segundos cada uma, formato usado para apresentar Aécio. A avaliação é que experiência da última semana, de dividir o tempo em quatro inserções de 15 segundos, vem dando mais resultado e será mantida.

Como dever de casa, a meta é casar a agenda do tucano com a de governadores ou candidatos a governos bem posicionados na disputa eleitoral, especialmente em São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição, lidera com folga as pesquisas de opinião.

Apesar da intenção de explorar os puxadores de voto nos Estados, a campanha vai concentrar a reta final em São Paulo, mas também em Minas Gerais - onde o candidato tucano, Pimenta da Veiga, está 20 pontos porcentuais atrás do líder Fernando Pimentel (PT).

Alckmin virou a principal aposta do mineiro. Além de fazer aparições na propaganda nacional de Aécio e de ceder espaço para o presidenciável participar de seu programa, o governador tem se reunido com prefeitos de todo interior de São Paulo - até de partidos da base do governo federal - e pedindo engajamento deles na campanha presidencial do PSDB. Nesta quinta-feira, 18, porém, Alckmin tem previsto um encontro com líderes municipais do PSB, partido de Marina Silva.

As críticas às adversárias serão concentrada nas inserções diárias do PSDB, momento que os marqueteiros acreditam ser mais eficaz para transmitir uma mensagem ao eleitor. Agora que conseguiu diminuir de 15 pontos para 7 sua desvantagem em relação à presidente Dilma na simulação de 2º turno, Aécio vai insistir que é o candidato com mais chances de despachar a petista para fora do Palácio do Planalto.

Marina aparece três pontos à frente da presidente num eventual 2º turno. A campanha tucana tenta colar na candidata do PSB o rótulo de “PT 2” .

Por isso, os tucanos comemoram quando Marina, espontaneamente, vai a público se comparar com o ex-presidente Lula, dizer que sempre esteve ao lado dele e que lutou para desfazer preconceitos e elegê-lo.

Aécio diz que cadastro único Do bolsa família é 'caixa-preta'

• Tucano também sinaliza romper relações com Bolívia e Colômbia

- O Globo

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou ontem que o cadastro do Bolsa Família é uma "caixa-preta". A declaração foi feita durante encontro com mulheres na sede do partido em São Paulo.

- Vamos abrir essa caixa-preta que é o cadastro único do Bolsa Família. Ninguém sabe direito o que está acontecendo no Bolsa Família. Eu tenho inúmeros requerimentos de informação, mas o governo não responde para saber como está a escolaridade desses meninos, como está a vacinação dessas crianças que recebem o Bolsa Família, como está a qualificação dos pais dessas famílias. A gente não sabe nada.

Aécio repetiu que vai dar continuidade ao programa de transferência de renda.

- Ninguém vai mexer no Bolsa Família. Vamos cuidar do que tem que vir além do Bolsa Família.

"Vista grossa" ao tráfico
O tucano também disse que, se eleito, vai manter relações institucionais só com países que tiverem ações responsáveis de combate à produção de drogas. O tucano citou o caso de Bolívia e Colômbia e criticou a postura do atual governo, que, segundo ele, concede financiamento e faz parcerias com os vizinhos, apesar desses países fazerem "vista grossa" ao narcotráfico:

- Vamos botar o dedo na ferida. A Bolívia produz hoje folha de cocaína quatro vezes mais do que consome em chá nos altiplanos. Produzem com a complacência e vista grossa do governo de lá. No meu governo, só vai haver relação com esses países quando eles tiverem a responsabilidade de inibir o cultivo, seja da matéria prima ou da própria droga. O que é produzido lá vem matar gente aqui.

À tarde, Aécio se reuniu com líderes sindicais que reivindicam que ele defenda o fim do fator previdenciário.

FH: partidos precisam ser 'menos corruptos'

• Ex-presidente diz que população quer ter mais voz

Tiago Dantas – O Globo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem que os partidos políticos brasileiros devem ser "mais autênticos e menos corruptos" e defendeu que o país esteja aberto a utilizar elementos da democracia direta, dando mais espaço para a participação da sociedade na tomada de decisões.

- Hoje, se sente um mal-estar na sociedade. Embora existam democracia e crescimento econômico, as pessoas querem mais e melhor. Querem participar do processo deliberativo, pressionar, dar sua opinião - disse o ex-presidente, que continuou: - Precisamos ter partidos mais autênticos e menos corruptos. As pessoas querem ter vez e voz. E nós ainda não conseguimos organizar isso.

Durante discurso em cerimônia do Centro Cultural Turquia-Brasil, ontem de manhã, o tucano citou as manifestações de junho de 2013 para justificar as mudanças pelas quais o sistema político brasileiro deveria passar. Ainda segundo ele, a abertura de espaço à população não vai tirar a importância da democracia representativa, que deve garantir o equilíbrio entre os poderes e os interesses da sociedade:

- A sociedade moderna tem muitos interesses diversificados. E como se faz o contraponto disso em nome da maioria? Tem que ter a representação, o Congresso, o presidente. Senão, um lobby ou um movimento pode falar mais alto.

Fernando Henrique disse que, para que o presidencialismo funcione bem, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem ter independência total. Para ele, no Brasil, o presidente tem "relativamente mais poder do que nos Estados Unidos".

- Nos Estados Unidos, o Congresso tem poder de barrar um ato do presidente. No Brasil, nem sempre isso acontece - afirmou Fernando Henrique.

Estudante protesta contra Dilma em Campinas

• Aluno de direito entrega bilhete no qual "agradece" petista pela construção do trem-bala

Patrícia Britto – Folha de S. Paulo

CAMPINAS (SP) - Eleitor de Dilma Rousseff em 2010, o estudante de direito Benedito Pereira Lima, 25, foi pego de surpresa com a visita da presidente a Campinas na quarta-feira (17).

Ficou sabendo pela manhã, quando foi tomar café em uma padaria e notou a movimentação de militantes.

"Disseram que era a Dilma. Então saí correndo para preparar meu protesto", disse o estudante, vendedor em uma loja de eletrodomésticos.

Quando retornou ao local do evento, conseguiu se aproximar da presidente, que desfilava em carro aberto.

Frente a frente, pediu para pegar na mão dela e a surpreendeu ao entregar uma folha de papel sulfite, em que ironizava: "Dilma, obrigado pelo trem-bala. #ficoulindo".

O governo Dilma adiou a licitação do trem-bala pela terceira vez em agosto de 2013, por tempo indeterminado. A justificativa oficial foi que dois consórcios haviam pedido o adiamento, e que a medida evitaria que apenas um grupo participasse do leilão.

Mas houve também, como a Folha apurou na ocasião, um componente político: o governo considerou que a proximidade da eleição era desfavorável, pois o atraso poderia ser usado como munição pela oposição.

"Tentei chegar o mais perto possível e, quando consegui, mostrei o papel. Ela ficou com uma cara de surpresa e virou a cara, mas pelo menos fiz a minha parte", disse Lima.

Na mesma hora, o ex-deputado Nivaldo Santana (PC do B), vice na chapa de Alexandre Padilha (PT), também segurou o papel, leu, e devolveu ao estudante.

"Devolvi porque era uma tentativa dele de mostrar que era opositor à presidente", disse o candidato à Folha.

O estudante então continuou seu protesto solitário, com gritos: "Dilma, cadê o trem-bala?".

"Eu era o único que estava protestando. Não tive medo de apanhar porque estava cheio de seguranças, e eu estava no meu direito de cidadão", afirmou Lima.

"Ela falou que ia entregar o trem-bala para a Copa, passando por Rio, Campinas e São Paulo. Eu já sabia que ela não ia conseguir", disse.

O estudante, que diz não ser filiado a nenhum partido, afirma que sua primeira opção neste ano seria Aécio Neves (PSDB). Mas, quando viu o avanço de Marina Silva (PSB) nas pesquisas, decidiu votar na ex-senadora.

O primeiro protesto dele contra a presidente foi em agosto de 2013, quando Dilma participou da entrega de moradias do Minha Casa, Minha Vida, em Campinas.

Na ocasião, mostrou um cartaz no qual estava escrito: "Dilma, apartamentos incompletos". Quando os assessores viram, ele foi afastado.

A assessoria da campanha petista não comentou o episódio. Para Nivaldo Santana, o estudante "era uma ovelha solitária, uma andorinha que não conseguiu fazer verão".

Marina afirma que não acredita em quem ‘terceirizou’ presidência e se faz de gestor

Eduardo Miranda – Brasil Econômico

A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, anunciou ontem que em uma eventual vitória irá ampliar progressivamente o orçamento do Ministério da Cultura. A declaração foi feita horas antes de Marina ser recebida pela classe artística, em um ato de campanha no Rio de Janeiro. Questionada sobre a declaração do ex-presidente Lula de que ela irá "terceirizar" a Presidência da República, a candidata disseque não acredita na crítica de quem terceirizou o cargo e se faz de gestor. "Com certeza, não terceirizaria a minha gestão. Fui ministra do Meio Ambiente por cinco anos e meio.

Apresentei para o país e para o mundo os melhores resultados. Aqueles que não respeitam o meio ambiente acham que isso não é experiência de gestão". Confrontada com a declaração de seu vice, Beto Albuquerque, dada ao jornal "O Estado de S.Paulo", de que seria impossível governar sem o PMDB, Marina fugiu da polêmica e voltou a dizer que espera "governar com os melhores": "A escolha do senhor Paulo Roberto (ex-diretor da Petrobras), que está há 12 anos como funcionário de confiança do governo da presidente Dilma, é o resultado dessa governabilidade que as pessoas estão reivindicando que não pode mudar. Acredito que pode mudar,sim".

A candidata voltou a se colocar como alvo de boatos e disse que não irá admitir que mentiras proferidas "em um programa de televisão de 11 minutos", em alusão ao programa de Dilma, sejam " o que vai pautar o debate sério"."A presidente Dilma sequer apresentou o seu programa de governo. Ela precisa explicar para a sociedade porque ela colocou R$500 bilhões para meia dúzia de empresários usando recursos do BNDES que equivalem a 24 anos de Bolsa Família", atacou. Marina reclamou das perguntas dos jornalistas de que estaria usando seus pouco minutos na TV para responder aos ataques. A ex-senadora também não quis falar sobre seu futuro após as eleições e se sairá do PSB. "Já respondi isso mais de 500 vezes", rebateu.

“Não se governa sem o PMDB”, diz Beto

• Vice de Marina sinalizou que, em caso de vitória, será preciso negociar com os peemedebistas, que participaram de todos os últimos governos. Campos afirmava que mandaria Sarney para a oposição. Sua substituta também critica a sigla

- Zero Hora (RS)

Candidato a vice-presidente na chapa do PSB, Beto Albuquerque disse ontem que "ninguém governa sem o PMDB", mas "não é preciso entregar o governo ao PMDB para ter governabilidade".

A aliança das gestões petistas com peemedebistas como o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP) é alvo de críticas de Marina Silva, como foi também de Eduardo Campos, candidato que morreu em acidente aéreo em agosto e foi substituído pela ex-senadora.

Um dos maiores partidos do Congresso ha décadas – tem hoje a segunda maior bancada na Câmara –, o PMDB participou dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integra a gestão de Dilma Rousseff (PT).

Marina tem dito que, eleita, vai governar com os "melhores de cada partido". Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Beto foi questionado se políticos de outras siglas desobedeceriam orientação partidária para votar em projetos de um eventual governo Marina.

– Ninguém governa sem o PMDB, mas não é preciso entregar o governo para o PMDB para ter governabilidade. Assim como não precisa entregar o governo ao PSDB se vamos ter quadros do PSDB governando. Ou seja, o governo tem um programa, esse é o nosso pilar de negociação, entendimento e escolha daqueles que terão funções – respondeu.

E completou:

– Por que eu, no governo, tenho de perguntar a Renan Calheiros quem devo indicar para ministérios ou para a Transpetro? Não que as indicações de partidos e lideranças sejam ruins, mas (o escolhido) tem de ter perfil.

Em diversas oportunidades, Campos condenou as alianças do PT com o PMDB. Em uma das visitas ao Maranhão, em julho, disse que Sarney seria oposição em um eventual governo seu e de Marina – fato que, segundo ele, não ocorreria em caso de vitória de Dilma ou de Aécio Neves (PSDB).

– Quem quiser prestar uma homenagem ao Sarney vota na Dilma. Quem quiser continuar com Sarney no governo pode votar também no Aécio. Todo mundo sabe que esse PMDB está com o pé em duas canoas. A única canoa em que ele não bota o pé é a nossa, porque a nossa canoa é da renovação política – afirmou, ressaltando ser o primeiro "em 50 anos" a se posicionar dessa forma.

Merval Pereira: De volta ao jogo

- O Globo

A campanha do candidato do PSDB, Aécio Neves, vive momento de euforia contida, "muito pé no chão, muito focada ", na definição de um assessor próximo ao candidato . De volta ao jogo, com planos de atacar a candidata do PSB para recuperar o lugar no segundo turno, a avaliação é que , quando começou o fenômeno Marina, houve uma demora de duas semanas para ele parar de cair, que era a primeira providência para re verter o quadro. Esse intervalo deu margem a diversos boatos, todos indicando que Aécio poderia até desistir de concorrer.

Em seguida, era preciso diminuir a diferença para Marina, o que aconteceu agora, segundo a pesquisa Ibope divulgada na terça-feira. Na definição de um assessor, "o que a gente apostava que ia acontecer está acontecendo: diziam que íamos virar nanicos, e paramos de cair ; diziam que estávamos estagnados, e apostávamos que voltaríamos a crescer". Mais importante até do que os 4 pontos ganhos, na visão da campanha, é redução da distância que o separa da candidata do PSB. Duas semanas atrás, Aécio estava 18 pontos atrás da Marina, agora está 11, sem dúvida uma mudança de patamar.

Agora, todo o esforço será para continuar a reduzir essa diferença, com o objetivo de na próxima semana estar 7 ou 8 pontos atrás dela, na direção do empate técnico . Nas contas da campanha, uma diferença dessas de hoje significa na verdade 6 pontos, e mais uma redução de 2 ou 3 pontos já indicará o empate dos dois candidatos. Para tanto, pretendem continuar na mesma linha, denunciando a proximidade da Marina com o PT, "até por que ela está confirmando isso ". Quando ela chora e diz que sempre defendeu o Lula, e não esperava que fosse tratada dessa maneira, está confirmando essa proximidade, é o raciocínio dos marqueteiros e assessores que cuidam da campanha. Um dado considerado "precioso" na campanha de Aécio Neves é a redução da diferença entre ele e a presidente Dilma no segundo turno.

"Estávamos 15 pontos atrás da Dilma e estamos a 6 pontos. Esse é um dado que reforça a tese de que o Aécio tem condições de vencer a Dilma no segundo turno ". O voto no Aécio no primeiro turno passaria a ser o voto útil, o que também é importante, pois a campanha sabe que há eleitores do PSDB que estão votando na Marina porque consideram que ela é a única que pode derrotar o PT. Nem é verdade que a Marina vencerá a Dilma no segundo turno, nem é verdade que o Aécio não pode vencê-la , argumentam . O tempo escasso para a recuperação, de 16 dias, não preocupa a campanha de Aécio, porque acham que essa progressão não é aritmética.

"A eleição começa a ganhar a atenção das pessoas e a questão ética está entrando no radar do eleitor ". É preciso aproveitar esse movimento e seguir crescendo. Em Minas Gerais, Aécio Neves está crescendo bem, começa a recuperar a votação no Sul do país e precisa recuperar em São Paulo. O objetivo é recuperar o eleitor tucano que foi para Marina pensando que o Aécio não tinha mais chance de vencer . O eleitor conservador , antipetista , que sempre foi do PSDB. Nas pesquisas internas do PSDB há a identificação de uma perda de substância na votação de Marina. Neste momento, estaria saindo mais voto em Marina do que entrando.

O eleitor tem pouca permanência na escolha de Marina. A propaganda de Marina indignada, citando Dilma diretamente e quase chorando, não pegou bem entre os eleitores que participaram de uma pesquisa qualitativa realizada para o PSDB. Teve eleitor que achou exagerado , acima do tom , e quem fizesse o seguinte comentário: quero ter um presidente frágil, que chore? Quero cuidar da minha presidente ou quero que o presidente cuide de mim? Para manter o ânimo, será preciso que a próxima pesquisa do Datafolha, a ser divulgada na sexta-feira, confirme que a tendência de Aécio Neves é de crescimento.

Dora Kramer: Munição avariada

- O Estado de S. Paulo

Descontada a brisa de esperança que os quatro pontos a mais devem ter produzido na campanha do tucano Aécio Neves, em termos numéricos a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo não trouxe grandes novidades.

Mas se considerarmos o panorama do ponto de vista do objetivo da louca ofensiva da campanha da presidente Dilma Rousseff sobre a candidata do PSB, Marina Silva, é de se notar algo inesperado: a ausência de resultado da artilharia pesada.

Marina não disparou na subida, mas tampouco despencou como o PT pretendia. A presidente oscilou três pontos a menos no primeiro turno, a ex-senadora apenas um e ficaram as duas no patamar de 36% a 30%.

Para quem iria tirar a comida da mesa dos brasileiros, acabar com programas sociais e, de quebra, vender a Petrobrás em contraponto com a presidente de um partido cujo governo representa a salvação do Brasil, convenhamos, o saldo não é favorável à atacante.

Ainda mais se consideradas suas condições desproporcionalmente vantajosas. Se postas na balança - a começar pelo tempo de televisão cinco vezes maior -, o lado mais fraco saiu ganhando. Ao menos por enquanto. No segundo turno, permanece o empate (43% para Marina, 40% para Dilma) quando a ideia, a julgar pela força do ataque, seria provocar um abalo ao menos significativo.

O que terá acontecido são hipóteses a serem examinadas pelos especialistas. O PT pode ter exagerado na dose e Marina aproveitado bem a posição da atacada. E a subida de Aécio, com redução de 15 para sete pontos da distância entre ele e Dilma no segundo turno? Tudo indica uma retomada do eleitor que vê nele a possibilidade de derrotar o PT.

Seja como for, confirmado esse movimento do cenário, a campanha da reeleição precisará no mínimo de fazer uma pausa para meditação sobre a eficácia do método da demolição.

Velha senhora. Muita gente experiente, e até bem intencionada, põe a culpa da degradação da política no instituto da reeleição. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa foi além em palestra nesta semana dizendo que a possibilidade de um segundo mandato é "a mãe de todas as corrupções".

Se a premissa é verdadeira e considerando que a reeleição passou a existir na Constituição brasileira só a partir de 1997, teríamos de aceitar que antes disso a corrupção ainda não havia nascido no Brasil. O que, evidentemente, não corresponde aos fatos.

A extinção pura e simples da lei não impedirá o governante transgressor - como de resto nunca impediu - de usar a máquina pública para eleger o sucessor.

'Pour mémoire'. Ninguém no Congresso tinha a menor dúvida sobre a impossibilidade de Paulo Roberto Costa falar qualquer coisa na CPI da Petrobrás em sessão aberta ou fechada.

A presença dele, contudo, serviu para que parlamentares - de oposição, claro - se sucedessem aos microfones para recordar e repetir por horas tudo o que há de suspeito contra a estatal, acrescentando ligações dos personagens atuais com os que transitaram pelo escândalo do mensalão. Em suma, a sessão serviu para passar em revista o caso.

Sendo a CPI foro político e politicamente manejado pelos governistas para impedir as investigações, ontem os oposicionistas tiveram a sua chance de dar à comissão de inquérito a mesma utilidade.

Toque de classe. A presidente Dilma nessa ofensiva contra Marina já vinha dando sinais, mas a incorporação do estilo Lula tornou-se ontem definitiva ao responder a empresários que a legislação trabalhista não mudará "nem que a vaca tussa".

Eliane Cantanhêde: Circo

- Folha de S. Paulo

Que não se fazem mais CPIs como antigamente a gente já sabia, mas a CPI mista da Petrobras extrapolou nesta quarta-feira (17), ao se comportar como um circo dentro do Congresso Nacional.

Como o governo articulava, a oposição previa e o procurador geral da República sinalizou previamente, o tal Paulo Roberto Costa --que vem sendo chamado de Marcos Valério (o do mensalão) da Petrobras-- só abriu a boca para repetir o chavão da ditadura: "Nada a declarar".

O pretexto é legítimo: se ele contasse o que sabe fora da Justiça, do Ministério Público e da polícia, perderia o direito à delação premiada e a um abrandamento de pena.

Então, por que tanto empenho para levar o cara ao Congresso? Só se era para dar um passeio, já que tem tantos amigos por lá. Viajou num jatinho da Polícia Federal e escoltado por quatro agentes, circulou por Brasília num comboio policial, dormiu na cidade e volta hoje para a prisão em Curitiba, à custa do meu, do seu, do nosso rico dinheirinho.

Enquanto Paulo Roberto, de terno, gravata e bigode novinho em folha, passou três horas mudo, governistas e oposicionistas travavam um duelo de campanha. A coitada da Petrobras ficou pairando ali, ao léu, feita de gato e sapato por governos e agora por campanhas, desde que Lula criou duas ficções: a de que produzira o pré-sal nas profundezas do oceano e a de que os adversários iriam privatizar a companhia símbolo do país.

Na CPI, ou melhor, no circo, os governistas martelavam o título "Petrobrax", "prova" da intenção tucana de vender a empresa, enquanto a oposição chamava os novos escândalos de "mensalão 2".

Nada que esclareça como Paulo Roberto virou diretor, adquiriu tanta desenvoltura e amealhou cerca de R$ 50 milhões (considerando-se uma única conta no exterior). E amealhou para o quê? Ou para quem?

Se depender do Congresso e das CPIs, só saberemos depois das eleições. Ou não saberemos nunca.

Luiz Carlos Azedo: A mudança no ar

• Aécio tenta qualificar seu projeto na mudança, sentimento hoje majoritário entre os eleitores, para se contrapor a Marina Silva, que vem revelando surpreendente capacidade de resistência ao bombardeio que sofre

- Correio Braziliense

A única novidade do cenário eleitoral, afora o bate-boca entre Dilma Rousseff e Marina Silva sobre a legislação trabalhista, é a recuperação eleitoral de Aécio Neves (PSDB), que demonstrou capacidade de resistência e reação numa disputa na qual começou sob o fogo cerrado da presidente Dilma Rousseff e do PT: o tucano reduziu de 16 para 11 pontos a desvantagem em relação a Marina Silva (PSB), segunda colocada na corrida presidencial, na pesquisa do Ibope divulgada na terça-feira à noite. Não é pouco a essa altura do campeonato.

A presidente Dilma continua na liderança, mas parece que sua campanha bateu no teto e caiu: diminuiu de 8 para 6 pontos a distância em relação a Marina, mantendo-se em empate técnico com ela no segundo turno. A petista tinha 39% há uma semana e, agora, está com 36%. Marina oscilou de 31% para 30%, enquanto Aécio cresceu de 15% para 19%. Os demais candidatos têm 2%. Esse cenário afasta a possibilidade de desfecho da disputa no primeiro turno.

As dificuldades da presidente Dilma têm muito a ver com sua rejeição, pois 32% afirmam que não votariam na atual presidente da República “de jeito nenhum”. Aécio tem 19%, e Marina, 14%. Havia uma expectativa de que a petista continuasse crescendo em meio ao tiroteio com os adversários, mas não é o que aconteceu. O bate-boca entre Dilma e Marina favoreceu Aécio, que ganhou pontos com a troca de acusações. A agressividade de Dilma tirou-lhe parte dos votos que havia recuperado.

Volatilidade
O ambiente eleitoral costuma ser muito volátil nas duas últimas semanas de campanha, pois muita coisa pode acontecer em razão dos programas de televisão e de rádio e do desempenho dos candidatos nos debates, sem falar das campanhas de rua. Segundo as pesquisas, 27% dos eleitores que hoje declaram voto em Marina no segundo turno admitem mudar de candidato. No caso de Dilma Rousseff, esse percentual sobe para 49%.

Esses eleitores estão entre Dilma e Marina, mas nada impede que uma parcela possa migrar para Aécio, que na pesquisa Ibope subiu, retirando votos tanto de uma quanto de outra adversária. O curioso é que o perfil eleitoral das candidatas do PT e do PSB é muito diferente. Marina é a preferida do eleitor jovem, mais instruído, com renda mais alta e morador dos grandes centros urbanos. O eleitorado de Dilma é mais velho, com nível educacional mais baixo, renda mais baixa e está concentrado nos grotões do país.

Marina é mais votada entre eleitores na faixa etária de 16 a 24 anos (49%), ensino superior completo (50%) e renda mensal acima de cinco salários mínimos (56%). A candidata do PSB tem seu melhor desempenho na Região Sudeste (50%), nas capitais (49%) e em municípios com mais de 100 mil eleitores (46%).

Dilma Rousseff tem garantia de voto do eleitorado com faixa etária acima de 55 anos (46%), escolaridade até a 4º série do ensino fundamental (53%) e renda mensal de até um salário mínimo (58%). A presidente tem melhor desempenho na Região Nordeste (58%), no interior (46%) e em municípios de até 20 mil eleitores (57%).

E Aécio Neves? A recuperação do tucano mostra que é possível comer o mingau pelas bordas, apostando nas estruturas de poder controladas pelo PSDB em São Paulo, Paraná, Minas, Goiás e Pará, além do apoio de aliados estratégicos no Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, Amazonas e Mato Grosso, principalmente. O tucano tirou votos de Dilma no Centro-Oeste e no Norte do país e de Marina no Sul. Cresceu em todas as faixas de renda e níveis de escolaridade.

É no projeto político que herdou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e nessas estruturas de poder do PSDB que o tucano aposta, convicto de que ainda pode chegar no segundo turno, uma vez que os candidatos tucanos à reeleição — Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR), Marconi Perillo (GO) e Simão Jatene (PA) — vão muito bem, obrigado, ao contrário do que acontece com a maioria dos candidatos do PT e do PSB.

Aécio tenta qualificar seu projeto na mudança, sentimento hoje majoritário entre os eleitores, para se contrapor a Marina Silva, que vem revelando surpreendente capacidade de resistência ao bombardeio que sofre. As próximas pesquisas dirão se o caminho está aberto para isso. Seu maior problema, no momento, é a situação de Minas Gerais, que deve concentrar sua atuação na reta final, para eleger o tucano Pimenta da Veiga e derrotar o petista Fernando Pimentel, que hoje lidera a disputa.

Raquel Ulhôa: A busca de projeto próprio de poder

• Indispensável a qualquer governo, PMDB quer sua vez

- Valor Econômico

Enquanto PT, PSB e PSDB se desgastam no vale-tudo da eleição presidencial, o PMDB trabalha sem alarde para eleger o maior número de governadores e parlamentares, permanecendo indispensável a qualquer governo, seja de qual partido for. Com o esgarçamento da relação com o PT, o PMDB ensaia buscar um projeto próprio de poder, para deixar de ser caudatário de outras legendas.

O presidente do PMDB, Michel Temer - como vice-presidente da República que concorre à reeleição na chapa da presidente Dilma Rousseff -, está envolvido até o pescoço na campanha nacional. Sua agenda de viagens tem sido intensa. Só nesta semana estavam previstos compromissos eleitorais em São Paulo, no Maranhão, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

A reeleição de Temer na Vice-Presidência por mais quatro anos, no entanto, não é "a" prioridade de todo o partido. A base nunca viu vantagem na ocupação do cargo e as lideranças já se cansaram do PT. Para evitar que o PMDB se dissolva com o tempo, o comando partidário quer tocar outro projeto: preparar um programa de governo e uma candidatura própria para presidente da República em 2018.

A tese é antiga e nunca vingou, até por falta de nomes. Mas desta vez Temer tem se comprometido publicamente com essa meta. A falta de um pré-candidato natural não pode ser empecilho, na opinião do deputado Eliseu Padilha (RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães - instituição do partido que desenvolve projetos de pesquisa, cursos de educação política e outras atividades. Padilha sempre defendeu a tese, mas agora diz que "não há hipótese" de o partido não lançar candidato a presidente em 2018.

"Nome é secundário. Primeiro, a gente tem que ter interlocução com a sociedade. É assim que se faz política. É o partido ser interlocutor de causas da sociedade. Senão, não temos nenhuma chance de ser bem sucedidos no projeto nacional", diz o deputado, um dos representantes do PMDB na campanha nacional e o dirigente pemedebista mais próximo de Temer.

Padilha e o vice-presidente têm defendido que o PMDB resgate e fortaleça a interlocução com os vários setores da sociedade. O deputado propõe que o partido realize um Congresso logo após as eleições para dar o pontapé inicial do projeto 2018, discutindo e aprovando um plano e um cronograma de ações que torne viável a candidatura própria à Presidência da República.

Até lá, o PMDB quer manter o posto de maior partido do país. Nas eleições de 2014, a cúpula espera eleger as maiores bancadas de senadores e deputados federais. O objetivo é manter pelo menos a Presidência do Senado - e, consequentemente, a do Congresso. Outra previsão é eleger o maior número de governadores (nove ou dez).

Os Estados nos quais o partido disputa o governo com maiores chances são Rio de Janeiro, Espírito Santo, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Pará, Amazonas, Tocantins e Rondônia. O partido ainda contabiliza entre as possibilidades o Paraná e o Maranhão.

Mesmo que Dilma e seu vice sejam eleitos, o comando do PMDB pretende deixar claro que em 2018 o partido terá seu próprio projeto de poder e apresentará um nome para a corrida ao Palácio do Planalto. A convicção é que, se continuar integrando uma aliança secundária, o PMDB vai minguar.

Os dirigentes estão certos de que o PMDB continuará tendo as maiores bancadas no Legislativo, o que obrigará qualquer governo a negociar com suas lideranças. A pregação da candidata do PSB a presidente, Marina Silva, por uma "nova política" não é levada a sério entre pemedebistas, porque, se eleita, ela dependerá mais do PMDB do que Dilma e Aécio para construir acordos com o Congresso, por dispor da base partidária mais frágil.

Algumas lideranças pemedebistas vão além: acreditam que o partido teria mais influência em eventual governo de Marina Silva do que sob Dilma, mesmo ocupando a Vice-Presidência da República. Ou seja, o que vier é lucro.

Os rumores de que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa envolveu importantes figuras do partido no esquema de corrupção da Petrobras, como o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, e o deputado Eduardo Cunha (RN), líder na Câmara, são minimizados pelo comando do PMDB.

Dizem que, mesmo que as denúncias sejam comprovadas e esses personagens percam poder, o PMDB continuará sendo o maior partido do Congresso e o mais influente. E outros quadros da legenda substituirão os que eventualmente caírem em desgraça.

A maior parte dos pemedebistas se divide, nos Estados, entre o apoio a Dilma ou Aécio Neves. Marina conta principalmente com o apoio de parlamentares dissidentes do PMDB, como os senadores Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE). Se ela vencer, eles poderão até desempenhar funções importantes no governo, mas nunca serão transformados em interlocutores do partido. A cúpula avisa: Marina teria de negociar "institucionalmente" com a direção do PMDB.

O entusiasmo de pemedebistas com um ou outro candidato oscila um pouco ao sabor das pesquisas de intenção de voto. Quando o tucano começou a perder pontos, setores do partido do Rio de Janeiro e do Mato Grosso do Sul, que o apoiavam, emitiram sinais de disposição de conversar com o governo.

Se a curva de crescimento das intenções de voto em Aécio, registrada pelas pesquisas, continuar, a tendência é que o tucano recupere apoios no PMDB. O fato é que, qualquer que seja o próximo presidente, o partido estará a postos no Congresso para facilitar - ou dificultar- a governabilidade. E terá quatro anos para preparar um candidato para 2018 ou constatar que é mais vantajoso continuar reinando no Congresso.

Jarbas de Holanda: Os efeitos do vale-tudo do PT contra Marina. E a boa, mas limitada, recuperação de Aécio.

A pesquisa do Ibope, divulgada ontem à noite pela Globo, e a do Datafolha que está sendo concluída, são as de maior credibilidade para refletir o impacto, na fase relevante das disputas eleitorais (sobretudo a presidencial) que começou na segunda semana de setembro, de fatos políticos e mudanças táticas de campanhas com potencial de garantir a manutenção ou alterar significativamente as tendências configuradas, após a troca da candidatura do PSB, pela seleção dos finalistas Dilma Rousseff e Marina Silva, com a exclusão de Aécio Neves.

Entre tais fatos, destacam-se o megaescândalo da Petrobras (a partir da delação do ex-diretor Paulo Ro-berto Costa sobre o desvio de vultosos recursos da estatal para negociatas e propinas para integrantes da base governista federal). E das aludidas mudanças táticas de campanhas a mais significativa foi o desencadeamento pelo comitê de Dilma e pelo PT de radical e ruidosa ofensiva para a “desconstrução” de Marina, caracterizada como traidora que se tornou instrumento dos banqueiros, ameaça aos programas assistencialistas, inimiga do pré-sal. O último ataque sendo usado, também, para reduzir o peso do referido megaescândalo. Cujas proporções geraram para a candidatura de Aécio a expectativa de desdobramentos rápidos e com grande espaço na mídia, favoráveis a uma recuperação de sua competitividade. Cabendo assinalar, relativa-mente à ofensiva anti-Marina, que poderia ter resultados contraditórios: de um lado, ganhos com a queda de apoio eleitoral à candidata que sucedeu Eduardo Campos; de outro, prejuízos com julgamento negativo por amplos segmentos da sociedade às calúnias e baixarias dirigidas contra ela (já objeto de embargos e contestações por órgãos do Judiciário).

Os números da pesquisa do Ibope sobre o 1º turno (que poderão ser confirmados basicamente ou alterados pelo Datafolha) mostrou uma queda de três pontos de Dilma, de 39% no levantamento anterior, para 36% no processado de sexta-feira em diante, e uma oscilação de Marina, de 31% para 30%, ambas em contra-ponto a uma elevação do índice de Aécio no período, de quatro pontos – 15% para 19%. A queda da primeira evidenciando a prevalência de um saldo negativo da mudança tática promovida na campanha governista, com provável adição do desgaste pelo novo escândalo na Petrobras e pela sequência de indicadores muito ruins do comportamento e da gerência da economia. Enquanto a pequena queda de Marina – de 33% há 15 dias para 30% agora – demonstra, em um plano, resistência ao tiroteio sobretudo ético de que tem sido alvo, e, em outro, reflete as dúvidas – mais que isso a desconfiança – do eleitorado com maior nível de informação a respeito da coerência e da consistência de suas propostas e da viabilização institucional delas.

O que tem sido potencializado por críticas políticas (não baixarias) por parte de Aécio, em mudança também feita em sua campanha, que mantém a centralidade dos ataques voltada para a adversária governista. E a recuperação do candidato do PSDB, expressiva mais ainda limitada, reabre-lhe espaço para a afirmação de uma possível, embora ainda pouco provável “onda da razão” (nos últimos 15 dias da batalha do 1º turno), que tenta como a “verdadeira alternativa ao petismo”. Quanto à renovação das projeções para o 2º turno, o Ibope aponta tendências semelhantes: queda das in-tenções de voto em Dilma, de dois pontos, para 40%, com manutenção das atribuídas a Marina, 43%. E avanço de Aécio também nesse cenário, com redução da desvantagem em relação às duas concorrentes, que continua elevada. E quanto à Petrobras, cabe esperar mais desdobramentos do megaescândalo, com o depoimento hoje de Paulo Roberto Costa à CPI mista do Congresso (que o Palácio do Planalto e o PT tentam esvaziar) e novas revelações de graves irregularidades pela imprensa.

As informações das duas pesquisas atualizarão, igualmente, as tendências das disputas estaduais e vão propiciar antecipação mais consistente das relativas à composição do próximo Congresso Nacional. Um outro desafio importante colocado para Aécio Neves é o de uma reversão, muito difícil, da disputa pelo governo mineiro, que segue marcada por folgada liderança mantida por Fernando Pimentel sobre Pimenta da Veiga. O que faz de Minas o único estado de grande peso político e econômico em que o PT está à frente dessa disputa.

Jarbas de Holanda é jornalista

Míriam Leitão: Para que mentir?

- O Globo

O Bolsa Família é um sucesso tal que ninguém fala em acabar com o programa. A presidente Dilma escolheu o foco nos extremamente pobres, o que foi acertado, e o Brasil acaba de sair do mapa da fome da ONU. Apesar desse sucesso, a campanha petista inventa números para inflacionar os dados da pobreza de antes de sua gestão e lança mentiras sobre a campanha de Marina.

Nos dois minutos mais fortes desta campanha, Marina falou de improviso, sem marqueteiros e teleprompter, em palavras diretas do coração, com a força da grande oradora que é, do seu compromisso em manter o Bolsa Família. Desmente a campanha do PT de que ela acabaria com o programa. O caso familiar que relata é pungente e verdadeiro, pelo que ela viveu em Seringal Bagaço. O Brasil fez isso com milhões dos seus filhos durante sua longa história de exclusão. "Isso não é um discurso, é uma vida", conclui Marina.

O esboço do programa de Dilma registra que havia 54% de pobres e miseráveis antes da gestão petista. O mesmo número foi repetido pela candidata nas considerações finais da sabatina do GLOBO. Mas os dados que o especialista em combate à pobreza Ricardo Paes de Barros sempre me forneceu, em gráficos que usei até no exterior para mostrar como o Brasil avançou, registram que o percentual de pobres e extremamente pobres caiu de 47% antes do Plano Real para 38% em 1995. Depois, ficou parado para voltar a cair fortemente nos governos petistas. Em 2008, estava em 25% e continuou caindo.

O resultado do PT já é tão bom que fica a dúvida: para que manipular o passado ou mentir sobre adversários? O programa Bolsa Família nasceu após uma hesitação que elevou um pouco o percentual de pobres no ano de 2003. O Fome Zero era muito ruim e envelhecido. Entregaria bônus para compra de alimentos com exigências burocráticas aos pobres. Felizmente, a ideia foi abandonada e voltou-se à nova tecnologia de transferência de renda que já havia sido aplicada com sucesso em Campinas, por José Grama, do PSDB; em Brasília, por Cristovam Buarque, do PT; em Belo Horizonte, pelo PSB, de Célio de Castro. Foi então para o governo federal de Fernando Henrique.

Mas o Bolsa Escola federal era tímido no governo FH. O ex-presidente Lula unificou os programas que encontrou, ampliou e mirou a universalização. Excelente iniciativa. O Bolsa Família foi um sucesso como provam os números de queda da pobreza. Na gestão da competente ministra Tereza Campello, o Brasil tem focado os extremamente pobres, a base da pirâmide. Os ganhos são inegáveis. Na última conversa que tive com a ministra, vi uma impressionante sequência de boas notícias.

A economista Sonia Rocha é outra conhecida especialista em programas sociais de combate à pobreza. Seus números são um pouco diferentes de Paes de Barros porque tudo depende da linha de pobreza, mas ela mostra o mesmo movimento: a pobreza cai fortemente com o Plano Real, para de cair por anos, e volta a declinar no governo Lula. Em livro recente sobre o tema, "Transferência de Renda no Brasil: o fim da pobreza?", ela afirma: "Depois de ter declinado de 44% em 1993 para 34% em 1995, a média para o período 1996-2003 se situou em 34% atingindo o pico de 35% em 2003, primeiro ano do governo Lula."

De 2004 em diante, a queda ocorre de forma sustentada. Há discussões entre os especialistas sobre outros fatores, como aumento da renda do trabalhador e crescimento econômico, para esse efeito. Não há dúvida que sem a estabilização essa onda boa não teria começado, mas foi nos governos petistas que as curvas declinaram mais fortemente. Isso é bom o suficiente. Não é necessário usar de truques ou mentiras.