sábado, 21 de junho de 2014

Opinião do dia: Roberto Freire

Lula, por sua vez, divide a sociedade brasileira e acusa a oposição, a imprensa e a “elite” de tentarem desestabilizar o governo. Nada mais fantasioso. Ao mesmo tempo em que se arvora à condição de defensor dos fracos e oprimidos, o petista troca afagos com notórios representantes da elite mais atrasada do país, como José Sarney – a quem chamou, em 1987, de “o maior ladrão da Nova República” –, Fernando Collor e Paulo Maluf. Ademais, não podemos nos esquecer de que, em seu histórico de agressividade, Lula rompeu todos os limites do bom senso quando chamou o ex-presidente Itamar Franco de “filho da p...”, destilando ódio.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS, no artigo “Nossa esperança vencerá o ódio de Lula e do PT”, em Brasil Econômico, 20 de junho de 2014.

PT prega discurso radicalizado para reeleger Dilma

• Sigla admite disputa mais difícil desde 2002, aposta na polarização contra tucanos e vai adotar slogan ‘Mais Mudanças, Mais Futuro’

Ricardo Galhardo, Vera Rosa e Erich Decat - O Estado de S. Paulo

Depois de abafar o coro do “Volta, Lula”, o PT vai oficializar neste sábado, 21, a candidatura da presidente Dilma Rousseff ao segundo mandato numa convenção que será pontuada pela radicalização do discurso contra os tucanos. Na mais difícil disputa presidencial desde 2002, o partido adotará o slogan “Mais Mudanças, Mais Futuro”, que aparecerá em um painel verde e amarelo. Com esse mote, Dilma dirá que só quem fez no passado tem credibilidade para fazer mais de agora em diante.

Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho e fiador, a presidente tentará recuperar a popularidade sendo porta-voz da estratégia do “nós contra eles”, que pretende carimbar o PSDB como partido das elites.

Um dos banners da convenção mostrará Lula e Dilma sorridentes, com os braços erguidos, em um fundo vermelho, a cor do PT. Caberá ao ex-presidente, porém, os ataques mais fortes à legenda do adversário Aécio Neves. “Já se tornou lugar-comum dizer que esta eleição será a mais dura, a mais difícil de todas. E os fatos mostram que sim”, dirá neste sábado o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Em seu discurso, Falcão vai criticar os tucanos e defender o que chama de “democratização” da mídia. “Já vencemos o medo com a esperança. Agora, vamos renovar as esperanças do povo para vencer o ódio, o rancor, o preconceito, o racismo, a violência, o machismo, a homofobia, o fundamentalismo.”

A convenção deste sábado em Brasília foi preparada para ser uma festa que sacramentará a candidatura de Dilma, tendo novamente Michel Temer (PMDB) como vice da chapa.

Aos gritos de “1,2,3, é Dilma outra vez”, a presidente será recebida com um desagravo, em repúdio às vaias e aos xingamentos dirigidos a ela na abertura da Copa do Mundo, em São Paulo. “O tiro saiu pela culatra. Nossa presidenta foi cercada, sim, pela solidariedade unânime dos que condenam a violência, a vilania, as proclamações de ódio”, destacará Rui Falcão.

Alianças. No governo, Dilma teve uma relação de conflito com sua base de sustentação no Congresso. Depois de reabilitar defenestrados pela faxina ética de 2011 e distribuir cargos, porém, ela conseguiu fechar alianças com nove partidos, entre eles o PSD de Gilberto Kassab, que estará na convenção.

Além do discurso mais radical, o PT quer reeditar o clima de 1989, quando Lula disputou pela primeira vez o Planalto. Em reunião do diretório nacional, nesta sexta, Falcão disse que é preciso retomar o entusiasmo e a paixão daquela época. “O PT fez o diagnóstico correto sobre as dificuldades dessa campanha, mas ainda não conseguimos afinar a posição”, resumiu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Dilma chega a esta eleição com a aprovação do governo em queda e problemas para formar palanques estaduais. Na quinta-feira, pesquisa Ibope mostrou que a confiança na presidente caiu de 48% para 41%. Mesmo assim, ela está bem à frente de seus adversários, com 39% das intenções de voto - Aécio tem 21% e Eduardo Campos (PSB), 10%.

Em reuniões reservadas, o marqueteiro João Santana, responsável pela propaganda de TV de Dilma, diz que “o pior já passou”. Para coordenadores da campanha, ela enfrentou um “coquetel maldito” que está prestes a se diluir. O inferno astral seria formado por picos de inflação, questionamentos sobre a capacidade administrativa de Dilma na polêmica compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobrás, condenação de petistas históricos no mensalão e protestos contra gastos da Copa.

Rui Falcão diz que vaias a Dilma vieram de ‘classes dominantes’

• Presidente do PT chama militância para ir às ruas e lança críticas contra Eduardo Campos

Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA — Em discurso escrito para a convenção nacional do PT, neste sábado, que oficializará a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o presidente do partido, Rui Falcão, afirma que essa eleição será a mais difícil e dura de todas; faz ataques velados aos adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), que significariam, segundo ele, retrocesso; e defende a regulação da mídia. Falcão também explora os xingamentos dirigidos à Dilma na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, pelas “classes dominantes”.

“O tiro saiu pela culatra. Nossa presidenta foi cercada, sim, pela solidariedade unânime dos que condenam a violência, a vilania, as proclamações de ódio”, afirma trecho do discurso de Falcão, que pretende ler apenas uma parte do discurso na convenção e dar o restante como lido, distribuindo o documento no evento.

Falcão conclama a militância a ir para as ruas pela campanha à reeleição, reeditando a mobilização da campanha de 1989, a primeira disputada por Lula. "Já se tornou lugar comum dizer que esta eleição será a mais dura, a mais difícil de todas. E os fatos mostram que sim. Passados quase doze anos da vitória histórica de Lula em 2002 e três e meio da posse de Dilma em 2011, o Brasil é outro".

Ao comparar os governos de Lula e Dilma com o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o presidente do PT afirma que o partido não permitirá retrocessos e ironiza o resgaste de FH pelo candidato do PSDB à presidência da República, senador Aécio Neves (MG). Fernando Henrique foi escondido nas campanhas anteriores do partido. “Não vamos permitir retrocessos, nem a volta a um passado de recessão, arrocho e desemprego, cuja figura-símbolo, antes condenada ao ostracismo pelos parceiros, agora ressurge como guru nas convenções dos tucanos, pontificando como sempre e falando contra a corrupção que nunca combateu quando governou”.

No discurso do presidente do PT também há espaço para farpas contra o ex-aliado Eduardo Campos (PSB), que disputará o Palácio do Planalto se colocando como terceira via.

“Como ressaltam as nossas diretrizes para o programa de governo, a proposta de um novo ciclo de mudanças constitui a melhor resposta aos que tentam manipular as legítimas aspirações do povo brasileiro, propondo o retorno aos tempos dos governos neoliberais. Constitui, também, a melhor forma de desmascarar quem tenta se apresentar como ‘terceira via’, mas concilia com os interesses neoliberais”, afirma.

Falcão afirma que Dilma é a pessoa mais apta para continuar a promover as mudanças que o país precisa. “A Presidenta Dilma Rousseff quem tem credibilidade para seguir conduzindo, com mais impulso e velocidade, as transformações em curso e também as transformações futuras”.

Bandeira histórica do PT, a defesa da regulação da mídia não ficou de fora. “Tão importante quanto a reforma política é a democratização da mídia, que os oligopólios tentam caracterizar como censura. Na verdade, eles tentam manter intocada a atual situação de poder e concentração que impede a pluralidade e a diversidade nos meios de comunicação do país”.

Falcão também defende o decreto presidencial que instituiu a Política Nacional de Participação Social, que cria uma superestrutura de conselhos populares na administração federal.

Partido volta a defender regulação da mídia

• Berzoini nega qualquer intenção de controle de conteúdo

Fernanda Krakovics - O Globo

BRASÍLIA- Na véspera da convenção nacional do PT, que oficializará a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, os petistas voltaram a defender a regulação da mídia. O tema deverá voltar à cena no evento hoje. Ontem, durante a reunião do Diretório Nacional do partido, o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) defendeu a medida por meio da regulamentação dos artigos da Constituição que estabelecem que não pode haver monopólio nem oligopólio na propriedade dos meios de comunicação, além de exigir conteúdo regional na programação.

— Quando se fala em regulação da mídia muita gente tenta levar para discussão de conteúdo.

Conteúdo não se regula, porque a Constituição não permite, e o PT é o maior defensor, historicamente, da liberdade de expressão — disse ele, que participou da reunião do Diretório Nacional do PT.

Segundo Berzoini, o objetivo é assegurar a liberdade de expressão e coibir eventuais
abusos:

— A questão é como se aplicam os artigos da Constituição que tratam do tema de
uma maneira que assegure a mais ampla liberdade de expressão com proteção da sociedade em relação a eventuais abusos e, simultaneamente, você discutir a estratégia econômica do país para o campo das comunicações — disse Berzoini, citando como exemplo o modelo adotado em Portugal e na Inglaterra.

Tema integra diretrizes do PT
O assunto faz parte das diretrizes de programa de governo do PT, que serão distribuídas na convenção hoje. Diferentemente das eleições de 2010 — quando Dilma se negou a encampar pessoalmente qualquer proposta de regulação da mídia —, há pouco mais de um mês a presidente passou a adotar o mesmo discurso do PT sobre regulação econômica.

O assunto também faz parte do discurso escrito pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, para a convenção nacional de hoje. Ele pretende ler no evento apenas uma parte do texto, distribuí-lo e dar o restante como lido.

“Tão importante quanto a reforma política é a democratização da mídia, que os
oligopólios tentam caracterizar como censura. Na verdade, eles tentam manter intocada a atual situação de poder e concentração que impede a pluralidade e a diversidade nos meios de comunicação do país”, afirma Falcão num trecho do texto.

Aliança entre PT e PSB no Rio embola ainda mais cenário eleitoral no estado

• Lindbergh Farias afirmou que Romário (PSB) será o candidato ao Senado na chapa

Cássio Bruno – O Globo

RIO — O senador Lindbergh Farias (PT), candidato ao governo do Rio, oficializou nesta sexta-feira o convite para que o PSB faça parte da coligação do PT no Rio. O petista anunciou ainda que o deputado federal Romário (PSB) disputará o Senado em sua chapa. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) deve tentar a reeleição, assim como Miro Teixeira, que desistiu nesta quinta-feira de concorrer ao governo do estado. A decisão do PSB ficará para a convenção da legenda, marcada para este sábado. Mas a tendência é que os socialistas façam a aliança.

— Tinha muita gente duvidando da minha candidatura, diziam que eu estava isolado, mas, na reta final, fizemos um gol de bicicleta no último minuto. Essa é a chapa para ganhar o governo e o Senado Federal — comemorou Lindbergh se encontrou com Romário, o presidente regional do PSB-RJ, Glauber Braga, e o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, no diretório estadual do PSB no Rio.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta sexta-feira que não vê problema na aliança.

— Vai reforçar muito a campanha do Lindbergh (Farias) — disse Falcão.

O PT, no entanto, não aceita que o candidato do partido ao governo do Rio ceda o palanque para o presidenciável do PSB, Eduardo Campos.

— Ele (Lindbergh) vai fazer campanha para Dilma. O palanque do Lindbergh é da Dilma — reforçou o presidente nacional do PT.

Lindbergh já afirmou que o seu palanque será exclusivo da presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, mas socialistas já articulam um agendas conjuntas entre Eduardo Campos e o petista no Rio.

Roberto Amaral diz que o objetivo agora é entrar num processo para tentar viabilizar agendas conjuntas e até colocar nas ruas material de campanha nas com Lindbergh e Campos no Rio.

- As coligações estaduais traduzem as ciscustâncias estaduais. Em vários estados, por exemplo, estamos apoiando o PMDB. Vamos tentar atrair o máximo de aliados para a candidatura do Eduardo Campos - disse Roberto Amaral.

Com o apoio do PSB fluminense, e possivelmente do PROS, o tempo de TV de Lindbergh ganhará mais 1 minuto, e passará para cerca de 5 minutos e meio.
- Precisamos acabar com esse ciclo que tem no Rio de Janeiro. Todos nós sabemos o que aconteceu e o que vem acontecendo no estado -disse Romário, referindo-se ao governo do PMDB.

A convenção estadual do PT, na manhã desta sexta-feira, terminou em 15 minutos e não contou com a presença do pré-candidato ao Palácio Guanabara, Lindbergh Farias. Ele chegou logo depois apenas para falar com jornalistas.

Aliança no Rio entre PT e PSB é ‘suruba’ e ‘coligação orgiástica’, diz Sirkis

• Deputado fez pesadas críticas ao apoio dos socialistas a candidatura de Lindbergh Farias: ‘Não sou avesso a uma certa dose de pragmatismo, mas aí já é dose cavalar’, escreveu em seu blog

Leticia Fernandes – O Globo

RIO - Irritado com o anúncio da coligação entre os socialistas e o PT do Rio, o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ) fez um desabafo em seu blog na manhã desta sexta-feira, na postagem intitulada “Nitidez é preciso”. Ele chamou a união dos dois partidos, que será anunciada nesta tarde, de “suruba” e “coligação orgiástica”. Sirkis afirmou que não apoia a aliança porque passou os últimos quatro anos criticando o governo da presidente Dilma Rousseff, e que o movimento vai estimular os votos brancos e nulos.

“Sou totalmente contrário a essa coligação. Nada contra o senador, pessoalmente. Mas perdoem-me o recurso ao chulo: isso não seria uma coligação, mas uma suruba! Não tenho condições de apoiá-la por uma razão muito simples e cristalina: sou crítico ao governo do PT. Passei os quatro anos de mandato criticando o governo Dilma, de forma respeitosa porém firme, e venho propugnando uma alternância nessas eleições. Não posso agora aparecer coligado ao PT utilizando do seu cociente eleitoral para me reeleger!”, escreveu Sirkis.

Na publicação, Sirkis questiona os reais objetivos da aliança entre PT e PSB no Rio, que, segundo ele, podem envolver um possível apoio dos socialistas a Dilma no segundo turno. Campos e o ex-presidente Lula têm adotado uma política de não-agressão, mas o acordo não poupa a presidente, alvo de pesadas críticas do socialista.

“Uma coligação ‘orgiástica’ conforme a proposta semeia confusão e suspeita. Por que haveria o PT de aceitar esse estranho “palanque duplo” entre situação a oposição? Uma coisa seria um palanque duplo oposicionista como o de Gabeira em 2010 com Marina e Serra. Mas um palanque duplo de situação com oposição? Quais os acordos por trás disso? Por que razão o PT consentiria? Existirá, por acaso, algo envolvendo segundo turno???”, questiona o deputado, filiado ao PSB.

Em conversa com O GLOBO, Sirkis voltou a criticar a aliança e alertar para o impacto que ela terá sobre os eleitores e sobre a ideia de uma terceira via, defendida por Campos e Marina Silva:

— Se de fato somos uma terceira via, temos que ser coerentes, e no estado mais estratégico, que é o Rio de Janeiro, estado com maior potencial de terceira via, não podemos nos conformar com a primeira via depois de ter embarcado numa canoa furada — disse, referindo-se à candidatura do deputado Miro Teixeira (PROS-RJ).

— Acho que é uma aliança do mais puro pragmatismo e oportunismo político numa época em que grande parte dos eleitores não aceita mais esse tipo de composição. Entendo as razões que os levam a fazer esse tipo de composição, estou apenas dizendo que eu estou fora — completou.

Segundo o deputado, a aliança entre o PSB do presidenciável Eduardo Campos e o PT de Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Rio, traz uma “dose cavalar” de pragmatismo:

“Não preciso fazer grandes consultas para saber que muitos dentre meus eleitores não concordariam com esse tipo de comportamento político. Não sou avesso a uma certa dose de pragmatismo, mas aí já é demais, é dose cavalar”.

Sirkis continua defendendo que seu partido lance um nome próprio ao governo do Rio, para dar um palanque nítido a Campos e a ex-senadora Marina Silva no terceiro maior colégio eleitoral do país.

“Penso que o PSB deva lançar candidato ao governo do Rio de Janeiro e dar a Eduardo-Marina um palanque nítido, inequívoco. O nome, nessas alturas do campeonato, depois de três preciosos meses, perdidos, é secundário. Importante é a nitidez do palanque”, escreveu o deputado, classificando como bizarrice a aliança entre os dois partidos:

“Porque acredito na nitidez em política e na alternância democrática não concordo com essa bizarrice que certamente estimulará mais ainda a não participação, como já estamos vendo com a galera dos 16 aos 18 anos, sem interesse em participar das eleições. Vai ter voto nulo e branco adoidado se nos dobrarmos ao oportunismo e ao pântano político. Prefiro correr o risco de um cociente eleitoral muito difícil de alcançar ou, simplesmente, não participar desse processo, pois, convenhamos, há vida inteligente fora da política eleitoral/parlamentar. A pergunta é se dentro ela continuará existindo”.

Leia abaixo a íntegra da publicação feita pelo deputado Alfredo Sirkis:

Nitidez é preciso

“Não vou comentar mais o bizarro caso Miro Teixeira. Conforme se pode verificar aqui, há três meses cantei essa bola e, recentemente, reiterei essa advertência. Essa candidatura nunca foi para valer!

Agora temos um novo imbroglio com a articulação no PSB para apoiar a candidatura a governador de Lindbergh pelo PT. É o bizarro dois! Sei que isso facilitaria a eleição de deputados, inclusive a minha, se de fato o PT está oferecendo coligação para deputado federal. Em 2010, tive mais voto que três dos cinco eleitos pelo PT. Deveria respirar aliviado com essa facilidade aritmética.

No entanto, sou totalmente contrário a essa coligação. Nada contra o senador, pessoalmente. Mas perdoem-me o recurso ao chulo: isso não seria uma coligação mas uma suruba! Não tenho condições de apoiá-la por uma razão muito simples e cristalina: sou crítico ao governo do PT. Passei os quatro anos de mandato criticando o governo Dilma, de forma respeitosa porém firme, e venho propugnando uma alternância nessas eleições. Não posso agora aparecer coligado ao PT utilizando do seu cociente eleitoral para me reeleger!

Não preciso fazer grandes consultas para saber que muitos dentre meus eleitores não concordariam com esse tipo de comportamento político. Não sou avesso a uma certa dose de pragmatismo mas aí já é demais: é uma dose cavalar.

Penso que o PSB deva lançar candidato ao governo do Rio de Janeiro e dar a Eduardo-Marina um palanque nítido, inequívoco. O nome, nessas alturas do campeonato, depois de três preciosos meses perdidos, é secundário. Importante é a nitidez do palanque.

Uma proposta de coligação “orgiástica” dessas espalha confusão e suspeita. Por que haveria o PT de aceitar esse estranho “palanque duplo” entre situação a oposição? Uma coisa seria um palanque duplo, oposicionista, como, em 2010, o de Gabeira com Marina e Serra. Mas um palanque duplo de situação com oposição? Quais os acordos por trás disso? Por que razão o PT consentiria? Existirá, por acaso, algo envolvendo segundo turno???

Embora tenha bons amigos no PT e reconheça realizações positivas nos anos Lula, penso que o Brasil precisa muito de uma alternância democrática, em 2014. Essa experiência PT-grotões chegou ao seu limite e um novo governo Dilma seria muito ruim para o país.

Não participo desses frissons de ódio contra eles --nem o deles contra quem não concorda com eles-- muito em voga nas redes sociais, mas chegou a hora de apontar ao grupo do Planalto a porta da rua, serventia da casa. No futuro, no bojo de uma autocrítica e uma faxina interna, penso que poderão voltar a exercer um papel positivo dentro de um realinhamento histórico do quadro político brasileiro. É uma tese que defendo desde 2010. Nesse momento, porém, precisam ser derrotados --inclusive o Lula-- até para que, no futuro, o PT possa ser salvo dele próprio.

Porque acredito na nitidez em política e na alternância democrática não concordo com essa bizarrice que estimularia mais ainda a não participação, como já estamos vendo com a galera dos 16 aos 18 anos, sem interesse em participar das eleições. Vai ter voto nulo e branco adoidado se nos dobrarmos ao oportunismo, ao pântano político. Prefiro correr o risco de um cociente eleitoral muito difícil de alcançar ou, simplesmente, não participar desse processo, pois, conveniamos, há vida inteligente fora da política eleitoral/parlamentar. A pergunta é se dentro ela continuará existindo”.

PSDB do Rio fará convenção sem definir quem vai apoiar para o governo fluminense

• Tucanos não anunciarão apoio nem a Cesar Maia, nem a Pezão, a pedido do próprio Aécio

Juliana Castro – O Globo

RIO — O PSDB do Rio fará a convenção neste fim de semana, mas ainda sem definir se vai apoiar o vereador Cesar Maia (DEM) ou o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) na disputa pelo governo do estado. O pedido para que os tucanos fluminenses não fechassem nada no evento partiu do presidenciável Aécio Neves (PSDB).

Aécio ainda tenta demover Cesar Maia da ideia de ser candidato e, assim apoiar Pezão sem problemas. Mas a cúpula do DEM interferiu e disse ao tucano que o vereador vai disputar o governo. Aécio tenta uma solução. Os peemedebistas do Rio criaram a chapa “Aezão”, para pedir votos para Aécio e Pezão. A partir de então, passaram a pedir que os tucanos entrem formalmente na coligação.

— A convenção (no Rio) apenas vai homologar a coligação proporcional com o PPS e eu próprio solicitei que houvesse uma delegação a executiva para que possamos até domingo que vem tomar a decisão (de quem apoiar no Rio) — disse Aécio.

Nos bastidores, se sabe que o único impedimento para que o presidenciável tucano feche a aliança com o PMDB é o pedido da cúpula do DEM para que o apoio do PSDB seja para Cesar Maia. Um sinal de que os tucanos deixariam Cesar Maia sozinho é que o dia da convenção do DEM é 25, enquanto PSDB e PPS fecham a coligação proporcional no dia 22.

‘Vejo como algo absolutamente natural’, diz Aécio sobre aliança entre PSDB e PSB de Campos em SP

• Presidenciável tucano anuncia que governador do Piauí, que é do PMDB e tenta a reeleição, vai apoiá-lo

Juliana Castro – O Globo

RIO — O presidenciável Aécio Neves (PSDB) afirmou que vê como “absolutamente natural” uma aliança entre seu partido e o PSB do também pré-candidato à Presidência Eduardo Campos. O PSB deve indicar o vice na chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tentará a reeleição. Aécio afirmou que até estimulou que a coligação fosse feita.

— É natural que aqueles que, no plano nacional participem de outra aliança, peçam votos para o seu candidato. Vejo como algo absolutamente natural e que não altera em nada as perspectivas que temos da eleição no Brasil — afirmou o tucano no Rio, onde apresentou parte da equipe que vai estruturar seu programa de governo.

Aécio afirmou que não há pré-candidato em situação mais privilegiada que ele em São Paulo:

— Temos o governador de São Paulo altamente avaliado, como é nosso companheiro que estará ao nosso lado na campanha. É um partido estruturado em todo o estado, com lideranças como Fernando Henrique, José Serra, o senador Aloysio Nunes, só para citar alguns na condução da nossa campanha.

O presidenciável tucano afirmou que tem conversado com o governador Geraldo Alckmin sobre a situação em São Paulo:

— Gostaria de ter em todos os estados o conforto e a força que temos em São Paulo. Eu tenho conversado com o Geraldo permanentemente e sempre disse que, de minha parte, ia haver total compreensão e até estímulo para que o PSB participasse de sua eleição, por uma razão lógica: o governador Geraldo Alckmin fortalecido, significa que a candidatura do PSDB estará fortalecida também em São Paulo.

Após o encontro com seus coordenadores de programa de governo, Aécio se reuniu com o governador do Piauí, Antônio Filho (PMDB), que tentará a reeleição. O governador vai apoiar Aécio. O vice na chapa será Silvio Mendes do PSDB. O candidato ao Senado será Wilson Martins (PSB), que deixou o governo em abril.

— É mais uma aliança que estamos selando com o PMDB. Estarei lá na convenção da próxima sexta-feira — afirmou Aécio.

— Quero falar da nossa felicidade em acreditar nesse projeto de mudança do país e da maneira de se fazer política no país. Não aceitamos mais a maneira como o governo federal vem tratando no nosso estado — afirmou o governador Antônio Filho.

Sem Marina, Campos defende unidade do PSB em São Paulo

• Pré-candidato ao Planalto não fez referência direta ao governador tucano, mas disse que legenda está unida para vencer as eleições no Estado e no Brasil

José Maria Tomazela e Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Numa passagem relâmpago pela convenção estadual do PSB - que confirmou o apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin e garantiu a vaga da vice na chapa tucana - o pré-candidato ao Planalto, Eduardo Campos, disse nesta sexta-feira, (20), que partido está unido para oferecer ao Brasil uma alternativa de mudança. No discurso de nove minutos no evento, na Assembleia Legislativa de São Paulo, ele não citou o nome de Alckmin.

A pré-candidata a vice-presidente na chapa, a ex-ministra Marina Silva, não esteve no encontro, no qual Campos fez apenas referências indiretas ao palanque duplo com o PSDB. Ele disse que é hora de deixar diferenças de lado. "Se tivemos opções que não eram as mesmas, saímos desse congresso unidos para vencer as eleições em São Paulo e no Brasil", afirmou.

Lembrando que enfrentou lutas "duras como essa", quando governador de Pernambuco - na época era aliado do PT da presidente Dilma Rousseff -, Campos disse que está no caminho certo para oferecer "uma alternativa para o Brasil mudar, não para o passado, mas para o futuro." O pré-candidato voltou a criticar o governo federal que "não faz as escolhas que o povo precisa" e a falta de investimentos em segurança pública e educação para acabar diferença entre escola de pobre e de rico.

"O governo coloca na educação metade do dinheiro que as empresas de energia ganharam. Metade dos jovens brasileiros não está nem na escola, nem no trabalho, é a geração nem-nem."

Campos disse que é preciso mostrar ao povo que o jeito de que o Brasil precisa é "mudar a velha política e tirar de Brasília aquelas raposas que já tomaram do Brasil o que podiam tomar." "O povo já tomou uma decisão que é tirar o governo que aí está. Para fazer a mudança há um caminho novo, que pode unir o Brasil."

O governador Geraldo Alckmin não compareceu à convenção do PSB por estar em horário de expediente e ter viajado para o interior parar cumprir agenda de governo. Para representá-lo, Alckmin enviou ao evento o chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, os deputados Duarte Nogueira e Silvio Torres, e também o assessor especial João Carlos Meirelles.

Edson Aparecido leu uma carta escrita pelo governador na qual Alckmin disse que o melhor caminho seria que o PSB indicasse a vice para a chapa tucana. Ainda segundo a carta de Alckmin, a aliança com o PSB era um antigo sonho do ex-governador Mário Covas.

No documento escrito pelo governador, ele saudou Marina e a prefeita Luiza Erundina (PSB) e também elogiou a parceria que manteve com Eduardo Campos quando ele foi governador de Pernambuco.

O presidente estadual do PSB em São Paulo, deputado Márcio França, afirmou que Campos e Alckmin farão campanhas lado a lado em São Paulo.

Questionado sobre o palanque duplo que passou a existir no Estado, Edson Aparecido afirmou que o PSDB tem o seu candidato: o senador Aécio Neves.

Aécio diz que tem 'situação privilegiada' em SP

• Aliança entre PSDB e PSB no Estado fará com que o senador tucano divida palanque com Eduardo Campos

Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo

RIO - O candidato do PSDB á Presidência da República, Aécio Neves, disse nesta sexta-feira, 20, que a aliança do PSB com o PSDB em São Paulo e a prerrogativa de o partido indicar a vice na chapa do governador Geraldo Alckmin é "natural" e não provocará prejuízo na campanha presidencial tucana, porque cada partido pedirá votos para seu candidato.

O tucano disse que gostaria de ter em todos os Estados a situação "privilegiada" que tem em São Paulo. "O natural é que forças políticas que vêm caminhando juntas não deixem de caminhar juntas em razão exclusivamente do processo eleitoral. Isso serve não apenas para São Paulo, mas para qualquer parte do Brasil. É natural que aqueles que de alguma forma veem identidade no processo de que estão participando continuem nele", disse o tucano, depois de uma reunião com coordenadores do programa de governo.

"Vocês se lembrarão que eu há muitos meses atrás defendia a participação do PSB na aliança do governador Alckmin, porque eles já participam do governo. Como defendi no Paraná, como acho natural que estejamos em Pernambuco ao lado candidatura do PSB até porque participamos lá do governo. Como sempre achei que era natural em Minas Gerais, para mim não há nenhum problema nisso. As lideranças de cada partido atuarão em defesa de seus candidatos", insistiu Aécio.

Em Minas, no entanto, o PSB rompeu aliança com os tucanos e optou por candidatura própria ao governo. Sobre a composição em São Paulo, Aécio concluiu: "Não altera em nada as perspectivas que temos para a eleição no Brasil. Ninguém tem situação mais privilegiada do que nós em São Paulo, temos o governador, altamente avaliado, o partido estruturado em todo o Estado, lideranças como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, o senador Aloysio Nunes Ferreira. Diria que gostaria de ter em todos os Estados brasileiros o conforto e a força que temos em São Paulo".

O tucano disse que tem conversado "quase diariamente" com Alckmin. "Sempre disse a ele, que, de minha parte, haveria total compreensão e até estímulo para que o PSB participasse de sua eleição. por uma razão lógica: o governador Alckmin fortalecido significa que a candidatura do PSDB à Presidência da República estará fortalecida também em São Paulo.

Aécio anuncia seis coordenadores do programa de governo

• Para cumprir a lei eleitoral, tucano só vai apresentar as principais diretrizes do programa no início de julho

Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo

RIO - Ao anunciar os nomes de seis coordenadores do programa de governo, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, procurou rebater as especulações sobre possíveis retrocessos na área social e prometeu "a mudança corajosa e segura que o Brasil espera". Aécio citou seis pilares do programa: descentralização, eficiência, simplicidade, confiança, transparência e inovação. "É tudo que está faltando ao Brasil hoje", disse o tucano depois de se reunir com a equipe.

O poeta e ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional Affonso Romano de Sant'Anna vai coordenar área de cultura. A assistente social Maria do Carmo Brant de Carvalho, da PUC-SP, se ocupará das políticas sociais. O sociólogo Claudio Beato, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cuidará das propostas para segurança pública.

À frente do capítulo juventude estará o fundador e coordenador do grupo AfroReggae, José Junior. A ex-secretária do Estado de São Paulo (gestão de José Serra) Maria Helena Guimarães de Castro reunirá as propostas para educação. O ex-deputado e ex-secretário de Meio Ambiente (gestão Mário Covas) Fábio Feldmann foi confirmado coordenador de meio ambiente e sustentabilidade.

A reunião teve a participação do responsável pelas propostas da área econômica, ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que evitou responder a perguntas específicas, para evitar "interpretação meio pobre" por parte dos adversários. "É cedo para centrar nesse nível de detalhe, ainda mais nesse ambiente altamente populista em que qualquer coisa que se fale sai do contexto", disse Armínio ao ser questionado sobre reajuste da gasolina. "Precisamos rearrumar, reposicionar a economia para ela crescer. Vamos procurar diminuir as incertezas para criar as condições para investir nas pessoas e crescer".

O coordenador-geral do programa de governo, ex-governador mineiro Antonio Anastasia, e a ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Empresa Olímpica Municipal ,Maria Silvia Bastos Marques, também estavam na reunião. Maia Silva ainda não sabe a tarefa que terá na equipe de Aécio.

Para cumprir a legislação eleitoral, Aécio apresentará a principais diretrizes do programa no início de julho. O tucano informou que abrirá o portal do PSDB para receber propostas da sociedade. E evitou especulações sobre nomes de integrantes de um possível governo tucano.

"Não são ministros. São pessoas que vão ouvir os setores onde atuaram e compilar as propostas. Não farão contribuições individuais", disse Aécio sobre os coordenadores.

A coordenadora de políticas sociais disse que o fim da pobreza é a meta a ser perseguida e prometeu continuidade e aprimoramento do Bolsa Família. "É um programa exitoso, na gestão Lula e Dilma foi aperfeiçoado e não vamos jogar isso no lixo em hipótese alguma", afirmou Maria do Carmo, ex- superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

"Vamos buscar outros ingredientes para reduzir a pobreza a zero. Nosso país não tem pobreza faminta, é uma pobreza que a gente pode equacionar, por isso nossa proposta lá longe será de nenhum pobre mais", afirmou.

PTB sinaliza que deixará a aliança com o PT

Vera Rosa e Ricardo Galhardo - Agência Estado

No dia da convenção que oficializará a candidatura da presidente Dilma Rousseff ao segundo mandato, o PT vai perder um aliado importante. O presidente do PTB, Benito Gama, disse nesta sexta-feira, 20 que "ficou muito difícil" apoiar o PT, como anunciara no mês passado, e deu como praticamente fechada a parceria com o senador Aécio Neves, candidato do PSDB.

"Fizemos tudo para caminhar juntos, mas a situação chegou no meu limite", afirmou Gama. "Não posso ficar contra os senadores e deputados do meu partido". O PTB daria a Dilma cerca de 1 minuto e 15 segundos a mais, por bloco, na propaganda eleitoral de TV, a partir de 19 de agosto. Gama disse que os problemas regionais emperraram a parceria com Dilma. "O senador Gim Argello (PTB-DF) seria indicado para o TCU (Tribunal de Contas da União) e foi entregue às feras. Além disso, há muitas dificuldades para a formação dos palanques em Roraima, no Acre, no Piauí e na Bahia", comentou o presidente do PTB.

Partido de Roberto Jefferson, delator do mensalão, o PTB estava isolado na aliança governista desde que estourou o escândalo, em 2005, no governo Lula. Dilma, porém, decidiu distribuir cargos à legenda em troca de apoio para a sua reeleição. Gama chegou a ocupar uma vice-presidência do Banco do Brasil, mas deixou o posto recentemente para se candidatar a deputado federal.

O PTB, hoje, tem uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal. "Mas nós vamos entregar esse cargo também", garantiu Gama. Até agora, o único parlamentar do partido contrário ao rompimento com o PT é o senador Armando Monteiro (PE), que será candidato ao governo de Pernambuco com apoio dos petistas. O deputado João Paulo Lima e Silva (PT-PE) concorrerá ao Senado na chapa liderada por Monteiro.

"Nós vamos liberar o Armando Monteiro, em Pernambuco. A presidente Dilma tem sido muito correta com a gente e eu não quero cometer nenhuma deselegância com ela", insistiu Gama.

A coordenação da campanha de Dilma avalia o recuo do PTB como uma "traição". Dirigentes do PT foram pegos de surpresa com a decisão e disseram que o problema nos Estados descrito pelo presidente do PTB foi apenas "um pretexto" para o divórcio. A situação foi comparada a um "ataque especulativo" ao PT, na véspera da convenção que sacramentará a candidatura de Dilma. O anúncio da saída do PTB da aliança governista deverá ser feito hoje, após reunião de dirigentes do partido em Salvador.

PR tende a adiar decisão sobre aliança presidencial

Erich Decat - Agência Estado

Prevista para ocorrer neste sábado, dia 21, em Brasília, a convenção nacional do Partido da República (PR) será marcada por um racha interno que deverá levar ao adiamento da decisão sobre quem o partido irá apoiar na próxima eleição presidencial. Atualmente, o partido faz parte da base aliada do governo e ocupa o Ministério dos Transportes. Segundo o secretário-geral do PR, senador Antônio Carlos Rodrigues (SP), a maioria dos delegados da legenda sinalizou que apoia adiar a decisão e delegá-la à Executiva Nacional.

"A votação é secreta, mas acredito que 90% da legenda deve encaminhar para a Executiva. Não tem consenso sobre quem apoiar, para que encrencar?", afirmou o senador. Caso seja aprovada a postergação da discussão, o encontro da Executiva ocorreria no próximo dia 30, prazo final para a definição das alianças.

Dentro do partido há setores que apoiam o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, os que defendem a candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB) e ainda os que querem se unir à campanha de Eduardo Campos (PSB). "Não tem consenso. Está bem dividido", ressaltou Antônio Carlos Rodrigues.

PT define candidatura na eleição mais difícil

• O partido oficializa hoje Dilma Rousseff para a corrida presidencial. A missão: enfrentar os conflitos estaduais e tentar recuperar os índices de popularidade da petista

- Correio Braziliense

O PT oficializa hoje, em Brasília, a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, mas precisará resolver uma lista de problemas ao longo da campanha, que começa formalmente no início de julho. Líder nas pesquisas, a presidente da República conseguiu estancar a queda e estabilizar-se nos 40%, mas enfrenta uma alta rejeição alta, o que pode dificultar a disputa em segundo turno. A economia não é tão pujante como era em 2010, quando Dilma elegeu-se pela primeira vez. E os aliados, sobretudo nos estados, dão sinais de possíveis baixas — o próprio PMDB aprovou a indicação de Michel Temer como vice com um percentual de 59% dos convencionais.

Some-se a isso o fato de o PT estar há 12 anos no poder, o que acarreta uma inevitável fadiga de material. "Mesmo nos estados, são poucos os casos em que um partido manteve o poder por mais de três mandatos. Será, sem dúvida, a nossa eleição mais difícil", resumiu o vice-presidente do PT, deputado José Guimarães (CE). Os petistas também precisam remodelar o discurso, pois todas as recentes pesquisas de opinião mostram que mais de 70% dos brasileiros querem mudanças a partir de 2015. "É um desafio para nós, precisamos reciclar nossa plataforma", completou.

Na convenção de hoje, caberá ao presidente nacional do partido, Rui Falcão, a missão de fazer um desagravo público a Dilma em relação às vaias direcionadas a ela durante o jogo Brasil e Croácia, na abertura da Copa do Mundo. "Os xingamentos diante de chefes de Estado, de crianças e famílias, deveriam envergonhar quem os proferiu. Infelizmente, tiveram guarida entre adversários que sonharam em tirar proveito eleitoral da falta de educação de uma certa elite. O tiro saiu pela culatra. A presidente vai, sim, colher nas urnas de outubro a apoio popular para um novo mandato."

Dilma fica dividida entre o que ela quer e o que o PT deseja — existe um impasse sobre o momento em que ela deve recrudescer ainda mais os ataques à oposição. A presidente já fez a inflexão em direção ao "arrocho salarial e o desemprego provocado pelos governos tucanos", mas há quem defenda — leia-se o ex-ministro Franklin Martins — que os ataques sejam cada vez mais incisivos. O marqueteiro João Santana defende que esse acirramento se dê apenas durante a campanha propriamente dita. "Ela tinha adotado uma agenda de "faxineira e gestora" quando a agenda é de desenvolvimento econômico e social. Ficou refém disso e depois teve que se abraçar com os mesmos políticos que tinha execrado. Claro que repercute mal na opinião pública", disse um dos integrantes da cúpula da campanha petista, explicando a queda na avaliação pessoal da presidente.

Um outro fantasma que assombrava a presidente e, ao que tudo indica, ela conseguiu exorcizar, foi o "Volta, Lula". Enquanto ela caía nas avaliações positivas, as "viúvas" do ex-presidente torciam para ele entrar em campo. Pessoas próximas a Dilma disseram, então, que ela deu duas tacadas para estancar o movimento: deixou vazar um convite para que Lula integrasse formalmente o comando da campanha e negociou levar ao ar a propaganda do medo, tão criticada pela oposição. "Ela amarrou o Lula na campanha e gastou uma bala de prata (na linguagem popular, a bala especial guardada para matar lobisomens) para evitar a queda nas pesquisas. Arriscou e se deu bem. Resta saber o que usará de munição na campanha", questionou um integrante de partido aliado.

Vermelho
Outra fissura interna está relacionada à programação visual da campanha. João Santana tem irritado alguns petistas ao privilegiar o verde e amarelo nos eventos. "Não se espantem se isso aumentar. O vermelho causa rejeição. Essa campanha, sobretudo no segundo turno, será um plebiscito anti-petista", destacou um cacique peemedebista. "Na minha terra, uso o vermelho e ganho voto. Essa campanha será do vermelho contra o azul (cor do PSDB). Como sempre foi", criticou Guimarães.

Existe um consenso interno de que o adversário da presidente em outubro será o tucano Aécio Neves e não, o socialista Eduardo Campos. Por várias razões. Aécio teria, na opinião dos petistas, uma estrutura partidária mais consolidada e condições de polarizar melhor o debate. Por isso, o plano é intensificar os debates de legado entre PT e PSDB. "Temos de mostrar que a vida dos brasileiros hoje está melhor do que estava há quatro anos. Por que eles votariam em um partido que deixou a vida deles pior lá atrás?", questionou um estrategista político da campanha.

70% - Índice de brasileiros que querem mudanças a partir de 2015, de acordo com levantamentos

Estados indefinidos
Embora comemore o fato de ter candidatos próprios em 17 das 27 unidades da Federação, o PT sabe que não terá vida fácil nas eleições para governador neste ano. A começar por São Paulo, onde Alexandre Padilha, patina nos 3%, bem atrás do peemedebista Paulo Skaff e do tucano Geraldo Alckmin. "Eu sou a zebra dessa eleição, não é o que vocês dizem?", brincou ontem Padilha, ao chegar à sede do PT nacional.

O ex-ministro da Saúde espera resolver ainda esta semana a questão do vice, algo que está emperrado. O plano inicial era reservar a vaga para Maurílio Biaggi Filho, ruralista, filiado ao PR. Mas por uma questão de saúde e pressão familiar, Biaggi abdicou da indicação. O PT, contudo, segue conversando com o PR. "Temos ainda como opções o PSD e o PTB, legendas que não se definiram", admitiu Padilha ao Correio.

Durante reunião do Diretório Nacional da sigla, realizada ontem em Brasília, ficou decidido que as questões pendentes sobre alianças estaduais serão decididas na reunião da Executiva Nacional, que acontecerá na semana que vem, também em Brasília. "Essas alianças terão, como linhas principais, não fechar coligações com PSDB, DEM e PPS e privilegiar a reeleição da presidente Dilma", afirmou o secretário-geral do PT, deputado Geraldo Magela (DF).

Palanques
Uma das questões que será debatida na Executiva é a situação do Amapá, onde os petistas querem apoiar a candidatura do atual governador, Camilo Capiberibe (PSB). "Não existem restrições às alianças com o PSB. O problema é que, da forma como as coisas estão, Dilma ficará sem palanque próprio no Amapá", explicou Magela.

A executiva também analisará o que fazer no Espírito Santo, onde o peemedebista Paulo Hartung desistiu de concorrer ao governo local, e em Alagoas e no Tocantins onde o PT tem dificuldades em lançar candidatos a deputado federal. No Ceará, a decisão é que a legenda apoiará qualquer candidato que será lançado pelo governador Cid Gomes (Pros). (PTL)

Merval Pereira: Orgia partidária

- O Globo

Os últimos dias para a definição das coligações partidárias estão produzindo um quadro esquizofrênico de alianças que tem na união do PSB com o PT no Rio de Janeiro seu melhor exemplo. Um candidato petista regional tendo o apoio de um candidato de oposição a nível nacional é uma mistura explosiva. Houve até quem pensasse num primeiro momento que a coligação seria um sinal de que há nos bastidores uma reaproximação entre Eduardo Campos e o PT, já que Lula, e não Dilma, é o fiador da candidatura de Lindbergh ao governo do Rio.

Mas essa teoria da conspiração esbarra no acordo feito pelo mesmo Eduardo Campos em São Paulo, apoiando Geraldo Alckmin do PSDB. Não é à toa que o Rio de Janeiro é o palco de alianças heterodoxas, como a que já existe na informalidade entre o PMDB e o PSDB.

Essa união, aliás, só não se oficializa por que o DEM insiste na candidatura de Cesar Maia, mais por respeito à história do ex-prefeito do que por uma estratégia eleitoral. A união com o PT do Rio terá pouca importância para o PSB, ao contrário da coligação armada em São Paulo, que dará o lugar de vice do governador Geraldo Alckmin ao partido, com o potencial de vir a governar o estado caso Alckmin se reeleja e ao final do mandato se desincompatibilize para disputar outro cargo.

No Rio, o candidato ao Senado será o deputado federal Romário, que com a desistência de Jandira Feghali passa a ser o favorito para a vaga, numa disputa acirrada com o ex-governador Sérgio Cabral, que pode até mesmo desistir da candidatura devido a esse quadro novo que se desenha.

Em nenhum dos dois casos, no entanto, o número 40 do partido poderá aparecer na propaganda de rádio e televisão, o que garante a primazia para a presidente Dilma no Rio e para Aécio Neves em São Paulo.

Como ninguém que está nesse jogo é ingênuo é possível que exista um movimento do PSB para interpretar a legislação eleitoral de maneira mais flexível, permitindo que a coligação estadual apoie outro candidato a presidente que não o oficial.

Mesmo que isso não ocorra formalmente, veremos uma série de combinações paralelas juntando o candidato do PSB Eduardo Campos ao governador Geraldo Alckmin do PSDB e ao candidato do PT Lindbergh Farias.

Assim como no Rio a chapa apelidada de Aezão (Aécio Neves e Pezão) já é uma realidade local.

Mesmo que seja verdade que Aécio Neves apoia desde o primeiro momento a adesão
do PSB à coligação do PSDB em São Paulo, não há dúvida de que essa adesão é uma questão delicada na geopolítica paulista, fundamental para todos os candidatos.

Esse movimento deve fortalecer, por exemplo, a candidatura a vice de um representante paulista do PSDB para ser o coordenador da campanha nacional junto à campanha estadual.

O senador Aloysio Nunes Ferreira seria o nome mais indicado, por ser do grupo de José Serra e ligado ao governador Alckmin.

A situação era melhor para o candidato tucano quando havia um entendimento melhor entre ele e o candidato do PSB, um acordo tácito de apoio mútuo. Existe a possibilidade, porém, de que esse relacionamento mais próximo volte a interessar a Eduardo Campos, e há informações de que ele estaria propondo novamente acordos regionais mais amplos, apoiando o candidato tucano em Minas em troca de um acordo no Espírito Santo, onde o governador do PSB Renato Casagrande tenta a reeleição.

Se Campos realmente estiver disposto a refazer as pontes em direção ao PSDB, estará se distanciando de sua vice Marina Silva, que perdeu a disputa em São Paulo e também no Rio, pois defendia a candidatura própria nos três principais colégios eleitorais do país, inclusive em Minas, onde a tese ainda prevalece.

A verdade é que esses acordos firmados à última hora refletem a política nossa de todos os dias, onde o programático cede lugar ao pragmático. Às vezes com certos exageros, como frisou o deputado Alfredo Sirkis do PSB ao anunciar que abre mão de se candidatar nas próximas eleições para não participar do que chamou de uma “suruba” partidária.

Fernando Rodrigues: Desalento na política

- Folha de S. Paulo

Dois dados nesta semana registram o desalento dos brasileiros com a política. De acordo com o Ibope, 26% dos eleitores não têm interesse na eleição de outubro. Outros 29% têm pouco interesse. Ou seja, mais da metade dos cidadãos vive em quase alienação completa a respeito do processo eleitoral.

A outra informação é das repórteres Paula Ferreira e Thalita Pessoa: só 25% da população jovem de 16 a 17 anos têm hoje o título de eleitor para votar. Em 2010, o percentual era de 32%. Em 2006, de 39%.

A explicação mais recorrente para tal desinteresse é a falência do sistema partidário, a corrupção endêmica na política e a desconexão dos governos da sociedade. Como se dizia muito nas jornadas de junho de 2013: "Vocês não me representam".

Há, entretanto, um aspecto quase sempre esquecido. A Lei Eleitoral no Brasil é um entulho da ditadura. Fixa prazos rígidos para todas as atividades. O Brasil deve ser um dos únicos países do mundo no qual é proibido fazer um comício a qualquer tempo e época pedindo votos ou discutindo propostas. Seria crime eleitoral, mesmo que os envolvidos fossem de oposição e não tivessem cargos públicos.

Já no atual período de democracia, o Congresso tornou o processo ainda mais opaco. Um brasileiro está proibido de fazer bonés ou camisetas com o nome de algum possível candidato. É crime. Como então participar da política? Só com hora marcada e de maneira muito engessada, quase às vésperas da eleição.

Com tanta proibição, muitos desistem da política tradicional. É mais fácil virar "black bloc". Passou da hora de alguma entidade com poder para tal ir ao Supremo Tribunal Federal e arguir a inconstitucionalidade dessas regras cerceadoras da liberdade de expressão. Seria um teste para o STF e para a democracia.

*
Nos anos 80, tudo era culpa do FMI. Hoje, a culpa é da Fifa. O Brasil, é claro, está sempre certo (sic).

Rolf Kuntz: Um mexidão econômico pouco nutritivo

- O Estado de S. Paulo

O novo pacote eleitoral da presidente Dilma Rousseff, um mexidão de velhas e fracassadas medidas econômicas, coincidiu com o anúncio de uma nova redução do emprego na indústria paulista. Foram fechados em maio 12.500 postos de trabalho, saldo final das demissões e contratações, segundo informou na quarta-feira a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Foi a maior queda nesse mês em oito anos. O quadro piorou mais sensivelmente nos últimos cinco. A partir de 2009 foram eliminados 130 mil empregos industriais no Estado, conforme estimativa da federação.

Enquanto a informação era divulgada em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff e o ministro Guido Mantega, da Fazenda, apresentavam a 34 líderes empresariais, em Brasília, um cardápio de medidas conhecidas, requentadas e parcialmente recicladas. Os industriais saíram aparentemente satisfeitos.

Teriam rebaixado suas ambições ou suas expectativas, a ponto de se contentar com um pouco mais de protecionismo e de remendos tributários?

Em 2008, no começo da crise, a produção geral da indústria cresceu 3,1%, porque a turbulência internacional só atingiu o Brasil no fim do ano. O efeito apareceu em 2009, com uma contração de 7,1%. 

No ano seguinte a expansão chegou a 10,2%, mas a maior parte dessa reação apenas compensou o desastre dos 12 meses anteriores. Nos três anos seguintes, já no mandato a presidente Dilma Rousseff, o cenário foi de estagnação. Em 2011 a indústria produziu apenas 0,4% mais que no ano anterior. Em 2012 o resultado encolheu 2,3%. Esse desastre nem sequer foi compensado pelo avanço de apenas 2,2% em 2013. Nos 12 meses terminados em abril de 2014 a produção foi 1,2% menor que no período imediatamente anterior.

Uma das medidas agora recicladas, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), foi lançada em 2009. Com dinheiro do Tesouro, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deveria ter estimulado a compra de máquinas e equipamentos e a construção de instalações. Seria uma forma de combater a recessão e restabelecer o crescimento da economia.

O efeito foi muito limitado, esgotou-se em pouco tempo, e o programa, embora concebido como política de curto prazo, foi prorrogado várias vezes. A evolução da indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos) também mostra a baixa eficácia do PSI e de outros estímulos.

A fabricação de bens de capital encolheu 16,5% em 2009 e aumentou 21,3% em 2010, acompanhando a reação geral da indústria. Ainda se expandiu 5% em 2011 e diminuiu 11,2% no segundo ano do atual governo. O crescimento de 11,3% em 2013 apenas compensou aquela retração. Além disso, o investimento nesse período foi muito concentrado em caminhões e máquinas agrícolas, consequência evidente da boa safra. Sem a eficiência do agronegócio o cenário econômico teria sido muito pior. Finalmente, nos 12 meses até abril deste ano, novo recuo da produção de bens de capital, desta vez de 4,8%.

Como o governo também tem investido pouco e negociado muito lentamente as concessões na área de infraestrutura, a formação bruta de capital fixo - máquinas, equipamentos, construções particulares e infraestrutura - pouco avançou nos últimos anos.

No primeiro trimestre deste ano, essa formação de capital correspondeu a 17,7% do produto interno bruto (PIB). Um ano antes estava em 18,2%. Nos primeiros três meses de 2000 a taxa era 19%. Uma curva com os dados de investimento nos trimestres iniciais dos anos seguintes mostra um recuo até 16,1% em 2004 e 2005 e uma recuperação a partir daí. O pico, 19,5%, foi alcançado em 2011, no começo do atual governo. Desse ponto em diante, houve queda contínua.

Em outras economias latino-americanas a proporção está na faixa de 24% a 30% do PIB. Tem ficado acima disso em alguns países da Ásia e ultrapassado 40% na China. O governo brasileiro vem prometendo, há anos, elevar o investimento até 24% do PIB. O prazo para cumprir a promessa tem-se alongado seguidamente.

A escassez de investimentos públicos e privados, somada a outros fatores de atraso, como os baixos padrões educacionais, a burocracia excessiva, a tributação irracional e os erros da diplomacia econômica, explica o desempenho medíocre do País como exportador de manufaturados. Há cerca de um mês o Brasil apareceu em 54.º lugar, entre 60 países, numa classificação elaborada pelo Centro de Competitividade Mundial do IMD, entidade suíça de pesquisa e ensino.

Alguns analistas e empresários industriais atribuem esse quadro à política de juros altos e ao desajuste cambial. É preciso ser muito ingênuo ou desinformado para aceitar essa explicação. O Banco Central começou a reduzir os juros no fim de agosto de 2011 e só voltou a elevá-los no fim de abril deste ano. A taxa de investimentos caiu nesse período e a balança comercial se deteriorou. Ao mesmo tempo, o dólar oscilou e nem nas fases de câmbio mais favorável aumentou o dinamismo das exportações. Outros fatores são obviamente muito mais importantes para explicar os problemas de competitividade e o padrão de investimentos. Os erros de política, o intervencionismo desastrado e a insegurança dos empresários são respostas muito mais convincentes.

O desajuste das contas públicas e a inflação elevada e resistente são detalhes importantes desse quadro. Mas muito raramente algum empresário reclama da inflação, embora o descompasso entre os preços no Brasil e no exterior torne os produtos nacionais mais caros e alimente o desajuste cambial. Bem mais simples, politicamente, é reclamar dos juros e do câmbio e pedir mais proteção e favores tributários. Dispensado de seguir políticas sérias, o governo agradece.

Rolf Kuntz é jornalista

Almir Pazzianotto Pinto: Greve - direito ou violência?

- O Estado de S. Paulo

"A guerra é um ato de violência que visa a forçar o adversário a se submeter à nossa vontade"
Carl von Clausewitz

Para entender o significado do movimento coletivo denominado greve, devemos encontrar-lhe adequada definição. Parafraseando Clausewitz, vejo a greve como ato de força que visa a obrigar o empregador a se submeter à vontade dos grevistas.

No passado, greve significava trabalhadores desempregados em busca de serviço. Foi no Dicionário da Língua Francesa elaborado em 1877-1878 por Émile Littré que o termo passou a expressar a ideia de "coalizão de trabalhadores que se recusam a trabalhar enquanto não forem aceitas as suas imposições".

A cessação coletiva de trabalho só é consentida em regimes democráticos. Na União Soviética, dizia Lenin, "qualquer indústria mecânica em larga escala exige a total e incondicional unidade da vontade que dirige o trabalho simultâneo de centenas, milhares e dezenas de milhares de pessoas... A submissão incondicional a uma única vontade é absolutamente necessária para o êxito do trabalho organizado na base da indústria mecânica em larga escala". Assim se justificava o princípio do centralismo democrático, eufemismo utilizado para camuflar ditadura sustentada pela força e com o terror.

Inspirado na Carta del Lavoro, de Mussolini, Getúlio Vargas incluiu na Constituição imposta em 1937 a estrutura sindical corporativo-fascista. E, como na Itália, foi criminalizada a greve e entregue à recém-nascida Justiça do Trabalho o ônus de solucionar conflitos coletivos de interesse.

O Código Penal de 1940 tipificou, entre os crimes contra a organização do trabalho, punidos com detenção ou reclusão, a paralisação do trabalho coletivo, seguida de violência ou perturbação da ordem, invasão de estabelecimento industrial, comercial e agrícola, bem como sabotagem (artigos 200/202). A CLT, decretada em 1.º de maio de 1943, adotou semelhante orientação e pôs a greve e o locaute em capítulo alusivo às penalidades. Entre as normas correspondentes à organização sindical, a Consolidação deu ao Ministério do Trabalho competência para intervir em entidade e cassar dirigentes eleitos em caso de dissídio ou circunstância perturbadora do normal funcionamento do sindicato.

A Constituição de 1946 refletiu os anseios de redemocratização e de modernização da legislação trabalhista. Assegurou a livre associação profissional ou sindical e reconheceu o direito de greve, "cujo exercício a lei regulará" (artigos 158/159). Na realidade, todavia, tudo permaneceu como dantes. A CLT não foi atualizada de acordo com a nova ordem constitucional e o Decreto-Lei 9.070, do presidente Dutra, garroteou as atividades sindicais, proibidas de fazer uso de greves para pressionar por melhores salários e garantias não codificadas.

Sob o regime militar (1964-1985) o panorama manteve-se inalterado. A Lei 4.330/64, sancionada pelo presidente Castelo Branco, foi apelidada pelo movimento sindical como inimiga da greve. A Constituição de 1967 admitiu o direito de greve, mas bloqueou paralisações de serviços públicos e atividades essenciais (artigo 162), dispositivo que seria regulamentado, em 1979, por decreto-lei do presidente Geisel.

A Constituição atual legitima o direito à greve no artigo 9.º, entrega aos trabalhadores a prerrogativa de decidir "sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender". No primeiro parágrafo, contudo, diz que "a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade". O segundo, por sua vez, estabelece que "os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei". A lei, no caso, é o citado Código Penal de 1940.

Entre legislação e realidade é comum haver larga distância. No caso das greves, raras são as que se encaixam na estreita moldura legal. O pior sucede em serviços vitais para a sociedade, como se vê nas áreas de saúde, tratamento e abastecimento de água, educação, previdência, justiça, transportes coletivos. Interrupções decretadas à margem da lei causam prejuízos irrecuperáveis à população, apanhada de surpresa e sem saber a quem recorrer para lhe minorar as dificuldades.

Hélène Sinay, citada por Bernardo da Gama Lobo Xavier no livro Direito da Greve, acentuou que "o direito reage ao fenômeno, mas não o domina". Edward Hallet Carr, historiador inglês, escreveu: "A força sempre foi um fator crucial nas relações entre capital e trabalho". Pertence ao mesmo autor a frase: "Quando um litígio é submetido a uma corte, o pressuposto é o de que qualquer diferença de poder entre as partes seja irrelevante. A lei não reconhece outra desigualdade que não a de situações jurídicas. Na política vige o pressuposto contrário. Aqui o poder é fator essencial em qualquer disputa".

Frustrados esforços extrajudiciais e judiciais de acordo, o que fazer se o julgamento, pela ilegalidade, for desprezado pelos grevistas? Convocar a ajuda da polícia? Aplicar multa ao sindicato?
Raros governantes têm disposição para enfrentar situações dessa natureza. Entendem ser melhor tergiversar. Quanto à multa, desconheço caso de haver sido paga. Demissão de quem for surpreendido na prática de violência contra terceiros, danificando ou destruindo instalações públicas ou privadas, é medida prevista, mas pouco utilizada pelo receio de futura sentença reintegradora do faltoso.

A enérgica decisão do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (no caso dos metroviários) surge como raio de luz em céu ameaçador. Cabe-nos defendê-la e prestigiá-la, em nome dos interesses da maioria trabalhadora.

Almir Pazzianotto Pinto, advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do TST

Por um Brasil de todos: O Estado de S. Paulo – Editorial

Campanha eleitoral - e não se trata de outra coisa - é assim mesmo, quando os poderosos de turno resolvem se beneficiar das fragilidades das instituições democráticas: vale o que parece, não o que é; importa a versão, danem-se os fatos. E nessa aventura marota, na qual mergulhou de cabeça para evitar um desastre para o PT em outubro, Luiz Inácio Lula da Silva é insuperável. Por isso, não se pode negar razão ao senador Aécio Neves, agora candidato oficial dos tucanos à Presidência, quando declarou, na segunda-feira à noite em São Paulo: "Não vamos cair nessa armadilha do debate que apequena a política, do nós contra eles, da disputa de classes".

A pregação da luta de classes, mote desde sempre das campanhas eleitorais do PT, desvirtua um dos fundamentos da sociedade democrática, o de que para se conquistar o bem comum é preciso somar e não dividir. Desde suas origens políticas na luta sindical, Lula notabilizou-se por "partir para cima" de seus "inimigos", atacá-los sem trégua, eliminá-los sob qualquer pretexto. Houve apenas uma ocasião em que mudou de tática: por recomendação de seus marqueteiros, para consolidar a tendência de vitória nas eleições de 2002 passou a encenar o "Lulinha paz e amor". Tal como faria pouco depois, ao renegar, na famosa Carta aos Brasileiros, a pregação estatizante com que até então combatia a política econômica do governo FHC, Lula abandonou temporariamente - só temporariamente - sua vocação visceral para "guerra e ódio".

A mesmíssima prática marqueteira de manipular os fatos para impor a versão que mais lhe convém Lula adota agora na tentativa de transformar em limonada o intragável limão da manifestação anti-Dilma ocorrida na Arena Corinthians. Ninguém provido de um mínimo de sensatez, educação e civismo aprova o modo grosseiro, com o uso de expressões chulas, com que a presidente foi ofendida pela multidão.

Feita a ressalva necessária, é preciso também repelir com veemência a canhestra tentativa lulopetista de apresentar o episódio do Itaquerão como prova de que Dilma é "vítima das elites". Absolutamente, não. Registre-se que o ministro Gilberto Carvalho, homem de Lula dentro do Palácio do Planalto, saiu-se na última quarta-feira com a aparentemente surpreendente versão de que o episódio do Itaquerão não deve ser debitado a uma iniciativa da "elite branca" presente no evento, mas é o resultado da "pancadaria diária" de que o governo e o PT são vítimas nos meios de comunicação. Trata-se de uma variante tática do jogo lulopetista, que merece comentário à parte.

O fato é que a contundente manifestação no estádio corintiano foi o resultado do mesmíssimo sentimento de insatisfação difusa que desde junho do ano passado tem levado diariamente às ruas brasileiros que, frustrados por mais de uma década de um ufanismo mirabolante e vazio, começam a se dar conta de que caíram num enorme conto do Lula. E mesmo que se admita, apenas para argumentar, que a manifestação anti-Dilma no Itaquerão tenha sido obra exclusiva da "zelite", esta pode ser condenada por se ter comportado em relação à chefe do governo do PT exatamente da mesma forma como o PT e seu governo se comportam em relação a ela, a "elite"? Colhe-se o que se planta.

De qualquer modo, é profundamente lamentável que, faltando ainda quase quatro meses para o pleito de outubro, a campanha eleitoral esteja enveredando pelo descaminho da retórica belicosa com que Lula e o PT pretendem, em desespero, aprofundar entre os brasileiros a divisão alimentada pelo ódio. E por essa perspectiva desanimadora é também responsável a oposição, que entra no jogo do lulopetismo em vez de se concentrar numa campanha propositiva, que desmistifique, com objetividade e clareza, a empulhação populista de Lula e sua sucessora, aponte caminhos viáveis para garantir as inegáveis conquistas sociais e econômicas dos últimos 20 anos e defina uma rota segura para devolver ao Brasil a certeza de que estará rumando em direção à prosperidade econômica e à justiça social.

É preciso tirar o ódio do caminho e estimular a cidadania, valorizar a unidade na diversidade e lutar, com genuíno espírito democrático, por um Brasil de todos.

Alberto Goldman: Dilma vai a pique

Em uma pesquisa eleitoral feita 4 meses antes do pleito o que é expressivo? Certamente não é a nebulosa intenção de voto nos candidatos. Essa fala mais do passado do que do futuro. No caso atual em nosso país, uma presidente candidata à reeleição, diuturnamente nos meios de comunicação, distribuindo dádivas a torto e à direito, sem se preocupar com o que vai acontecer após as eleições, vai disputar com dois ex governadores, conhecidos apenas em seus Estados, aparece na frente das pesquisas de intenção de volto. O que isso quer dizer? Literalmente, nada! E o que quer dizer a avaliação da detentora do cargo e de seu governo? Tudo!

Para começar, pela primeira vez na série do Ibope, tornou-se majoritário o contingente de pessoas que consideram o governo Dilma ruim ou péssimo. A avaliação negativa da gestão atual é feita por 33% dos entrevistados pelo Ibope, enquanto os que a consideram ótima ou boa somam apenas 31%. Nem no auge dos protestos do ano passado isso chegou a acontecer (na ocasião, houve rigoroso empate em 31%).

Da mesma maneira, são maioria os brasileiros que desaprovam a maneira de a candidata-presidente governar: são 50%, contra 44% que ainda a aprovam. Neste quesito, isso se dá pela segunda vez na atual gestão: em julho do ano passado, Dilma também era mais rejeitada que aprovada (49% a 45%), situação que agora volta a acontecer.

A mesma coisa acontece com o grau de confiança na presidente. Segundo o Ibope, 52% simplesmente não confiam na presidente que os governa, enquanto 41% mantêm a confiança. É a maior marca negativa neste quesito registrada por Dilma – em julho de 2013, a desconfiança também superava a confiança, mas com margem menor (50% a 45%).

As políticas adotadas pela presidente Dilma são majoritariamente desaprovadas pelos brasileiros: educação, saúde, segurança pública, combate à fome e à pobreza, combate ao desemprego, meio ambiente, impostos, combate à inflação e taxa de juros.

Com toda essa desaprovação - governo majoritariamente ruim e péssimo, desconfiança, e maneira de governar negativas - Dilma Rousseff vai a pique. Surpresas e milagres existem mas, em geral, não acontecem nas eleições. E não vai ser a campanha do Lula - "a esperança vencerá o ódio" - que vai pegar, pois durante toda a vida do PT os petistas geraram muito ódio contra seus opositores.

A pesquisa do Ibope foi realizada após a abertura da Copa, sugerindo, quem sabe, que a população em geral não compartilhou o repúdio aos péssimos modos da torcida no Itaquerão, como o PT se encarregou de tentar fazer todos crerem – embora sequer os mais destacados porta-vozes petistas, como Gilberto Carvalho, demonstrem acreditar em suas versões...

O mais certo é que os brasileiros de fato compartilham a avaliação que o secretário-geral da Presidência da Repúblicaexternou entre militantes e ativistas amigos do PT: “(A percepção de que) Inventamos a corrupção, de que nós aparelhamos o Estado brasileiro, de que somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou.” A pesquisa do Ibope mostra que ele está coberto de razão.

Alberto Goldman é vice-presidente nacional do PSDB

Painel - Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Surpresa indesejada
A decisão do PTB de abandonar a coligação de Dilma Rousseff (PT) para apoiar Aécio Neves (PSDB) foi recebida com choque no Planalto. O presidente do partido, Benito Gama, levou a notícia pessoalmente a um atônito Aloizio Mercadante (Casa Civil). O petista pediu tempo, mas a fatura estava liquidada. À noite, ele e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) insistiram por telefone, em vão. Da cadeia, no Rio, o ex-deputado Roberto Jefferson já havia autorizado a guinada.

Em nome do pai A deputada estadual Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Jefferson, manteve o ex-deputado informado durante a semana. Hoje um advogado o visitará para levar as notícias.

Toma que é teu Os petebistas entregarão na segunda-feira a vice-presidência corporativa da Caixa, hoje ocupada por Luiz Rondon.

Nem pedi Integrantes da cúpula do PTB afirmam que o acordo com Aécio não inclui a indicação do candidato a vice na chapa tucana. A vaga continuará à espera do PSD.
Embaixo pode O partido vai manter alianças locais com o PT. Em Pernambuco, os petistas apoiam Armando Monteiro (PTB). No Rio Grande do Sul, os petebistas estão com Tarso Genro (PT).

Muy amigos O senador Gim Argello (PTB-DF), um dos mais animados com a guinada pró-Aécio, costumava se dizer amigo próximo de Dilma. Ainda há dúvidas sobre Fernando Collor (PTB-AL), que esqueceu as brigas com Lula e virou dilmista desde criancinha em 2010.

Indigestão Em maio, ao almoçar na sede do PTB, a presidente exaltou as raízes getulistas do partido e disse que seu apoio era "fundamental".

Queremismo O presidente do PRB, que apoia Dilma, convidou aliados a opinar sobre um retorno de seu antecessor. "Lula sabe que a rejeição ao nome da presidente pode colocar seu projeto em risco", escreveu Marcos Pereira, em uma rede social.

Quem te viu O PT deve contrariar uma regra nacional e liberar aliança com o DEM no Pará. Os dois partidos estarão na chapa de Helder Barbalho (PMDB), filho de Jader e candidato a governador.

Invocado Indicado pela Rede para disputar o governo de Minas, o ambientalista Apolo Heringer diz que faltou empenho de Marina Silva para bancar sua candidatura pelo PSB de Eduardo Campos.

Corpo mole Os palanques próprios defendidos por Marina também ruíram em São Paulo e no Rio. Para Heringer, ela abriu mão de usar seu estoque de votos ao negociar com Campos. "Como você cede esse potencial e não tenta emplacar sua posição?"

Ainda dá Lula ainda tenta convencer Gilberto Kassab (PSD) a apoiar Alexandre Padilha em SP. O ex-prefeito disse a aliados que teve uma "ótima" conversa com o ex-presidente na quinta-feira.

Tête-à-tête Geraldo Alckmin (PSDB) deu pessoalmente a Kassab a notícia de que ele não seria seu vice.

Lata velha Para não ir de veículo oficial à convenção do PSB, secretários de Alckmin apareceram no ato em um carro popular, emprestado por um motorista do Palácio.

Blindagem Ao recusar a ida a debates na internet, Dilma evita embates diretos com Aécio e Campos, seus principais adversários. A lei que obriga as TVs a convidar nanicos não vale para a rede.

Dois pesos Na eleição de 2010, quando precisava se tornar mais conhecida, Dilma aceitou participar de encontro no UOL com José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).

Tiroteio

"Esta é uma situação inédita na política brasileira. Nem esperaram a convenção partidária para manter as aparências."
DO DEPUTADO FEDERAL ALFREDO SIRKIS (PSB-RJ), sobre a adesão de seu partido à candidatura do senador Lindberg Farias (PT) ao governo do Rio.

Contraponto
Bolão socialista

Em uma animada roda na convenção do PSB paulista, dirigentes do partido comentaram os primeiros jogos da Copa do Mundo. Em certo momento, lembraram que as seleções de México e Costa Rica, que estão bem no Mundial, estão hospedadas em Santos, cidade governada pelo tucano Paulo Alexandre Barbosa.

Depois dos fracassos de Portugal, que optou por Campinas, o secretário estadual de Turismo, Cláudio Valverde, provocou o prefeito Jonas Donizette.

--Que pé frio, prefeito! Ficou com Portugal, que tomou de 4 a 0 na primeira rodada e saiu com a cabeça inchada!

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio ( PE)

• Itamaraty ‘pega leve’ com arruaceiros chilenos
O Ministério das Relações Exteriores interveio para retardar a expulsão dos 85 arruaceiros chilenos que invadiram e depredaram o Maracanã, durante o jogo Chile x Espanha, dia 18. Agentes da Polícia Federal estavam prontos para deportar os baderneiros imediatamente, mas foram impedidos pelo Itamaraty, que solicitou o prazo de 72 horas para que eles deixassem o País. A intervenção do Itamaraty causou revolta.

• Perdoa-me por me bateres
Só faltou fazer o Itamaraty fazer Brasil pedir desculpas aos arruaceiros por terem invadido e depredado o Maracanã.

• Tudo premeditado
O grupo ficou à espreita desde as 11h da manhã. Após enganar a segurança, o bando derrubou a grade e invadiu o estádio.

• Lá tem punição
O Chile não será tão condescendente com os seus delinquentes. A federação local de futebol decidiu proibir que eles frequentem estádios.

• Corpo fora
A intervenção em favor dos arruaceiros chilenos foi confirmada por funcionários de alto escalão do governo, mas negada pelo Itamaraty.

• Aliado ignora Dilma: quer só Lula ao seu lado
A campanha do senador Armando Monteiro Neto (PTB) ao governo pernambucano adotou uma estratégia que tem a ver com o momento de desgaste de Dilma: elaborar peças publicitárias privilegiando imagens dele ao lado do Lula, desconsiderando a presidenta. O ex-presidente interveio de novo no PT-PE para obrigar a “cumpanherada” a abrir mão de candidatura própria e apoiar o nome do senador.

• Desgaste
Com as pesquisas indicando crescimento da rejeição a Dilma e a seu governo, os próprios aliados já começam a pular fora do barco.

• Besteirol na TV
O comercial da Friboi na TV revolta os demais produtores. Não por ser abilolado, mas porque a carne nacional é a mesma, Friboi ou não.

• Atira pra todo lado
Como antecipou esta coluna, o PSDB negocia paralelamente eventual aliança com PTB e PR, partidos rachados quanto ao apoio a Dilma.

• Assim fica difícil
Ignorando sua responsabilidade na crise, o Tribunal Constitucional de Portugal invalidou medidas do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, em sentença que peca pela falta de clareza. E de coragem. Isso pode provocar aumento de impostos, penalizando ainda mais os cidadãos.

• Fora daqui!
Funcionários do Senado que tentaram trabalhar nesta sexta (20) foram surpreendidos com o cancelamento do expediente. Foram obrigados a se identificar. Só faltou a bronca: “onde já seu viu querer trabalhar?”

• Aplausos no Equador
A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do STF, fez palestra ontem na Corte Constitucional do Equador. Na presença de doze presidentes de tribunais constitucionais, falou em espanhol e foi muito aplaudida.

• Saindo do atraso
Os ministros Vinicius Nobre Lages (Turismo) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) discutiram ontem como remover obstáculos à oferta do Brasil como destino turístico ambiental. Com o Ibama dificultando e até inviabilizando iniciativas, o Brasil ainda engatinha em ecoturismo.

• Tucanato
FHC e o governador paulista Geraldo Alckmin (SP) confirmaram presença hoje na convenção nacional do Solidariedade, que ratificará apoio à candidatura do presidenciável tucano Aécio Neves (MG).

• O alvo perfeito
É do grupo Caltabiano a concessionária de carros de luxo destruída por black-blocs em SP, quinta (19), num prejuízo de R$3 milhões. O maior acionista do grupo é filho de ex-assessor do ex-presidente Bill Clinton. Dois Caltabianos morreram no acidente da TAM em Congonhas.

• Falta no PR
O ex-governador do DF José Roberto Arruda não vai à convenção nacional do PR neste sábado (21). Diz estar doente. Mas garante que irá à convenção local, dia 29, quando sua candidatura será confirmada.

• Rachado
O PR deverá deixar a decisão sobre apoio nacional aos 45 do segundo tempo. O partido vai dividido hoje (21) para convenção entre grupo que defende aliança com a presidenta Dilma, os que querem ir de Aécio Neves, e os que defendem a candidatura própria de Magno Malta (ES).

• Pensando bem
…surpreende que os baderneiros do black bloc “contra o capitalismo” não tenham roubado os carros de “ricos” depois da depredação.