quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Opinião do dia: Marina Silva

"Neste momento nosso esforço, independente de partidos, é de que todo seu esforço, sua trajetória, sua insistência em renovar a politica não seja tratado como uma herança onde cada um pega um fragmento do desposo, mas como um legado que quanto mais pessoas puderam apropriar dele maior ele fica porque se multiplica no coração, nas mentes e na ação daqueles que não desistem de que esse mundo possa ser socialmente justo, economicamente próspero, culturalmente diverso, politicamente democrático e ambientalmente sustentável quanto tantas vezes dizíamos. "

Marina Silva, declaração após a missa de 7º dia  da morte de Eduardo Campos. Brasilia, 19 de agosto de 2014.

Com vice do PSB gaúcho, Marina entra na campanha

• Deputado federal diz que não é necessário carta compromisso para garantir projetos defendidos por Campos

Catarina Alencastro, Eduardo Bresciani e Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA e RECIFE - Após receber apoio da família de Eduardo Campos, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) conquistou o posto de vice na chapa presidencial de Marina Silva. A Executiva Nacional do PSB tem uma reunião marcada para hoje, na qual a chapa deve ser formalizada. A decisão de colocar Albuquerque como vice foi sacramentada após uma série de reuniões em Recife, das quais participaram parentes e aliados de Campos e os dois principais dirigentes nacionais do partido: o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, e o secretário-geral, Carlos Siqueira.

- Eu me senti honrado em receber essa missão, com o apoio do PSB de Pernambuco; de Renata (viúva de Campos); do prefeito do Recife, Geraldo Júlio; e do candidato (ao governo de Pernambuco) Paulo Câmara; de representar o pensamento, a trajetória, o legado de Eduardo Campos junto com Marina. A morte de Eduardo Campos não foi em vão - afirmou Albuquerque, na saída do encontro com Amaral e Siqueira.

Candidato recebeu aval de Renata Campos
Albuquerque esteve na casa de Renata Campos ontem à tarde, junto com Geraldo Júlio, Paulo Câmara, e o presidente do PSB do estado, Sileno Guedes. Após receber o aval da viúva, foi ao encontro de Amaral e Siqueira:

- Essas consultas nos levam a anunciar, ressaltando que cabe à Executiva decidir, que será levada a proposta para a reunião de termos Marina candidata à Presidência e o deputado Beto Albuquerque a vice. A questão não era chegar com uma proposta à Executiva, mas conseguir consenso. A Renata seria unanimidade dentro do partido, mas ela declinou o convite - explicou Amaral.

Albuquerque afirmou que não é necessária uma carta compromisso para que sejam mantidos os projetos que vinham sendo defendidos por Campos nem as alianças estaduais. Afirmou que o programa de governo, que ainda não foi divulgado, é suficiente. Ressaltou que as alianças regionais costuradas por Campos serão mantidas. O PSB poderá, no entanto, fazer "considerações" sobre o que pensa do processo eleitoral.

Amaral afirmou que o lançamento oficial da campanha deve ser no Recife, no próximo fim de semana. A intenção é reunir lideranças do partido para demonstrar unidade em torno da nova chapa. Desde sexta-feira, o nome de Albuquerque passou a circular como opção dentro do PSB. Ele é candidato ao Senado no Rio Grande do Sul, mas tinha poucas chances. Além disso, era um dos parlamentares mais ligados a Campos e foi um dos primeiros a defender a candidatura própria à Presidência.

Após a realização da missa de sétimo dia de Campos, na Catedral Metropolitana de Brasília, ontem, Marina Silva fez breve pronunciamento em homenagem ao companheiro de partido. Sem tratar de sua candidatura à Presidência, disse que agora é preciso reunir esforços para renovar a política:

- Neste momento, nosso esforço, independente de partidos, é de que toda sua trajetória, sua insistência em renovar a politica não seja tratada como uma herança onde cada um pega um fragmento do despojo, mas como um legado que, quanto mais pessoas puderem se apropriar dele, maior ele fica, porque se multiplica no coração, nas mentes e na ação daqueles que não desistem de que esse mundo possa ser socialmente justo, economicamente próspero, culturalmente diverso, politicamente democrático e ambientalmente sustentável.

O vice-presidente, Michel Temer, e os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Moreira Franco (Aviação Civil) e Marta Suplicy (Cultura) representaram o governo.

Marina descarta campanha conjunta com tucanos de SP e PR

• Candidata do PSB, que será oficializada nesta quarta pelo partido, avisa que não fará campanha com Alckmin e Beto Richa

João Domingos e Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo

A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, impôs restrições a alguns dos acordos regionais costurados com o PSDB por Eduardo Campos, seu antecessor na cabeça de chapa morto na quarta-feira da semana passada após a queda de seu avião em Santos, no litoral paulista.

Dos 14 palanques estaduais que Campos articulou para sua campanha, Marina e seus aliados da Rede - partido que tentou criar sem sucesso no ano passado - decidiram que pretendem ficar longe de pelo menos dois: São Paulo, com Geraldo Alckmin, e Paraná, com Beto Richa. A ideia é que ela faça campanha autônoma, descasada dos dois tucanos e transfira aos dirigentes regionais do PSB a agenda conjunta.

Ficará permitido apenas que os candidatos a deputado federal e estadual utilizem material de campanha com imagens suas com os dois tucanos.

A premissa parte do pressuposto de que nesses locais estão sendo respeitadas as condições anteriores à morte de Campos.

Marina, que será oficializada nesta quarta-feira como candidata do partido, foi contrária às duas alianças e comunicou isso ao então candidato, que compreendeu sua posição. Tanto que nos locais em que ela não se opôs, como com a candidatura do tucano Paulo Bauer (PSDB) em Santa Catarina ou de Lindbergh Farias (PT) no Rio, a Rede aceita a campanha conjunta.

'Liberdade'. Um dos principais aliados de Marina e um dos fundadores da Rede, o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ) foi o que defendeu na última terça-feira mais explicitamente esse formato. Ele exemplificou que o próprio Campos não teve agenda com Alckmin nem com Richa. "Ela (Marina) tem que ter a liberdade de transitar de uma forma mais ampla do que os acordos regionais", afirmou ele, em entrevista após a missa de sétimo dia em homenagem a Campos e aos demais mortos no desastre aéreo.

Para ele, a situação do Rio "é muito peculiar" porque ela tem boa aceitação no Estado e consegue se impor independentemente do cenário regional. "A potencialidade da Marina no Rio é gigantesca, ela teve 31% no primeiro turno (em 2010) e eu acho que ela pode crescer muito mais do que isso", afirmou.

O PSB concorda com essa linha de atuação. O líder do PSB no Senado e candidato ao governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, afirmou que o partido não vai criar situações de desconforto para a ex-ministra Marina Silva nos palanques estaduais onde houve problemas na formação de alianças. "Alianças conjuntas só acontecem quando os candidatos se sentem confortáveis", disse. "Marina fará campanha com o partido. Não vamos obrigá-la a fazer algo que ela não se sinta à vontade."

Documento. O PSB vai entregar nesta quarta a Marina um documento com todos os acordos firmados por Campos, mas pretende dar liberdade para atuar sobre eles. O presidente da legenda, Roberto Amaral, disse que o texto procura resguardar acordos, mas não pode ser encarado como uma condicionante para Marina. "Não há nenhuma carta de compromissos. Vamos conversar com ela sobre as novas condições que surgiram com a morte de Eduardo", disse Amaral, para quem, apesar das discordâncias de Marina, não é possível desfazer os acordos regionais.

Não me preocupo com Marina, diz Dilma

• 'É direito das pessoas concorrerem', afirma candidata do PT, que visitou hidrelétricas

Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo

PORTO VELHO (RO) - Apesar de integrantes da campanha temerem um 2.º turno sem a polarização entre PT e PSDB, a candidata à reeleição Dilma Rousseff disse ontem, em Rondônia, que não pode ficar "preocupada" com a entrada da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva na corrida presidencial. Dilma visitou as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em uma ofensiva para colocar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na vitrine eleitoral.

"Meu querido, eu quero dizer para você: eu vou fazer a minha campanha, tenho muito o que mostrar. Não posso ficar preocupada com qualquer pessoa ou com o que ela queira fazer, é direito das pessoas concorrerem. E é meu direito aproveitar este período e apresentar as obras que nós estamos fazendo, tudo o que nós entregamos", disse Dilma, ao ser questionada sobre o novo cenário político.
A presidente afirmou ainda que vê com naturalidade o fato de Marina assumir a chapa. "Não tenho por que comentar a entrada de ninguém", disse.

A licença prévia das duas usinas foi emitida pelo Ibama em 2007, quando Marina era ministra de Lula. Na época, ela foi criticada pela demora no licenciamento ambiental das hidrelétricas. O embate marcou uma série de desavenças quando as duas foram colegas de governo.

Cenário. Durante a visita às hidrelétricas, uma equipe gravou imagens de Dilma para o horário eleitoral. Antes de conversar com a imprensa, ela almoçou com operários em refeitório no canteiro de obras de Santo Antônio.

Tributos a Campos marcam abertura da campanha na TV

• PSB, Aécio, Lula e PV elogiam candidato morto em acidente aéreo

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA, RIO e PORTO ALEGRE - Ainda sem Marina Silva oficializada candidata do PSB à Presidência, o primeiro programa eleitoral do PSB foi todo dedicado a Eduardo Campos, morto há uma semana em acidente de avião em Santos. Em pouco mais de dois minutos reservados à sua coligação, Campos apareceu em imagens de várias campanhas das quais participou e em gravações que já estavam prontas para a atual disputa. O ex-presidenciável também foi homenageado nos programas do PT, do PSDB e do PV.

O programa do PSB apostou na comoção gerada pela morte de Campos. Ele aparece em primeiro plano falando de seus sonhos "de um Brasil democrático, generoso com as diferenças, com educação de qualidade, mais equilibrado social e regionalmente, que cuida do seu enorme patrimônio natural e do extraordinário povo guerreiro, mestiço, alegre e generoso".

As imagens dele interagindo com trabalhadores e pessoas comuns são misturadas a cenas de comício ao lado do amigo Ariano Suassuna, espécie de amuleto de campanhas anteriores. Numas das cenas, em uma fábrica, Campos aparece conversando com uma operária. Ele pergunta:

- Antes trabalhava em quê?

- Em nada! Era faxineira - diz a mulher de capacete, caindo no choro.

- Mas não chore não, senão eu vou chorar também - responde Campos, abraçando a operária.

Marina apareceu rapidamente no programa, dançando junto a Campos numa roda de jovens. O ex-candidato do PSB diz em uma das imagens que tem uma tarefa: "Não desanimar e animar tantos outros a construir uma grande união no Brasil em torno de valores".

Na última cena, ele posa para foto com a mulher e os filhos. A foto foi feita por Alexandre Severo, que morreu no mesmo acidente de Campos e aparece na filmagem mostrando a fotografia à família. Ali nasceu a frase tema da campanha: "Não vamos desistir do Brasil, é aqui onde vamos criar nossos filhos".

O programa do PSB termina com a foto dos outros companheiros de Campos que morreram no acidente: Pedro Valadares, Carlos Percol, Marcelo Lyra, Marcos Martins e Geraldo da Cunha.

Tucano lembra os avôs
O candidato do PSDB, Aécio Neves, abriu o programa com um tributo a Campos, relembrando o início da vida política dos dois, levados pelas mãos dos avôs Tancredo Neves e Miguel Arraes. Já Dilma Rousseff, que foi alvo de ataques pesados do socialista, passou a Lula a tarefa de fazer a homenagem. Enquanto Aécio destacou a amizade quase fraternal, Lula disse que ele e Eduardo tinham uma relação de pai e filho.

Em sua fala, Aécio relembrou da convivência de 30 anos com Campos, disse que a campanha começava com um sentimento de enorme tristeza e prometeu colocar em prática projetos que o ex-presidenciável não pode executar:

- Tudo fica pequeno demais quando nos confrontamos com algo tão inesperado. Construímos ao longo dos anos uma relação de amizade e respeito. Colocar em prática as ideias e os ideais que tínhamos em comum será a melhor forma de celebrar a vida do grande governador, do pai, do marido, do amigo, do brasileiro Eduardo Campos.

Igualmente emocionado, Lula encerrou o programa de Dilma com uma fala sobre o seu "querido companheiro" Eduardo Campos. E repetiu a frase que virou mote da campanha socialista: nunca desistir do Brasil.

- Nós dois temos um afeto de pai e filho. Sinto uma dor imensa por sua perda. Sua luta sempre foi e continuará sendo a nossa luta, e suas últimas palavras precisam ser incorporadas pelo povo brasileiro. Nunca, jamais desistir do Brasil. É assim, Eduardo, que vamos guardar sua memória para sempre.

O candidato do PV, Eduardo Jorge, dedicou seus poucos segundos a uma mensagem em fundo negro de tela, destacando que tem os mesmos ideais de solidariedade do socialista.

As campanhas estaduais do PSB também falaram de Campos. O diretório fluminense dedicou o tempo de um minuto dos candidatos a deputado federal a um vídeo com homenagem a Campos no programa exibido ontem à tarde. Não havia locução, apenas um tema musical emotivo e a exibição da frase "Não vamos desistir do Brasil".

O PSB do Rio Grande do Sul veiculou um spot de 30 segundos para rádio e TV com texto de homenagem ao ex-governador pernambucano, lido pelo candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul e líder do partido na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque, que mais tarde foi confirmado extraoficialmente como candidato à vice-presidente. ( Colaboraram Alexandre Rodrigues e Flávio Ilha )

Ex-ministra tem eleitorado parecido com o de Aécio

- O Estado de S. Paulo

Marina Silva (PSB) entra na corrida presidencial no mesmo patamar em que estava em outubro de 2013, e com eleitores de perfil muito semelhante ao que ela tinha então. Eles têm pouco em comum com os de Dilma Rousseff (PT). Assemelham-se mais aos de Aécio Neves (PSDB). A sobreposição com o eleitorado tucano acontece principalmente no Sudeste e entre aqueles com maior escolaridade e de renda média a alta. Esse deve ser o cenário da disputa imediata por votos entre Marina e Aécio.

Em outubro de 2013, o Ibope mostrava Marina com 21% das intenções de voto, a mesma taxa encontrada agora pelo Datafolha. Antes como agora, é um eleitorado mais feminino, mais jovem, com mais universitários do que a média, e concentrado no Sudeste do país. É também o mesmo perfil de quem votou em Marina no primeiro turno presidencial de 2010.

As sobreposições com o perfil do eleitorado de Aécio não se dão em todas as frentes, mas em algumas das mais estratégicas para o tucano. Do Sudeste, por exemplo, Marina extraía em 2013 55% de suas intenções de voto. Na consolidação das duas mais recentes pesquisas do Ibope, Aécio tira 54% de seus votos da região. Já Dilma tem apenas 35% do seu eleitorado no Sudeste.

Fez-se a consolidação das duas pesquisas em uma base de dados única para aumentar o tamanho da amostra e, assim, a precisão dos cruzamentos. Isso só foi possível porque os resultados foram muito parecidos nas duas pesquisas.

Tanto Marina quanto Aécio têm mais dificuldades para entrar no Nordeste do que em qualquer outra região - justamente porque é o reduto onde Dilma tem a melhor avaliação de seu governo, onde há mais beneficiados de programas federais como o Bolsa Família e onde ela tem seus mais fiéis eleitores.

A batalha imediata entre Marina e Aécio deve ser disputada no Sudeste e entre os eleitores que passaram mais tempo na escola: os que concluíram o ensino médio e quem fez faculdade. São segmentos onde as taxas de branco e nulo estão mais altas e é por eles que os candidatos de oposição vão se enfrentar. / José Roberto de Toledo, Lucas de Abreu maia, Rodrigo Burgarelli e Diego Rabatone

Marina lamenta 'tamanho sacrifício' para ideais de Campos serem conhecidos

• Em pronunciamento após a missa de sétimo dia da morte do ex-governador, vice na chapa do PSB destaca atuação de pernambucano para "renovar a política"

Daiene Cardoso e Nivaldo Souza - Agência Estado

BRASÍLIA - A vice de chapa de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva, fez na tarde desta terça-feira, 19, um pronunciamento após a missa de sétimo dia celebrada nesta manhã na Catedral de Brasília. Em 6 minutos e meio de declaração à imprensa, Marina disse que todos devem se unir neste momento para dar sentido ao compromisso por seu colega de chapa, que morreu em acidente aéreo na última quarta-feira, 13. "Nosso esforço, de todos nós brasileiros independentemente de partidos, é de que todo seu esforço, sua trajetória e insistência em renovar a política não seja tratada como herança, onde cada um pega um fragmento do despojo. Mas que seja tratado como um legado, um legado que, quanto mais pessoas puderem se apropriar dele, maior fica", disse.

Marina, que deve ser confirmada nesta quarta-feira, 20, como candidata oficial do PSB à Presidência, lamentou a perda de uma jovem liderança política "em todo o seu vigor físico, todo seu compromisso e coragem para dar a contribuição ao Brasil que tanto precisa". "Que pena que só agora o sentido se faz", afirmou. "Que bom que revelaram seus ideais. Que pena que para que se revelassem (esses ideais) fosse ao preço de tamanho sacrifício, de tamanha perda". Com a voz embargada e amparada por um assessor, a ex-senadora disse que a densidade política de Eduardo Campos causou neste momento uma "explosão de sentimentos" e que essa densidade tende a se expandir.

A ex-senadora lembrou que Campos não se rendeu às críticas sobre sua bandeira de uma nova política e que até o último momento "pediu para que não desistíssemos de lutar pelo Brasil". Marina lembrou também que Campos cresceu em uma família que tinha condições de viver de forma digna, mas que escolheu "lutar pelos que não tinham nada". Em seu pronunciamento, ela recordou ainda que Campos sentiu "as dores da privação da liberdade" em sua família - seu avô Miguel Arraes foi exilado político - e que, por isso, escolheu lutar pela democracia.

Ao final, Marina declamou um poema de autoria própria que disse ter lido recentemente para a viúva Renata Campos. "Porque viemos do pó, precisamos da água para virar massa", diz um dos trechos.

Marina: legado de Campos não deve ser fragmentado

• Políticos acompanharam cerimônia na Catedral Metropolitana de Brasília. Dirigentes do PSB se reúnem para discutir chapa

Simone Iglesias e Catarina Alencastro – O Globo

BRASÍLIA - Dezenas de políticos acompanharam nesta terça-feira a missa de sétimo dia da morte de Eduardo Campos, na Catedral Metropolitana de Brasília. A vice do pernambucano na chapa e mais cotada para assumir a candidatura à Presidência, Marina Silva, chegou acompanhada do senador e candidato ao governo do Distrito Federal pelo PSB Rodrigo Rollemberg. Em um breve pronunciamento realizado após a missa, Marina fez uma homenagem dizendo que, neste momento, é preciso reunir esforços para renovar a política.

- Neste momento nosso esforço, independente de partidos, é de que todo seu esforço, sua trajetória, sua insistência em renovar a politica não seja tratado como uma herança onde cada um pega um fragmento do desposo, mas como um legado que quanto mais pessoas puderam apropriar dele maior ele fica porque se multiplica no coração, nas mentes e na ação daqueles que não desistem de que esse mundo possa ser socialmente justo, economicamente próspero, culturalmente diverso, politicamente democrático e ambientalmente sustentável quanto tantas vezes dizíamos – afirmou Marina

Ela pontuou que apesar das críticas, Eduardo Campos empunhou sua bandeira até o fim e repetiu a frase que deverá ser usada insistentemente na campanha do PSB, uma das últimas proferidas por Eduardo Campos de que não desistiria do Brasil.

Marina também lembrou de dois momentos em que esteve ao lado de Campos: uma atividade em Pernambuco, que reuniu 13 mil pessoas; e seu velório, onde mais de 100 mil pessoas foram dizer adeus.

- Que pena que só agora o sentido se faz. Que bom que aqueles que caminharam com ele tentando dar o sentido do compromisso de não desistir do Brasil agora se unem a todos aqueles que choram a sua morte.

O vice-presidente Michel Temer e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foram à cerimônia. A missa foi celebrada pelo arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha.

Também estavam presentes ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), colegas da mãe de Eduardo Campos, Ana Arraes, que trabalha no órgão, deputados e dirigentes de outros partidos, como o presidente do PV, Afonso Penna.

O presidente do PSB, Roberto Amaral, o secretário-geral Carlos Siqueira e o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), líder da bancada na Câmara, não foram à missa. Eles estão reunidos em Recife com a viúva de Campos para decidir o nome do vice que irá compor a chapa com Marina Silva. Amaral, Siqueira e Beto devem chegar em Brasília nesta terça-feira à noite.

O nome de Beto está em consulta no partido para assumir o cargo. Na tarde desta terça-feira dirigentes do PSB continuam a conversar em Brasília para fechar a chapa e anunciá-la nesta quarta-feira.

- A Marina ainda vai crescer muito. Inicialmente, achávamos que ela ia trazer votos para o Eduardo, mas agora é o Eduardo que vai trazer votos para ela - afirmou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Embora cotado para o cargo de vice, Delgado disse que não apresentou nem apresentará seu nome porque não é momento de disputa, mas de consenso partidário.

Um outro parlamentar ligado a Marina disse que Beto Albuquerque é o melhor nome por ser agregador e ter forte trânsito no Congresso.

Eduardo Campos morreu em acidente de avião ocorrido na manhã da última quarta-feira que matou também outras seis pessoas, sendo dois tripulantes e outros quatro passageiros. As causas do acidente ainda estão sendo investigadas por peritos da Força Aérea Brasileira (FAB).

Aécio concentra críticas a Dilma

• Senador tucano disse que não vai mudar sua atuação se a ambientalista entrar na disputa presidencial

Thalyta Andrade - O Globo

DOURADOS - O senador Aécio Neves (PSDB) disse, nesta terça-feira, que a possível entrada de Marina Silva (PSB) na corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto não irá alterar sua campanha. Sem citar a adversária durante discurso feito na Associação Comercial e Empresarial da cidade, o candidato tucano concentrou suas críticas no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), que, segundo ele, está fazendo um presidencialismo “quase que imperial”.

— A Marina é uma candidata como os outros. Eu a respeito, mas (a confirmação da candidatura dela pelo PSB) não muda nada dentro do que tenho feito na minha campanha até agora — afirmou Aécio.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada na madrugada desta segunda-feira, Marina aparece com 21% das intenções de voto, em um empate técnico com Aécio, que tem 20%, enquanto Dilma lidera com 36%. Em um eventual segundo turno, a ex-senadora do Acre teria 47% contra 43% da presidente. No cenário em que o tucano vai para o segundo turno, ele teria 39% e perderia para Dilma, com 47%.

Falando para uma plateia de políticos aliados do Mato Grosso do Sul e empresários ligados ao agronegócio, o senador mineiro criticou o continuismo no governo federal:

— No País, há um presidencialismo quase que imperial, tamanha a força e boa vontade do atual governo (em se manter no poder).

Aécio propôs uma mudança no pacto federativo e na distribuição dos tributos recolhidos pela União entre os governos estaduais e municipais. A proposta agradou políticos locais, que reclamam da falta de investimentos do governo federal na região. Segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul, Dourados atende, com seus serviços públicos, moradores de 30 cidades da região.

— Temos assistido a uma concentração cada vez maior de receita na mão da união. Meu governo vai olhar mais pelo municípios e não deixá-los abandonados como hoje — afirmou o tucano.

Usando uma frase que já virou recorrente durante sua campanha, o senador afirmou que o Brasil é um “cemitério de obras inacabadas” para voltar a criticar o governo de Dilma Rousseff. Aécio disse que pretende investir em infraestrutura e citou a continuação da Ferro Oeste, que levaria a produção de grãos do centro-oeste até o Paraná.

— Em mais de dez anos no poder, o governo do PT não consegue concluir as obras. Tem muita coisa começada e não acabada — disse Aécio, para, na sequência ser aplaudido: — No meu governo, ninguém vai usar dinheiro para construir porto em Cuba.

Merval Pereira: Voto útil

- O Globo

A pesquisa eleitoral com a presença de Marina Silva suscita discussão interessante sobre o voto útil. A perspectiva de que a presidente Dilma seja derrotada no segundo turno, possibilidade que já se observava em várias pesquisas anteriores, que chegaram a dar a Aécio Neves, do PSDB, um empate técnico com ela e registravam um crescimento potencializado de Eduardo Campos, abre caminho não apenas para o movimento "volta Lula", que parece inócuo a essa altura da campanha, como mesmo para um realinhamento de apoios na base aliada.

A decisão do senador Romero Jucá, o líder de todos os governos, de anunciar seu apoio a Aécio Neves, abre mais uma brecha no PMDB e prenuncia alguma mudança de ventos. O receio de que Marina possa chegar ao 2º turno derrotando Aécio, com chances de vencer Dilma, pode desencadear uma espécie de "voto útil" daqueles que não estariam confortáveis com sua vitória.

O vídeo de campanha de Eduardo Campos que vazou na internet é de uma rispidez verbal contra líderes do PMDB raramente vista em programas políticos nos últimos tempos. Agora, com a assunção de Marina à posição de candidata, ganha mais eficácia e produzirá um movimento de defesa desse grupo político.

Com a perspectiva de derrota de Dilma por Marina, alguns poderão permanecer no barco governista tentando uma reação, mas muitos começarão a procurar pontos de apoio na candidatura do PSDB. O mesmo pode acontecer com candidatos ligados ao agronegócio que ainda estão coligados com o PSB graças aos esforços que Campos fez para montar acordos regionais que viabilizassem a candidatura.

Marina dificilmente manterá esses acordos, por mais que o PSB precise deles para fortalecer sua representação no Congresso. É bom lembrar que concorrendo pelo Partido Verde em 2010, Marina não agregou um só deputado à bancada do partido, mesmo tendo tido quase 20% dos votos válidos.

Partindo-se do pressuposto de que mais do que nunca Marina representará a oposição nesta eleição, há ainda a possibilidade de o voto útil trabalhar a favor de Aécio a partir da inexperiência de Marina na administração pública. Mas a campanha do PSDB vai ter que buscar um eleitor que não se entusiasmou ainda com a eleição e só saiu de sua letargia diante da realidade de Marina vir a ser candidata.

Uma desconstrução da candidata do PSB pode fazer esse eleitor desiludido voltar a se encolher, e não a trocar de candidato. Daí que a capacidade de convencimento de que ele é mais capaz de realizar as mudanças necessárias será fundamental. Já são 76% dos eleitores detectados pelo Datafolha que querem mudanças na condução do país, o que não favorece a continuidade.

Mas o voto útil também pode beneficiar a candidatura de Marina, à medida que ela surja como a única que pode derrotar Dilma num 2º turno. Caso Aécio não cresça a ponto de também surgir como uma alternativa no segundo turno, ele pode perder eleitores ainda no primeiro turno para Marina, num voto útil contra o PT.

A tarefa de Marina é mais árdua do que a de Aécio, pois o candidato tucano tem mais espaço para crescer, já que é o mais desconhecido, tem uma estrutura partidária mais forte e turbinada pelas dissidências regionais de partidos da base governista e mais tempo de propaganda que Marina. A disputa com Marina minimiza o menor tempo de TV em relação a Dilma.

Cada um dos dois oposicionistas terá que correr mais que o outro, como naquela piada do caçador fugindo do leão. A princípio, a disputa com Dilma se dará no segundo turno, mas também não é possível deixar de marcar um triplo na definição de quem estará lá. Embora seja improvável, até mesmo porque a presidente vem se recuperando na aprovação do governo, o voto útil pode feri-la de morte.

A possibilidade de uma cristianização da presidente pelos partidos da base aliada, que sempre preferiram ganhar com Aécio do que com Dilma, está viva no novo quadro eleitoral em que a sua derrota surge pela primeira vez como possibilidade. Torna-se mais possível do que a vitória de Dilma num primeiro turno, hipótese que ainda existe se ela continuar tendo sua avaliação reavaliada para cima.

Dora Kramer: Falsa magra

- O Estado de S. Paulo

Marina Silva não é política de golpes baixos nem de expressões grosseiras. Isso já ficou demonstrado na campanha presidencial anterior e ao longo do mandato dela como senadora.

Mas Marina Silva é mulher de levar o adversário às cordas sem ferir a regra do jogo. Capaz de engolir o sapo só até onde considera suportável. Isso ficou demonstrado por ocasião do pedido de demissão do ministério do Meio Ambiente.

O então presidente Lula ficou sabendo quando a notícia já era de conhecimento público e circulava na internet a famosa frase: "Perco o pescoço, mas não perco o juízo".

Pego de surpresa pela reação de Marina à entrega do projeto de política ambiental para a Amazônia ao então titular da pasta de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, na cerimônia de transmissão de cargo Lula ainda tentou brincar com a demissionária. Ela, no entanto, se manteve impávida na mesa das autoridades, sem dar um sorriso.

Começou ali a ganhar publicamente a fama de inflexível que consolidaria dois anos depois, na eleição de 2010, ao decidir não indicar aos seus 20 milhões de eleitores preferência por nenhum dos concorrentes ao segundo turno, Dilma Rousseff e José Serra.

Muita gente entre seus aliados considerou um erro. Bem como vários de seus correligionários relegaram ao terreno do equívoco a demora na articulação das providências práticas para a criação do partido Rede de Sustentabilidade.

Fruto da virtude ou da fortuna, fato é que Marina volta agora à disputa partindo do patamar com que terminou a campanha de 2010. Pode ser um indicativo de acerto sob a ótica do eleitorado, contrariando a interpretação dos políticos.

Caso seja isso mesmo, haverá uma dificuldade adicional na perspectiva dos adversários que pretendem desmontar a candidatura da inesperada concorrente. Ao mesmo tempo vão precisar tomar cuidado para não transformá-la numa doce vítima do "conservadorismo" ou da "falta de compostura" que "está aí".

Contra a tese da candidata refratária à política tradicional, existe a realidade nua e crua: as necessidades do caixa da campanha, o tempo de televisão nas mãos do PSB, os acordos partidários em 14 dos 27 estados (inclusive em São Paulo) contrários aos interesses de Marina, o apoio da família de Eduardo Campos aos compromissos firmados anteriormente por ele para impedir Marina de impor suas vontades.

Mas há o outro lado da real politik: quem tem os votos é ela e isso dá ao jogo igualdade de condições.

Credenciais. Homenagens a Eduardo Campos à parte, no primeiro horário eleitoral PT e PSDB marcaram a diferença central na conceituação dos respectivos discursos de campanha: o papel do governo na relação com a sociedade.

Dilma Rousseff tenta transmitir ao eleitor a mensagem de que o Estado é tutor do bem estar dos cidadãos e que sem a continuidade do PT no poder este ente provedor e "solucionador" se desmantela.

Aécio Neves tenta mostrar justamente o contrário: que o problema do País é o governo, ao atribuir à administração "dos últimos quatro anos" tudo o que deu errado e "ao esforço dos brasileiros" tudo o que deu certo.

Lula mais uma vez apareceu como o fiador de Dilma, pedindo aos indecisos que renovassem o voto de confiança nela, mas o destaque foi a presidente. Desta vez, apresentada numa moldura mais humanizada.

Já não é a gerente austera, materialização da eficiência, mas a mulher que além de governar, lê, ouve música, cozinha e cuida do neto. Construção perfeita para quebrar a rejeição.

O PSB, ainda sem a candidatura de Marina Silva oficializada, não tinha outra coisa a fazer: homenageou Eduardo Campos e não o fez em clima de condolências, mas em atmosfera de bom astral conforme o perfil do ex-governador traduzido na frase testamento, "não vamos desistir do Brasil".

Fernando Rodrigues: Onda ou marolinha

- Folha de S. Paulo

Há alguns anos Dilma Rousseff costumava guardar em seu laptop ou tablet réplicas de quadros que admirava. Ela gosta muito de "A grande onda de Kanagawa", do japonês Hokusai, com o mar se levantando, revolto e incontrolável, para tragar embarcações flutuando à sua frente. É uma onda semelhante que pode --ou não-- estar se formando agora na sucessão presidencial.

A chegada de Marina Silva como candidata do PSB, no lugar de Eduardo Campos, vai se transformar num maremoto indomável? É ingenuidade negar essa possibilidade só com argumentos racionais. Pouco tempo de TV, alianças regionais capengas ou partido desunido são elementos relevantes. Só que quando uma onda se forma, é difícil detê-la.

Num ambiente de tsunami eleitoral, dados cartesianos às vezes são desprezados pelo eleitor. Discussões dialéticas descem para o segundo plano da política. Em 1989 foi um pouco assim. É evidente que Fernando Collor de Mello não tem nada a ver com Marina Silva. Mas houve uma grande onda na primeira eleição presidencial direta pós-ditadura. Qualquer pessoa mais bem informada sabia o que viria com o candidato "collorido". Venceria a inorganicidade da política, o voluntarismo. A onda venceu. E deu no que deu.

Vale ressaltar: Marina Silva não é Collor, nem de longe. Mas agora, tal qual em 1989, ela tem como sua principal força motriz o desejo difuso de mudança. Uma sensação de que o Brasil até melhorou, mas pode avançar muito mais se houver uma troca geral do establishment político que manda no país há décadas. Dilma mostrou ontem na TV hidrelétricas, estradas e aeroportos. O PSB apareceu apenas homenageando Eduardo Campos, seu líder morto em 13 de agosto, quarta-feira passada.

Assim será a campanha. Razão X emoção. É impossível ainda prever se o PSB e Marina serão bem-sucedidos ou se a onda de hoje se transformará em marolinha mais adiante.

Rosângela Bittar: O engano das aparências

• À força da economia junta-se o social definindo o voto

- Valor Econômico

Foi para Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, a melhor notícia da pesquisa Datafolha publicada segunda-feira, a primeira após a morte de Eduardo Campos, com Marina Silva já virtual candidata a presidente: a avaliação positiva do governo subiu seis pontos em um mês.

A constatação é ainda melhor, para a candidata, porque é isso - avaliação do governo - o que vale para se traçar as perspectivas de um candidato à reeleição, que pede aos seus eleitores, mesmo se insatisfeitos, que o deixem no cargo. E, melhor ainda, porque o conceito subiu sem que fosse apontada nenhuma razão objetiva para isso. O eleitorado, de repente, se sentiu melhor, mais otimista e confortável. Nem os problemas da economia, que sempre definiram seu humor e que permanecem sem perspectiva de solução, foram decisivos.

A partir de duas semanas de programas intensivos e longos na propaganda eleitoral obrigatória, em que a candidata à reeleição tiver exibido ao país dois longas-metragem sobre o que fez no seu primeiro mandato, razão pela qual pede o segundo, a intenção de voto passará a ser mais importante, ou tão importante quanto a avaliação do governo. Dilma já segue em direção aos 40% básicos considerados um índice mínimo de avaliação necessário para a reeleição.

A segunda notícia importante é que a candidata Marina Silva, a ser oficializada hoje como tal em reunião da Executiva do PSB, aparece como instrumento de derrota da presidente candidata à reeleição que, na nomenclatura dos institutos de pesquisa ganha a antipática alcunha de incumbente. Marina venceria Dilma no segundo turno, o que registra um ineditismo entre as pesquisas desta eleição: pela primeira vez a oposição ao PT vence.

Analistas de pesquisa consideram, porém, que essas são duas constatações importantes, mas preliminares, o que significa que a eleição não está decidida e, sobretudo, que o candidato Aécio Neves, rebaixado a um terceiro lugar neste início, não tem sua eleição perdida.

A pesquisa foi realizada em um momento em que o nome e a imagem de Marina Silva, devido à morte do candidato a presidente na sua chapa e seu fiador como vice, estavam no auge. Além do recall da campanha presidencial anterior, Marina teve uma exposição privilegiada, maior do que a que terá ao longo de toda a campanha nos 45 dias à frente.

O que se observa é um certo cuidado na avaliação da tomada de posição de Marina Silva neste início. É claro que fez uma subida forte, ficou em segundo lugar, venceu o segundo turno, mas é incerto o que acontecerá com sua votação quando for reduzida a exposição natural e confrontar-se com a dificuldade em provar que pode ser presidente, tendo para isso tempo mais curto de propaganda que seus dois principais adversários.

Aécio Neves não recebeu as intenções de voto dos indecisos e dos que até agora se recusavam a responder, ao que parece todos definidos por Marina na pesquisa da semana, mas manteve a sua votação no nível anterior, não perdeu e está começando a campanha, quando pretende também tornar-se mais conhecido, condição para ser votado.

Não adianta querer definir agora o que vai acontecer, por enquanto só o que está acontecendo: Aécio não está fora do jogo, a avaliação do governo Dilma melhorou seis pontos em um mês, dando-lhe melhor condição de reeleição, e Marina Silva foi impulsionada, como era esperado, pela extrema exposição, emoção do eleitorado e definição de voto de um contingente que estava sem candidato até agora.

Desta forma se deve relativizar os dados da pesquisa de segunda-feira. Dos candidatos, deve-se esperar que passem a definir seus projetos e tenham um bom plano de comunicação para apresentá-los ao eleitor.

Por exemplo, nenhum deles deu uma palavra concreta sobre segurança, problema gravíssimo do Brasil que exige esforço intelectual, político e administrativo para ser resolvido. A promessa de levar UPPs a todo o Brasil foi feita esta semana pelo candidato Aécio Neves, mas de forma ainda insuficiente. Nenhum deles falou exatamente como vai vencer o problema que a sociedade aponta como principal em todas as enquetes, o indigente atendimento em saúde. A questão da corrupção no governo tem diagnóstico mas não os instrumentos para ser enfrentado. Não se tratou desse conjunto de ações necessárias para atender ao que se convencionou chamar de apelo das ruas, em que o transporte urbano também se destaca entre tantos problemas. Embora o governo, na sua vocação para a fuga, tenha identificado a reforma política como o eco preponderante daquelas vozes.

Estas questões, por sinal, definidas como "sociais", em contraponto às questões definidas como "econômicas", sempre consideradas de maior peso na definição do voto, foram didaticamente referidas pelo sociólogo Mauro Paulino, diretor geral do Datafolha, em entrevista segunda-feira ao programa Roda Viva, da TV Cultura, com um novo peso.

Os temas da economia - a carestia, o desemprego - mobilizam o voto, mas a novidade desta eleição é que os temas sociais, eclodidos em 2013, também vão definir posições. Não seria improvável, por exemplo, que Aécio Neves fosse o destino do voto insatisfeito com a economia, enquanto Marina Silva a opção do voto da insatisfação social. O que exigiria, de ambos, uma identificação inquestionável com a oposição ao governo.

No caso de Aécio isto já está claro, mas a condição oposicionista de Marina Silva ainda não é tão nítida quanto a que havia conseguido delinear Eduardo Campos para o seu campo político.

Da mesma forma que Aécio não está fora do segundo turno e que a votação de Marina Silva exige confirmação, a pesquisa da semana permite a especulação sobre a existência de chance para uma disputa sem Dilma no segundo turno.

Mas são poucos especialistas de quem se ouve essa avaliação, e por enquanto as hipóteses radicais estão na categoria de delírio e não de indefinição na embolada largada.

Luiz Carlos Azedo: A herança em disputa

• O deputado Beto Albuquerque (RS) será o vice, depois de complicadas negociações no Recife. O político gaúcho enfrentou uma queda de braço com um mineiro e três pernambucano para entrar na chapa

- Correio Braziliense

Marina Silva tem luz própria. A rigor, precisa mais da legenda do PSB do que dos votos de Eduardo Campos, que herdou por gravidade, para se projetar como alternativa de poder. As pesquisas mostram isso. O problema é que o ex-governador de Pernambuco não tem um herdeiro político — vários caciques do PSB disputam a liderança da legenda e se digladiam. Isso ameaça travar a campanha de Marina na largada.

Ontem, no horário eleitoral, o que se viu foram os adversários de Marina se posicionando, cada qual a seu modo, para minimizar os estragos que a comoção causada pela morte precoce do líder pernambucano poderia provocar nas respectivas candidaturas. As homenagens a Eduardo Campos deram o tom dos programas. O tempo de Marina Silva, protagonizado por Eduardo Campos, porém, serviu para cacifar o PSB nas negociações com a aliada. A candidata pegou apenas uma carona.

Ponto para o candidato do PSDB, Aécio Neves, com 4 minutos e 35 segundos de tempo de televisão, que usou parte do programa da coligação Muda Brasil para lembrar Eduardo Campos. Ambos se conheceram na campanha das “Diretas Já!”, em companhia dos avós Tancredo Neves e Miguel Arraes, que governaram Minas Gerais e Pernambuco, respectivamente. O tucano destacou a convergência de propósitos entre ambos.

Com 11 minutos e 24 segundos, Dilma fez a mesma coisa, além de ressaltar a queda na taxa de desemprego e os resultados de programas sociais. A estrela de seu programa foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que homenageou Eduardo Campos. Além de falar que tinha uma relação de “pai e filho” com o ex-governador de Pernambuco, Lula pongou uma de suas últimas frases de efeito: “Não podemos desistir do Brasil”.

Marina Silva, até ontem, não tinha um companheiro de chapa nem fora oficializada como candidata a presidente da República porque a cúpula do PSB não se entendia, o que só deve ocorrer hoje. O deputado Beto Albuquerque (RS) será o vice, depois de complicadas negociações no Recife. O político gaúcho enfrentou uma queda de braço com o mineiro Júlio Delgado, outro nome que era aventado para a chapa.

Em Pernambuco, o deputado federal Danilo Cabral, o ex-deputado Maurício Rands e o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, candidato ao Senado, também disputavam a vice. No fim da tarde, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, o candidato Paulo Câmara e a viúva Renata Campos, reunidos com Roberto Amaral e o secretário-geral Carlos Siqueira, bateram o martelo a favor de Albuquerque.

O impasse em Pernambuco motivou o cancelamento da reunião da cúpula do partido que estava marcada para ontem, em Brasília. A confusão no PSB preocupa os aliados. O presidente em exercício da legenda, Roberto Amaral, se digladia internamente com o deputado Márcio França, vice na chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB), palanque no qual, segundo o ex-deputado Walter Feldman, porta-voz da Rede nas articulações políticas, Marina não pretende subir.

Se está assim em São Paulo, onde o tucano é franco-favorito a vencer as eleições no primeiro turno, o que acontece entre o PSB e a Rede nos demais estados onde têm palanques separados pode ser ainda pior. Como no Rio de Janeiro, onde Marina também rejeita o palanque de Lindbergh Farias (PT) com Romário (PSB). Uma das exigências da cúpula do PSB é de que os acordos regionais fechados por Eduardo Campos sejam respeitados. É pouco provável.

Saúde vai mal
Apesar do entusiasmo da presidente Dilma Rousseff com o programa Mais Médicos, pesquisa do Instituto Datafolha feita a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Paulista de Medicina (APM) mostra resultados muitos negativos para o governo. Filas de espera, falta de acesso aos serviços públicos e má gestão de recursos são os principais problemas apontados. A saúde é apontada como a área de maior importância para 87% dos brasileiros; 57% consideram uma prioridade para o governo federal.

Mais da metade dos entrevistados relataram ser difícil ou muito difícil cirurgias, atendimento domiciliar e procedimentos específicos, como hemodiálise e quimioterapia. Em relação à qualidade dos serviços, 70% dos que buscaram o SUS disseram estar insatisfeitos e atribuíram avaliações que variam de regular a péssimo. Urgências, emergências e pronto-socorros são amplamente reprovados.

Elio Gaspari: As raízes da força de Dilma

• A doutora deverá ralar um 2º turno, mas seus adversários não querem entender de onde vem seu votos

- O Globo

O Datafolha mostrou que, nos dias seguintes à morte de Eduardo Campos e ao ressurgimento de Marina Silva, Dilma Rousseff ficou onde estava. Tinha 36% e com 36% ficou. O mesmo aconteceu com Aécio Neves nos seus 20%. Marina incorporou preferências esparsas entre os indecisos e aqueles dispostos a votar em branco ou nulo. Saltou de um patamar de 8% para 21%. Nos próximos meses vai-se saber o que ela tem a apresentar aos eleitores.

Aqui vai um subsídio para o entendimento de parte das razões que mantêm a doutora Dilma na faixa dos 30% enquanto Aécio Neves patina. Na segunda-feira a página do PSDB tinha uma enquete para que seus visitantes respondessem: "Qual das áreas abaixo deve ser prioridade para o próximo presidente da República na sua avaliação?"

Em primeiro lugar veio o tema "segurança" (32%), em segundo "educação" (30%) e em terceiro, "saúde" (19%). Feito isso, se o visitante buscasse o que o candidato tem a dizer sobre segurança, teria à disposição um "plano nacional de segurança pública". Nele estão listadas promessas benignas e genéricas. Horas depois ele anunciou que levaria as UPPs do Rio para outros lugares, incluindo serviços de emprego, saúde educação. Tudo, enfim. Terá tempo para explicar como. Entre duas dezenas de textos e três áudios, nenhum tinha a ver com educação ou saúde. Um anunciava as "Diretrizes da Coligação Muda Brasil" e lá o candidato revela que protocolou um documento onde menciona o tripé educação-saúde-segurança. Bingo. Lá, informa que a "escola é o equipamento mais importante de uma comunidade". Quem não sabia disso, tem aí um bom motivo para votar nele. Saúde? Nada.

A maior preocupação da campanha do candidato parece ser a demonização do governo. Outros títulos anunciam: "A recessão vem aí", "Razões para o pessimismo", "PT, dá para acreditar?" A Rádio PSDB oferecia um áudio: "Raimundo Matos condena repasse bilionário ao comunismo cubano pelo programa Mais Médicos."

Uma pessoa que já decidiu não votar no PT pode achar que a recessão já chegou e que os comissários mentem. A força da doutora Dima está no bloco do eleitorado que teme um piripaco econômico, não acredita nos comissários e, ainda assim, pretende votar nela. O escândalo do mensalão estourou em 2005. Achar que esse eleitor é um idiota e não soube dele é uma extravagância. O que se precisa entender é por que, apesar do mensalão, ele prefere votar na doutora. A própria página do PSDB informa: segurança, educação e saúde.

Tucano tem uma característica. Quando expõe uma ideia e seu interlocutor discorda, explica de novo, pois ele não deve ter entendido direito.

A força e a fraqueza de Dilma vêm daquilo que 12 anos de petismo fizeram em assuntos de segurança (nada), saúde (algo, com o Programa Saúde da Família, uma criação tucana) e educação (algo, sobretudo com o ProUni e a política de cotas). Pode ser pouco, mas é mais do que Aécio apresenta.

Tucanos e petistas ganharam uma adversária competitiva. Admita-se que é cedo para que se cobre dela um programa com nexo, sobra um slogan, deixado por Eduardo Campos numa de suas últimas entrevistas: "Não vou desistir do Brasil." E quem vai? Desde a chegada de Pedro Álvarez Cabral, só quem desistiu do Brasil foram os holandeses, em 1654.

Zuenir Ventura: Os efeitos do choque

- O Globo

Católico devoto, Eduardo Campos operou com sua morte alguns "milagres". O primeiro foi tornar-se conhecido nacionalmente de um dia para o outro, o que não conseguiu em vida, apesar de seus esforços. Outro foi reunir em torno de seu caixão adversários inconciliáveis, como os candidatos Dilma e Aécio, em clima de harmonia e respeito à diferença (Lula, muito amigo de seu ex-ministro, chegou a chorar). Será que vai perdurar na campanha esse ambiente de civilidade? O choque e a comoção da tragédia também serviram para reaproximar do processo eleitoral pessoas que estavam descrentes do voto. Ouvi gente dizendo: "Por ele, voto na Marina", o que foi confirmado na pesquisa de anteontem do Datafolha, quando o número de votos nulos e em branco caiu de 13% para 8%, e o de indecisos, de 14% para 8%.

Durante o enterro, pôde-se observar que a morte do marido tirou a alegria de Renata e de seus filhos, mas não o entusiasmo e a energia dessa família admirável, que acabou transformando o cortejo numa impressionante cerimônia cívica, mais do que fúnebre, com músicas, slogans, Hino Nacional e palavras de ordem - um astral que tinha tudo a ver com o "guerreiro do povo brasileiro", sempre otimista.

Esse temperamento leve e tolerante ajudou-o muito a manter estável uma parceria cheia de contradições com sua vice, aparando arestas com aliados e atenuando seu viés conservador em matéria de religião e de temas como casamento gay. Marina deu muito trabalho a Eduardo. Mas agora quem vai ter é ela, ao enfrentar resistências internas e precisar pôr em prática um programa que não é incondicionalmente o seu e manter alianças do PSB com as quais não concordava, como no Rio e principalmente em São Paulo, onde se recusava a subir em palanque com Alckmin, cujo vice é o socialista Márcio França. Como se comportará quando a condição de candidata à Presidência exige mais flexibilidade e uma posição mais ampla?

Ainda sob o impacto de uma perda trágica, é cedo para se fazer sentir o "efeito Marina" em toda a sua extensão, embora nesse levantamento do Datafolha ela já tenha mexido com o cenário eleitoral. Os 21% de intenção que teria, contra 20% de Aécio e 36% de Dilma, seriam suficientes para levar as eleições a um segundo turno, com chances de ela ir junto. Se fosse, a projeção hoje é que ganharia da candidata do PT por 47% a 43%.

Mas esse talvez ainda seja o "efeito Eduardo Campos", o resultado positivo de seu legado - uma espécie de retribuição pelo fato de o Brasil ter desistido de quem tão generosamente se dispunha a não desistir dele.

Zander Navarro e Eliseu Alves: Os novos desafios da Embrapa

- O Estado de S. Paulo

Provavelmente ninguém discordará que a Embrapa simboliza uma das conquistas mais valiosas da sociedade e do Estado brasileiros. Após quatro décadas, é empresa que tem robusto acervo de conquistas associado à extraordinária transformação produtiva da agropecuária do País, ainda que as regiões rurais continuem marcadas por diversas e contraditórias faces.

De um lado, a agricultura brasileira ostenta a maior produtividade entre todos os países com relevância agrícola. Éramos corriqueiros importadores de feijão quando foi fundada a Embrapa, em 1973, mas atualmente exportamos uma variada cesta de produtos para quase duas centenas de países. Em termos reais, o valor da cesta básica caiu pela metade, assegurando melhores dietas aos brasileiros. Por tudo isso o Brasil, sem dúvida, é e será decisivo ofertante mundial de alimentos nos anos vindouros.

De outro, temos ainda muito a realizar. É provável que 40% dos estabelecimentos rurais não tenham nenhuma chance de permanecer na atividade, pois não conseguem gerar renda superior à que pode ser obtida no trabalho urbano. Convivemos com degradantes indicadores de pobreza rural, especialmente no Nordeste, e em todo o Brasil um terço dos produtores é analfabeto. O seguro rural cobre meros 14% da área plantada, tornando a atividade agrícola cada vez mais arriscada. Esses são alguns dos muitos fatos ameaçadores que talvez expliquem por que o campo se está esvaziando, envelhecendo e masculinizando - em face da generalizada "fuga de mulheres" para as cidades. Igualmente grave é o fato de o emprego rural estar caindo aceleradamente, substituído por mecanização e impulsionado pelas migrações.

Ante o mutante mundo novo que vai transformando as regiões rurais, a Embrapa depara-se com inéditos desafios, ainda sem respostas adequadas. Alguns são fatores externos e outros, injunções nascidas do fato de ser uma empresa estatal. Um desafio imediato decorre da fantástica riqueza atualmente gerada pela agropecuária, que produziu aproximadamente US$ 1 trilhão (exportações nominais) nos últimos 25 anos. Diante dessa fábula monetária, inúmeros agentes privados foram atraídos para os sistemas agroindustriais e passaram a produzir tecnologias para os produtores, complementando ou competindo diretamente com a Embrapa. Essa é uma tendência mundial e, neste contexto, onde e como se reposicionará a empresa pública de pesquisa agrícola? Concorrer diretamente com as firmas é impensável e insensato. Então, o que fazer? Caso não interaja virtuosamente com as empresas privadas ligadas à agropecuária, mantido o interesse público, a Embrapa poderá perder seu lugar como um dos motores da agricultura moderna.

Outra hesitação atual da empresa diz respeito ao modelo tecnológico que promoveu, nesses anos, o impressionante progresso da agropecuária brasileira. Estão se avolumando as ações operadas por ativistas motivados por uma palavra sedutora, porém nunca definida: agroecologia. Tais ações, contudo, são principalmente destinadas a combater a agricultura modernizada. É uma ofensiva incompreensível, pois se trata de um ataque à parte da economia que sustenta o Brasil há tantos anos. Impõe-se a defesa firme e vigorosa dos cânones científicos e da configuração tecnológica orientada para a sustentabilidade, o que vem permitindo ao País alçar-se ao panteão dos maiores produtores de alimentos do mundo.

Um terceiro desafio está apenas nascendo, com a aprovação da Agência Nacional de Extensão Rural e a decorrente confusão entre inovações, pesquisa agrícola e sua transferência aos agricultores, induzindo a Embrapa gradualmente a assumir tarefas relacionadas à assistência técnica, uma das facetas da extensão rural. Há nessa tentativa um risco enorme, ameaçando o riquíssimo histórico de nossa pesquisa agrícola pública. Um fato é inegável: assistência técnica e pesquisa agrícola, quando muito, se complementam. Mas são atividades que exigem especialização e ignorar esse fato redundará em crescente ineficiência.

Internamente, a Embrapa defronta-se com dois desafios. Um deles diz respeito à forte substituição de seus quadros de pesquisadores, renovados por concursos em dois terços nos últimos dez anos. A empresa é atualmente impulsionada por uma geração de jovens pesquisadores com excelente formação acadêmica, mas desvinculados do passado quase épico que constituiu a empresa e a história rural do Brasil no último meio século. É necessário investir numa transição consistente entre as pioneiras gerações de pesquisadores e os jovens que vão chegando, aproximando-os das transformações atuais das regiões de produção agropecuária e, dessa forma, estimulando agendas de pesquisa que sejam coladas às realidades agrárias e produtivas. É tarefa urgente para a empresa. O outro desafio é mantê-la estritamente no campo da ciência. A instituição foi organizada sob o rigor de rituais científicos universais e a interferência de particularismos partidários e interesses políticos representa um perigoso freio no futuro da pesquisa.

Tudo somado, e sem citar outros desafios que mereceriam análise, a Embrapa defronta-se atualmente com uma complexa série de temas que exigem elucidação. Como se reestruturar no novo mundo que vai conformando as regiões rurais? É mudança que sofrerá a influência, como seria inevitável, das disputas eleitorais em curso. Espera-se que os candidatos analisem os obstáculos que precisam ser vencidos pela Embrapa e apoiem os dirigentes da empresa na implantação de difíceis medidas reclamadas pelo novo momento histórico. Se conduzidas por amplo debate e disposição sincera para o diálogo, sem dúvida a Embrapa vai revigorar sua capacidade para situar-se com eficácia ainda maior na nova fase do desenvolvimento agrícola brasileiro.

Zander Navarro e Eliseu Alves são pesquisadores da Embrapa. Eliseu foi presidente da empresa (1979-1984).

Míriam Leitão: Indústria em perda dupla

- O Globo

A indústria brasileira vem sofrendo duas frentes de baixa. Uma, interna, com a desaceleração do consumo, e outra, externa, com a queda das exportações. Tirando da conta a exportação contábil das plataformas de petróleo, a indústria vendeu US$ 2,7 bilhões a menos em produtos manufaturados de janeiro a julho, com redução de 5,6% sobre o mesmo período de 2013. Só de carros, a queda é de US$ 1 bilhão.

Os números da balança comercial mostram a falta de competitividade da nossa indústria. Com a crise na Argentina, o setor de transportes foi diretamente afetado, porque cerca de 80% das vendas externas de automóveis têm como destino o país vizinho. Como o problema cambial dos argentinos vem de longe, houve tempo considerável para se buscar outros mercados, mas isso não aconteceu. O resultado foi um recuo de 35% nas exportações de automóveis, de US$ 2,9 bilhões para US$ 1,9 bilhão, segundo o Ministério do Desenvolvimento.

Quando se olha a indústria de transportes como um todo, incluindo aviões, tratores, ônibus, trens, motores e peças, a perda é de US$ 2,3 bilhões até julho. A venda de peças para veículos caiu US$ 536 milhões, enquanto a de motores recuou US$ 238 milhões. Entre os itens que subiram - mas não a ponto de reverter o quadro - estão trens, ônibus, peças para helicópteros, motores e turbinas para aviões.

Alguns produtos tiveram aumento das exportações. A venda de tubos de ferro, aço e acessórios, por exemplo, disparou 115%, com aumento de receita de US$ 458 milhões, enquanto a de tubos flexíveis subiu US$ 145 milhões. Mas, ainda assim, o número final entre os produtos manufaturados é de queda.

Essa fraqueza industrial é ruim porque ameaça a preservação de empregos que são considerados de alto nível de qualificação, quando comparados com o setor de serviços, por exemplo. Mas as consequências vão além disso. Com um déficit em conta-corrente na casa de 4% do PIB, cada dólar a menos que deixa de entrar no país aumenta a fragilidade externa de nossa economia.

De janeiro a julho, as exportações de produtos básicos cresceram US$ 3,4 bilhões, enquanto as de produtos semimanufaturados caíram US$ 1,6 bilhão. Ou seja, a participação da indústria no nosso comércio externo está ficando menor em 2014.

Diário do Poder :: Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Lava Jato: Youssef comprava reais no exterior
Um dos principais esquemas que abasteciam de reais o “banco central” da corrupção no Brasil, chefiado pelo mega-doleiro Alberto Youssef, tinha origem no exterior. Preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Youssef comprava no Paraguai, por exemplo, cujo comércio aceita reais, o dinheiro gasto pelos brasileiros naquele país, sobretudo compras em Ciudad del Este. E trazia o dinheiro em caixas e malas.

• Toma lá, dá cá
Youssef trocava milhões de reais pelo pagamento, também no exterior, de dívidas de importadores e comerciantes paraguaios.

• Longe do Coaf
Compravam-se reais lá fora pela dificuldade de fazer grandes saques em bancos do Brasil sem órgãos de controle como Coaf perceberem.

• O ‘banco central’
Alberto Youssef é suspeito de participar de casos de corrupção nos três níveis da administração pública no Brasil: municipal, estadual e federal.

• Velhos conhecidos
A intimidade de Youssef com o submundo no Paraguai nasceu com o escândalo das contas CC5. Ele foi sócio do Banestado naquele país.

• Banco do Brasil e Petrobras censuram Wikipedia
Empresas de economia mista controladas pelo governo federal, com ações comercializadas em bolsas de valores, o Banco do Brasil e a Petrobras bloquearam o acesso dos seus funcionários à Wikipedia, a enciclopédia livre online. Segundo o Banco do Brasil, o acesso dos seus funcionários à internet é “um recurso de trabalho” para “atividades profissionais” e que, portanto, o bloqueio é “prerrogativa da empresa”.

• Bloqueio, não. Cota
A Petrobras diz que a Wikipedia não está bloqueada para acesso dos funcionários, mas a enciclopédia entra no sistema de “cotas de tempo”.

• Quase livre
A “cota” da Petrobras funciona assim: cada pessoa tem 90 minutos/dia para acessar sites bloqueados em sessões de, no máximo, 15 minutos.

• Memória
A polêmica sobre a Wikipedia começou após uma alteração dos perfis de jornalistas a partir de computadores do Palácio do Planalto.

• PMDB ignorado
As propostas Dilma (PT) registradas na Justiça Eleitoral mostram o distanciamento entre a candidata e o vice Michel Temer: ele e o PMDB não são citados. Já o ex-presidente Lula é mencionado 14 vezes.

• Lula no banco
Algum desavisado pode achar que Lula é o candidato a presidente pelo PT, e não Dilma. Nos programas de estreia, sobretudo no rádio, só deu o ex-presidente. Talvez para garantir a condição de eventual substituto.

• Era o que faltava
A fuga do boliviano Roger Molina da embaixada em La Paz ainda envergonha os diplomatas. Antonio Simões, o “Simões Bolívar”, um dos responsáveis pelo vexame, pleiteia embaixada em país de “primeira linha”. Evitaria ficar exposto à rebordosa da sindicância sobre o tema.

• Grupo fechado
A bancada do PSB no Senado se reúne nesta quarta na casa da senadora Lídice da Mata (BA) para referendar a escolha do deputado Beto Albuquerque (RS) como o vice na chapa de Marina Silva.

• Vagabundagem
Praticamente de férias, a Câmara dos Deputados transforma-se rapidamente no melhor local de “trabalho” no mundo: uma sessão deliberativa foi realizada em agosto. Outra, talvez, só em outubro.

• Bandejão
O almoço de Dilma com os operários da usina de Santo Antônio (RO), ontem, em nada lembra sua rotina. Em junho, o Alvorada e o Planalto reservaram R$ 172,1 mil só para renovar a cristaleira de madame.

• Estatal gastadeira
A EBC, estatal recriada por Lula e conhecida como TV Traço, segue torrando dinheiro. Em dois dias, gastou R$ 610 mil no aluguel de um satélite e mais R$ 474 mil em “consultoria”.

• Tá feia a coisa
Três jogadores da seleção de Dunga defendiam o Santos, em 2011, quando o Barcelona aplicou a goleada de 4×0 e conquistou o torneio de clubes no Japão. Um deles, Neymar, disse ao final da partida que o adversário – seu atual clube – havia aplicado uma aula de futebol.

• Tem limite
A maior dificuldade dos políticos, sobretudo do PSB, é saber a hora de parar de explorar a morte do ex-governador Eduardo Campos.

Painel :: Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Pernambuco na fila
Na negociação para aceitar o gaúcho Beto Albuquerque como vice de Marina Silva, o PSB de Pernambuco indicou que espera ser recompensado com a presidência do partido. O diretório local tenta manter protagonismo na sigla após a morte de Eduardo Campos. A troca da executiva nacional está prevista para dezembro. Tratado como "poste" na eleição de 2012, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, agora desponta como o líder mais forte do PSB na terra de Campos e Miguel Arraes.

Bode na sala A indicação de Danilo Cabral (PSB-PE) para a vice de Marina foi interpretada no partido como gesto dos pernambucanos para marcar posição. O deputado é pouquíssimo conhecido fora de seu Estado.

Orfandade De um velho aliado de Campos em Pernambuco, sobre a resistência local à escolha de Beto Albuquerque: "A peça central desse projeto era o Eduardo. O sonho de um pernambucano na Presidência acabou".

Afinidade Aliados de Marina dizem que sua boa relação com o vice começou quando ela era ministra do Meio Ambiente. Para a candidata, Albuquerque foi "impecável" ao relatar, na Câmara, um projeto de lei sobre a gestão de florestas públicas.

Herança Os vídeos que serão usados na TV por Paulo Câmara, o candidato do PSB ao governo pernambucano, ganharam tom de testamento. Em um deles, Eduardo Campos diz que está "apontando um novo líder para poder liderar uma nova fase da vida política de Pernambuco".

Cristianização O PSDB espera que os prefeitos do PSB paulista que pregavam o voto "Edualdo", em Campos e Geraldo Alckmin, agora migrem para Aécio Neves.

Agronegócio O prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), já subiu ontem no palanque do tucano. A vida da ambientalista Marina Silva será difícil em Mato Grosso.

Artilharia A carta que será entregue hoje a Aécio pelas centrais sindicais que o apoiam acusa o governo Dilma de "desrespeitar os trabalhadores". Em tom duro, o texto fala em "aparelhamento" na Petrobras e em "desvios de recursos que têm sangrado o patrimônio público".

Prestígio Dilma Rousseff (PT) só chamou um aliado para ver sua primeira propaganda eleitoral antes da exibição na TV: o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).

Bênção Lula dirá hoje, no programa de Alexandre Padilha (PT), que o candidato ao governo de São Paulo o ajudou a aprovar "projetos decisivos" em Brasília, como o Minha Casa, Minha Vida.

Carga... O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, visitou cinco ministros do Tribunal de Contas da União nos últimos dois dias para defender a presidente da Petrobras, Graça Foster. Ela é investigada pela compra da refinaria de Pasadena.

... total Hoje Adams visita outros três ministros. A meta é convencer a corte de que Graça não teve responsabilidade por eventuais prejuízos no negócio. Não houve o mesmo esforço para salvar outros diretores da estatal.

Rota Roger Abdelmassih disse a agentes da Polícia Federal que o Paraguai foi seu primeiro refúgio ao sair do Brasil --havia suspeitas de que ele tivesse ido à Europa. O ex-médico se escondeu em uma cidade paraguaia antes de se mudar para Assunção.

Dolce vita Abdelmassih não vivia recluso em casa. O único cuidado foi tirar o bigode assim que fugiu. Ele usava boné em locais públicos e rodava em uma Mercedes preta conversível. Tinha um grande número de empregados.
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Tiroteio
"Aécio diz que gosta do Fernando Henrique. Mas, na hora do vamos ver, repetiu Serra e Alckmin e escondeu o seu padrinho na TV."
DE ALBERTO CANTALICE, vice-presidente nacional do PT, sobre o primeiro programa eleitoral de Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência.
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Contraponto
O eleitor real
Em campanha pelo governo paulista, Paulo Skaf (PMDB) foi tomar café em uma padaria perto de sua casa, no Morumbi, zona sul de São Paulo.
O empresário percebeu que duas médicas que também estavam no estabelecimento o reconheceram e ficou animado. Aproximou-se então da dupla, disposto a conversar e, claro, pedir votos.
--Sou candidato a governador!
As duas se entreolharam com cara de indiferença.
--Ué, mas tem eleição este ano? --questionou uma delas, surpreendendo o peemedebista.

Panorama Político :: Ilimar Franco

- O Globo

Sinal de alerta no PSDB
Os tucanos não receberam boas notícias dos primeiros trackings com Marina Silva na sucessão. A nova candidata tirou votos de Dilma, ma s em maior proporção de Aécio. Marina entrou bem em Minas e em São Paulo. Os especialistas dizem que ainda é cedo par a avaliar se isso é consistente ou passageiro. Ma s creem que esse movimento não se encerrou. Marina ainda vai estrear na TV .

Esperando para atacar
O crescimento de Marina Silva na s pesquisas só terá consistência se Aécio Neves perder aquele eleitor de oposição menos comprometido com o ideário tucano. Mesmo assim, a campanha do PSDB não partirá para o ataque. Marqueteiros avaliam que o melhor é esperar pela investigação minuciosa que ser á feita pela mídia. Eles dizem que, desta vez, Marina poderá ter viabilidade e, por isso, não será tratada com nenhuma condescendência. O PSDB e também o PT, antes de partir par a o ataque, quer em ainda ou vir o discurso da candidata. Mesmo que ela e Eduardo Campos tenham fechado uma proposta com um , eles apostam que o tom não será o mesmo .
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"O Beto se credenciou por ser líder na Câmara, por ser da extrema confiança de Eduardo e por ter feito uma aliança no Sul par a atender Marina "
Maurício Rands
Integrante da coordenação do programa de governo da candidatura do PSB
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Três versões de Eduardo Campos
O ex-presidente Lula substituiu a presidente Dilma e disse que tinham "um afeto de pai para filho" com ele. Aécio Neves prometeu "colocar em prática ideais e ideias que tínhamos em comum". Marina Silva apareceu abraçada com o socialista

O centralismo
O candidato a vice do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), o socialista Márcio França, defendeu no final da semana passada, em uma reunião informal da Executiva do PSB, que o partido tivesse candidatura própria. Mas fez questão de avisar que acompanharia a posição da maioria, que era pela candidatura de Marina Silva.

Poliana moço
O candidato ao Senado pelo PMDB mineiro, Josué Gomes Alencar, comemorou em seu site a última pesquisa Ibope. Ele festejou já ter chegado a um milhão de votos. Isso representa 7%. Seu adversário, Antonio Anastasia (PSDB), tem 38%.

A paróquia
O pleito de setores do PSB de Pernambuco para ter um vice do estado, na chapa de Marina Silva, foi muito mal recebido entre os socialistas. O comentário geral era o de que o partido estava tratando do futuro do país e não podia se submeter à lógica da política local. Um deles resumiu: "O rabo não pode balançar o cachorro".

Herança
O cachorro com o qual a presidente Dilma apareceu caminhando na propaganda eleitoral ontem é Nego. O cão da raça labrador pertencia ao ex-ministro José Dirceu e foi dado a Dilma quando ela o substituiu na Casa Civil.

Bem guardado
O marqueteiro João Santana está guardando os programas eleitorais da presidente Dilma a sete chaves. O vice-presidente Michel Temer, por exemplo, gravou cinco mensagens, mas ainda não sabe como nem quando serão usadas.

Nas pesquisas Telefônicas de um dos candidatos ao governo do Rio, a substituta de Eduardo Campos, Marina Silva (PSB-Rede), pulou para 28%.

Ponto Final :: Octávio Costa

- Brasil Econômico

Entrevista não é confete
Militantes do PT e sites que fazem defesa apaixonada do governo ficaram revoltados com a atitude de William Bonner e Patricia Poeta durante a entrevista com Dilma Rousseff no "Jornal Nacional" de segunda-feira. Dizem que a dupla da TV Globo foi agressiva e desrespeitosa com a presidente da República, principalmente ao fazer perguntas sobre corrupção, saúde e economia. Chegaram até a contar as vezes em que Bonner interrompeu Dilma. Faltam 45 dias para a eleição e é natural que os ânimos fiquem exaltados. Mas a reação do bloco governista chega a ser curiosa. Em primeiro lugar, embora recebidos no Palácio da Alvorada, os dois jornalistas estavam ali para ouvir a candidata à reeleição, e não a presidente. Em segundo lugar, a dupla comportou-se com total isonomia, pois também havia fustigado o tucano Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Campos, que morreu no dia seguinte à entrevista.

Na primeira sabatina da série com os presidenciáveis, Aécio Neves não escondeu o nervosismo e exibiu um sorriso amarelo quando duramente questionado sobre a a construção do aeroporto em terreno de seus parentes na cidade de Cláudio, em Minas. A obra foi realizada ao tempo em que Aécio era governador do Estado. Sem graça, o tucano repetiu suas explicações, garantindo que se tratou de investimento de interesse público. Houve quem dissesse que se perdeu muito tempo com uma questão menor. No caso de Eduardo Campos, as perguntas mais polêmicas envolveram o apoio que ele deu à indicação de sua mãe, Ana Arraes, para o Tribunal de Contas da União. Campos lembrou que a nomeação passou pelo Congresso e ressaltou que Ana Arraes, advogada e ex-deputada federal, tem plena qualificação.

Não gostou da insistência, mas se saiu bem melhor do que Aécio Neves. Entrevistas com candidatos à Presidência são excelentes oportunidades para se conhecer cada um deles. Nada têm a ver com os programas do horário eleitoral, nos quais os concorrentes apresentam seus dotes, prometem milagres e tecem maravilhas sobre suas realizações. Quem viu ontem o início dos programas na TV já sabe o que vem por aí. Há que separar o bom jornalismo da propaganda partidária. Enquanto os marqueteiros vendem as qualidades de seus clientes, espera-se que os jornalistas pressionem os entrevistados e tirem deles respostas objetivas para os problemas do país. Vale lembrar um velho jargão da profissão: não existem perguntas indiscretas. Cabe ao entrevistado respondê-las ou não.

Eis um exemplo famoso: em 1985, candidato favorito à prefeitura de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso disse na TV que não acreditava em Deus. Perdeu a eleição. Pela reação indignada na internet, conclui-se que alguns petistas consideraram impróprias, por exemplo, as perguntas sobre gargalos na Saúde. Seria recomendável que lessem a pesquisa do Datafolha para o Conselho Federal de Medicina a respeito dos serviços de Saúde. Segundo o levantamento, 60% dos entrevistados classificaram o atendimento de ruim e péssimo, com nota de zero a quatro, numa escala até 10. Por sinal, a Defensoria Pública da União recorreu ontem à Justiça para que o governo apresente, em 160 dias, um plano para reduzir a fila de espera de 14.077 pessoas no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio. Temas como a Saúde são inevitáveis. Estão em pauta e voltarão à cena nos debates e nas entrevistas. Goste-se ou não.

Sobe e desce
Sobe
A Polícia Federal, que tem como diretor-geral Leandro Daiello Coimbra, com 42 mandados de busca e apreensão, deu início a maior operação contra a pornografia infantil em diferentes estados do Brasil.
Desce
O presidente da Cedae, Wagner Victer, cortou a água da área pública do Parque Guinle, no Rio, por falta de pagamento. O Parque tem quase cem anos e garante que nunca recebeu uma conta. Já morreram 120 peixes.