sexta-feira, 4 de julho de 2014

Opinião do dia: Marcus Pestana

"Dilma inventou o uso da máquina pública no atacado, lançando o Sua casa, Meu Voto. Resta ver o padrão das moradias entregues."

Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais, Folha de S. Paulo, 4 de julho de 2014

‘Fazendo o diabo’ (1)-Dilma utiliza telão com transmissão ao vivo para entregar casas em 7 Estados

• Às vésperas das restrições da Justiça Eleitoral, Palácio do Planalto espalha estrutura, ao custo de R$ 2 mi, para que discurso de presidente chegue aos beneficiários do Minha Casa Minha Vida

Tânia Monteiro, Rafael Moraes Moura e Murilo Rodrigues Alves - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - No penúltimo dia em que candidatos podem participar de inaugurações, a presidente Dilma Rousseff bancou a mestre de cerimônias de uma entrega coletiva de 5.460 unidades do programa Minha Casa Minha Vida em 11 localidades espalhadas pelo País.

Ao custo de R$ 2 milhões, o evento desta quinta-feira 3, teve videoconferência entre a candidata à reeleição, que estava em um bairro periférico de Brasília, e os ministros enviados a municípios de sete diferentes Estados.

Todos os ministros viajaram em avião da Força Aérea, segundo o Palácio do Planalto. A Caixa Econômica Federal (CEF), responsável pelas obras, pagou R$ 1 milhão para montar os palanques nas 11 cidades. A transmissão das imagens de Dilma e dos ministros, realizada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), custou mais R$ 1 milhão, de acordo com o governo, A montagem dos palanques inclui preparação do palco com cobertura de lona, banheiros químicos, grades, iluminação, seguranças e distribuição de água para os presentes.

Desde janeiro, Dilma participou de 11 entregas de unidades do Minha Casa a famílias beneficiadas. Nenhum outro teve o mesmo tipo de produção ou mobilizou tantos ministros nessa quantidade de lugares. A presidente, candidata à reeleição, aproveitou o evento para confirmar a terceira fase do programa habitacional e fixar como meta “possível” a entrega de 3 milhões de casas a partir de 2015, quando terá início um novo mandato presidencial.

Depois de exaltar o fato de o programa ser “o maior programa habitacional da história do Brasil” e destacar que a casa própria é “um sonho que nem sempre é fácil de ser realizado”, Dilma fez questão de ressaltar a qualidade dos imóveis que estão sendo entregues, com azulejos nas paredes dos banheiros e cozinha e cerâmica no chão.

Essa deixa estimulou uma disputa entre a presidente e os ministros sobre as “vantagens” de cada um dos conjuntos habitacionais. “Este é um parque diferente”, disse Dilma, referindo-se ao Parque Paranoá, na periferia de Brasília, de onde comandava a programação do dia.
“Aqui em Santo André, os apartamentos têm varanda”, afirmou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, do palanque montado em seu berço político. “Eu quero fazer uma brincadeira com a ministra Miriam. Aqui no Sul não tem varanda, mas todos os conjuntos têm churrasqueira pro churrasquinho do final de semana”, disse titular dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, em Joinville, maior cidade de seu Estado.

O jogral prosseguiu com a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. “Aqui não tem varanda, mas tem parquinho”, afirmou. O ministro dos Portos, César Borges, direto de Jequié (BA), sua cidade natal, completou: “A casa aqui é um verdadeiro jardim. Tem água, esgoto e ruas pavimentadas, com paisagismo”.

Auditório. À vontade na cerimônia, Dilma chamou ministros, prefeitos e beneficiários do Minha Casa como se estivesse em um programa de auditório. Tanto a presidente quanto seus colegas de transmissão vincularam a entrega das habitações à Copa.

“Parabéns pra Bruna, pra família da Bruna, para todas as famílias de Santo André. É muito bom começar uma vida nova pendurando a bandeira do Brasil na sacada pra comemorar a Copa do Mundo”, disse Dilma, referindo-se à família que havia recebido as chaves de uma casa no ABC Paulista. Em seguida, ouviu por diversas vezes os gritos de “1, 2, 3, Dilma Outra Vez”.

A presidente só não conseguiu ouvir o titular da Saúde, Arthur Chioro, enviado a São Vicente (SP). A comunicação entre o ministro e Dilma falhou, e foi exibida uma gravação da petista. O problema técnico enganou até a equipe do Blog do Planalto, que em um post sobre o evento deixou de citar São Vicente entre as cidades beneficiadas.

Papéis. Com Dilma no papel principal da solenidade, quem assumiu o embate com a oposição foi o presidente da Caixa, Jorge Hereda. Ele rebateu a proposta do candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, que promete construir 4 milhões de casas se for eleito. “Na época das eleições, simplesmente falar um número é fácil”, disse Hereda. Para ele, a construção de 3 milhões de unidades no Minha Casa 3 “não é uma meta da boca para fora, que responda a um debate eleitoral”.

‘Fazendo o diabo’ (2) – Rede de entregas

• A dois dias do prazo legal, presidente promove mega evento para entrega de casas

• Em eventos simultâneos, exibidos em telão, Dilma e ministros distribuem casas pelo país

Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA - Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff anunciou, na manhã desta quinta-feira, a construção de 3 milhões de novas unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida em um eventual segundo mandato. Até o final deste ano, serão contratadas 2,750 milhões, segundo o governo federal.

- Nosso objetivo é deixar claro que é possível contratar agora 3 milhões de moradias, porque aquilo que está dando certo tem que ter continuidade. As famílias de menor renda têm que continuar recebendo subsídio. Precisamos sinalizar para os empresários se prepararem com terrenos, discutir com prefeitos para que isso ocorra a partir de 2015.

A dois dias do limite permitido por lei para inauguração de obras e lançamento de programas, a presidente promoveu uma entrega simultânea de 5.460 unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida em onze cidades de sete estados, além do Distrito Federal. A partir de uma cidade satélite nas proximidades de Brasília, onde entregou 464 casas, Dilma ancorou, por meio de um telão, atos semelhantes pelo restante do país, onde estavam dez ministros.

No evento, Dilma passou por uma saia justa. Falando de Santo André (SP), a ministra Miriam Belchior (Planejamento) festejou que lá os apartamentos têm varanda. Na sua vez, a ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos) ressaltou que em Joinville (SC), onde estava, os apartamentos não tinham varanda, mas tinham churrasqueira. No Paranoá (DF), onde estava Dilma, as unidades habitacionais não têm uma coisa nem outra.

- Numa tem churrasqueira, noutra tem varanda, aqui tem espaço - tentou remediar Dilma.

Participaram do evento, simultaneamente, as seguintes as seguintes cidades com a presença de ministros: Curitiba – Henrique Paim (Educação); Duque de Caxias (RJ) – Gilberto Occhi (Cidades); Santo André (SP) - Miriam Belchior (Planejamento, Orçamento e Gestão); Joinvile (SC) - Ideli Salvatti (Secretaria de Direitos Humanos); Belford Roxo (RJ) - Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome); Betim (MG) - Clelio Campolina (Ciência, Tecnologia e Inovação); São Vicente (SP) - Arthur Chioro (Saúde); Governador Valadares (MG) - Eleonora Meiecucci (Secretaria de Políticas para as Mulheres); Juazeiro do Norte (CE) - Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário); e Jequié (BA) - César Borges (Secretaria de Portos).

‘Fazendo o diabo’(3)Ministros são convocados para entregar obras do governo federal

• Um dos convocados, da Ciência e Tecnologia, admite pouca afinidade com o tema

Letícia Fernandes, Rafaela Marinho e Ezequiel Fagundes – O Globo

RIO e BELO HORIZONTE — Na corrida para inaugurar obras e mostrar feitos do governo federal, a presidente Dilma Rousseff escalou representantes para as cerimônias de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nos mais inusitados gabinetes de Brasília. Nesta quinta-feira, a petista montou uma força-tarefa e mobilizou dez ministros para uma inauguração simultânea de 5.460 casas por todo o país.

Sem esconder a falta de conhecimento sobre os programas de habitação, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, viajou 741 quilômetros de Brasília a Betim, em Minas Gerais, para inaugurar 476 unidades habitacionais. Foi a primeira vez que ele viu de perto as moradias populares do PAC. Em cima do palanque, o ministro adotou a tática do marinheiro de primeira viagem: para evitar constrangimentos, falou pouco ao público.

- É a primeira vez que participo de uma solenidade dessas. Sou membro do governo, e, portanto, o governo distribui as funções, as tarefas. Participei de uma forma prazerosa. Não conhecia as obras do Minha Casa Minha Vida, achei realmente uma grande oportunidade para as pessoas começarem uma nova etapa, terem uma residência - declarou.

A pedido de Dilma, a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos, que tinha agenda marcada para a tarde desta quinta-feira, em Maceió, fez um "pequeno" desvio rumo a Joinville, em Santa Catarina, onde entregou 320 casas. Entre segunda e quinta-feira, Ideli foi ainda a Três Corações (MG), Vila Velha (ES) e Araraquara (SP) para entregar computadores, carros e equipamentos a 124 conselhos tutelares. De Joinville, ela pode, enfim, seguir para a agenda que cabe à sua pasta. Nesta sexta-feira, a ministra estará em Palmas, no Tocantins, para a última cerimônia de entrega de equipagem dos conselhos.

Nas idas e vindas para o Distrito Federal, Ideli percorreu mais de 11 mil quilômetros, o equivalente a uma viagem à Arábia Saudita.

Eleonora Menicucci, ministra da Secretaria de Política para Mulheres, e o ministro da Secretaria de Portos, César Borges, também foram anfitriões de eventos com os quais não têm nenhuma familiaridade. Ela foi a Governador Valadares (MG) para entregar 653 casas, e Borges foi a Jequié (BA), onde inaugurou 600 unidades habitacionais.

O ministro Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário, começou a maratona segunda-feira, em São Luís, com a entrega de 119 motoniveladoras previstas para o estado na segunda etapa do PAC. Nesta quarta-feira, ele foi a Sorocaba (SP), onde participou da cerimônia de encerramento do PAC 2: entregou 192 motoniveladoras às prefeituras paulistas. Nesta quinta, cumprindo ordens de Dilma, Rossetto representou a presidente em Juazeiro do Norte (CE).

Rosseto entregou 713 unidades do Minha Casa Minha Vida. Só esta semana, ele passou cerca de 12 horas voando, sendo quase cinco se deslocando a pedido da presidente, em atividades que nada têm a ver com a sua função no Ministério do Desenvolvimento Agrário.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, também foi mobilizado. Outro peixe fora d'água foi o ministro da Educação, Henrique Paim, que passou quarta e quinta-feira inaugurando unidades habitacionais. Na quarta, no Espírito Santo, ele esteve com Dilma entregando às pressas 496 casas inacabadas. Nesta quinta, em Curitiba, inaugurou 480 unidades.

Aécio: “Faremos um projeto de governo do Brasil, não de um partido”

RIO DE JANEIRO (RJ) – O presidente nacional e candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, afirmou nesta quinta-feira (3) que o programa de governo do partido será construído em parceria com a sociedade brasileira. Aécio se reuniu no fim da tarde no Rio de Janeiro com o coordenador do trabalho, o ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia para acertar os últimos detalhes das diretrizes que serão apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no próximo sábado (5).

“Vai ficar muito claro, a partir das diretrizes que serão apresentadas no sábado, que temos uma ideia do papel do estado, da nossa relação com o mundo e da forma de se organizar construir a máquina pública diferente daqueles que estão hoje no governo. Esse é o início de uma ampla discussão, e iniciamos isso de forma consistente, responsável e respeitosa com o Brasil. Faremos um projeto de governo que seja do Brasil, não de um partido político ou coligação”, ressaltou o candidato do PSDB, que chegou à reunião acompanhado pela filha Gabriela.

As diretrizes que serão entregues ao TSE são resultado de meses de trabalho da equipe de especialistas coordenada por Anastasia. O documento contém propostas e sugestões para as áreas da cidadania, economia, sustentabilidade, educação, saúde, segurança, relações exteriores e eficiência governamental.

“O que nós queremos, a partir da apresentação dessas diretrizes, é que haja uma ampla discussão com diversos setores da sociedade brasileira para que possamos, no dia da eleição, ter uma proposta de retomada do crescimento, de controle da inflação, de ampliação dos direitos sociais, de qualificação do programas de transferências de renda, que possibilite ao Brasil crescer de forma mais sólida e distribuindo melhor sua riqueza do que ocorre hoje”, afirmou Aécio Neves.

O candidato do PSDB informou ainda que o documento finalizado hoje será disponibilizado em breve na internet para que a sociedade possa ajudar o partido na construção definitiva do programa de governo. “Os caminhos estão apontados. Queremos que a sociedade brasileira participe conosco da elaboração das propostas. Essa é razão fundamental dessas diretrizes. Queremos mobilizar as pessoas para que participem dessas discussões. Vamos abrir um portal exclusivamente para receber contribuições a partir dessas bases apresentadas hoje, e ao longo da campanha, vamos ampliar a discussão sobre cada um desses temas”, adiantou o candidato tucano.

Princípios e reformas
As diretrizes do programa de governo do PSDB têm como princípios a descentralização, com foco em mais autonomia para estados e municípios, a transparência na ação governamental, a inovação, a simplicidade, para deixar o Estado mais ágil, e a confiança.

O material contempla praticamente todas as áreas de ação do governo federal, com destaque para ações em benefício da melhoria da qualidade de vida da população, adiantou Anastasia, coordenador do trabalho. “As diretrizes foram baseadas nas orientações iniciais que o senador Aécio passou a esse grupo. A primeira orientação foi de fato uma determinação firme da parte dele no sentido que o objetivo fundamental do governo dele será a preocupação com o bem estar das pessoas, com a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro”, ressaltou Anastasia.

O ex-governador de Minas também destacou que o documento aponta para a necessidade urgente de reformas. “O primeiro objetivo é a implementação de algumas reformas que são reformas nucleares no Brasil. A reforma dos serviços públicos, a reforma da segurança pública, a reforma tributária, a reforma política, e também uma ampla reforma da nossa infraestrutura, que lamentavelmente está, como nós todos sabemos, em uma situação muito negativa no Brasil hoje. Essas reformas, portanto, formam os pilares das diretrizes que se desdobram naturalmente pelas diversas áreas de ação do governo”, afirmou.

Aécio e Anastasia concedem entrevista sobre programa de governo

RIO DE JANEIRO (RJ) – O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, e o coordenador-geral do programa de governo, Antonio Anastasia, concederam entrevista coletiva nesta quinta-feira (3), no Rio de Janeiro. Aécio e Anastasia responderam a perguntas sobre o programa de governo, as eleições 2014 e a pesquisa Datafolha.

A seguir, trechos da entrevista coletiva.

Sobre o programa de governo.
Aécio – O governador Anastasia, coordenador-geral do nosso programa de governo, depois de uma ampla discussão com especialistas de diversas áreas, apresenta hoje, a nossa coligação apresenta hoje, à discussão, porque estamos apenas iniciando uma discussão com a sociedade e as diretrizes gerais do nosso programa de governo. Esse programa, o objetivo é que ele seja construído ainda a partir de um debate enorme com a sociedade, através de todos os instrumentos disponíveis, em especial as redes. E estou muito feliz de estar aqui podendo apresentar algo que não é comum na nossa história eleitoral, uma proposta de diretrizes detalhada e de alguma forma aprofundada no limite do que achamos adequado e que sinaliza de forma muito clara aquilo que pretendemos fazer ou que pretendemos viabilizar no país.

E mais feliz ainda de estar acompanhado aqui da minha ministra do meu bem-estar pessoal, minha filha que está aqui hoje nos acompanhando. Vamos apresentar essas diretrizes apenas no sábado pela manhã. O governador Anastasia vai falar aqui dos pontos de convergência ou talvez das linhas mais gerais do que pretendemos apresentar e, em resumo, isso é a base, o início de uma ampla discussão com a sociedade, um projeto que queremos implementar no Brasil. E faremos isso com a responsabilidade que tivemos até aqui na condução desse projeto, e tendo sempre uma disposição enorme de ouvir. Eu acho que o que diferencia hoje a nossa proposta daquela que está hoje em execução no Brasil é que estamos ouvindo antes de fazer. Aqui no Brasil, hoje, se faz sem ouvir.

Sobre as diretrizes.
Aécio – Estamos, então, apresentando hoje, a partir de inúmeras reuniões que tivemos, com especialistas de diversas áreas, as diretrizes do nosso programa de governo. Veja bem, as diretrizes, isso não é ainda um programa de governo, mas que apontam na direção daquilo que consideramos essencial que venha a ocorrer no Brasil. Tenho o privilégio de contar com o governador Antonio Anastasia, para mim, o mais qualificado especialista no setor público brasileiro, como coordenador dessas ações. O que queremos, a partir da apresentação dessas diretrizes, é que haja uma interação, uma discussão ampla de diversos setores da sociedade brasileira para que possamos, no dia da eleição, de forma muito clara, termos uma proposta de retomada do crescimento, de controle da inflação, de ampliação dos direitos sociais, de qualificação dos programas de transferência de renda, que possibilite ao Brasil crescer de forma mais sólida e distribuindo melhor sua riqueza do que ocorre hoje.

O governador Anastasia dirá algumas palavras aqui, mas o sentido dessa nossa reunião é dizer que o concluímos hoje é uma primeira etapa de um trabalho extraordinário. Não é comum, na história eleitoral brasileira, termos nessa etapa da campanha, propostas tão bem delineadas, tão bem discutidas e, com muita transparência, apresentadas. Estou muito feliz e quero de público agradecer, através do governador Anastasia, a todos aqueles e aquelas que contribuíram ao longo dos últimos meses para consolidação dessas propostas. O governador Anastasia acho que é quem melhor poderá, de forma mesmo que superficial nesse primeiro momento, definir quais serão as estratégias, quais serão as áreas mais estratégicas de ação do nosso futuro governo.

Sobre o programa de governo.
Anastasia – Bem, boa tarde. Queria primeiro agradecer mais uma vez a confiança do senador Aécio Neves em nos convidar para integrar esse grupo, que é um grupo grande, muitas pessoas, várias áreas do conhecimento das políticas públicas brasileiras, para apresentar esse trabalho que está na sua fase final, mas na realidade é um começo. De acordo com a legislação eleitoral, estamos apresentando as diretrizes gerais, só que estamos num nível mais, não digo ainda de detalhamento, minuciosas, mas são diretrizes que alcançam praticamente todas as áreas de ação da esfera do governo federal. E da mesma forma que em 2002 e 2006, no governo do Estado de Minas Gerais, o senador Aécio recomendou à equipe que fôssemos inovadores. Que buscássemos ideias novas, ideias empreendedoras, ideias corajosas, e com base nos especialistas que ouvimos ao longo desses últimos dois meses.

Na realidade, essas diretrizes agora, como o senador disse, representam uma moldura do trabalho que vai ser feito para o plano de governo. O plano de governo vai ser construído com base nessas diretrizes, ao longo também dos próximos dois meses, através de um trabalho muito forte de se ouvir a sociedade, através de todo o cidadão interessado, entidades representativas, sindicatos, conselhos, associações de toda a natureza, para a consolidação dessas diretrizes que vão ser, é claro, aperfeiçoadas para que o plano de governo se consolide e que seja a plataforma que o senador, eleito presidente, irá implementar a partir de janeiro do próximo ano no governo federal.

As diretrizes foram baseadas nas orientações iniciais que o senador Aécio passou a esse grupo. A primeira orientação foi de fato um determinação firme da parte dele no sentido que objetivo fundamental do governo dele será a preocupação com o bem estar das pessoas, com a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro. E como fazê-lo? Identificando então diversas etapas de diversos passos. O primeiro objetivo, sentindo o que todos os brasileiros hoje percebem, da necessidade da mudança, é a implementação de algumas reformas que são reformas nucleares no Brasil. A reforma dos serviços públicos, a reforma da segurança pública, a reforma tributária, a reforma política, e também uma ampla reforma da nossa infraestrutura, que lamentavelmente está, como todos sabemos, em uma situação muito negativa no Brasil hoje. Essas reformas, portanto, formam os pilares das diretrizes que se desdobram naturalmente pelas diversas áreas de ação do governo.

Temos alguns princípios também que o senador Aécio traçou no início como aqueles que iriam fazer também, vamos dizer assim, um arcabouço geral: os princípios da descentralização, para devolver a estados e municípios competências, condições e meios da sua atuação; o princípio fundamental da transparência da ação governamental; o princípio da inovação; o princípio da simplicidade, tão importante nos dias de hoje para tornar a vida do cidadão, de cada um de nós, mas também das empresas e das próprias esferas de governo, mais rápida, mais ágil. O princípio da confiança, porque hoje no Brasil lamentavelmente o que existe é o contrário, é a desconfiança generalizada entre todos, o que acaba atrapalhando o funcionamento das instituições. Esses princípios são fundamentais e eles é que instruem, digamos assim, essas reformas.

E foi feito um trabalho, volto a dizer, de maneira muito séria, com oito grandes grupos, na área da cidadania, na área da economia, na área da sustentabilidade, da educação, da saúde, da segurança, relações exteriores e também do governo eficiente. O trabalho é abrangente e procurou-se à exaustão fazer uma coordenação entre as diversas áreas. O que sabemos é que os governos não podem ser compartimentados, então, as áreas têm de falar entre si. Por isso a preocupação é muito grande, na área da cultura, por exemplo, na área do meio ambiente, para perceber que elas estão presentes nas diversas áreas governamentais. Mas volto a dizer, esse é o primeiro passo. Não é um trabalho acabado. Como são diretrizes, estamos colocando isso para a discussão da sociedade para aí sim se aprimorar e formatar o plano de governo propriamente dito, que será concluído ao longo do tempo. Em linhas gerais, é esse o trabalho que está sendo concluído nessa data, depois das várias reuniões que tivemos com especialistas e também com o senador Aécio.

Sobre economia.
Anastasia – Acho que o que o senador Aécio acabou de manifestar aqui é o fundamento da economia, é a luta contra a inflação, a valorização da moeda, a necessidade de termos de fato uma economia que seja robusta, uma política industrial que permita ao Brasil evitar o que está havendo hoje, que é a desindustrialização reconhecida por todos. Termos uma política industrial vigorosa no Brasil, com desenvolvimento e fundamentalmente garantindo o valor da nossa moeda e terminando com esse momento triste que vivemos hoje da chamada carestia.

Sobre a política de desonerações.
Aécio – O trabalho que estamos concluído hoje, como disse o governador, uma primeira etapa de um programa de governo que vai ser aprofundado e discutido, sinaliza de forma muito clara aquilo que consideramos essencial. Parte de um diagnóstico. O Brasil vive hoje um processo de estagnação. Estagnação do crescimento e recrudescimento da inflação. Obviamente as medidas que serão tomadas para enfrentar essa dramática conjunção de circunstâncias serão detalhadas ao longo da campanha. Não é nosso objetivo fazer isso daqui hoje, mas é claro que queremos que o Brasil retome o crescimento em bases sólidas e sustentáveis, controle a inflação, resgate a credibilidade do Brasil sem esse exacerbado e incompreensível intervencionismo do governo federal, uma das principais marcas do governo federal. O resgate da meritocracia no setor público, se colocando no lugar desse aparelhamento absurdo e perverso da estrutura do Estado brasileiro por um grupo político.

Tudo isso irá nos diferenciar, haverá de nos diferenciar, ao longo desse debate daqueles que estão hoje governando o Brasil. Vai ficar muito claro, a partir do início dessas discussões e dessas diretrizes que serão apresentadas no sábado, que temos uma ideia do papel do Estado, da nossa relação com o mundo e da forma de se construir, de se organizar a máquina pública muito diferente daquela que temos que estão hoje no governo. Hoje é apenas o início de uma ampla discussão e iniciamos isso de forma extremamente consistente, responsável e diria respeitosa para com o Brasil. Foi um trabalho extremamente bem feito e incluiu centenas de especialistas de várias áreas e a simples participação dessas pessoas já é um prenúncio de que faremos um projeto de governo que seja do Brasil, não de um partido político, de uma coligação, mas dos brasileiros.

Sobre reformas.
Aécio – Tenho dito sobre isso, sobre a necessidade de uma reforma política, da simplificação do sistema tributário, de uma própria reforma do Estado brasileiro, da diminuição do tamanho, do gigantismo da máquina pública, tudo isso será detalhado ao longo da campanha. Mas vocês vão ter a oportunidade a partir de sábado de compreender. Não conheço todas as propostas anteriores, conheço algumas. Mas eu não conheço nenhuma tão bem elaborada ou com tanto cuidado como a nossa de apresentar caminhos. O que estamos fazendo. Não temos o diagnóstico definitivo, não temos uma solução definitiva para cada problema, mas o diagnóstico foi feito e os caminhos estão apontados.

Queremos que a sociedade brasileira participe conosco da elaboração das propostas e essa é a razão fundamental, a meu ver, das diretrizes. Estimular de alguma forma, mobilizar as pessoas para participarem dessas discussões. Vamos abrir um portal exclusivamente para receber contribuições a partir dessas bases que estão sendo hoje apresentadas e ao longo da campanha nós vamos ampliar discussões sobre cada um desses temas, inclusive os temas econômicos. Se eu avançar demais eu perco o caráter propositivo daquilo que foi feito hoje. Está claro para nós que queremos um Estado eficiente a reinclusão das empresas brasileiras na economia brasileira nas cadeias globais, uma nova inserção juntos a outros países dos quais estamos alijados hoje. Como falei, a meritocracia, a qualificação dos programas sociais, uma relação com o setor privado sem riscos e que estimule a retomada dos investimentos. Enfim, um conjunto de ações que nos diferenciará fortemente daquilo que fazem os que governam hoje o Brasil.

Sobre investimentos em infraestrutura.
Aécio – Parcerias com o setor privado. A base é isso. Da forma como elas puderem se realizar. Como? Criando um ambiente não hostil, como acontece hoje, mas um ambiente de confiabilidade. Previsibilidade – essa é uma palavra que vai estar presente nas nossas preocupações. As medidas têm que ser previsíveis, as pessoas têm que saber o que vai acontecer com o Brasil para poderem ser parceiros do nosso desenvolvimento.

Sobre promessas do governo.
Aécio – O Brasil acompanha um governo que, durante 12 anos, não conseguiu fazer aquilo que promete fazer pelos anos que ainda não adquiriu de governo. Estamos vendo um governo – repeti essa frase algumas vezes, e vou dizer de novo – à beira de um ataque de nervos. Porque usa os últimos instantes que a legislação permite para prometer novas obras que em 12 anos não conseguiu fazer. O que vamos criar é um ambiente adequado, de segurança jurídica, de estabilidade, de não-intervencionismo, para que o capital privado volte a ser um parceiro dos investimentos que deixaram de vir para o Brasil. E vamos fazer um choque de infraestrutura no Brasil. Aquelas obras que foram iniciadas, e que são importantes, vão ser finalizadas, mas sem os sobrepreços e sem a fragilidade operacional do governo Dilma.

Sobre pesquisa Datafolha.
Aécio – Foi extremamente positivo mais esse resultado das pesquisas eleitorais. Principalmente num aspecto, talvez até agora pouco explorado: a diminuição dos votos nulos e brancos assegura o segundo turno. E essa diminuição tende a continuar ocorrendo nas próximas pesquisas. E isso nos dá uma segurança muito grande que poderemos estar no segundo turno e, com o estreitamento da diferença no segundo turno, mesmo com o nível ainda alto de desconhecimento em relação aos candidatos de oposição, essa pesquisa deve continuar preocupando o governo e a atual presidente da República.

Sobre associação entre a Copa e melhoria na avaliação do governo.
Aécio – Eu não vejo avanço. Acho que, analisada a pesquisa de forma mais ampla, o que estamos percebendo de forma muito clara é que há um estreitamento na diferença em relação ao segundo turno, mesmo tendo a presidente da República 100% de conhecimento, o que não ocorre em relação aos candidatos da oposição. Essa pesquisa é muito positiva para a oposição. Garante o segundo turno e, acho, mostra que no segundo turno quem vence é a oposição.

Sobre a Copa e as eleições.
Aécio – Vamos torcer para que o Brasil vença na Copa do Mundo e para que o Brasil possa vencer em 5 de outubro, enterrando esse ciclo de governo que tão mal vem fazendo ao Brasil, e iniciando outro, onde haja eficiência e onde haja decência na gestão pública.

Sobre a Petrobras.
Aécio – Nas nossas diretrizes, vocês vão ver algumas coisas sobre Petrobras também. Vamos discutir, à luz do dia, e não nas madrugadas insones do governo, as medidas que sejam mais eficazes para o país e para a própria Petrobras. O que percebo é que há um conjunto de medidas tomadas no improviso pelo governo e que não há uma avaliação racional da consequência dessas medidas. Algumas delas, em relação à Petrobras. Vamos ter calma para avaliar cada uma delas.

PSDB vai acionar Justiça contra boato envolvendo Aécio e sua ex-esposa

• Por meio de ação judicial, sigla pretende identificar de onde partiram os textos que circulam na web sobre suposto bate-boca do casal

Erich Decat) - Agência Estado

O coordenador jurídico da campanha presidencial do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), irá apresentar nesta sexta-feira, 4, ação judicial em São Paulo para identificar a origem de textos publicados nas redes sociais que trazem relatos de um suposto bate-boca entre o senador Aécio Neves e a ex-mulher Andrea Falcão.

O motivo do desentendimento entre o casal, segundo textos distribuídos na internet, teria sido um suposto transporte ilegal de malas de dinheiro e diamantes realizado pela filha do senador para o exterior.

"A indignação manifestada pelo senador Aécio Neves com o uso indevido do nome de sua família, filha e ex-mulher na tentativa de denegrirem sua imagem é a expressão clara de que nossos adversários ultrapassaram todo e qualquer limite. Amanhã mesmo estaremos entrando com uma ação judicial objetivando a identificação dos IPs para sabermos quem são os responsáveis por essa prática criminosa", afirmou Carlos Sampaio nesta quinta-feira, 3.

Segundo ele, também será solicitada uma audiência com o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais na próxima semana. "Na oportunidade solicitaremos a abertura de investigação também por aquele órgão, já que existem vários indícios de que esses crimes apresentam características muito semelhantes àqueles que estão sendo objeto de investigação pelo Ministério Público de São Paulo e do Rio de Janeiro", ressaltou o coordenador ao se referir ao episódio da prefeitura de Guarulhos e da Eletrobrás em que alguns servidores teriam utilizado a estrutura das instituições para atacarem a candidatura de Aécio Neves na internet.

Facebook. A iniciativa do coordenador jurídico da campanha do PSDB, ocorre um dia depois Andrea Falcão ter usado o perfil pessoal no Facebook para rebater os boatos. "Andam espalhando um texto totalmente mentiroso para atingir o meu ex-marido, Aécio, usando a mim e à nossa filha de forma irresponsável. É um material criminoso, que chega a dizer que eu o teria acusado de usar nossa filha para fazer contrabando de diamantes para o exterior!", diz o texto publicado pela ex de Aécio. "O texto é tão absurdo que beira o ridículo e subestima a inteligência do leitor. Eu me admiro que pessoas supostamente ''esclarecidas'' estejam divulgando uma baixaria dessas, só explicável em função de muita má-fé", acrescenta.

A ex-mulher do tucano se refere às matérias que foram publicadas na internet nos últimos meses com títulos como "Conheça a mulher que tira o sono de Aécio Neves" e "Ex de Aécio joga ''caca'' no ventilador". "Ele levava mala de dinheiros e diamantes para Aspen". Uma parte do texto traz uma suposta discussão entre Aécio e a ex-mulher: "A área de inteligência da Receita Federal descobriu que uma integrante da inteligência da PMMG, conhecida como PM2, havia relatado uma discussão entre Aécio e Andréa Falcão, onde ela, de maneira enérgica, reclama: ''deixe minha filha fora dos seus rolos, não quero que fique utilizando ela para servir de justificativa para você fazer o que faz''". Aécio pergunta: "Que rolo?". Andréa Falcão responde:
"Levar estas malas de dinheiro e diamante para Aspen".

Campos atribui baixo índice nas pesquisas a desinteresse do eleitor

• Mesmo com 9% de intenções de voto no último levantamento do Datafolha, ex-governador de Pernambuco afirmou que sua chapa vai vencer as eleições 'quando a sociedade começar a debater'

Daiene Cardoso e João Domingos - Agência Estado

BRASÍLIA - O candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, atribuiu o seu baixo desempenho nas pesquisas de intenção de voto ao desinteresse do eleitorado à sucessão presidencial, no atual momento. A pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira,2, mostra que Campos aparece com 9% das intenções de voto, atrás do tucano Aécio Neves (20%) e da presidente Dilma Rousseff (38%). "A essa altura, (o eleitor) ainda está distante do processo eleitoral", respondeu.

Para o candidato, ainda há um nível muito grande desconhecimento do eleitorado sobre os candidatos à sucessão. "Quando a sociedade começar a debater (a sucessão), conhecer a nossa aliança, vamos ganhar a eleição", declarou Campos. Segundo o pessebista, o debate intenso só deve acontecer entre o final de agosto e começo de setembro.

A pesquisa divulgada na quarta apontou que o ex-governador oscilou dois pontos percentuais, saindo de 7% para 9% em relação ao levantamento anterior, feito no início de junho, pelo Datafolha.

Campos admitiu dificuldade em fazer campanha com apenas dois minutos de tempo de televisão, mas ressaltou que sua chapa prefere pouco espaço televisivo a "alianças fisiológicas". "Mais difícil fazer a campanha com dois minutos de TV. Mas para fazer o governo, será muito melhor, porque vamos fazer um governo sem as amarras e os compromissos de quem troca tempo de tevê por propostas fisiológicas", afirmou.

Na avaliação do candidato, o eleitor brasileiro fará a opção pelo "novo" e se identificará com a campanha do PSB, que terá um enfoque no combate à corrupção e à paralisia da economia, além da manutenção dos programa sociais bem sucedidos do governo federal. "É melhor ter dois minutos e poder entregar ao povo do que ter dois minutos de tevê e frustrar a população depois de ganhar a eleição", emendou.

Nesta tarde, Campos protocolou junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o pedido de registro da candidatura. Acompanhado de sua vice de chapa, Marina Silva, e de aliados, Campos entregou também as diretrizes que nortearão o seu programa de governo, a ser finalizado ainda neste mês. O candidato aproveitou a passagem pelo TSE para cumprimentar o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.

Vice de Aécio acusa sites de repetir 'rol de calúnias'

Débora Gergamasco - Agência Estado

Candidato a vice-presidente pelo PSDB, o senador Aloysio Nunes (SP) repetiu a estratégia usada nesta quarta-feira, 2, por seu colega de chapa, o presidenciável Aécio Neves, e utilizou seu perfil no Facebook para rebater "mentiras usadas para manchar histórias e destruir reputações". O tucano acusa alguns sites, que segundo ele são "pagos com dinheiro público", para usar "robôs para repetir um rol de calúnias milhões de vezes".

Em sua postagem, refuta nove afirmações que correm na rede e divide entre "o que foi dito" e "o que é verdade". Entre elas, corre a versão de que ele teria se manifestado contra a união homoafetiva. Defende-se dizendo: "sou a favor da união homoafetiva" e remete a uma entrevista concedida em 2010, em que se manifestava favorável ao relacionamento gay.

Também usou o espaço para rebater a afirmação de que "agrediu um repórter ao ser perguntado sobre seu envolvimento no cartel do metrô". Como no vídeo que corre na rede o senador de fato xinga o rapaz, ele explica as circunstâncias: "Fui vítima do ex-assessor da deputada do PT Erika Kokay (DF). Sob o pretexto de me entrevistar a respeito de Comissões Parlamentares de Inquérito, Rodrigo Pilha, como é conhecido, ofendeu-me com uma grave injúria, uma acusação mentirosa. Ele não é jornalista, é blogueiro a serviço do PT. "

Atacado por supostas votações controversas no Senado, como as de que teria sido contra a PEC do Trabalho Escravo ou contra a criação da Comissão da Verdade, Aloysio postou link do site do Parlamento com seus respectivos votos ou pareceres que comprovam o contrário.

Por fim, desassocia seu nome ao esquema de desvio de verba do metrô de São Paulo afirmando que seu nome não foi incluído em nenhuma investigação do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público, nem na Polícia.

Programa que Aécio vai apresentar à Justiça Eleitoral propõe cinco reformas

• Candidato tucano à Presidência terá site exclusivo para receber sugestões de propostas

Juliana Castro – O Globo

RIO - O programa de governo do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, vai propor cinco reformas no Estado: do serviço público, da Segurança Pública, a tributária, a política e a de infraestrutura. As diretrizes do documento foram apresentadas nesta quinta-feira por Aécio ao lado do ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia, coordenador do programa de governo que será apresentado na manhã do próximo sábado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— O primeiro objetivo, e sentindo o que os brasileiros hoje percebem a necessidade da mudança, é a implementação de algumas reformas, reformas nucleares no Brasil — afirmou Anastasia, citando os cinco setores.

— Essas reformas, portanto, formam os pilares das diretrizes que se desdobram naturalmente para as diversas áreas de ação do governo — completou o ex-governador durante a entrevista que aconteceu no prédio que será o QG da campanha de Aécio no Rio, localizado no Leblon, na Zona Sul do Rio.

Aécio destacou que o programa de governo será construído ao longo do tempo e que as diretrizes são o início. O presidenciável afirmou que haverá um site exclusivamente para receber as propostas da sociedade.

— O que diferencia a nossa proposta é que estamos ouvindo antes de fazer. No Brasil se faz antes de ouvir - disse o tucano.

O programa de governo do presidenciável vem sendo elaborado há dois meses. Na área econômica, um dos eixos centrais, o comando ficou com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Embora critique o aumento da inflação e a estagnação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), Aécio não detalhou como o controle seria feito porque disse que isso será discutido ao longo da campanha eleitoral.

— O Brasil vive hoje um processo de "estaginflação", estagnação do crescimento e recrudescimento da inflação. Obviamente, as medidas que serão tomadas para enfrentar essa dramática conjunção de circunstâncias serão detalhadas ao longo da campanha. Não é nosso objetivo fazer isso aqui hoje, mas é claro que queremos que o Brasil retome o crescimento em base sólida e sustentável, controle a inflação, resgate a credibilidade, sem esse exacerbado e incompressível intervencionismo do governo federal - afirmou Aécio, que chegou para a apresentação das diretrizes de seu programa de governo acompanhado de sua filha Gabriela, de 22 anos.

O mesmo tom do presidenciável foi seguido por Anastasia.

— Não é o caso ainda (de detalhar as propostas para a economia). O que o senador Aécio Neves acabou de manifestar é a luta contra a inflação, a valorização da moeda, a necessidade de termos de fato uma economia que seja robusta, uma política industrial para evitar o que está acontecendo hoje, que é a desindustrialização.

Ao final, Aécio comentou o resultado da pesquisa Datafolha, que apontou que a presidente Dilma Rousseff tem 38% das intenções de voto. O tucano ficou com 20% e o candidato do PSB, Eduardo Campos, com 9%.

— Há uma diminuição dos votos brancos e nulos, o que assegura um segundo turno e isso nos dá uma segurança muito grande. As pesquisas devem continuar preocupando a presidente da República - afirmou.

Documento com 50 páginas
O documento com as diretrizes do programa de governo de Aécio terá 50 páginas divididas em oito capítulos temáticos. O capítulo da Economia terá cerca de 15 temas com medidas mais específicas, lastreadas por uma diretriz central que é a retomada dos pilares macroeconômicos — meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário — e controle de gastos.

Os oito capítulos temáticos se dividem entre economia, cultura, políticas sociais, segurança pública, políticas para juventude, educação, saúde, meio ambiente e sustentabilidade. Aécio disse que as diretrizes não apresentarão muitos detalhes dos programas que serão implementados. Mas já adiantou que pretende manter e aprimorar programas sociais bem sucedidos da gestão petista como o Bolsa Família, Pronatec e Prouni.

Fernando Gabeira: Bola na trave

• Discurso do ódio visa a transformar a campanha eleitoral em pancadaria e controlar a imprensa

- O Estado de S. Paulo

A Copa do Mundo vai bem, dentro e fora dos estádios. Algumas previsões pessimistas, as minhas incluídas, baseadas em alguma evidências, não se confirmaram. Nesse sentido, Dilma tem razão em afirmar que a Copa, ao menos até agora, desmentiu os pessimistas. Mas enquanto o clima no País é de grande unidade, teoricamente favorável a falar dos anseios nacionais, Dilma aposta na fragmentação. Os dirigentes do PT iniciaram o discurso e ela o prolonga com verbos que me deixam perplexo.

Outro dia declarou que ninguém iria vergá-la. Na estrada nem sempre posso acompanhar tudo. Sinceramente, não conheço ninguém que queira vergar a presidente da República. Repassei os principais acontecimentos e não vi na oposição nada parecido com a ideia de vergar Dilma. Um verbo desse tipo é mais adequado, talvez, para relações hierárquicas ou na indústria de construção. Numa atmosfera democrática ninguém verga ninguém.

Um dirigente do PT lançou uma nota acusando nove jornalistas de disseminarem o ódio. Os textos desses jornalistas são públicos e o que há em comum entre eles é uma visão crítica do governo. A organização Repórteres sem Fronteiras protestou contra essa nota do dirigente do PT. E a reação dos parlamentares petistas foi afirmar que a Repórteres sem Fronteiras não deveria intrometer-se em assuntos internos do Brasil. Na verdade, eles estão propondo uma revolução que transformará a entidade em Repórteres com Fronteiras.

Os cubanos também pensam assim. Na leva de 70 intelectuais presos em 2004 havia muitos repórteres que cruzavam a ilha de bicicleta em busca de notícias. Acompanhei a trajetória de Raúl Rivero, poeta e escritor que dirigia a Cuba Press. Foi acusado daquelas coisas de sempre: ligações com o imperialismo, etc. Tive a oportunidade de escrever uma pequena introdução à edição em português do seu livro Provas de Contato. Rivero é um homem que ama Cuba e seu povo, no entanto, teve de se exilar na Espanha.

Não se trata de comparar a situação brasileira com a cubana. Mas de ter a noção de que esse desejo de controle da informação é típico de governos autoritários. Quem o conhece minimamente, como a Repórteres sem Fronteiras, se assusta e protesta ao ver a semente ser plantada.

Como explicar a reação do PT diante de um quadro que poderia favorecê-lo, uma vez que grande parte dos problemas previstos não ocorreu, ou bateu na trave? Isso não significa que não tenha havido problemas. Mas pesquisas com estrangeiros revelam um nível de satisfação e de críticas muito parecido com o dos turistas que nos visitam em épocas mais calmas.

Essa perda de contato com o momento da sociedade e a fixação numa áspera rivalidade política mostram também uma falta de horizonte que lembra o slogan dos punks em Berlim: "No future". Claro que os petistas não concordam com essa análise. O horizonte, para muitos deles, é aprofundar o controle e levar adiante os grandes destroços do socialismo, uma espécie de Titanic que no século 20 nos deixou, os sobreviventes, agarrados a precárias balsas no oceano da História.

Controlar o Parlamento não basta. Ter maioria no STF, também não basta. O discurso do ódio visa a transformar a campanha eleitoral em pancadaria e manter a imprensa sob a permanente ameaça de controle.

Mas o discurso do ódio vai bater na trave.

No momento em que escrevo o Brasil avançou para as quartas de final na Copa. O País mostrou-se hospitaleiro e despendeu enorme energia estimulando a seleção de futebol. Um vínculo nos uniu de ponta a ponta.

A tragédia é que a política se mostra incapaz de mobilizar parte dessa energia, achar novos vínculos nacionais em torno de grandes temas, como o combate à pobreza e à corrupção, a racionalização da imensa máquina que trava o País. Enfim, algumas Copas em que estamos lutando ainda pela classificação. Com otimismo de torcedor, ainda espero que este Mundial tenha reflexos na política e se aproveite o momento especial para discutir o futuro do Brasil. Por enquanto, com essa de vergar ou não vergar estacionamos na construção civil.

Sei que não é conveniente lembrar isto em período de festa, mas as contas do governo federal em maio foram as piores da História. Coligações e convenções desenrolaram-se no período e passaram quase em branco. Sorte delas. Não foi um bom espetáculo, sobretudo o das coligações. Pornopolítica, bacanal, foram chamadas de tudo e, apesar do apelo erótico, ninguém se interessou por elas.

Atacante do "pior time do mundo", o Íbis Sport Club, Mauro Shampoo disse-me numa entrevista: "O único título que ganhei na minha carreira é o de eleitor. O que fazer com ele?" Muita gente faz a mesma pergunta nas ruas. Não na expectativa de ouvir a sugestão de uma outra candidatura, mas apenas como pretexto para se lamentar, como se a esfera da política fosse algo fora de controle, marchando para um não acontecimento, sintetizado no "tudo dá no mesmo".

A sociedade quer mudanças, seria importante definir as principais e transformá-las num grande debate nacional.

Ainda faltam alguns jogos para o fim da Copa. Mas quando soar o apito final começa a contar o tempo para encarar este momento que a sociedade brasileira vive, empolgada com sua seleção, mas sem encontrar no universo da política outros motivos de orgulho de ser brasileiro. E com muito amor, porque o ódio não se encaixa na canção.

A Copa do Mundo trouxe tantas surpresas dentro de campo que o sentido do inesperado prevaleceu em muitas partidas, mostrando que no gramado tudo pode acontecer. Essa imprevisibilidade do futebol transplantada para nossa vida nacional é o que ainda alimenta a esperança de este país mudar.

Nota do autor: Este artigo foi escrito antes da queda do viaduto na zona norte de Belo Horizonte, cidade por onde passei no dia da queda, mas tarde para incluí-la. Isso constará do balanço da segunda fase da Copa.

*Jornalista

Merval Pereira: Momento bom

- O Globo

O momento captado pela pesquisa Datafolha divulgada ontem é bom para a presidente Dilma, que subiu quatro pontos percentuais e manteve a liderança na corrida presidencial. Mas a situação prospectiva é ruim: há um mês, Dilma tinha 34% contra 32% de todos os seus rivais somados. Agora, há um empate: 38% a 38%.

Se o primeiro resultado já previa a realização de um segundo turno, este mais recente confirma a tendência, com a anulação da diferença a favor de Dilma. A pesquisa, além disso, mostra que, a longo prazo, essa diferença vai se reduzindo também num cada vez mais provável segundo turno contra o candidato do PSDB, Aécio Neves: ela, que já foi de 19 pontos percentuais, hoje é de apenas sete pontos, o que, na realidade, quer dizer 3,5 pontos para haver um empate, já que o segundo turno se trata de um autêntico mata-mata, um candidato contra o outro.

Também a diferença num segundo turno contra o candidato do PSB, Eduardo Campos, caiu de 15 pontos percentuais para 13. Os tucanos puseram uma lente nos resultados de São Paulo, que consideram decisivos, e tiraram boas notícias para seu candidato.

Nada menos que 39% dos eleitores paulistas consideram que o governo atual é ruim ou péssimo, enquanto o índice nacional é bem mais baixo, de 26%.

No segundo turno, o tucano Aécio Neves já derrota a presidente Dilma no maior colégio eleitoral do país por 46% a 34%, embora no momento apareçam empatados no primeiro turno.

Não é à toa, portanto, que o governismo e seus agentes na mídia, especialmente nos blogs chapa- branca, não fizeram tanto estardalhaço com a pesquisa do Datafolha, que colocou a presidente onde ela já estava há 15 dias, de acordo com uma pesquisa do Ibope.

Há analistas que dizem mesmo que a pesquisa de um mês atrás do Datafolha, que derrubou os índices de Dilma e também de Eduardo Campos, teria sido um ponto fora da curva, em momento de maior tensão social, corrigida agora devido ao ambiente tranquilo, mesmo festivo, no país devido ao sucesso da Copa do Mundo de futebol.

Mas a realidade é que o alívio provocado pela festa do futebol não impediu, por exemplo, que Dilma continue sendo a mais rejeitada pelos eleitores, com 32%.

Da mesma maneira, o índice de bom e ótimo de seu governo continua “no limbo”, de acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto Análise, do cientista político Alberto Carlos Almeida.

Transpondo o resultado de uma pesquisa histórica com governadores em busca da reeleição, ele chegou à conclusão de que os candidatos com índice igual ou menor que 34% dificilmente se reelegem. Não há esse histórico para presidentes, mas, na correlação dos resultados, a presidente Dilma, com um índice de 35% de ótimo e bom, está no limite entre o céu e o inferno, podendo se reeleger ou não de acordo com o que aconteça na campanha.

A situação de estabilidade, é verdade, favorece quem está na frente da corrida, e um sinal de que os eleitores ainda não acharam o que procuram é que os demais candidatos cresceram três pontos neste último mês, reduzindo, assim, o nível dos indecisos. Desses, o Pastor Everaldo, do PSC, continua com 4% das intenções de voto.

A presidente Dilma lidera em todas as regiões do país, mas o Nordeste continua sendo seu grande reduto eleitoral, dando a ela 55% dos votos. Lá e no Norte, onde a presidente tem no momento 44% dos votos, Dilma obteve na eleição de 2010 uma diferença de 12 milhões de votos sobre José Serra.

No resto do país, a então candidata do PT venceu por apenas 0,5% dos votos, o que não terá desta vez, com a situação favorável ao PSDB no chamado “triângulo das Bermudas”, os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas e Rio de Janeiro.

Não é por acaso, portanto, que a campanha do PSDB vai dedicar atenção especial ao Norte e ao Nordeste do país, para tentar reduzir a margem de vitória da petista. As situações políticas em estados como Maranhão, Bahia, Ceará e Pernambuco (pela presença de Eduardo Campos), hoje, são mais favoráveis às oposições do que em 2010. 

João Bosco Raballo: Pesquisa pouco acrescenta ao cenário eleitoral

- O Estado de S. Paulo

A mais nova pesquisa Datafolha que registra uma leve melhora nos índices da presidente Dilma Rousseff pouco acrescenta ao cenário eleitoral, a não ser pela suposta indicação de que o êxito da Copa do Mundo, como evento, melhorou o humor do eleitorado.

É um dado duvidoso, mas ainda que se admita a hipótese, certamente efêmero, e de pouca influência no processo. A Copa acaba em mais 10 dias, e se é verdade que os turistas não levarão os estádios e aeroporto na bagagem de volta, também é verdade que os serviços antes criticados pela população permanecerão insatisfatórios.

A melhora da presidente Dilma se deu basicamente na região Nordeste, uma má notícia para seus adversários, mas que é uma melhora onde o governo já detém maioria. Na região sudeste, onde está concentrada parcela expressiva dos eleitores, Dilma permanece no patamar de antes, na casa dos 28%, enquanto a oposição apresenta viés de alta.

Na conta global, a pesquisa sugere que a presidente não cai mais por ter atingido seu piso de queda, e não deve alimentar expectativa de grandes saltos para além do índice em que vem se mantendo há algum tempo, desde o declínio iniciado nas manifestações de junho do ano passado.

É um cenário perigoso para a oposição se esta não encontrar a narrativa que traduza para o eleitor a razão de mudar para um candidato seu. O eleitor já deixou claro que deseja mudanças, restando saber com quem, o que mantém alguma eficiência ao discurso do governo de que essa mudança poderá se dar com a continuidade do PT no poder.

Apostar na queda do governo por gravidade, como permite a leitura do comportamento da oposição, é apostar na vitória pela inércia. Há muito tempo um governo não produz um cenário tão favorável à oposição como agora, com crescimento pífio, inflação crescente, gestão medíocre, desorientação estratégica e percepção aguda da corrupção.

No entanto, a esse quadro tão desfavorável não corresponde o avanço oposicionista na mesma proporção. Embora gradual, o crescimento do candidato que mostra maior solidez está aquém do ritmo declinante do governo. Sabe-se que a oposição espera compensar esse descompasso com o início do período de propaganda gratuita na televisão.

É possível, – e provável -, mas à visibilidade conquistada por esse meio é imprescindível acrescentar a narrativa política correta, capaz de atrair o voto de insatisfação. Olhada no todo, a pesquisa confirma o segundo turno, com a soma dos candidatos de oposição alcançando o índice mais alto de Dilma, de 38%.

Com a disputa política orientada pela meta de ampliação de bancadas federais dos partidos, a dissidência na base aliada do governo foi maior do que era permitido estimar com base na disputa por espaço na estrutura de governo, protagonizada por PT e PMDB. A fragmentação da militância desfavorece o governo nas campanhas estaduais e eleva seu risco eleitoral.

E é precisamente nas regiões sul e sudeste, onde estão os maiores colégios eleitorais, que o candidato do PSDB, Aécio Neves, investiu na vulnerabilidade da aliança nacional do governo, minando-a com notável visão antecipada e habilidade política.

O ex-governador Eduardo Campos permanece com dificuldades na campanha, que aparenta uma certa dispersão ditada pelos conflitos entre Rede e PSB, que seriam contornáveis se a aliança não fosse ditada pelo improviso que a produziu.

Igor Gielow: A fotografia

- Folha de S. Paulo

A corrida eleitoral chega neste domingo a uma nova etapa, com a abertura oficial da campanha que começou há vários meses, e a tessitura do quadro já permite algumas considerações.

No campo governista, o resultado da mais recente pesquisa do Datafolha, indicando o estancamento da queda de Dilma, está naturalmente sendo alardeado como um ponto de virada. Meia verdade.

O "feel good factor", como os britânicos apelidam o bom humor da nação, é evidente pela Copa brilhante nos estádios e sem hecatombes fora deles. Se isso será afetado por uma eliminação do Brasil, hoje ou depois, é pouco mensurável agora.

Num regime centralista como o brasileiro, quem está no topo é beneficiado nessa hora --ou prejudicado, como ocorreu em 2013. A exposição pela inauguração até de cartas de intenção também ajudou Dilma no período aferido pela pesquisa.

A má notícia para o governo é que todos se favoreceram por esse bom humor, opositores inclusos. Aos poucos, os indecisos vão aninhando-se, e o segundo turno soa inevitável.

O desafio para os oposicionistas é atrair os neutros e ganhar corações hoje dilmistas. Campanha negativa é uma coisa problemática, mas o fato é que os indicadores econômicos estão numa deterioração escamoteada pelo oba-oba da Copa.

Do lado propositivo, a coisa piora para a oposição. Aécio parece mais preocupado em mostrar-se um garantidor de direitos adquiridos, mas isso não ganha eleição. E a dupla Campos-Marina não logrou dar forma ao tal "novo" que sugerem.

Há mais. Aécio hoje é o adversário principal de Dilma, mas ainda há espaço para o crescimento de Campos. O temor real dos tucanos, contudo, é um Campos muito fraco, que acabe como linha auxiliar do PT.

A fotografia deste momento sorri para Dilma, mas é apenas isso: um registro instantâneo. O jogo está apenas no começo, e será duro.

Dora Kramer: Alívio imediato

- O Estado de S. Paulo

Em matéria de organização está dando tudo certo, o País vive um momento de alto astral com a Copa do Mundo. Portanto, nada mais natural que esse clima se reflita nas pesquisas de opinião e que o governo, na pessoa da presidente Dilma Rousseff, seja o maior beneficiário.

O instituto Datafolha faz a ligação direta entre a melhora das intenções de votos (de 34% para 38%) e da avaliação positiva do governo Dilma (de 33% para 35%) e a "mudança de humor geral dos brasileiros". De fato não há como se atribuir a qualquer outra razão, porque nada aconteceu entre a última e a penúltima pesquisa a não ser a Copa.

Da mesma maneira como o governo teria sido responsabilizado se aquelas expectativas negativas a respeito do Mundial fora do campo tivessem se concretizado, muito justo que receba o reconhecimento pelo bom funcionamento daquilo que dependeu do poder público.

Fez a obrigação, mas de todo modo é mérito. E se as pesquisas não retratassem isso, aí é que seria de o governo se achar num beco sem saída. Fora aqueles pontos porcentuais a mais citados no início, o restante da pesquisa não leva boas notícias ao Planalto.

A saber: o aumento não foi proporcional à euforia que toma conta do País, os oponentes oscilaram para cima (ou seja, o astral favoreceu todo mundo), a rejeição da presidente é o dobro do segundo colocado que se aproxima dela na simulação de segundo turno e desapareceu a dianteira de Dilma frente aos adversários.

Até a pesquisa anterior ela dispunha de 34% das intenções de votos enquanto os adversários somavam 32%. Hoje há empate: 38% a 38%. Reflexo do alívio (temporário?) também é a redução daqueles que se diziam sem candidato. Eram 30% e agora são 24%.

A questão é: isso significa um repentino ganho de confiança da população na tão desprestigiada atividade política ou apenas quer dizer que a tendência geral é responder positivamente quando estão motivadas por estímulos igualmente positivos embora de natureza distinta?

Aqui não há como fugir do lugar comum: a resposta fica ao encargo do tempo. Depois de a vida voltar ao normal e a campanha começar é que poderemos conferir se o efeito é passageiro ou duradouro.
Nada a ver com a missão dos jogadores da seleção brasileira, nunca é demais repetir. Até para que sosseguem o facho aqueles que acham que o caminho da vitória da oposição está na derrota dentro de campo.

Bobagem abissal, exaustivamente desmentida pelos fatos nos últimos 20 anos em que a regra foi a desconexão entre o desempenho do Brasil nas Copas e o resultado das eleições.
Coincidência só em 1994. O Brasil ganhou a Copa e o governo a eleição. Só que o vencedor nas urnas não foi o futebol, mas o Plano Real.

Dilma não ganhará ou perderá a eleição porque o time foi mal ou bem na Copa. Se perdermos, ela não pode ser responsabilizada pelo que acontece dentro do campo.

Se ganharmos, nem por isso o eleitorado brasileiro vai votar no dia 5 de outubro fantasiado de Fuleco ainda sob os eflúvios do resultado de um jogo realizado há exatos 84 dias passados.

Não há emoção que tanto dure nem razão que uma hora não se imponha. De onde a direção dos votos acompanha a percepção do povo - que não é bobo - sobre qual dos candidatos considera com mais capacidade de enfrentar e resolver os problemas da vida como ela é.

Formiga. É consenso que Aécio Neves teve atuação pífia no Senado sob a ótica da expectativa de que assumiria o lugar de líder da oposição com ataques permanentes e contundentes ao governo.

Não fez nada disso e, para o público externo, foi uma decepção. Agora, quando surgem os acordos regionais do PSDB com vários partidos governistas é que surge a explicação: o tucano estava ocupado com a conquista do público interno, construindo pontes com os colegas senadores por intermédio dos quais iniciou o caminho rumo às alianças.

Vitor Peixoto: Oligarquias locais e eleições presidenciais

• Partidos põem poder dos antigos "mandões" em xeque

- Valor Econômico

Nas eleições de 1989, houve quem contasse os apoios dos prefeitos aos candidatos às eleições presidenciais como forma de mensurar o poder de cada qual. Os municípios brasileiros, principalmente os menores, mais pobres e localizados no Norte e Nordeste, eram ainda interpretados como locais de fragilidade do sistema partidário e propício à reprodução dos desmandos dos "coronéis", tais quais eternizados por Victor Nunes Leal na obra "Coronelismo, Enxada e Voto". O interior brasileiro foi tomado pelos analistas políticos como terras férteis para os "mandões" exercerem seus desígnios sem limites na ausência completa de competição e dominarem os votos advindos destas localidades, normalmente denominada por "grotões eleitorais".

O país está prestes a comemorar três décadas do processo democrático legislativo que culminou na Constituição de 1988. Podemos pensar que este poder ainda existe? Qual seria a influência dos prefeitos nas eleições presidenciais? Na perspectiva histórica, 30 anos podem parecer um período relativamente curto. Entretanto, intensas transformações marcaram profundamente as estruturas sociais, políticas e econômicas brasileiras. A descentralização político-administrativa, sem sombra de dúvidas, é uma das principais marcas desse período. O incremento da autonomia das unidades locais foi seguido de uma intensa e abrupta criação de unidades administrativas municipais. Entre 1988 e 2001, foram criados nada menos do que 1.439 novos municípios - ou aproximadamente duas unidades a cada semana!

Se por um lado, a criação de municípios causa preocupação dadas as dificuldades de sustentabilidade econômico-fiscal, por outro, é inegável que aumentou a representatividade do sistema político no nível local. Este último ponto pode parecer um tanto duvidoso. No entanto, caso se leve em conta que o aumento do número de vereadores tornou cidadãos de longínquas localidades mais próximos de seus representantes, salta aos olhos o argumento tão propalado pela literatura que defende esta proximidade como uma forma de incrementar os sistemas de controle (accountability).

Outro aspecto positivo diz respeito exatamente à "desoligarquização" dos sistemas políticos locais, posto que a competição eleitoral aumenta gradativamente por todo o território brasileiro. A perda do monopólio do poder municipal é sentida em todas as regiões do país, assim como em municípios de todos os tamanhos. Ainda que se possa afirmar que a simples multiplicação de partidos não significa necessariamente a diversos grupos competindo, dado que um ou poucos grupos podem dominar as diferentes legendas (e isto realmente ocorre com certa frequência), não se pode negligenciar que a existência de instituições partidárias formais influenciam sobremaneira na estabilidade dos acordos entre as lideranças. Dito de outra forma, é fato que um político local pode controlar vários partidos, mas o seu domínio estará muito mais suscetível a defecções em sistemas que haja saídas institucionais para os que não cooperarem. Portanto, a simples existência de partidos organizados localmente colocam o poder dos antigos "mandões" em xeque.

Há diversas formas de se mensurar a competitividade dos sistemas políticos, dos mais simples aos mais complexos indicadores, e em todos eles os sistemas políticos locais apresentam maior competitividade. Destarte, há uma enorme proliferação de partidos políticos no nível municipal nas últimas duas décadas, cresce em todas as regiões e em todos os tamanhos de municípios. Há, portanto, uma enorme competitividade institucional partidária nos municípios brasileiros. Ainda que estes partidos possam ser considerados "legendas de aluguel" pelos mais pessimistas, representam importante avanço na quebra do monopólio oligárquico no Brasil, o que possibilita que novos grupos políticos possam surgir e se institucionalizar em sistemas muito fechados até bem recentemente.

Em resumo, podemos afirmar que do início da década de 1990 até hoje a política municipal sofreu grandes alterações:

1) Aumentou significativamente o número de competidores nos municípios pela nacionalização do sistema partidário, principalmente, nas eleições proporcionais (para vereadores);

2) O fator institucional (sistema eleitoral majoritário) é o maior limitador da competição eleitoral para prefeitos, no que concerne ao número de competidores, muito maior do que fatores socioeconômicos dos municípios, esta conclusão baseia-se na comparação entre as variações da competitividade dos sistemas eleitorais - majoritário e proporcional, muito maior neste último em todos os municípios.

3) Nas eleições proporcionais, a competição, menos restringida pela variável institucional, está associada a fatores econômicos tais como industrialização, taxa de analfabetismo, PIB, profissionalização da administração municipal e estrutura de comunicação.

4) Diante de pulverização da competição, o domínio dos prefeitos sobre os eleitores vê-se diminuído dado os riscos de concentrar recursos nas eleições nacionais e perder o apoio ao próprio grupo nas eleições seguintes.

Destarte, ainda que haja diversas formas de se mensurar a competitividade dos sistemas políticos, dos mais simples aos mais complexos indicadores, em todos eles os sistemas políticos locais apresentam maior competitividade hoje do que há 25 anos. E uma evidência cabal desse processo é o fato que, nas eleições de 2006 e 2010, os candidatos do PT e PSDB tiveram em média menos (ou igual) votos nos municípios em que administravam a prefeitura do que nas administradas por seus adversários. Compreender o Brasil de hoje é uma tarefa impossível sem analisar a política local, ainda que seja para afirmar que ela pouco trará influência nas eleições presidenciais.

Vitor Peixoto é professor associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), coordenador do curso de ciências sociais

Nelson Motta: As elites vermelhas

• Como um Felipão atordoado, Lula volta ao velho ‘nós contra eles’, que o derrotou três vezes e o obrigou a fazer a ‘Carta aos brasileiros’ para ganhar a eleição

- O Globo

Lula inventou uma bizarra luta de classes, em que não são os pobres que odeiam os ricos por sua opressão, exploração e privilégios, são os ricos que não suportam que os pobres comam, tenham um teto e, suprema afronta, viajem de avião pagando em dez vezes. E não se contentam em explorá-los e desprezá-los, amam odiá-los, logo eles, que vão consumir os bens e serviços que os ricos produzem para ficarem ainda mais ricos. Isso não é coisa de rico, é de burro, e Lula, rico, de burro não tem nada.

Com o país vivendo uma era de prosperidade desde o Plano Real, os três governos petistas não só tiraram milhões da miséria e alçaram milhões da pobreza à classe média, como criaram uma nova classe de ricos, ocupando milhares de cargos no governo, nas estatais, nos estados e nas prefeituras. É o pleno emprego, partidário.

Apenas com os altos salários e vantagens, sem falar nas infinitas possibilidades de intermediações, roubos e achaques, são legiões de novos ricos que formam uma “elite vermelha” — que ama os pobres, mas adora o luxo porque ninguém é de ferro, e não xinga presidentes, a não ser Sarney, Collor e FH. Nos anos 60, havia a “esquerda festiva”, mas hoje a esquerda é profissional. É o povo no poder… rsrs.

Pior do que ser pobre, que pode ficar rico, é ser burro, que não vira inteligente, ou fanático, para acreditar nisso. Mesmo rico e inteligente, Lula não está percebendo que velhos truques não estão mais funcionando — e está difícil criar novos bordões e bravatas. Essa de odiar os pobres não colou, porque os ricos agora “é nóis”. Como um Felipão atordoado, Lula volta ao velho “nós contra eles”, que o derrotou três vezes e o obrigou a fazer a “Carta aos brasileiros” para ganhar a eleição.

Doze anos de governos de um partido, até de bons governos, de qualquer partido, produzem profundo e inevitável desgaste e provocam desejos de mudança no eleitorado que progrediu nesse tempo, que está mais informado e exigente, e quer mais e melhor. Mas quando um governo é mal avaliado, com crescimento baixo e inflação alta, vítima de seus próprios erros...

É o eles contra eles.

Eduardo Giannetti: Copa e eleições

- Folha de S. Paulo

O pré-Copa foi tenso e repleto de maus augúrios: ruas indiferentes, obras por um fio, greves, ameaças de ação violenta. Não durou. Foi só rolar a bola para o clima virar. Bandeiras por todo lado, lágrimas ao som do hino a capela, ruas em festa. O transe coletivo da Copa venceu. Até quando?

A Copa une o Brasil. "O povo", reflete o poeta Drummond, "toma pileques de ilusão com o futebol e o carnaval, suas duas fontes de sonho". O sonho é belo, porém efêmero. Quando a bola parar, ganhe ou perca a seleção, a amarga realidade nos tomará outra vez com suas unhas de bronze.

Estamos a três meses da eleição. A vizinhança no tempo entre Copa e eleições --fruto da única medida aprovada na revisão constitucional de 1993, a redução dos mandatos executivos de cinco para quatro anos-- é um desserviço à nossa democracia: não pelo eventual impacto do torneio nas urnas (duvidoso), mas pelo encurtamento do tempo real de campanha.

Democracia não é só voto --é debate e participação. Uma vez a cada quatro anos, renova-se a chance de refletirmos e fazermos valer nossas escolhas sobre os rumos da nação. A sincronia entre Copa e eleições --e isso logo no país do futebol!-- conspira contra o ideal de uma democracia de alta intensidade.

Copa do Mundo e eleição competem pela atenção dos brasileiros. A disparidade, porém, é esmagadora. O futebol empolga e arrebata; a política deprime e exaspera.

Por que não vemos, na área política, a mesma floração de talentos jovens e aptos a nos representar no jogo democrático? Por que não participamos do debate eleitoral com o mesmo entusiasmo e paixão com que nos dedicamos a esmiuçar cada lance da "pátria em chuteiras"?

O futebol traduz o modo de ser e sentir brasileiros: o nosso poder de adaptação e superação; a criação de boas formas de existência coletiva; a improvisação talentosa e uma compreensão lúdica da vida.

Nossa vida pública, ao contrário, parece enredada numa espiral entrópica. Quanto mais ela teima em nos decepcionar com seu fisiologismo e impudor, maior o sentimento de aversão a ela. E, quanto maior a aversão, mais crescem o desânimo e o indiferentismo que favorecem o atual estado de coisas e nos empurram rumo às piores práticas na política.

Como reverter esse quadro? A resposta é uma só: participação. A Copa é fogo-fátuo, mas o resultado das urnas ficará conosco --é o futuro da nação em jogo. Se nós dedicássemos às eleições uma fração da energia alerta que devotamos à Copa, como no esboço das manifestações de junho, nós mudaríamos o Brasil. A política existe para expressar nossos valores e sonhos, não para nos enojar.

Eduardo Giannetti, economista e escritor

Rogério Furquim Werneck: Desperdício em grande escala

• Como o projeto da Refinaria Abreu e Lima foi imposto à Petrobras?

- O Globo

Será lamentável se as irregularidades que vêm pautando a construção da Refinaria Abreu e Lima forem relegadas às páginas policiais. É importante que sejam também discutidas nas páginas de economia e de política. Há lições fundamentais a extrair, que vão muito além da questão da corrupção. O projeto propicia precioso estudo de caso sobre o enorme desperdício que vem marcando o parco esforço de investimento que o país tem sido capaz de manter.

É crucial ter clareza sobre as proporções do projeto. Inicialmente orçada em US$ 2,4 bilhões, a refinaria pode vir a custar US$ 20 bilhões. Mais de R$ 44 bilhões. Quase 1% do PIB. O suficiente para reforma e construção de 66 estádios similares aos que estão sendo utilizados na Copa. Ou o bastante para instalação de mais de 12.400 escolas.

Na opinião da Agência Internacional de Energia (AIE), o custo da refinaria será de duas a três vezes maior do que o padrão aceitável para unidades com capacidade de refino similar. “Se eu fosse dono da Petrobras, acho que não a faria, com esse custo”, foi a avaliação que fez o próprio José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, em depoimento no Congresso na semana passada (O GLOBO, 26 de junho).

A decisão de construir a refinaria, em sociedade com a estatal venezuelana PDVSA, foi tomada no primeiro governo Lula, num encontro do presidente com Hugo Chávez. A homenagem a José Inácio de Abreu e Lima — militar pernambucano que, há dois séculos, lutou ao lado de Simon Bolívar pela libertação da Venezuela — foi ideia de Chávez. Não obstante todo o entusiasmo inicial, os venezuelanos jamais puseram um centavo na refinaria. E os custos do projeto acabaram recaindo integralmente sobre a Petrobras.

Sabe-se agora que, bem antes de contar com um estudo de viabilidade econômico-financeira, a refinaria já havia sido contemplada com um financiamento de R$ 10 bilhões do BNDES. Confrontado com esse fato constrangedor, o banco saiu-se com a alegação esfarrapada de que a classificação de risco e o “porte” da Petrobras haviam sido suficientes para a liberação do financiamento (“Valor”, 16 de maio).

A concessão de um financiamento prematuro de tal magnitude, nessas bases, bem evidencia quão mobilizada estava a cúpula do governo com o avanço do projeto. Já em 2009, contudo, o corpo técnico da Petrobras vinha alertando a diretoria da empresa que o projeto da refinaria não era economicamente viável. Mas a vontade política continuou prevalecendo. O estudo de viabilidade econômico-financeira foi convenientemente alterado, com adoção de hipóteses irrealistas, para que seus resultados passassem a justificar a realização do projeto (O GLOBO, 23 de junho).

O que ainda falta saber com mais detalhe é como a decisão política de ir em frente com o projeto da refinaria foi imposta à Petrobras e ao seu corpo técnico, apesar das evidências de que isso seria lesivo aos interesses da empresa. Por força dos cargos que exercia na época, a presidente Dilma é a figura chave para esclarecer essa questão. É preciso ter em mente que, no segundo mandato do presidente Lula, a então ministra Dilma Rousseff ocupava posição central em cada um dos dois elos cruciais da cadeia de comando com que o Planalto controlava os investimentos da Petrobras.

De um lado, como ministra-chefe da Casa Civil da Presidência, estava incumbida de estabelecer prioridades e gerenciar o vasto leque de projetos que, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), compunha o esforço de investimento federal, tanto no âmbito do governo como das estatais. De outro, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, vinha comandando, desde 2003, a representação do acionista controlador na gestão da empresa.

Em entrevista recente, perguntaram à presidente Dilma por que o país não cresce. Entre as várias razões que poderia ter mencionado, a presidente deveria ter esclarecido que, não bastasse o esforço de investimento ser muito baixo, parte substancial desse esforço vem sendo lamentavelmente desperdiçada.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio