quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Opinião do dia: Marco Antonio Villa

A desmoralização das instituições foi sistematicamente praticada pelo partido. A compra de maioria na Câmara dos Deputados, que deu origem ao processo do mensalão, foi apenas o primeiro passo. Tivemos a transformação do STF em um puxadinho do Palácio do Planalto. O Executivo virou um grande balcão de negócios e passou a ter controle dos outros dois poderes. Tudo isso foi realizado às claras, sem nenhum pudor.

Não há área do governo que nos últimos anos tenha permanecido ilesa frente à sanha petista. Todos os setores da administração pública foram tomados e aparelhados pelo partido. Os bancos, as empresas estatais e até as agências reguladoras se transformaram em correrias de transmissão dos seus interesses partidários.

Imaginava-se que, após a condenação dos mensaleiros, o ímpeto petista de usar a coisa pública ao seu bel-prazer pudesse, ao menos, diminuir. Nada disso. Os episódios envolvendo a Petrobras demonstram justamente o contrário. E mais: neste caso levaram ao descrédito total os trabalhos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e desmoralizaram mais uma vez o Legislativo.

Marco Antonio Villa é historiador. In. Os jihadistas tupiniquins, O Globo, 12 de agosto de 2014.

Dilma manda campanha mudar peças do horário de TV para incluir visitas a obras

• Programas preparados por marqueteiro usavam imagens de gabinete; presidente fica insatisfeita e visita obras de infraestrutura

Vera Rosa, Nivaldo Souza - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Uma nova crise de comunicação ronda o comitê da campanha petista. Insatisfeita com o "piloto" de seus programas de TV, a presidente Dilma Rousseff mandou o marqueteiro João Santana mudar, na última hora, a estratégia para a propaganda do horário eleitoral gratuito, que começa na próxima terça-feira. As divergências ocorreram porque Dilma soube que, pelo cronograma fixado para os quatro primeiros programas, ela não iria pessoalmente às obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará, nem da Ferrovia Norte-Sul, ambas atrasadas.

A equipe de Santana já havia feito gravações de cenários em Belo Monte, mas sem Dilma, que depois visitou a obra. O plano inicial era mostrar a candidata do PT à reeleição falando sobre "avanços" sociais nas áreas de saúde (Mais Médicos) e educação (Pronatec, ProUni) "in loco", sempre tendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como garoto-propaganda do governo. Nos primeiros programas, no entanto, a presidente discorreria sobre as obras de infraestrutura dentro de um gabinete, com fundo verde - as imagens externas seriam adicionadas na edição no lugar da cor verde, com a técnica chamada chroma key.

O modelo "favela cenográfica", utilizado sem sucesso pelo então candidato tucano José Serra ao Planalto em 2010, foi rejeitado pela presidente.

A ideia sempre foi a de "vender" a imagem de Dilma como gerente de grandes obras, mas ela não gostou do que viu e mandou Santana refazer o roteiro. Disse que não poderia discorrer sobre os avanços da área de infraestrutura sem estar no local e deixou produtores de vídeo à beira de um ataque de nervos. Motivo: a mudança atrasou o cronograma de gravações acertado para o começo do horário eleitoral.

"Não tem problema. Quem manda aqui sou eu!", afirmou Dilma, segundo relatos obtidos pelo Estado. Por causa da explosão da presidente, a estratégia foi alterada e a equipe - que antes gravava três vezes por semana - agora tem feito filmes diários, para acertar o ritmo de trabalho. A partir de terça-feira, Dilma terá 11 minutos e 24 segundos na propaganda do rádio e da TV para expor suas propostas, um tempo bem maior do que os de seus adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Desde que a presidente mandou Santana mudar tudo, há cerca de duas semanas, ela já visitou três canteiros de obras, onde gravou cenas para o programa de TV. Acompanhada do marqueteiro, Dilma esteve no último dia 5 na usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará. Lá, subiu num mirante dedicado a ela, sem prévio aviso à empresa que administra a obra (Norte Energia), tirou fotos com os operários e almoçou com eles no refeitório.

Obras atrasadas. Três dias depois, a candidata do PT desembarcou em Iturama, na divisa dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, onde fez gravações e vistoriou obras atrasadas da Ferrovia Norte-Sul sobre o Rio Grande. Na manhã de ontem, a presidente visitou um outro trecho da mesma obra, desta vez ligando Palmas (TO) a Anápolis (GO).

Na ferrovia, Dilma fez questão de comparar o avanço da obra da Norte-Sul durante a sua administração (2011-2014) e a do seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), às gestões anteriores. De acordo com seus números, entre o governo José Sarney (1985-1990) e o de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), foram construídos 205 quilômetros da ferrovia. "No governo do presidente Lula, no PAC, nós fizemos o trecho de Açailândia até Palmas, em torno de 500 e poucos quilômetros. Aí, nós continuamos até Ouro Verde de Goiás - as obras físicas, todas, foram concluídas em maio deste ano, 855 quilômetros."

Dilma iria amanhã a Porto Velho (RO) gravar nas usinas de Santo Antônio e Jirau. Mas, pressionada pelo candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, decidiu ir a um encontro com formandos do Pronatec em Belo Horizonte. No sábado, a petista volta a gravar imagens, desta vez no canteiro de obras da transposição do Rio São Francisco em Cabrobó e Floresta, em Pernambuco.
A tensão no comitê de Dilma registrou um primeiro abalo no mês passado, quando uma desavença entre Santana e o jornalista Franklin Martins - também integrante do comitê da reeleição - agitou a campanha.

Ex-ministro da Comunicação do governo Lula, Martins é adepto de um estilo de disputa política agressivo, na linha "bateu, levou". Diferentemente, João Santana tem preferência por uma estratégia mais "light", que mostra a presidente como "rainha", que não entra no "jogo rasteiro".

Nos bastidores, auxiliares de Dilma contam ser comum ela se irritar e mudar gravações de pronunciamentos e programas na última hora. Exemplo disso é o programa semanal de rádio Café com a Presidenta, sempre gravado no domingo. Em várias ocasiões ela alterou o tema e mandou a equipe buscar ministros em casa para que lhe passassem informações que entrariam no ar.

Presidente e antecessor lançam site e fazem críticas à imprensa

• Durante a solenidade em Brasília, Dilma reclama do que chamou de 'derrotismo e pessimismo' dos meios de comunicação

Tânia Monteiro, Rricardo Brito, Daiene Cardoso, Vera Rosa - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O comando da campanha da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff lançou ontem, em Brasília, o site "O Brasil da Mudança", que apresenta uma compilação de feitos dos 12 anos da era petista para fazer um confronto de informações com a oposição e com a imprensa - alvo preferencial ontem dos discursos da petista e de seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Esse site vai ajudar a gente a enfrentar o derrotismo e o pessimismo que levaram parte expressiva dos meios de comunicação a dizer que a Copa ia ser o caos", disse Dilma em seu discurso. Salientou também que o novo site ajuda a enfrentar o "terrorismo".

Imprensa. Antes dela, Lula voltou a fazer críticas à imprensa. Afirmou que, em 2014, o Jornal Nacional apresentou uma hora e 22 minutos de notícias desfavoráveis contra o governo, contra três minutos favoráveis. Sem citar o nome do candidato do PSDB, Aécio Neves, o ex-presidente disse que o adversário teve sete minutos e 42 de noticiário positivo e cinco minutos de negativo.

Lula começou sua fala se referindo à presidente Dilma. Perguntou se ela tinha visto uma criança chorando na plateia. "Vi uma criança chorando e fiquei com medo de que algum setor da imprensa disse que é um protesto", afirmou ele, ao destacar que não estava pedindo aos meios de comunicação que falassem bem dos governos petistas. "Não é para pedir que falem bem. A gente só quer, pelo menos, que as pessoas sejam honestas no tratamento da cobertura."

O ex-presidente afirmou que em 2006, quando foi candidato à reeleição, tinha menos tempo na TV que o candidato que estava em quarto lugar nas pesquisas. Para Lula, isso piorou, se comparado ao tratamento dado a Dilma. "Eles me tratavam bem", disse.

Economia. Um dos principais objetivos da guerra de informações que o site pretende abrir é na economia. O portal, por exemplo, defende a "solidez fiscal" do Brasil, um dos pontos mais criticados na atual gestão por diversos setores da sociedade, como economistas, agências de rating e acadêmicos . O texto diz que as gestões Lula e Dilma enfrentaram "dois momentos distintos da grave crise internacional que ainda hoje assola grande parte do planeta".

"Mesmo assim, a solidez fiscal do Brasil criou o alicerce firme para os investimentos público e privado, o crescimento econômico e a geração de empregos", destaca um dos textos, que descreve a atuação macroeconômica dos governos.

No entanto, o superávit primário, melhor termômetro para avaliar o desempenho da política fiscal, não reflete isso. Usado por poucos países do mundo, esse resultado primário significa a poupança feita pelo governo, após coletar impostos da sociedade, para pagar os juros da dívida pública.

Durante o governo Dilma, o dado perdeu a importância. Em 2012, o governo recorreu a triangulações com o BNDES e lançou mão de recursos do Fundo Soberano do Brasil para atingir a meta.

O expediente, que não foi explicado ou divulgado pelo governo, foi classificado como contabilidade criativa pelo mercado, causando queda na confiança do governo. No ano seguinte, a meta só foi cumprida com o Refis e pagamento de dividendos das estatais. Neste ano, o mercado não acredita que a meta será cumprida.

Dilma visita ferrovia já inaugurada, mas parada

• Trecho entre Anápolis (GO) e Palmas ainda não recebeu nenhum trem

• Diretor do Porto Seco de Anápolis diz que a Vale já pediu para operar o novo trecho, mas pleito ainda está sob análise

Mariana Haubert e Dimmi Amora – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff visitou ontem a Ferrovia Norte-Sul em Anápolis (GO), obra que ela e Lula já inauguraram, mas que até agora não entrou em operação.

O trecho em que a presidente visitou teve sua construção iniciada em 2008. Em 2010, o ex-presidente Lula foi duas vezes entregar obras concluídas e neste ano a presidente Dilma já fez o mesmo.

No entanto, nenhum trem com carga jamais circulou pelo trecho que liga Anápolis a Palmas (TO). Isso porque, depois de pronto, não foi escolhida uma empresa para cuidar da segurança e da manutenção dos trilhos e oferecer trens para o transporte.

Sem manutenção e segurança, os trilhos já começam a ser roubados. O mesmo ocorreu em 2011, quando a ferrovia também foi abandonada e sofreu deterioração.

Dilma minimizou os atrasos que a obra tem enfrentado. De acordo com ela, essa será uma das grandes realizações de projetos de infraestrutura, porque funcionará como uma "espinha de peixe", ligando os principais pontos de produção do país.

"Ela será uma das grandes realizações porque funciona como uma espinha de peixe. Irá integrar todo os sistema de transporte brasileiro", afirmou Dilma em uma coletiva.

Como não há cargueiros funcionando, Dilma embarcou em uma locomotiva com seis comboios, utilizados no transporte de material para a construção da ferrovia. Ela percorreu cerca de 4 km.

Segundo Edson Tavares, diretor do Porto Seco de Anápolis, já há várias empresas interessadas em fazer transporte de carga pela estrada.

Segundo ele, a Vale, que opera o trecho entre Palmas (TO) e Itaqui (MA), já pediu para operar o trecho até Anápolis, e o pleito está em análise pelo governo. Segundo ele, esta solução seria a mais rápida para que a linha efetivamente pudesse funcionar.

"Alguns cargas teriam um custo de transporte reduzido em 30%", afirmou Tavares.

Mesmo realizando a vistoria na condição de presidente, ela aproveitou a oportunidade para gravar imagens para o programa eleitoral. Ela destacou a decisão de investir mais em ferrovias para ampliar o sistema de transportes no país: "Saímos do modal somente de rodovias para os diversos modais: ferrovia, hidrovia e todo esse sistema de porto", disse.

Mas o plano do governo está atrasado: o programa de concessão à iniciativa privada de 12 mil km de novas estradas de ferro, lançado em 2012, empacou e nenhum trecho foi concedido até hoje.

Tesoureiro do PT visitou empresa de doleiro preso

• Vaccari foi à sede da GFD semanas antes de Youssef ser preso na Lava Jato

• Petista diz que deixou o prédio após saber que o doleiro não estava, mas não esclareceu por que queria encontrá-lo

Fernanda Odilla, Bruno Boghossian – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Um mês antes de a Polícia Federal realizar prisões e buscas da Operação Lava Jato, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, esteve na sede de uma das empresas usadas pelo Alberto Youssef num esquema bilionário de lavagem de dinheiro, segundo as investigações.

Questionado sobre sua presença na GFD Investimentos, em São Paulo, Vaccari admitiu conhecer Youssef e que foi ao local para encontrá-lo. Disse que foi embora ao saber que o doleiro não estava.

O petista afirmou "não ter relacionamento" com o doleiro, mas não explicou a razão pela qual foi procurá-lo.

O relatório de investigação da PF reproduz o registro de entrada e saída de Vaccari na sede da GFD na manhã do dia 11 de fevereiro deste ano. A Lava Jato foi deflagrada em 17 de março, quando cinco doleiros foram presos, entre eles Youssef.

"Conheço o sr. Alberto Youssef, mas não tenho nenhum relacionamento com ele. Na data citada estive no local, mas fui informado de que ele não se encontrava", disse Vaccari à Folha, que não detalhou o motivo da visita, mesmo após novo questionamento da reportagem. A PF diz que irá apurar o motivo da visita.

Vaccari passou pelas catracas do prédio como visitante às 10h27 e saiu quatro minutos depois, conforme tabela reproduzida pela PF no inquérito da Lava Jato. Ao deixar registrado seu RG na recepção, informou que visitaria a empresa de Youssef.

Homem de confiança do ex-presidente Lula e ligado ao ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), Vaccari é responsável pelas contas do PT desde 2010.

Conhecido por ser discreto, é acusado pelo Ministério Público de participar de desvio de dinheiro na Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), em 2002. O petista diz que é perseguido por promotores.

Com sede no segundo andar de um prédio no bairro Itaim Bibi, a GFD Investimentos não tinha "atividades comerciais de fato", segundo depoimento da contadora Meire Poza, que prestava serviços à empresa e revelou à PF detalhes do esquema comandado por Youssef.

"A GFD recebia recursos de construtoras em contrapartida à emissão de notas fiscais, sem a respectiva prestação de serviços", disse Poza à PF. Ela falará nesta quarta (13) ao Conselho de Ética da Câmara, que apura ligações entre Youssef e o deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA).

Ela contou que foi para a GFD a convite de Enivaldo Quadrado, que se apresentava como diretor financeiro da empresa. Ele foi condenado no julgamento do mensalão por ter usado sua corretora para abastecer o esquema de compra de apoio parlamentar do primeiro governo Lula.

Quadrado trabalhava na sede da GFD até a PF desvendar o esquema de Youssef. Em seu relatório, a PF afirma também que Quadrado citou o nome de Vaccari num e-mail de fevereiro de 2012 que tratava do Petros, fundo de previdência da Petrobras.

Em razão dessa mensagem, a PF suspeita que o petista possa ter intermediado negócios entre o Petros e empresas de Youssef, como mostrou a Folha na última terça.

Nesta terça (12), Vaccari reafirmou que não conhece e nunca esteve com Quadrado. "Também não fiz qualquer tipo de intermediação entre a GFD e o Fundo Petros", disse por meio da assessoria do PT.

Nordeste, a prioridade de Aécio

• Em campanha no Maranhão, tucano promete investimentos voltados para a região nas áreas de educação, saúde, infraestrutura e segurança pública

Isabella Souto – Correio Braziliense

Na tentativa buscar números mais favoráveis e de se tornar mais conhecido no Nordeste, o senador e candidato a presidente da República Aécio Neves (PSDB) iniciou ontem, por Imperatriz, no Maranhão, uma série de viagens pela região. E lá prometeu um "pacto de solidariedade permanente" em prol de mais infraestrutura, um "grande" salto na qualidade da educação e da saúde e investimentos em segurança pública. O tucano remeteu suas propostas à gestão do mineiro Juscelino Kubitschek, que, segundo ele, percebeu o "extraordinário potencial de desenvolvimento" do Nordeste.

"Sessenta anos se passaram e estou aqui para dizer que esta será uma região prioritária no nosso governo", afirmou Aécio, que à tarde participou de carreata e inaugurou um comitê em Imperatriz, e, à noite, promoveu ato político em Teresina, no Piauí. O tucano criticou a falta de uma política nacional de segurança e afirmou que, a partir da visita aos estados nordestinos, está propondo a transformação do Ministério da Justiça — ao qual está hoje vinculado o setor de segurança — em da Segurança Pública e Justiça, sem o contingenciamento de recursos para o combate à criminalidade.

No Dia Internacional da Juventude, lembrou que 56 mil jovens foram assassinados em 2013, a maioria deles negros. "Segurança pública será uma prioridade absoluta do nosso governo e aqui na Região Nordeste, estamos assistindo, infelizmente, um crescimento avassalador desses índices em razão do governo federal não cuidar das nossas fronteiras e não atuar na repressão do tráfico de drogas, do tráfico de armas, matrizes para muitas dessas mortes", completou o candidato tucano.

Outra proposta de Aécio é reduzir o número de policiais que hoje prestam serviços administrativos. De acordo com o candidato, há atualmente cerca de 550 mil homens nas polícias de todo o Brasil, e cerca de 10% deles estão nos gabinetes. A promessa é que o governo federal ofereça algum tipo de financiamento aos governadores para que esses profissionais exerçam a função policial nas ruas e sejam substituídos por servidores administrativos.

Para barrar a impunidade, o tucano prometeu uma profunda reforma no Código Penal e no Código de Processo Penal. Projetos nesse sentido tramitam há vários anos no Congresso, mas esbarram na polêmica e na falta de acordo entre os parlamentares. Aécio disse ainda que percebe no Brasil inteiro um "sentimento crescente de mudança".

Mais uma vez, o candidato do PSDB criticou o que classificou de "aparelhamento absurdo" da máquina pública, que hoje leva à "ineficiência e desvios constantes" pela meritocracia. "Vai trabalhar no nosso governo quem tiver qualidade, quem tiver condições de prestar serviço às pessoas. Temos que enxugar o Estado, para gastar menos com a sua estrutura e gastarmos mais com as pessoas."

Bolsa Família
Aécio repetiu que, caso seja eleito, vai manter o Bolsa Família — e argumentou que o programa lançado no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi inspirado no Bolsa Escola e Alimentação, criado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "O presidente Lula teve a virtude de ampliá-lo, e a minha expectativa é de que ele não apenas seja mantido, como, no que depender de mim, vire política de Estado", disse. Dessa forma, completou, o mecanismo de ajuda aos brasileiros de baixa renda estaria mantido independentemente dos próximos presidentes da República.

Aécio diz que Dilma pune governadores que apoiam o PSDB

• Presidenciável tucano deflagrou ofensiva no Nordeste para tentar reduzir a vantagem da petista na região

• Candidato chama de "indigno" e "não republicano" tratamento dispensado pelo Planalto ao Piauí

Yala Sena e Patrícia Britto – Folha de S. Paulo

TERESINA, SÃO PAULO -O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, acusou o governo federal de retaliar governadores que não apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) ao dificultar o repasse de recursos para esses Estados.

"É absolutamente inaceitável a retaliação que o governo do Piauí vem sofrendo hoje. Isso é indigno e não é republicano. O governo federal acha que é dono do dinheiro público", disse o tucano, durante agenda de campanha em Teresina (PI).

"Eu quero lamentar, de público, e fazer a denúncia dessa ação mesquinha do governo federal, que vem punindo não só o governador Zé Filho (PMDB), mas também a população do Piauí e fazendo isso com outros Estados", completou Aécio.

O candidato tucano começou nesta terça (12) uma ofensiva de campanha no Nordeste para tentar reduzir a vantagem da presidente Dilma Rousseff (PT) na região.

Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16 de julho, a petista tem 49% das intenções de voto na região e Aécio aparece em segundo lugar, com 10% --a margem de erro é de dois pontos percentuais.

As viagens deverão se estender por duas semanas, passando por ao menos 12 municípios, com foco em cidades médias como Itabuna (BA), Itabaiana (SE), Arapiraca (AL), Petrolina (PE), Patos (PB) e Maracanaú (CE).

Wikipedia
Nos eventos desta terça, o tucano também citou o uso de computadores do Palácio do Planalto para alterar o perfil de jornalistas no site Wikipédia. O governo ordenou que uma comissão de sindicância fosse criada para investigar as alterações.

"Se hoje, dentro do Palácio do Planalto, como foi investigado, se altera o perfil de jornalistas, imagine o que não faz com os adversários que estão no campo da oposição. Se fazem isso, é porque acham que haverá impunidade", disse o candidato.

Aécio voltou a afirmar que, se eleito, os reajustes de preços administrados pelo governo "vão acontecer com previsibilidade e na hora certa", mas não deu detalhes de como serão.

O tucano participou de carreata na capital piauiense ao lado do governador e do prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB).

Segurança
Em Imperatriz (MA), Aécio criticou as políticas para a segurança pública do governo federal e disse que o país "assiste a um verdadeiro genocídio de jovens hoje em todas as nossas regiões".

Ele afirmou que, se eleito, não haverá contingenciamento nem represamento de recursos para a área de segurança. Disse ainda que é possível levar 10% dos trabalhadores do setor que atuam em serviços administrativos para trabalhar nas ruas.

"O governo federal tem como apoiar esses Estados, oferecendo financiamento para servidores administrativos que substituiriam os policiais", disse o tucano.

Tucano critica 'retaliação' do PT no Piauí

• Aécio criticou a presidente e voltou a defender a inclusão do termo "Segurança Pública" ao nome do Ministério da Justiça

Kelly Queiroz, Luciano Coelho - O Estado de S. Paulo

IMPERATRIZ (MA), TERESINA (PI) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, iniciou ontem sua campanha pelo Nordeste com caminhada em sequência pelas cidades de Imperatriz (MA) e Teresina (PI). Na capital piauiense, o tucano comemorou o apoio à sua candidatura do governador Zé Filho (PMDB), que tenta a reeleição e se diz alvo de retaliação do governo federal. Aécio criticou a presidente Dilma Rousseff.

"É inaceitável a retaliação que o Piauí vem sofrendo com o governo federal. O governo não é o dono do dinheiro e não pode fazer isso com os recursos públicos", afirmou Aécio, em referência a um empréstimo de R$ 300 milhões contratado no Banco do Brasil pelo governo piauense para obras de infraestrutura e mobilidade urbana no Estado.

Aécio voltou a defender a inclusão do termo "Segurança Pública" ao nome do Ministério da Justiça. "Vamos transformar o Ministério da Justiça, com proibição de contingenciamento de recursos da área, como vem acontecendo. E queremos fazer uma profunda reavaliação e atualização do Código Penal para impedir que a impunidade continue a conduzir as ações da criminalidade".

Segundo o candidato do PSDB, há mais de 550 mil policiais no País, entre civis, militares e federais, e pelo menos 15% deles estariam em atividade administrativa. "A União precisa subsidiar os Estados para contratar pessoal na área administrativa e colocar os policiais nas ruas", defendeu.

No município maranhense, o tucano inaugurou um comitê ao lado do candidato a governador Flávio Dino (PC do B) e do candidato a vice-governador e presidente do PSDB no Estado, Carlos Brandão, além do deputado Paulinho Pereira da Silva (SDD-SP).

"Inicio hoje a minha caminhada pelo Nordeste, mas é claro que já estive aqui em outros momentos. Mas, agora, é uma caminhada oficial e inicio pelo Maranhão. Flávio Dino e eu representamos a mudança do Estado do Maranhão e do Brasil. Ofereço ao Maranhão um pacto pelo desenvolvimento", disse.

Aécio apenas acenou para eleitores e, vendo a aproximação de um protesto de professores da rede municipal de ensino, entrou no carro que o levou direto para a inauguração do comitê de campanha. Sua saída do aeroporto foi marcada por tumulto criado pelos grevistas.

Aécio diz que realinhamento de preços não causará inflação

• Tucano acusa Dilma de cortar verbas para carros-pipas no semiárido

Maria Lima – O Globo

IMPERATRIZ (MA) E TERESINA (PI) - O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou, em Teresina, que o realinhamento de preços que anunciou para o caso de ser eleito não causará inflação e será anunciado de forma antecipada. A capital piauiense foi a segunda parada da caravana que ele iniciou ontem no Nordeste:

- O nosso realinhamento será feito na hora certa. Nós vamos controlar a inflação.

Em Imperatriz, Aécio disse que, se eleito, vai reestruturar o Ministério da Justiça, que passará a se chamar Ministério da Segurança e Justiça. Ao final da viagem aos nove estados, ele anunciará, na Bahia, o plano Nordeste Forte. O tucano quer mudar o placar desfavorável na região, onde as pesquisas o mostram distante da presidente Dilma:

- Vamos cuidar das fronteiras contra o tráfico de drogas produzidas pelos vizinhos, reequipar a Polícia Federal e pôr nas ruas os policiais que trabalham na administração.

Na chegada a Teresina, Aécio atacou diretamente Dilma, em função das denúncias de que o governo federal cortou verbas para carros-pipas na região do semiárido depois que o governador José Filho (PMDB) anunciou apoio a Aécio:

- Foi uma ação mesquinha do governo. A maior prova da ingratidão contra a população mais pobre que sempre votou nela.

José Filho, que acompanhou Aécio e tem como principal adversário na disputa estadual o petista Wellington Dias, reiterou a acusação:

- Os recursos estavam previstos e empenhados desde o ano passado para liberar no início de abril. Liberaram para todos os outros estados e ficaram esperando para ver nosso posicionamento político em relação a candidatura de Aécio.

O Ministério da Integração Nacional disse em nota que "a Operação Carro-Pipa segue em pleno andamento no Piauí e nos estados do semiárido. Atualmente, 538 caminhões circulam em 69 municípios do Piauí, atendendo a mais de 227 mil pessoas".

Campos: Fim dos cargos vitalícios

• Cobrado por seu esforço para levar a mãe ao TCU, Campos propõe mandatos para o Judiciário

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO - Pressionado por episódios de nomeação de parentes para cargos públicos, o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse ontem não ter visto problemas na indicação da sua mãe, a deputada Ana Arraes, para o Tribunal de Contas da União (TCU) em 2011 nem de dois primos para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Pernambuco. Campos, entretanto, defendeu uma reforma constitucional para acabar com os cargos vitalícios no Judiciário. Ele foi o segundo presidenciável a participar da rodada de entrevistas do "Jornal Nacional", da TV Globo.

No início da entrevista, Campos foi perguntado se considerava ético - e se não configurava um caso de nepotismo - o comportamento que teve ao articular nos bastidores a eleição de sua mãe para ministra do TCU.

- Se a indicação fosse minha, se dependesse da minha nomeação enquanto governador, seria nepotismo. Quero te dizer que fui o primeiro governador a fazer uma lei de nepotismo no meu estado. Ela é funcionária pública de carreira. Elegeu-se deputada por duas vezes. Fez mandatos respeitáveis. A Câmara foi chamada a eleger um parlamentar para uma vaga no Tribunal de Contas. Ela se candidatou. Outros deputados se candidataram. Ela disputou uma eleição com outros deputados. Foi a única mulher que ganhou no voto, com uma votação muito grande e foi ser ministra. Tem feito um trabalho que todos reconhecem como digno e sério - afirmou Campos.

Proposta de reforma constitucional
O apresentador William Bonner disse a Campos que não estava questionando a competência de Ana, mas sim a sua conduta. O candidato negou que tivesse trabalhado pela eleição da mãe e disse que apenas torceu pela vitória dela.

- Na hora em que ela saiu candidata com o apoio do meu partido, se fosse uma outra pessoa eu teria apoiado. Por que não apoiaria ela que tinha todos os predicados? Eu nem votei. Simplesmente torci - justificou Campos que, ao ser perguntado novamente por Bonner se não via nada de errado em sua conduta nesse episódio, disse simplesmente que não.

Sobre os primos indicados para vagas no TCE de Pernambuco, explicou:

- Na verdade, eles se candidataram na Assembleia Legislativa em vagas que eram próprias da Assembleia Legislativa.

Em seguida, defendeu uma reforma no país específica para o Judiciário:

- O Brasil deve fazer uma reforma constitucional para acabar com cargos vitalícios na Justiça.
Questionado sobre o que faria com o preços de tarifas como da energia e dos combustíveis, se eleito, Campos desconversou e atacou a presidente Dilma Rousseff, acusando-a de guardar "na gaveta" os reajustes:

- O ano difícil já está sendo este. Porque vamos ter um crescimento de menos de um por cento. O Brasil perdeu de sete a um dentro do campo na Copa e está perdendo fora do campo. É sete de inflação, com a presidente guardando na gaveta dela, para depois da eleição, um aumento da (tarifa de) energia e do combustível, e menos de um (por cento) de crescimento.

Campos também foi cobrado a explicar de onde conseguiria recursos para cumprir todas as promessas que já fez até agora, como o passe livre para estudantes em todo o país. Em resposta, disse que somente um corte de meio por centro da taxa Selic representaria um adicional de R$ 14 bilhões, o suficiente, disse, para tornar viável sua proposta. E frisou que, com a inflação no centro da meta e a retomada do crescimento, haverá condições fiscais de obter mais recursos.

A apresentadora Patrícia Poeta questionou o candidato sobre a razão de ele ter abandonado a aliança que tinha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Patrícia disse que colaboradores de Lula dizem que Campos se afastou da gestão petista, após três anos como ministro, somente para se candidatar.

- Já em 2012, enfrentamos o PT em várias cidades, inclusive no Recife. Quando a presidente apoiou o Renan (Calheiros) para o Senado, o PSB apoiou outros candidatos. Nós vínhamos nos afastando do governo, porque esse governo é o único que vai entregar o país pior do que recebeu, seja na economia, na segurança, na logística, na política externa.

Segundo o candidato, o atual governo não entregou o que foi prometido.

- Tantas pessoas votaram na Dilma e se frustraram, pois viram agora um governo que valoriza no seu centro a velha política, deixou a inflação voltar, derreter os empregos.

Campos foi perguntado ainda se não havia contradições na aliança dele com a vice, a ex-senadora Marina Silva, que foi contra a votação do Código Florestal. O PSB de Campos votou majoritariamente a favor dos ruralistas e do projeto.

- Marina não tem nada contra o agronegócio. O que temos que ter é desenvolvimento com respeito ao meio ambiente e inclusão.

Diante da insistência dos apresentadores sobre posições antagônicas entre os dois na chapa, Campos disse que isso não existia e que a aliança deles foi feita "em cima de programas e não de opiniões pessoais".

- Temos aliança não feita em cima de nossas opiniões, mas de programa.

Adversários veem fragilidades
O desempenho de Campos motivou interpretações divergentes entre políticos governistas e da oposição. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), avaliou que Campos deixou sem respostas algumas perguntas como as razões que o levaram a deixar a base do governo Dilma:

- Achei que a entrevista mostrou as fragilidades que o candidato tem. É o candidato que mais tem apresentado propostas mirabolantes. Perguntado de onde ia buscar recursos, não soube dizer, foi para o campo das generalidades - afirmou Costa.

Coordenador da campanha de Aécio, o senador José Agripino (DEM-RN) também criticou:

- Ele ficou devendo algumas respostas.

Já o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), afirmou que Campos se mostrou "pronto para governar". Mas, para o senador, não houve espaço suficiente para que Campos aprofundar suass propostas.

- Foi uma entrevista de aperto. O modelo do programa acaba questionando pontos que não dão tanta margem ao candidato para apresentar as propostas. Mas, ele está seguro e confiante - disse Rollemberg.

Campos: inflação não pode ser combatida só com juros

• Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, candidato do PSB diz não ver contradições entre medidas econômicas e populares

Ana Fernandes – O Estado de S. Paulo

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, disse nesta terça-feira, em entrevista ao Jornal Nacional, não ver contradição entre apresentar projetos populares, como educação em tempo integral e passe livre estudantil, e o controle da inflação. "A inflação não pode ser combatida só com taxa de juros", disse o candidato ao argumentar que, se eleito, fará uma política macroeconômica responsável e colocará a inflação no centro da meta, de 4,5%, em quatro anos.

Campos disse que a sociedade está apresentando uma nova agenda, com reivindicações nas áreas da educação, saúde e segurança pública, e que os custos de atender a essas demandas não são incompatíveis com as metas econômicas, que exigiriam rigor fiscal nas contas do governo. "É possível sim. Nós estamos fazendo conta, tem orçamento", afirmou e voltou a citar que os "erros" da política econômica trazem custos altos, que poderiam ser evitados. "Cada meio ponto de alta na Selic custa R$ 14 bilhões aos cofres públicos, só aí você tem dinheiro para o passe livre."

Questionado se não seria melhor admitir que 2015 será um ano difícil, de ajuste econômico, Campos afirmou que ano difícil está sendo 2014, por causa das falhas do governo de Dilma Rousseff (PT). O candidato repetiu seu argumento de que o Brasil perdeu de sete a um no futebol e que perde pelo mesmo placar na economia, com inflação de 7% e crescimento que não chegará a 1%. "Acho que vamos terminar (2015) melhor que 2014, porque vamos enfrentar os problemas", afirmou. E criticou o represamento de preços administrados. "A presidenta está guardando na gaveta dela o aumento da energia e do combustível." Eduardo Campos foi o segundo candidato à Presidência a ser entrevistado pelo Jornal Nacional. anteontem, o programa entrevistou Aécio Neves (PSDB). Hoje será a vez da presidente Dilma Rousseff (PT) e, na quinta-feira, 14, participará Pastor Everaldo (PSC).

Campos afirma que não errou ao apoiar a mãe para o TCU

• No "Jornal Nacional", candidato promete acabar com cargo vitalício no Judiciário

• "Só porque você apoiou, não está condenado a apoiar quando já não acredita", afirmou sobre ruptura com o PT

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou que não vê "nada de errado" em seu empenho pessoal para eleger a mãe, Ana Arraes, como ministra do TCU (Tribunal de Contas da União), em 2010.

À época, o presidenciável era governador de Pernambuco e foi o principal articulador da candidatura da então deputada federal à vaga vitalícia em um dos cargos mais cobiçados da Esplanada.

Em entrevista ao vivo nesta terça-feira (12) no "Jornal Nacional", da TV Globo, Campos minimizou sua influência na eleição da mãe.

Questionado se considerava ser "um bom exemplo para o país" ter usado "seu prestígio e poder em uma campanha para que um parente ocupasse um cargo público e vitalício", disse que "simplesmente torceu para que ela ganhasse". A atribuição do TCU é fiscalizar o governo federal.

O candidato defendeu uma "reforma constitucional" para acabar com os cargos vitalícios no Judiciário. Campos justificou que a medida serviria para "oxigenar os tribunais" e garantir um processo de escolha "impessoal".

Ao falar sobre sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia (2004-2205), e sobre a ruptura com a presidente Dilma Rousseff, a quem apoiou até setembro do ano passado, Campos disse que "só porque você apoiou, não está condenado a apoiar quando já não acredita e não se sente representado naquele governo". Ele justificou sua candidatura ao Planalto como um "direito".

O candidato atacou a presidente Dilma, a quem citou nominalmente para dizer que os eleitores que votaram nela estão "frustrados", e disse que a petista não cumpriu o que prometeu.

Pensamento
Campos aproveitou a entrevista para exaltar sua aliança com a ex-senadora Marina Silva. Ele afirmou que sua chapa "não é feita de opinião, mas de pensamento".

Dilma e o Pastor Everaldo (PSC) serão entrevistados pelo telejornal nesta quarta (13) e quinta (14), respectivamente. O critério da TV Globo é o mesmo de 2010. O candidato precisa ter 3% para ser entrevistado na bancada e 6% para aparecer na cobertura diária da emissora.

Eleitores indecisos são 59% na capital paulista

• Pesquisa de agência de propaganda mostrou que só 23% dos entrevistados possuem candidatos, enquanto 18% disseram que não comparecerão às urnas no dia 5 de outubro

Eduardo Miranda – Brasil Econômico

Tecnicamente empatados no Estado de São Paulo, de acordo com a última sondagem do Ibope, Dilma Rousseff e Aécio Neves terão mais um motivo para investir pesado no eleitorado da capital do maior colégio eleitoral do país. Uma pesquisa da agência de propaganda Rino Com ouviu 400 eleitores paulistanos e concluiu que 59% deles ainda não escolheram o candidato à Presidência da República. A cidade de São Paulo tem, atualmente, 8.782.406 eleitores. Já o estado representa 22,4% do eleitorado de todo o Brasil. O presidente da agência, Rino Ferrari Filho, explicou que o ineditismo do alto índice de indecisos ocorreu por conta de uma mudança na metodologia da sondagem. "Ao não ser perguntado ou induzido a revelar seu voto, o eleitor fica livre para expressar seu sentimento quanto ao pleito, que, neste momento, é de afastamento, cautela e não muita esperança.

Se em outras pesquisas o eleitor paulistano se vê obrigado a revelar sua preferência por determinado candidato, em nosso estudo ele demonstra ter uma visão crítica dessa escolha, que ainda é relativa e pode ser alterada", disse ele. Na pesquisa, 23%dos entrevistados mostraram convicção em relação ao candidato que votarão. No universo dos 23% que já possuem candidato, 71% afirmam que não mudarão as escolhas feitas. Os outros 29%podem ser levados a mudar o voto por alguns fatores. Dentre eles, está o desempenho passado do candidato (citado por 8%); as propostas de campanha (7%); a imagem do candidato (3%); aspectos subjetivos da vida pessoal do eleitor (3%); e a situação econômica do país (2%). O estudo, intitulado "Convicção e Consciência — Eleições 2014", mostra ainda que 18% dos eleitores ouvidos disseram que não comparecerão às urnas no dia 5 de outubro, ou votarão em branco, ou nulo.

O resultado da pesquisa da agência com os eleitores da capital se aproxima dos números publicados pelo Ibope para todo o Estado de São Paulo, em que 14% representavam votos em branco ou nulos; enquanto 17%dos entrevistados não sabiam ou não responderam. Professor de Comunicação Política na Universidade de Salamanca, na Espanha, e autor de 17 livros sobre marketing eleitoral, Carlos Manhanelli disse que os números não assustam. Ele projeta que os 59% de indecisos da pesquisa estão próximos do que seria o índice de eleitores que não compareceriam às urnas, caso o voto fosse facultativo. "Acompanho eleições no Brasil e no mundo há 40 anos. O número de indecisos tem crescido, e esse é um recall de onde o voto é obrigatório.

Para compararmos, nos Estados Unidos, apenas 30% dos eleitores votam. Para os outros 70%, a eleição não interessa", afirmou. Manhanelli aponta a Copa do Mundo como um dos fatores para o atraso do início da campanha eleitoral e, consequentemente, a percepção do eleitor. Ele enumera, ainda, três "leis" que têm sido constantes nas últimas eleições: a da indiferença, a da efemeridade — "para alguns eleitores, o voto não tem valor algum" — e a da procrastinação. Segundo o professor, é normal que, no dia do pleito, 15% do eleitorado ainda não tenham definido seu candidato, no caso das eleições majoritárias. O especialista disse que nem mesmo os candidatos e suas respectivas campanhas estão seguros de que esses votos migrarão para alguém.

Segundo Manhanelli, por questões estratégicas, o investimento em material e a presença de Dilma e Aécio, que atualmente polarizam as intenções de voto, deverá ser ditada pelas primeiras pesquisas de intenção de voto realizadas 15 dias após o início do programa eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Apesar de mostrar um cenário difícil para os candidatos, a pesquisa da agência de propaganda deu indícios, a partir da resposta dos entrevistados, de temas que podem agradar aos paulistanos. Saúde é a primeira preocupação de 40% deles. Educação (25%), mais segurança (19%), honestidade e ética (17%), melhora da economia (13%) e geração de empregos (7%) são alguns dos demais tópicos aos quais os candidatos deverão estar atentos.

Merval Pereira: Desânimo e esperança

- O Globo

Entra eleição, sai eleição, tão certo quanto a noite chega ao fim do dia, as campanhas presidenciais são marcadas por baixarias. As denúncias se sucedem, desde o nível municipal até o Palácio do Planalto, que este ano entrou no circuito de campanha à medida que foram se perdendo ao longo do tempo as divisas entre o governar e o uso eleitoral do governo, entre o público e o privado na sua acepção mais ampla.

Usar o Palácio para propaganda eleitoral, usar viagens presidenciais para gravar programas de propaganda de governo, tudo vai se misturando em todos os níveis do Estado brasileiro, piorando o que já era ruim. As regras complacentes para a atuação dos incumbentes que se candidatam à reeleição foram feitas com esse propósito, de alargar os limites do aceitável.

Por isso, é muito grande a chance de um governante se reeleger. Esgotada a capacidade de mobilizar a sociedade à base de promessas que não se realizaram, o PT passou a adotar a tática do medo contra seus adversários, especialmente os tucanos, que haviam usado a mesma tática em 2002 sem resultado, pois naquela ocasião o ambiente político pedia mudanças.

Os tucanos pagam até hoje pelo erro político de terem aprovado a reeleição para o mandato de Fernando Henrique, o que à época parecia uma providência necessária para garantir a continuidade do Plano Real, e hoje se tornou um golpe político a purgar. Não é por acaso que o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, tem como um dos projetos o fim da reeleição.

Apesar do mensalão em 2005, Lula se reelegeu em 2006 na base da ameaça de que os programas sociais corriam perigo sem ele na Presidência, e com uma campanha contra as privatizações que o então candidato tucano Geraldo Alckmin não soube combater. Foi nessa campanha que surgiram os aloprados, presos com dinheiro em um hotel em São Paulo para a compra de dossiês contra os tucanos, especialmente José Serra, que acabou se elegendo governador de SP.

Em 2010, a baixaria começou cedo com dossiês contra Serra, então candidato à Presidência, surgindo no QG de Dilma, e mais adiante a invasão de dados de familiares de Serra na Receita Federal.

Nesta atual campanha, a internet tem sido usada de maneira desabrida contra Aécio, e de maneira generalizada contra jornalistas e políticos considerados inimigos do regime. A tensão tende a ser maior durante a campanha, pois, mesmo sendo Dilma a favorita para vencer a eleição, nunca a vitória esteve tão ameaçada, seja pela fragilidade de seu governo, seja pelo anseio de mudanças na condução do país.

Apesar dos pesares, a resiliência da candidatura petista é uma demonstração de como quem está no governo tem instrumentos para continuar, mesmo com a economia em pandarecos e com crescimento médio abaixo de 2% ao ano nos últimos quatro anos. A questão é saber se a velocidade das notícias ruins combinará com o timing das urnas, e não é à toa que os petistas voltaram a falar com força em uma vitória no 1º turno.

A falta de mobilidade das candidaturas, todas elas praticamente em linha reta há alguns meses, e a insistência de um eleitorado desiludido em votar branco ou nulo ou se ausentar da eleição faz com que esse sonho de vitória imediata volte a ser factível.

Além do mais, pesquisas mostram que num eventual e ainda provável 2º turno, os candidatos de oposição ganham novo alento diante do duelo entre Dilma e qualquer um deles. Todas mostram a possibilidade real de um empate técnico entre Aécio e Dilma.

Já Eduardo Campos se aproxima a cada rodada de Dilma, reduzindo a diferença que, no 1º turno, é grande. Quando ele é a única opção oposicionista, suas chances crescem com o voto útil, o que mostra uma tendência de mudança na motivação do eleitorado.

Estudos de Macrométrica do economista Chico Lopes, utilizando-se de um programa do matemático americano Nate Silver, perito em previsões corretas dos resultados eleitorais hoje com um blog no "The New York Times", mostram que Aécio pode vencer no 2º turno se o número de brancos e nulos e mais as abstenções forem nos níveis normais das eleições anteriores. Se, no entanto, confirmar-se a tendência de denunciar os métodos políticos em prática rejeitando as eleições, o efeito deverá ser contrário, confirmando na Presidência quem a maioria quer ver fora, segundo as pesquisas. Será esse o caso se os oposicionistas não conseguirem reverter a situação em que o desânimo derrota a esperança.

Dora Kramer: Rito de passagem

O Estado de S. Paulo

O presidente do PT, Rui Falcão, não poderia ter sido mais claro sobre os planos do partido para um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, caso vença as eleições, em longa entrevista publicada nesta segunda-feira, no jornal Valor Econômico.

Falcão elucida algumas questões que a candidata à reeleição não pode abordar com tanta franqueza por razões de estratégia eleitoral. Por exemplo, o discurso sobre a "mudança" para fazer frente ao anseio da maioria do eleitorado. Falcão afirma que os "pilares" continuarão exatamente os mesmos.

E o compromisso primeiro é "com a própria maneira como o governo tem tratado o País, com retidão, com transparência, (compromisso) com crescimento econômico, dentro daqueles pilares que a Dilma disse que não vai mudar". Em seguida cita para o segundo mandato exatamente o mesmo cardápio do primeiro.

Dito isso Falcão esclarece a razão pela qual é necessário que a atual presidente governe o Brasil por mais quatro anos: "Precisamos eleger a Dilma para o Lula voltar em 2018. Isso significa que, ela reeleita, começa o ciclo de debate, de planejamento, para que o nosso projeto tenha continuidade com o retorno de Lula, que é a maior segurança eleitoral de que o projeto vai continuar".

Ou seja, não são mais as qualidades gerenciais da presidente, como em 2010, que justificam sua escolha pelo eleitorado, mas o interesse do PT em segurar o lugar no Palácio do Planalto a fim de garantir a posição vantajosa dos ocupantes do poder na campanha presidencial de 2018.

A reeleição de Dilma Rousseff fica, assim, reduzida a um mero rito de passagem para um segundo mandato que, caso reeleita, seria posto a serviço da volta do ex-presidente Lula. É o que informa Rui Falcão.

E vai além antecipando que Lula terá presença de destaque nesse novo período. Muito mais acentuada do que a participação no primeiro mandato durante o qual, de acordo com Rui Falcão houve "um afastamento deliberado" a fim de que Dilma pudesse ter brilho próprio e que o antecessor não a ofuscasse com a sua liderança.

O presidente do PT não explica como seria esse "protagonismo", mas ao que se depreende de suas palavras, já não haveria preocupação com a sobreposição de comandos. Terá querido dizer que o ex-presidente governará junto? Ou pretendido acenar ao eleitorado, aos aliados e aos grupos de interesse que não gostam do jeito de Dilma que podem votar sossegados, pois desta vez Lula será mais que um fiador?

Só nesse ponto Falcão deixou dúvida. Ele foi bastante transparente também sobre a necessidade de se providenciar alguns ajustes na maneira de conduzir as políticas de governo de modo a extrair delas um melhor aproveitamento eleitoral.

Perguntado sobre qual foi o maior erro do governo Dilma, Rui Falcão apontou a falta de mais diálogo com a chamada nova classe média, aquela beneficiada pelas políticas assistenciais e de incentivos ao crédito e ao consumo.

"Era preciso ter uma identificação mais rápida do que estava acontecendo e um direcionamento mais rápido para a disputa política, para o esclarecimento sobre as políticas públicas para que tivesse uma base maior de apoio desses setores."

Em suma, o presidente do PT lamenta que a clientela tão tenha sido suficiente e competentemente fidelizada ao ponto de fazer uma ligação direta entre os benefícios recebidos, o sentimento de gratidão e a devolução em forma de votos e devoção eterna.

Defende que se desfaça na cabeça desse pessoal a ideia de que a ascensão se deu por méritos próprios e sobre isso cita Lula. "Ele pergunta assim: se fosse só esforço pessoal, porque não ocorreu antes no governo Fernando Henrique?"

O conceito do mérito próprio, na opinião de Falcão "estimula a fragmentação, o individualismo". Faltou acrescentar: dificulta o populismo, o clientelismo.

Fernando Rodrigues: Contas inúteis

- Folha de S. Paulo

Muitas análises foram publicadas sobre a prestação parcial de contas de candidatos nas eleições deste ano. Sabe-se que o frigorífico Friboi já doou mais de R$ 50 milhões a políticos de vários partidos. O PMDB desponta como um dos campeões em arrecadação.

Essas informações só são boas para produzir estatísticas, mas inúteis para revelar quem de fato acabará financiando os candidatos. No Brasil, a lei exige duas prestações de contas durante a campanha, sempre nas primeiras semanas de agosto e de setembro. A contabilidade final sai apenas depois da eleição --quando o dado será de pouca utilidade.

A transparência nas contas de campanha serve para o eleitor considerar esse dado na hora de votar. O cidadão interessado em preservar o meio ambiente pode se sentir desestimulado a apoiar um candidato bancado por uma madeireira. Quem é de esquerda talvez rejeite políticos financiados por grandes bancos.

Ocorre que a contabilidade parcial só revela o que é conveniente aos doadores, e não ao eleitor. Por exemplo, interessa a uma empresa pendurada em empréstimos do governo fazer doações ecumênicas logo no início da campanha. O frigorífico Friboi direcionou R$ 5 milhões para Dilma Rousseff (PT) e outros R$ 5 milhões para Aécio Neves (PSDB). Apostou em duas canoas. Não quer perder, pois recebeu investimentos do BNDES na casa dos bilhões de reais.

Já alguma empreiteira talvez prefira ser mais prudente esperando até o final do processo para dar dinheiro a candidatos. Se doar depois do dia 10 de setembro, a informação permanecerá em segredo até depois do encerramento das eleições.

Para haver transparência real, seria necessária uma contabilidade diária, on-line e sem a possibilidade de receber dinheiro depois da eleição. O Congresso jamais aprovará tal regra. Mas será compelido a fazer algo quando o STF proibir doações de empresas a políticos, o que já é certo.

Rosângela Bittar: Quarto movimento de sinfonia dissonante

• Lula e Dilma esticam a corda de sua hoje conflituada relação

- Valor Econômico

Primeiro, foi o terceiro mandato, a re-reeleição que seria pedida a um Congresso de base ampla e sob controle, com emenda constitucional a tramitar sob o comando dos petistas amigos. Depois, a desistência do projeto por inviável e a formulação de outro, a escolha da candidata do partido à sucessão, Dilma Rousseff, como um poste fácil de levantar por ser mulher, ter fama de gestora e, à época, de lealdade reconhecida ao líder. O partido não queria, mas acabou engolindo. O terceiro movimento foi o 'Volta, Lula', uma campanha intensa, duradoura, levada adiante com o beneplácito do sujeito da oração, participação da sociedade, ajuda do empresariado insatisfeito com o governo, e por um contingente expressivo do comando petista. Quase todos. Nessa fase houve o vale tudo das críticas e reclamações contra tudo e todos.

O ex-presidente passou a justificá-la, depois a tentar mudá-la, no fim a pedir paciência aos seus queixosos. Lula registra, hoje: nenhum de seus conselhos foi aceito pela presidente, e boa parte deles a teria livrado dos percalços desnecessários em que tropeça agora.

Conselho número um, que ainda valeria atualmente como antes: dar sinais claros sobre o que vai mudar na economia e com quem. Outro exemplo, sair da toca, relacionar-se com todos; um terceiro, fazer alguma relação com os partidos, deputados e senadores.

Superadas as três fases distintas, inicia-se a quarta fase, agora, e as principais notas dessa partitura foram dadas pelo próprio presidente do partido, Rui Falcão.

Em entrevista ao Valor, publicada segunda-feira, ele resumiu os sentimentos dos seus comandados e apontou ao eleitorado e aos financiadores de campanha como o PT vê o cenário político e sua relação com Dilma. As declarações compõem um roteiro de cinema. É como se recomendasse aos doadores a volta segura ao projeto petista, e dissesse aos eleitores que, na verdade, Lula não é uma miragem este ano: vai influir muito mais no segundo mandato da Dilma e, logo em seguida, em 2018, será ele mesmo o candidato a presidente.

O ex-presidente comporta-se, em conversa com todos, como quem já jogou a toalha, não espera mais mudar o comportamento da presidente, fazê-la ver os equívocos políticos e as opções erradas que vem fazendo, do seu ponto de vista. Lula diz a banqueiros e bancários que já cansou de falar, mas está convencido que ela precisa ser eleita, é melhor o cenário com ela para ele assumir de volta em 2018. Lula desistiu de terminar de criar a criatura.

A saída do ex-presidente é dizer que a perspectiva do futuro poder abre-se, com ele à frente, no primeiro dia do segundo mandato de Dilma. Além de dar garantias aos financiadores, que estão verdadeiramente relutando e, quando comparecem, repartem igualmente as verbas de campanha entre os candidatos, o ex-presidente quer acender a militância que, na avaliação interna, ainda está fazendo corpo mole. Sem os petistas, acredita, será difícil eleger Dilma, e é preciso retomar o apoio do eleitorado o quanto antes para vencer no primeiro turno. Lula e o PT temem o segundo turno com uma candidata tão resistente à política como tem sido Dilma.

Dilma é João Santana, João Santana é Dilma: a simbiose entre candidata e seu marqueteiro é destacada no partido como um dos maiores problemas da campanha. Uma só confia no outro e está certa de que, começando o horário eleitoral gratuito pela TV, com um tempo que é três vezes o de seu adversário do segundo lugar, voltará a subir na preferência do eleitorado e vencerá.

A Santana, porém, são atribuídos problemas políticos graves da campanha, como a recusa do candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, a abrigar na sua a campanha de Dilma. O marqueteiro de Skaf, Duda Mendonça, acha que todo o barulho é feito por João Santana. Os dois vivem uma espécie de revanche recíproca. Santana é também o marqueteiro de Alexandre Padilha, o candidato do PT ao governo de São Paulo que não sai do lugar nas intenções de voto. O PT culpa João Santana, por se dedicar só a Dilma.

O PT, por sinal, já vinha às turras com João Santana desde o primeiro semestre, por ter cobrado do partido a conta do programa partidário antes de mostrar a obra concluída. Primeiro, deu cópias a outras pessoas de sua convivência, só depois ao partido pagante.

Agora, para o horário eleitoral obrigatório, o PT, já decidido a elevar o papel do ex-presidente, avisou a Santana que Lula gostaria de ancorar o programa. Consultada, Dilma negou provimento ao pedido. Mandou dizer ao ex-presidente que tem muito a mostrar de seu governo e gostaria de ser ela mesma a âncora. Mostrou-se convicta que, ao começar o programa de TV, estará dando o passo decisivo para vencer a eleição no primeiro turno. Lula recolheu-se e avisou que ficaria em SP para trabalhar por ela, por Alexandre Padilha e para cuidar do Fernando Haddad, os três cuja situação está mais para perder votos do que para ganhar. A rejeição é generalizada e alta.

Lula não a acompanhou em duas performances no Estado, mas não está confortável, ainda, com a situação. O ex-presidente está sob intensa pressão. De um lado, os fregueses do governo ainda reclamam, com irritação e desejo irrefreável de sonegar apoio financeiro à reeleição; de outro, o PT está exigindo que o ex-presidente embale mais o mateus que produziu. A constatação é que Lula a elegeu mas deixou o governo correr solto demais e agora precisa retomar a influência no segundo mandato para tutelar o governo até a sua hora, em 2018.

Tudo isto não tem figurino constitucional, formal ou oficial. Não se perceberá mudança institucional na ação do ex-presidente ou do seu partido. Lula sabe que Dilma vai reagir, pois quer fazer o segundo mandato a seu gosto, já que não precisa mais pleitear o apoio para o futuro.

Será uma reforma da atitude política. Lula é quem precisa, agora, de um governo eficiente e condições políticas para voltar na disputa seguinte. É um jogo de sobrevivência mais para ele e seu partido do que para ela. A presidente não terá mais nada a perder, já foi mais longe do que poderia imaginar.

Luiz Carlos Azedo: Pessimismo chapa-branca

• A economia está devagar quase parando. Há um cheiro de estelionato eleitoral no ar. É uma situação irreversível a curto prazo, segundo o Banco Central admite nas entrelinhas das análises

- Correio Braziliense

Pura ironia. O maior pessimista sobre os rumos do país é o Banco Central, cujo Boletim Focus, que ausculta os humores do mercado, prevê que o Brasil deve crescer abaixo da média da última década, com inflação superior à meta de 4,5% e juros acima de 10% nos próximos quatro anos. Detalhe: esse cenário vem acompanhado da previsão de que o novo governo promoverá um tarifaço médio de 7% nos preços controlados (combustíveis, passagens e contas de luz) e elevará ainda mais os juros, de 11% para 12%, para controlar a inflação.

Como refutar os agentes econômicos que fazem previsões desfavoráveis ao governo com números como esses? Como fazer uma campanha de reeleição prometendo mundos e fundos no próximo mandato nesse cenário? Essa é a pergunta que os marqueteiros da presidente Dilma Rousseff terão que responder nos 12 minutos de rádio e televisão do programa eleitoral do PT, a partir do próximo dia 19.

Essas previsões são a síntese das projeções para a economia de cerca de 100 analistas de instituições do setor público e privado. Têm credibilidade muito maior do que a do ministro da Fazenda, Guido Mantega, cujas projeções, nos últimos anos, foram sempre mirabolantes em matéria de crescimento econômico. Hácerca de 12 anos — ou seja, desde o governo Lula — o Banco Central traça esses cenários quadrienais.

Há uma grande contradição entre o que diz a presidente Dilma Rousseff e o que se fala nos bastidores da área econômica do governo, onde já se admite que a meta de contenção dos gastos públicos deste ano não será cumprida. O governo faz ginástica na boca do caixa para mascarar as contas do Tesouro, a chamada contabilidade criativa, o que gera ainda mais pessimismo dos agentes econômicos.

O Palácio do Planalto está empurrando com a barriga a divulgação das previsões para o superavit primário de 2014. Todos os indicadores econômicos já apontam para o descumprimento da meta de economizar 1,9% do PIB para pagar os juros da dívida pública.

A economia está devagar quase parando. Há um cheiro de estelionato eleitoral no ar. É uma situação irreversível a curto prazo, segundo o Banco Central admite nas entrelinhas das análises. Há 11 meses, as previsões de crescimento sofrem amputações sucessivas. O PIB previsto no Orçamento da União no início do ano era de 2,5%, caiu para 1,6% em maio e deve chegar a dezembro em 0,81%. O consolo, em relação à baixa atividade econômica, é a inflação, que deve ficar abaixo o teto de 6,5%. A meta de 4,5% virou miragem.

Nem tudo são espinhos. A sorte é que a oferta de alimentos melhorou e apresenta um cenário positivo até o fim do ano. Gerou uma deflação por três meses seguidos no IGP-DI e no IGP-M, ambos da Fundação Getulio Vargas, e um índice de inflação de apenas 0,01% no IPCA de julho, que surpreendeu o mercado. Da mesma forma, o índice de variação de cesta básica do Dieese apontou uma deflação, em julho, em todas as capitais pesquisadas. Em Brasília, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, por exemplo, a queda foi de, respectivamente, 7,16%, 2,60%, 3,85% e 3,59%. Esse cenário estancou a queda da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas, mas não pôs fim ao mau humor, principalmente da classe média.

Campanha
Ontem, em Anápolis (GO), a presidente Dilma Rousseff fez veemente defesa do transporte ferroviário como forma de reduzir custos de logística e aumentar a competitividade dos produtos nacionais. Ao visitar trecho da Ferrovia Norte-Sul, disse que o empreendimento funcionará como um "espinha de peixe", integrando vários modais de transporte em uma região central para o tráfego de mercadorias.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) recomendou à Valec Engenharia o início dos testes no trecho entre Porto Nacional e Gurupi, ambos no Tocantins, com a substituição de dormentes de madeira e a reposição de peças roubadas. Ou seja, houve sucateamento desse trecho já concluído.

A Ferrovia Norte-Sul teve início há 27 anos, no governo Sarney. Segundo Dilma, só a partir do governo Lula as obras começaram a avançar. Doze anos depois, portanto, a ferrovia ainda não ficou pronta. Já não dá pra culpar a oposição.

José Nêumanne: A covardia da solidão e a garantia da impunidade

- O Estado de S. Paulo

A internet é o paraíso dos covardes e lhes dá a garantia da impunidade. Diante do computador, praticamente ao arrepio da lei, o poltrão sente-se deus, um titã implacável e agressivo, como Jeová no Velho Testamento, não seu compassivo filho no Novo. O autor destas linhas já sentiu isso na pele quando provou e se viciou numa droga que não faz mal ao organismo, mas praticamente anula o tempo e escraviza e expõe o adicto às vicissitudes e misérias da alma humana. Disso ninguém escapa.

Nem Chico Buarque de Holanda, que uma vez mestre Millôr Fernandes chamou de "unanimidade nacional". O compositor inspirado e censurado na ditadura, mimado por todos, cortejado nas ruas, descobriu-se odiado ao seguir o próprio apedrejamento moral na internet e nas redes sociais, como se fosse uma adúltera bíblica.

A rede mundial dos computadores é a ágora eletrônica do boato não confirmado e iniciativas tidas como exaltação à liberdade de expressão, caso da enciclopédia virtual Wikipédia, o paraíso achado de biógrafos não autorizados. Em seus verbetes, poder, prestígio, fama e glória viram cinzas nas mãos de qualquer caluniador com um ratinho ao seu alcance.

Em 2012, a revista CartaCapital fez reportagem de capa acusando o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes de "sonegação fiscal, de ter viajado em aviões cedidos pelo ex-senador Demóstenes Torres, de intervir em julgamentos em favor de José Serra, de nepotismo e testemunho falso ao relatar uma chantagem do ex-presidente Lula para que adiasse o processo do mensalão para depois das eleições municipais de 2012". Segundo a "enciclopédia livre" relata em seu verbete até hoje, "a revista repercute acusações de certos movimentos sociais (quais?) de ele ser o 'líder da oposição', de estar destruindo o judiciário e de servir a interesses de grandes proprietários". E faz uma concessão: "Mendes porém (sic) volta a afirmar não ser o líder da oposição". Dois anos depois, sem que nada tenha sido provado, Mendes atua no STF, mas o registro permanece.

A liberdade de que a enciclopédia virtual se jacta em seu lema e slogan dá ensejo à disseminação da maldade e serve de pretexto à impunidade de quem, por qualquer motivo, seja ódio pessoal, seja interesse político, resolver atirar na lama a reputação de qualquer desafeto. O fato de a imagem de um poderosíssimo dirigente do poder judicante da República se tornar impotente diante da aceitação generalizada de que prevalece o direito da liberdade de divulgar também mentiras é prova irrefutável de que na prática nada há a fazer para evitar que o veneno da maldade comprometa a fama de qualquer um. No reino da futrica cibernética, ninguém tem como defender a própria intimidade.

Na semana passada, contudo, surgiu um fato novo que pode esclarecer a origem de certas calúnias e levar à descoberta de caluniadores que devem, enfim, ser levados às barras dos tribunais e julgados por ofensas criminosas graves contra a honra alheia. Na sexta-feira 8 de agosto, o jornal O Globo, do Rio, noticiou que Miriam Leitão, sua colunista de economia, e Carlos Alberto Sardenberg, comentarista da rede de emissoras de televisão da empresa, tiveram seus perfis na Wikipédia alterados por mensagem transmitida pelo IP 200.181.15.10, da Presidência da República. Miriam teve análises desqualificadas como "desastrosas" e foi acusada de defender em sua coluna os interesses do milionário baiano Daniel Dantas, do grupo Opportunity. 

No mesmo IP do computador instalado no Palácio do Planalto, onde a presidente Dilma Rousseff despacha, Sardenberg foi "incriminado" por ser irmão do economista Rubens Sardenberg, funcionário da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o que contraria o solerte autor das emendas aos perfis da Wikipédia. "A relação familiar denota um conflito de interesse em sua posição como colunista econômico", escreveu. "Uma canalhice", disse-o bem o ofendido.

Ao tomar conhecimento da lambança, a presidente Dilma Rousseff considerou "inadmissível" a intervenção do usuário do computador na sede do poder republicano e informou que abriu sindicância para descobrir e punir o autor da "baixaria" (apud novamente Sardenberg). "Esse tipo de ação é abominável. Faremos de tudo para punir duramente", ecoou o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. A Nação espera que a aparente indignação de dois dos mais poderosos usuários dos computadores instalados no Planalto resulte na identificação e exemplar punição do "aloprado" revisor de perfis de jornalistas independentes que desagradam a companheiros de partido de ambos.

O episódio não se circunscreve ao disparo a esmo de injúrias contra inimigos, abusando da "vulgaridade prazerosa" a que se refere o especialista Luiz Flávio Gomes ao debater o dilema da intimidade invadida e da "extimidade" procurada na internet e nas redes sociais. O intruso que feriu a honra dos dois jornalistas não pode sequer alegar o surrado pretexto de estar exercendo o seu direito de se expressar na "enciclopédia livre". Nada disso: possivelmente se aproveitando do acesso ao computador a ser usado por funcionários públicos na sede do poder republicano, ele se arvora em censor da opinião de dois profissionais respeitados pelo público que lê a coluna ou vê o comentário. Cabe ao leitor e ao telespectador dar ou não crédito às opiniões que ambos enunciam. E cabe ao governo federal tratar o caso como crime.

Mas não basta limpar a sujeira debaixo do tapete e seguir pisando nele como se fosse um caso isolado. Não é. A disputa eleitoral é o cenário ideal para a disseminação desse delito. A covardia da solidão diante da máquina não pode usufruir a garantia da impunidade, não só porque o direito da liberdade de interferir assim na biografia de alguém termina onde começa o direito de este atuar livremente. Mas também porque isso configura canalha violação do direito de opinião.

José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor.

Elio Gaspari: De obama@edu para dilma@gov

- O Globo

Estimada presidente,
No ano passado a senhora zangou-se porque a minha National Security Agency monitorava comunicações do seu governo. Fez muito bem. Agora fiquei sabendo que alguém, usando o serviço da rede do Palácio do Planalto, alterou os perfís de dois jornalistas e a senhora mandou abrir uma sindicância, dizendo que isso é "inadmissivel". Contudo, uma nota do seu governo informou que, por razões técnicas, "é impossível" identificar os responsáveis.

Eu tenho mais horror a jornalistas que a senhora e sou viciado em Blackberry. Outro dia, durante um jantar, Hillary e Bill Clinton ficaram passados porque eu checava meu aparelho enquanto ele falava. (O casal decidiu me acertar, mas essa é outra história.) Vivendo na Casa Branca, tenho sempre que vigiar os aloprados que me cercam. Um deles inventou que o ataque à nossa embaixada em Benghazi não era um ato terrorista, mas consequencia espontânea de uma charge anti-islâmica. Caí no conto e pago por ele. O paranoico do Richard Nixon deixou-se encantar por eles e acabou posto para fora da Presidência. Nossas dificuldades são até parecidas. Eu só lhe escrevo porque a nota dizendo que é "impossível" identificar os aloprados é mais aloprada que eles e ameaça a segurança do seu país.

Um sujeito usa a rede do Planalto e não deixa a impressão digital? Admitamos que uma pessoa resolva fazer isso para transmitir dados confidenciais, segredos de Estado. A Chelsea Manning e o Edward Snowden contrabandearam segredos, mas não usaram a rede do Estado para passá-los adiante. Se um não fosse falastrão, talvez tivesse sido impossível achá-lo. O outro veio a público. O que seu governo diz é que não rastreia permanentemente as comunicações de sua rede. Esses dados precisam ficar armazenados pela eternidade, não por seis meses.

Senhora, a segurança de suas comunicações está bichada. Além da necessidade do rastreamento e do arquivo, nenhum servidor público pode tratar de assuntos oficiais com endereços eletrônicos privados. Faço-lhe uma confidência, há funcionários do seu palácio que, além de manterem endereços privados, armazenam assuntos de Estado na memória de seus computadores pessoais, sem passá-los aos arquivos oficiais. Acham que estão seguros porque podem apagá-los. São tolos. Apagar disco é tarefa complexa e demorada. Se por acaso o computador vai para a oficina, um curioso esperto pode extricar do disco quase tudo o que foi apagado. Ademais, arquivando em computadores pessoais informações do Estado, cometem uma infração.

Procurei informar-me e soube que existem no Brasil servidores civis e militares que conhecem esse assunto. Há até uma entidade privada, o Instituto Brasileiro de Peritos, capaz de ensinar a quem quiser aprender. Recorra a eles, presidente, ou chegará o dia em que seu neto Gabriel encontrará na rede boa parte dos assuntos secretos que passam por sua mesa. E não serão maledicências de Wikipedia, serão coisas muito mais sérias.

A rede de comunicações do governo brasileiro é vossa, cuide dela, pois os outros não haverão de fazer isso.

Michelle manda-lhe lembranças e Sasha espera voltar ao seu Palácio da Alvorada. Ela diz que é o lugar mais bonito em que esteve.

Atenciosamente,
Barack Obama.

João Bosco Rabello: Prova de fogo

– O Estado de S. Paulo

Para a maioria dos analistas, mesmo de fora do PSDB, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) saiu-se bem na entrevista ao Jornal Nacional, a primeira da série iniciada com os candidatos à presidência da República.

Argumentam que o candidato enfrentou as questões – e a contundência excessiva – da dupla de entrevistadores, sem perder a calma e sem hesitações. Mesmo com relação à polêmica construção do aeroporto de Cláudio, foi assertivo, mostrando convicção quanto à obra.

A insistência do apresentador William Bonner no tema roubou precioso tempo para que o candidato pudesse discorrer sobre os demais assuntos em pauta. E com um vício recorrente – o de considerar que o terreno do aeroporto é particular.

Não é. É terra desapropriada, condição básica para que tenha sido assinado o convênio com o governo federal há três anos. Insistir em questões que têm a falsa premissa quanto à propriedade, como a do constrangimento de utilizar a pista, não vale o tempo desperdiçado.

A pressão para que Aécio anunciasse medidas corretivas na economia, naturalmente impopulares, é legítima e pró-eleitor. Nesse quesito, Aécio conseguiu contornar a armadilha implícita na questão, dizendo que fará o necessário, mas que precisa saber o tamanho do “buraco” produzido pelo atual governo que concorre à reeleição.

A resposta sobre os malfeitos do partido tucano, como o chamado “mensalão mineiro”, talvez tenha sido a melhor em toda a entrevista. Ao centrar na postura do partido em eventual condenação de seus pares, Aécio trouxe o tema que tanto atingiu o PT para o ponto certo.

Não tratou de defender previamente o ex-deputado Eduardo Azeredo (MG) e nem de prejulgar. Disse simplesmente que se condenado não terá do partido tratamento de herói, como ainda faz o PT com relação aos seus dirigentes presos por condenação do Supremo Tribunal Federal.

Poderia ter dito mais a respeito quando o entrevistador perguntou qual a diferença entre os dois casos. É grande, no volume, desfaçatez em defendê-lo e na motivação – a de alimentar um projeto de permanência no poder à base de desvios de recursos públicos.

O candidato do PSDB teria ido além se também desenvolvesse mais a questão do gasto público como matriz da desordem econômica, a começar pela inflação. As manobras do governo na economia não têm por motivação apenas corrigir erros, mas de sustentar um padrão de máquina pública, este, sim, Fifa.

Lida, a entrevista de Aécio é bastante consistente, o que significa que seu conteúdo é melhor que a impressão de acuamento que o padrão das entrevistas do Jornal Nacional, desde 2010, produz. Pode ser válido para transmitir ao público isenção e o objetivo de não permitir ao entrevistado tangenciar temas importantes.

A entrevista não pode correr o risco de se transformar em palanque para que o entrevistado faça o discurso de sua conveniência, mas também não pode sacrificar o tempo de 15 minutos, mantendo um mesmo tema durante um terço dele.

Certamente, o padrão será o mesmo aplicado aos demais candidatos, mas se não for dosado pode contribuir para que o conteúdo das campanhas fique na troca de acusações sobre que partido lidera a corrupção. E não é esse o melhor caminho para dar alguma qualidade ao debate.

De toda a forma, é uma prova de fogo para todos os candidatos, pois precisarão administrar bem o tempo de suas respostas, a começar por dar-lhes consistência e objetividade, não perder a calma, manter a simpatia e ser competente – tarefa áspera para qualquer um.