domingo, 8 de junho de 2014

Opinião do dia: Roberto Freire

Dilma será lembrada pela deterioração da economia e pelos "pibinhos" que acumulou nos quatro anos de mandato. Por mais que a máquina de propaganda do PT tente ludibriar a sociedade e o mercado, inclusive com manipulação de dados e controle artificial de preços, cada vez mais gente se dá conta da peça de ficção encenada com a desfaçatez que caracteriza os atuais ocupantes do poder. Mas eles vão passar. O país já não suporta um desempenho econômico tão medíocre, com o PIB lá embaixo e a inflação no alto. A mudança virá.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS. “Dilma, a presidente do 'pibinho' e da inflação”, Brasil Econômico, 6 de junho de 2014

Decreto que institui conselhos populares abre debate sobre risco de poder paralelo

• Atacada por parlamentares e juristas e questionada pelo vice-presidente da República, a Política Nacional de Participação Social, estabelecida no fim do mês passado por Dilma Rousseff, chega à sua segunda semana de vida ameaçada de não vingar

Gabriel Manzano - O Estado de S. Paulo

Sob ataque das oposições e de juristas, que apontam nova tentativa do governo petista de implantar uma democracia direta no País, mas defendida com vigor pela presidente Dilma Rousseff, a recém-nascida Política Nacional de Participação Social, instituída via decreto 8.243, chega à sua segunda semana de vida ameaçada de não vingar.

O presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), quer que o governo transforme o texto em projeto de lei a ser debatido pelos parlamentares. Um bloco de dez partidos luta para derrubar o decreto no Supremo Tribunal Federal. A Ordem dos Advogados do Brasil também avalia contestá-lo nos tribunais. Aliados do Planalto silenciam e o próprio vice-presidente da República, Michel Temer, lança dúvidas sobre a maneira monocrática como a medida foi instituída.

Divulgado no dia 26 de maio, o decreto se propõe, em seus 22 artigos, a instituir um complexo sistema de consultas no qual a “sociedade civil” tem papel central. São criados conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas de debate e fóruns, além de audiências e consultas públicas. Essas instâncias ajudariam na elaboração de políticas públicas e atuariam como fiscais, sob o argumento de “consolidar a participação social como método de governo”. Por fim, o decreto encarrega a Secretaria-Geral da Presidência de dar “suporte técnico e administrativo” ao sistema.

Não estão definidos ainda os critérios para escolha dos integrantes da sociedade civil que vão participar. Estão aptos “cidadãos”, ou seja, qualquer pessoa, “coletivos”, grupos organizados nos quais se incluem centros de pesquisa, e “movimentos sociais” – os sem-terra, sem teto, pelo passe livre, etc.

Não demorou para que o documento despertasse desconfianças. “É um decreto autoritário. Tem vagas declarações democráticas, mas sujeita ao puro arbítrio da cúpula a participação social em assuntos administrativos”, diz o jurista Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito Administrativo na FGV-SP. O texto, diz ele, “adota o método do sindicalismo da era Vargas, para gerar uma sociedade civil chapa branca, que fale por meio de instâncias sob controle oficial”.

Na linha de frente contra os 22 artigos está também o jurista e ex-ministro Miguel Reale Jr., para quem o decreto “é genérico, nada especifica sobre os movimentos sociais, cria organismos que vão interferir no processo decisório da administração, cria um Estado paralelo. Enfim, exorbita absolutamente do âmbito da lei”. Ao assiná-lo, diz o ex-ministro, Dilma está apenas dizendo às multidões insatisfeitas das ruas: ‘Vejam, eu estou olhando por vocês’”.

A lista de críticos inclui o ministro do STF Gilmar Mendes, que chama o decreto de “autoritário”, e o ex-ministro da Corte Carlos Velloso, que vê na iniciativa “uma coisa bolivariana, com aparência de legalidade”.

Outro ex-ministro, Eros Grau, afirma que o País “tem uma Constituição que permite que o povo se manifeste e esse negócio de conselho popular e consultas talvez seja expediente para legitimar o que não é legítimo”. O ministro do Supremo Marco Aurélio Mello diz não ver “nada em contrário à Constituição”, mas se preocupa com um aspecto: a criação de um fundo destinado a gerir o sistema.

Atacada, a presidente Dilma reagiu rápido. O decreto, diz ela, permite a participação “de todos os segmentos” na estruturação das políticas de governo. “Muitas cabeças pensam mais que só a cabeça do Executivo”, afirmou na semana passada.

Estudioso do assunto há muitos anos, o cientista político Rudá Ricci considera as críticas “má-fé ou ignorância de quem não leu o projeto”. Em seu entender, o texto nada tem de eleitoreiro, não invade competências do Legislativo e o modo como funcionarão os conselhos populares “é apenas uma síntese de práticas já existentes no País”. A estrutura criada, diz ele, “antecipa qualquer confronto de rua, já que se torna uma escuta permanente, institucional”.

Incertezas. Como pano de fundo do debate estão antigas polêmicas sobre democracia direta e os chamados “conselhos populares” – temas que, no passado, desgastaram o PT e fizeram o governo recuar de iniciativas como a criação de um Conselho Federal de Jornalismo. Além disso, vem a público num momento marcado por greves de transporte, protestos de rua e uma Copa do Mundo.

Os críticos lembram que as possibilidades de democracia direta garantidas na Constituição se limitam a plebiscitos, referendos e leis de iniciativa popular, como a da Ficha Limpa. Os defensores do decreto argumentam que o Executivo consultar a sociedade para definir suas políticas é um procedimento natural, que já ocorre em áreas como a da saúde e da assistência à criança.

O professor de História Contemporânea da USP Lincoln Secco entende que o projeto “é, ainda, uma resposta aos protestos de junho passado”. Autor de A História do PT, Secco diz que o descontrole atual das ruas tem origem no governo Luiz Inácio Lula da Silva, que, em seu início, convocou sindicatos, movimentos e pastorais para compor as áreas sociais dos ministérios.

“Isso afastou esses grupos da rua e das carências imediatas dos pobres”, diz. Nesse vazio surgiram “esses novíssimos movimentos que escapam ao controle do PT e colocam pautas que o governo tem dificuldades de resolver”. O anunciado Sistema Nacional de Participação Social teria a função, afirma, “de canalizar essas reivindicações”.

Gaudêncio Torquato: Um parlatório para o Executivo

• O curinga escondido no baralho do PNPS bate nos vãos centrais do nosso Parlamento

- O Estado de S. Paulo

Que tal aperfeiçoar a democracia com mais arquivos, toneladas de papéis, verborragia tonitruante em palanques montados ao redor de uma gigantesca Torre de Babel? Fosse essa a hipótese para a comunidade política expressar sua opinião, a resposta seria um vigoroso "Não!". Pois esse é o pacote que o governo federal acaba de embalar ao instituir, por decreto, a Política Nacional de Participação Social (PNPS), mais uma sigla no dicionário de coisas perfunctórias, figuras mirabolantes, balões de ensaio e experimentos que incham a paquidérmica máquina do Estado.

Fica patente a intenção do Executivo de canalizar as aspirações sociais, as reivindicações setoriais e as demandas de categorias profissionais, enfim, os ecos das ruas, que desde meados do ano passado tentam abrir as veias congestionadas de nossa democracia representativa e dar vazão ao poder centrípeto, que corre das margens para o centro em todos os espaços do território. O governo, de maneira unilateral, cria um conjunto de instâncias - conselhos, conferências de políticas públicas, ouvidorias públicas, mesas de diálogo, fóruns interconselhos, audiências públicas, consultas públicas, interfaces e ambientes virtuais - que, ao fim e ao cabo, nada mais são do que eixos paralelos da democracia participativa.

A ideia de fortalecer a democracia direta é boa? Sem dúvida. A metodologia é que parece enviesada. O governo deixa claro que os mecanismos propostos integrarão o que designa Sistema Nacional de Participação Social, sob a égide do Poder Executivo. Essa é a polêmica que se abre. Fazer brotar um conjunto de novas espécies na floresta de nossa democracia participativa sem espiar o que dispõe a Carta Magna é atropelar o Poder que tem funções legislativas, o mesmo que abriga os canais de nossa democracia direta - o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, conforme reza o artigo 14, que trata da soberania popular. Pelo primeiro instrumento, o povo adquire o poder de sancionar as leis; o segundo abre a possibilidade ao povo de aprovar fatos, situações, temáticas concernentes à estrutura do Estado ou do governo; e o terceiro permite que a sociedade, por meio de suas organizações, proponha projetos de lei ou alterações na norma constitucional, condição que exige determinado número de assinaturas.

Imaginem, agora, uma torrente de audiências públicas, consultas, fóruns de debates, ouvidorias, reuniões periódicas de conselhos populares sob o império do Poder Executivo. O risco é de que essa composição possa transformar-se em instrumento para rearranjar não apenas os modelos de gestão pública, mas interferir no próprio escopo legislativo. Sob a aparente boa intenção de alargar os canais da comunicação ascendente - da sociedade para o governo -, o que efetivamente se deixa ver é um acervo expressivo, de índole utilitarista, com evidente interferência no campo funcional sob responsabilidade do Parlamento. Urge lembrar que os órgãos do Poder Executivo já se obrigam, por estatuto, a instituir critérios que se voltem para a transparência, a melhoria de produtividade, o zelo, a racionalidade, enfim, a maximização de resultados.

A estratégia de abrir os pulmões do governo e, mais, de "viabilizar a participação da sociedade civil no processo decisório e na gestão de políticas públicas" seria razoável se não tivéssemos uma máquina pública usada como extensão partidária. O aparelhamento dos mecanismos estatais chegou ao ápice no ciclo petista, o que tem contribuído para o desmonte de sistemas de alta referência, até mesmo aos olhos internacionais, como a Embrapa, hoje pálida imagem dos tempos em que era ícone de padrões de qualidade em pesquisa agropecuária. Daí a suspeição de que a multiplicação de órgãos de participação social integre a estratégia de adensamento de grupos e castas na administração federal, mesmo que as regras para composição das instâncias abriguem "representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil", garantindo-se "a diversidade dos sujeitos participantes". As intenções explícitas nessa envolvente promessa não evitarão os dribles na direção do aparelhamento do Estado.

Portanto, o viés politiqueiro transparece no pacote das instâncias propostas, a par da constatação de que o governo vem perdendo força (e credibilidade) entre as organizações sociais. Como é sabido, nos últimos anos o governo cooptou e acolheu em parcelas importantes da administração pública grupos que, até então, assumiam posições de vanguarda nas frentes de mobilizações sociais, como a CUT. O largo espaço das relações trabalhistas, dominado por ela e, em menor escala, pela Força Sindical (em razão de posições trocadas no campo político), não tem propiciado condições para modernização legislativa na área, bastando anotar a barreira imposta à legislação sobre terceirização de serviços, em tramitação na Câmara dos Deputados. Pois bem, um dos gargalos que atravancam o sistema trabalhista é a posição obsoleta de centrais sindicais quanto às relações do trabalho, a partir de sua luta contra os serviços terceirizados, sob o olhar complacente de uma Justiça trabalhista que teima em enxergar o País na era da Revolução Industrial.

Daí se chegar à inferência: a cooptação de entidades ligadas ao universo do trabalho arrefeceu o ambiente reivindicatório e as paralisações paredistas. Milhões de trabalhadores viram suas entidades caírem no "berço esplêndido" estatal. O vazio criado pelo amortecimento das grandes organizações tradicionais abriu lugar a novos polos de poder, esses que estão nas ruas abrindo o ciclo do "queremos mais e melhor". Sentindo-se empurrado por ondas sociais em pleno curso, o governo vê uma luz no fim do túnel: a locução social por meio de uma bateria de novas instâncias. Esse é o curinga escondido no baralho. A ideia tem fundamento. Bate, porém, nos vãos centrais do Parlamento, catedral de nossa democracia representativa.

*Jornalista, professor titular da USP

Por 20 centavos e muito mais: manifestações completam um ano

• Protestos se fragmentam, alternam pautas e sobrevivem sem diálogo com os governos

Tatiana Farah – O Globo

SÃO PAULO - No princípio eram os 20 centavos. Em poucos dias, chegaram a "educação e saúde padrão Fifa", o "contra a militarização das polícias", o "sem violência", o "sem partido" e uma infinidade de motes que arrastaram cerca de dois milhões de pessoas às ruas do país. As manifestações de junho de 2013 deixaram no Brasil um clima de insatisfação que não se reverteu mesmo um ano depois e que, por enquanto, tem apontado para uma alta abstenção nas eleições. Além disso, deram força para que movimentos tradicionais, como os de sem teto e as greves por melhores salários, ganhassem força para impor sua agenda e pressionar governos e patrões às vésperas da Copa.

Os efeitos das manifestações de junho na política ainda são visíveis. Que o diga a presidente Dilma Rousseff. Em março de 2013, três meses antes de o movimento tomar as ruas do país, sua popularidade batia recorde, com 65% dos entrevistados pelo Datafolha avaliando o governo como ótimo ou bom. Ao final de junho, o recorde virou negativo: apenas 30% de aprovação. A presidente até ensaiou uma recuperação parcial e chegou a ter 41% de aprovação em fevereiro. Mas voltou a cair e chegou, neste mês, ao patamar de 33% eleitores avaliando seu governo como ótimo ou bom. O efeito das manifestações sobre as eleições é incerto. Na época, governadores também sofreram queda nos índices.

- Há um clima de insatisfação, mas não há nomes dentro da oposição, nem forças políticas, que consigam capitanear isso - avalia o cientista político Marco Aurélio Nogueira, da Unesp, autor de "As ruas e a democracia", sobre a onda de protestos, que complementa: -Se as manifestações prosseguirem ajudando a criar um clima de insatisfação no país, as eleições serão vencidas por quem conseguir estabelecer uma comunicação positiva.

A análise se confirma com o estancamento e mesmo queda das candidaturas dos opositores do governo segundo o último Datafolha. O que cresceu na pesquisa foi a insatisfação. O número de indecisos e pessoas que tendem a votar em branco ou nulo subiu de 24 para 30% dos eleitores.

-Deve haver uma abstenção forte, o que mostra um desencantamento dos brasileiros em relação à política. O processo vai caminhar bem, vai ter eleição, mas há 30% de insatisfeitos- aponta o sociólogo Marcelo Ridenti, da Unicamp.

Ridenti concorda com Nogueira que nenhuma liderança do país conseguiu representar o desejo de mudança dos eleitores.

-As manifestações de junho e as manifestações de hoje são diferentes, mas as duas são expressão de um certo desejo de mudança. E nenhum candidato está conseguindo canalizar esse desejo- diz Ridenti.

Integrante do Movimento Passe Livre (MPL), que protagonizou os protestos em junho, Lucas Oliveira sabe de cor a escalada das manifestações. O primeiro em 6 de junho; outro maior, com 5 mil pessoas, no dia 7. A crescente segue pelos dias 11 e 13, quando houve uma severa repressão policial. A resposta da sociedade veio no dia 17 de junho, com uma grande adesão ao movimento que pedia a suspensão do aumento de 20 centavos no preço das passagens de ônibus não só de São Paulo, mas de outras cidades, como Rio, Belo Horizonte, Recife. As manifestações prosseguem no dia 18, com mais força policial e cenas de violência. No dia 19, com o anúncio da revogação do aumento em São Paulo, os manifestantes capitaneados pelo MPL lotaram a avenida Paulista para celebrar a vitória.

Mas, àquela altura, o protesto não era mais deles. Diversos grupos foram às ruas e acabaram expulsando os partidos da passeata assim como o próprio MPL, que deixou as manifestações naquele dia para cumprir outras agendas na periferia da cidade, como os protestos de sem teto.

-A gente parou porque o nosso chamado era contra o aumento das passagens. A gente venceu- diz Lucas, afirmando que, desde junho, o MPL cresceu e está articulado com seus pares nos estados:- Antes, a gente estava em 5, 6 cidades. Hoje, tem coletivos do movimento em 18 cidades em São Paulo.

Para Marco Aurélio Nogueira, os protestos de junho foram importantes para que o Brasil incorporasse as manifestações ao seu cotidiano, mas produziram pouco resultado político. Não emergiu dos protestos nenhuma nova liderança e faltou uma articulação capaz de transformar essa mobilização em uma força política, analisa Nogueira.

-Os protestos foram uma hidra, com muitos tentáculos, muitas cabeças, muitas agendas e nenhuma articulação. A classe média participou de forma espasmódica, como uma corrente elétrica, e não se pode dizer que haverá outro espasmo como aquele- diz o especialista da Unesp.

Na opinião de Ridenti, em junho passado "a panela de pressão apitou":

- Foi uma explosão de insatisfações. Qualquer explosão desse tipo dificilmente se mantém por muito tempo. Até se manteve bastante, por quase um mês. Esses movimentos foram importantes para mostrar uma certa crise de representatividade do Brasil, tanto dos poderes como dos canais tradicionais, como partidos e sindicatos - diz Ridenti, para quem o poder público não tomou medidas para dialogar com esses movimentos nem para mudar suas práticas, ensaiando uma proposta de reforma política que não foi levada a cabo:

-Os poderes constituídos fizeram muito pouco e continuam blindados dessa pressão da sociedade.

Em meio a protestos violentos, a assiduidade dos brasileiros foi diminuindo nas ruas. Se no começo de junho o protagonismo dos atos era do MPL, aos poucos foi ganhando espaço a tática internacional Black Bloc, que cultua a estética da violência e o ataque a símbolos do governo, como prédios públicos, e capitalistas, como agências bancárias e de automóveis importados. Do outro lado, a repressão policial, que no início de junho gerou uma forte reação da sociedade, ficou ainda maior. Um balanço lançado na semana passada pelo Artigo 19, organização de defesa da liberdade de expressão, apontou que, em 2013, houve 696 protestos em todo o país, com 2.608 pessoas detidas, oito casos de morte relacionados às manifestações e 117 jornalistas feridos, além de inúmeros casos de agressão policial.

- Ainda é muito cedo para avaliar o impacto desses protestos. Eles ainda não acabaram. No curto prazo, o que tivemos foi uma retranca por parte dos governos, que lidaram mal com as manifestações. Há um retrocesso na democracia por parte dos governos, que se prepararam, mas de modo errado, com uma visão de ditadura, de repressão, uma visão militarizada. Já aquelas manifestações acabaram se dissolvendo em pequenas manifestações. Você tinha, antes, um envolvimento maior da classe média. A violência em geral tirou gente dos protestos e ela veio de vários focos- avalia a diretora do Artigo 19, a advogada Paula Martins.

Hoje, a classe média saiu das ruas e ganharam força movimentos como o MTST, dos sem teto, e as mobilizações de classe. Quanto a isso, os protestos de junho deram força à revolta das bases contra os próprios sindicatos. No mês passado, a base rebelde dos rodoviários descumpriu o acordo firmado pelo sindicato e rejeitou o reajuste de 10% para a categoria. A revolta atingiu outras categorias, como os funcionários de limpeza urbana do Rio.

- Junho deu força, com certeza, a esses movimentos. Há uma pressão da base para seus dirigentes terem uma atitude mais combativa. Há uma inédita e surpreendente reação da base como no caso dos rodoviários- diz Ridenti.

Marcos Nobre: ‘Ficou claro que o poder está na rua, não no palácio’

• Autor, professor e filósofo aposta nos protestos de junho como estopim do ciclo de democratização do país

Leticia Fernandes – O Globo

RIO - Autor do livro ‘Choque de democracia — Razões da revolta’, sobre os protestos de 2013, o filósofo e professor da Unicamp Marcos Nobre vê as manifestações de junho como a abertura de um ciclo de democratização do país. No livro escrito em apenas dez dias, ainda durante a ebulição de junho do ano passado, Marcos Nobre procurou explicar a alta temperatura que surpreendeu as ruas de todo o país. O filósofo acredita que o principal legado das manifestações daquele mês foi a retomada do poder do Estado pela sociedade. Passado um ano, os efeitos chegaram até aos espaços institucionais mais tradicionais: os sindicatos.

As manifestações desse ano terão a mesma força?
A ideia de que vai se repetir a situação de junho de 2013 em termos de quantidade e alcance tem probabilidade muito baixa. Junho abriu um ciclo de democratização do país, e os efeitos serão sentidos durante muitos anos na forma de protesto. Junho liberou uma enorme energia democrática, que vai se espalhando.

O que mudou com relação a junho do ano passado?
Uma das diferenças importantes é que vemos as bases sindicais se rebelarem contra a direção dos sindicatos. Aconteceu nas greves dos garis, dos motoristas e cobradores de ônibus, dos professores. Tem um discurso de junho que passa até para setores institucionais, como os sindicatos. A outra diferença é que existe articulação entre os movimentos, se faz uma espécie de coalizão nas ruas. Com diferentes focos e reivindicações, os movimentos sociais não são iguais aos da redemocratização, que se articulavam para tomar o poder. Esses novos não querem tomar o poder, são movimentos que falam da sociedade para a sociedade, e isso é muito novo. É a descoberta de que as instituições políticas não pairam no ar, o Estado não paira no ar.

Essa articulação entre grupos distintos pode deixar os atos sem foco?
Esse tipo de protesto tem foco, mas não está querendo tomar o poder. Há a descoberta de que as polícias dependem da legitimidade da base da sociedade para funcionar, e essa polícia não está à altura da democracia. Essa mudança de visão de que a democracia não está dirigida só para o Estado, mas para as pessoas, abriu uma enorme avenida de aprofundamento da democracia. Antes, não havia esse horizonte, e ele inclui a articulação de focos diferentes. No Rio, o grau de articulação ficou muito mais alto porque tem essa sequência Copa-Olimpíadas, que dá à cidade uma característica de emblema de junho. Agora, você tem um monte de brasas espalhadas, e essas brasas fazem um foguinho.

O que fez as pessoas saírem às ruas?
Não tinha unidade nas jornadas de junho, que é o bacana. Antes, na redemocratização, tinha essa unidade, objetivos comuns, e você não podia atrapalhar essa ideia: derrubar o Collor, Diretas Já... Isso mudou. Se não tem unidade, o que une as pessoas? O hífen. Se não tem o traço de união entre as pautas e os grupos, se põe um hífen entre eles. E esse traço de união é a rejeição do sistema político da forma como está funcionando e uma exigência de reforma radical. Olhando a diversidade de reivindicações, esse é o traço de união. Não é unidade, mas união. A violência policial foi um estopim importante para o alargamento das manifestações, porque ela simbolizava o último braço de blindagem contra a sociedade, representava um sistema político inalcançável. Houve um novo empoderamento das pessoas, e ficou claro em junho que o poder está na rua e, não, no palácio.

Elas vão voltar?
Acho que nunca deixaram de estar ali. O fato de a sociedade tolerar tantas manifestações é sinal de que ainda existe um colchão de junho sustentando esses protestos. O importante é que eles aconteçam, porque a energia ficou represada durante tempo demais.

Ainda há um descolamento muito grande entre a política e a sociedade?
Esse descompasso foi encenado nas ruas e mostra que quem está atrasado é o sistema político, não a sociedade. E ele vai ter que ser resolvido. A organização anterior do sistema político era das grandes maiorias. Essa maneira de funcionar blindou o sistema político contra a sociedade, e isso foi colocado em xeque nas ruas. E o resultado foi uma desorganização da política.

Os candidatos estarão atentos às ruas?
Não tem jeito de não estarem atentos. Junho significou uma coisa elementar do ponto de vista do sistema político: nós não vamos deixar o governo em paz, o sistema político não vai poder dormir tranquilamente. A sociedade nem sempre tem noção do poder que tem. Mas como fazer esse poder se transformar em algo palpável? Esse é outro aprendizado democrático que está em curso. No Rio, de um lado, o Estado está passando um trator em cima de pessoas e organizações; de outro, a sociedade tenta resistir. O Rio é onde as coisas se acirram mais e onde haverá uma das sucessões estaduais mais confusas. Aconteceu algo muito novo e leva-se um tempo para que a novidade se torne poder institucional. Junho foi uma coisa galopante, mas aquele entusiasmo e as transformações que ocorreram como resultado, como a suspensão do reajuste da tarifa naquele momento, são situações que não acontecem todo dia. E, agora que abrimos uma janela, queremos tudo para amanhã.

Essa revolta vai ter impacto nas urnas? Ou o brasileiro tem memória curta?
É possível que a insatisfação do protesto se traduza na forma de votos nulos ou em branco. Aí será uma rejeição ao sistema político, que não vem respondendo de forma positiva, organizada. Do outro lado, talvez se houver esse aumento de brancos e nulos, você não consiga uma alteração do sistema político. Estamos nessa situação: de um lado, uma enorme energia democrática liberada, um anseio por um ritmo mais rápido de democratização; do outro, um sistema político que não conseguiu se organizar. É um descompasso muito grande. As eleições são importantes, mas não são tudo. Se esse aprendizado acontecer, terá sido um enorme ganho.

Resposta do Congresso Nacional às reivindicações foi tímida

• Boa parte dos pleitos não foi atendida, mas pressão das ruas gerou alguns avanços

André de Souza e Evandro Éboli – O Globo

BRASÍLIA - Um ano depois dos protestos de rua que sacudiram o país em junho de 2013, a resposta do Congresso Nacional às reivindicações não atendeu a boa parte dos pleitos. Os manifestantes queriam melhorias no serviço público em geral, mas poucas propostas andaram na Câmara e Senado e viraram lei. No calor da pressão, os congressistas chegaram a criar uma agenda positiva, mas ficaram na intenção.

Com os estudantes à frente, a garantia do passe livre foi uma das principais bandeiras dos atos no ano passado. Foram várias reuniões entre os representantes dos alunos com lideranças políticas. A proposta do passe livre estudantil foi apresentada em 25 de junho, dias após os protestos, por um grupo de senadores, tendo à frente o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Nada menos que 52 senadores são os autores desse projeto. Ainda assim, o texto está encalhado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. "Essa circunstância é especialmente dramática no caso dos estudantes, que, em geral, não têm fonte de renda própria e, com isso, restam prejudicados em seus deslocamentos casa-escola, com alguma frequência, tendo até que deixar de frequentar aulas por não ter como custear seu transporte", afirmam os 52 senadores na justificativa do projeto.

Tornar a corrupção um crime hediondo foi outra proposta que não vingou. Apesar de o projeto, do senador Pedro Taques (PDT-MT), ter sido apresentado em 2011, somente em julho de 2013, por conta das manifestações, a iniciativa foi aprovada pelos senadores e encaminhada à Câmara. Os deputados, porém, não deram celeridade ao tema. O projeto, hoje, aguarda entrar na pauta de votação no plenário.

Uma proposta que altera a Constituição previa a diminuição do número de suplentes de senadores e a proibição de que parente possa ocupar a suplência. Vários senadores hoje em exercício são suplentes, não receberam um voto sequer. A proposta, de 2011 e resgatada com os atos de rua, está parada.

Outro assunto da agenda positiva é o fim do foro privilegiado para autoridades em caso de cometerem crimes comuns. Se aprovado, os políticos com mandato responderiam pelo crime em instâncias inferiores. A partir do mensalão, porém, condenados e seus advogados, diante da dura punição do Supremo Tribunal Federal (STF), passaram a entender que direito a foro privilegiado pode ser um dissabor, já que não há outra instância para recorrer.

O fim do voto secreto em sessões de cassação de mandato de senadores e deputados acusados da quebra de decoro parlamentar, outro item das reivindicações dos manifestantes de 2013, foi um dos poucos que avançaram. O projeto foi aprovado, ainda que meses depois dos atos de junho. E também só andou após decisão da Câmara de não cassar o mandato de Natan Donadon (sem partido-RO), em agosto, quando já estava preso na Papuda. Nessa votação, com voto fechado, ele teve seu mandato preservado com 131 colegas a seu favor. Depois de aprovado o voto aberto, com o nome aparecendo no painel do plenário, em fevereiro deste ano, o apoio mingou. Em nova votação, Donadon não teve um voto a seu favor.

Em julho de 2013, o Congresso aprovou a Lei Anticorrupção, que pune empresas privadas acusadas dessa prática contra a administração pública. Pela nova legislação, são punidas empresas que oferecem vantagens indevidas, fraudam licitações e financiam atos ilícitos. Antes, só pessoas físicas podiam ser punidas.

Também foram aprovados mais recursos para a educação, com destinação de 75% dos royalties do petróleo para o setor e 25% para a saúde, além do fim de alguns impostos que incidem sobre o transporte público. Uma das principais bandeiras dos atos, a derrubada da PEC 37 - que limitava os poderes de investigação do Ministério Público em ações criminais - foi alcançada. Pressionados pelas ruas, alguns deputados chegaram a mudar de opinião sobre o tema.

A reforma política, que hiberna no Congresso, entra governo, sai governo, continua parada. A presidente Dilma Rousseff, após as manifestações, defendeu plebiscito sobre uma Constituinte exclusiva para a reforma política. Para a oposição, Dilma queria desviar a atenção de outros problemas. Assim, a reforma não saiu.

Uma questão polêmica que envolve governo e Congresso é a criação de uma lei para reprimir o radicalismo nas manifestações. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a dizer, em abril, que o governo apoiaria uma proposta relatada pelo senador Pedro Taques (PDT-MT) que aumenta as penas de crimes quando ocorrem em protestos. Na época, ficou acertado que o Executivo encaminharia a Taques sugestões para aprimorar o projeto, a tempo de aprová-lo antes da Copa do Mundo.

O Ministério da Justiça informou que já mandou contribuições a Taques, o que foi negado pelo senador.

- O governo não deu mais as contribuições e retirou apoio ao projeto - disse Taques, acrescentando: - Estou há um ano e meio trabalhando para a aprovação do projeto e não consigo colocar na pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Dentro do governo, não há consenso quanto à proposta. Enquanto Cardozo dizia apoiá-la, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, interlocutor do governo com os movimentos sociais, falou o contrário. Em 15 de maio, Carvalho negou que haja apoio do governo e afirmou que a legislação atual dá conta de punir eventuais abusos.

Depois das ruas
Projetos aprovados no Congresso
Voto secreto: Palavra de ordem nas manifestações, o fim do voto secreto foi aprovado cinco meses depois no Congresso, em 28 de novembro. No caso de cassação de mandato, a medida ganhou força após decisão da Câmara de não cassar o mandato de Natan Donadon (sem partido-RO), em agosto. Naquele momento, o deputado já estava preso na Papuda.

Empresas corruptas: Em outra tentativa de responder às demandas das ruas, em julho de 2013, o Congresso aprovou a Lei Anticorrupção, que responsabiliza administrativa e civilmente empresas pela prática de atos contra a administração pública. Foi sancionada em agosto pela presidente Dilma Rousseff. A lei pune empresas que oferecem vantagens indevidas, fraudam licitações e financiam atos ilícitos. Antes, só pessoas físicas podiam ser punidas.

Dinheiro para educação: Também na pauta dos manifestantes, a educação foi contemplada com mais recursos. Foi aprovado projeto destinando 75% dos royalties do petróleo para educação e 25% para a saúde.

Imposto de transporte: O Congresso aprovou, em agosto de 2013, projeto que zera as alíquotas de alguns impostos sobre as receitas da atividade de transporte municipal. Foi sancionado por Dilma Rousseff em setembro.

Rejeitados ou parados

PEC 37: A derrota da PEC 37, que limitava os poderes de investigação do Ministério Público em ações criminais, também foi uma vitória dos manifestantes. Os parlamentares votaram de olho nas ruas. Na comissão especial, na Câmara, a proposta chegou a ser aprovada, em 2012, por 14 a 2. Mas, quando se deu a votação no plenário, oito destes mudaram de opinião. No total, apenas 9 votaram a favor. E 430 contra.

Reforma política. Após manifestações, a presidente Dilma defendeu a reforma política como uma saída para as mazelas políticas. Ela defendeu plebiscito sobre uma Constituinte exclusiva para a reforma política. A oposição acusou a presidente de usar a reforma política para desviar a atenção dos problemas reais do país. Sem empenho de parlamentares da base e da oposição, a reforma nunca andou.

‘Eleitor quer ganhos, sem perder o que conquistou’

Entrevista. Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência

• Especialista avalia que voto do brasileiro está mais pragmático e menos ideologizado

Lourival Sant'anna- O Estado de S. Paulo

CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari explica, em entrevista ao Estado, qual é a mudança que o eleitor deseja, por que isso é fundamental para a eleição e como o instituto chegou aos perfis de eleitores que foram entrevistados para este caderno.

Para a análise da corrida eleitoral, por que é importante medir o desejo de continuidade ou de mudança do eleitorado?
Essa pergunta é fundamental para medir o clima no qual a eleição será realizada. Se o desejo de continuidade é grande, significa que o atual governante está bem e tem chances de se reeleger ou de fazer o seu sucessor. Por outro lado, se há um forte desejo de mudança, não se pode dizer que o governante não terá chances de vencer, pois outras variáveis estarão em jogo.

Essa divisão entre quem quer continuidade ou mudança no governo pode prever o resultado de uma eleição?
Não, não se pode fazer projeções a partir dos resultados de uma única pergunta. Sempre há um conjunto de fatores que interferem no resultado de uma eleição e, que se forem corretamente observados e analisados, ajudarão no entendimento dos movimentos das curvas de tendência. O objetivo de uma pesquisa não é projetar os resultados de uma eleição, mas sim levantar elementos para se entender a evolução das opiniões.

Essa correlação entre voto e desejo de mudança é um fenômeno que só acontece no Brasil ou é universal?
Tendo em vista a quantidade de manifestações contra os governos que vêm ocorrendo em vários países do mundo, pode-se dizer que é um fenômeno universal. As pessoas estão discutindo questões que atualmente têm gerado muita insatisfação, sejam elas relativas à transparência dos governos, à qualidade dos serviços prestados nas áreas da saúde, educação, segurança, transporte, etc.

Em comparação às eleições presidenciais anteriores, a de 2014 se assemelha mais a qual? À de 1998 ou à de 2002?
Nas eleições de 1998, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se reelegeu no primeiro turno. Já em 2002, havia um desejo grande de mudança e Lula se elegeu pela primeira vez para um cargo executivo. Do ponto de vista do desejo de mudança, as eleições de 2014 se assemelham às de 2002.

Esse desejo majoritário por mudança significa que a oposição vai necessariamente ganhar a eleição?
Não, as pesquisas que temos realizado mostram que há um desejo de mudança do Estado brasileiro. O eleitor deseja mudanças na forma de se fazer as coisas, ele espera que a economia esteja controlada, que haja avanços na saúde, educação, segurança, etc. Anseia por um país mais justo, mais humano e um governo que o respeite como cidadão. Nada impede que a situação também possa responder a essas demandas.

É uma questão apenas de o eleitor mudancista descobrir quem são os candidatos de oposição ou é mais complicado do que isso?
É mais complicado, pois não se trata somente de ser de oposição ou situação. O desejo por mudança vai beneficiar o candidato que conseguir demonstrar que é o mais alinhado com as mudanças que devem ser feitas e também o que tem mais condições de implementá-las. Até o momento, as pesquisas mostram uma liderança da presidente Dilma, apesar de a maioria absoluta desejar mudanças no atual governo.

Como o Ibope identificou esses grupos de eleitores mudancistas e continuístas que viraram objeto das reportagens deste caderno?
Por meio de uma análise estatística, chamada de árvore de decisão. Essa técnica permite criar hipóteses baseadas em instâncias particulares para que se chegue a conclusões gerais. É uma estrutura muito usada em problemas de classificação. As árvores vão se ramificando, levando a segmentos específicos do eleitorado que compartilham com mais força aquela opinião. Essa análise gerou seis grupos, onde o desejo de mudança está mais presente. O maior deles, representando 21%, é composto por eleitores de classe C, da Região Sudeste, residentes em municípios médios e grandes. O segundo maior, com 14%, são os eleitores de classes A e B com nível médio ou superior residentes no Sudeste.

O desejo de mudança ou continuidade é estável ou ele pode mudar ao longo da campanha? O que pode interferir nisso? A Copa, a economia?
Pode mudar, e muda continuamente, não somente em função da Copa ou da economia. Os fatores estão todos interligados.

O que é mais eficiente para o governante que disputa a reeleição quando o eleitorado quer mudança? Sinalizar que vai mudar seu governo ou apostar no discurso do medo, de que a mudança pode implicar perder o que o eleitor já conseguiu?
O eleitor está cobrando cada vez mais consistência dos candidatos e decidindo o seu voto de forma mais pragmática e menos ideologizada. Ele avalia quais benefícios concretos cada candidato pode lhe trazer. Ele quer ganhos tangíveis a curto prazo, mas também não quer perder o que já conquistou. Cada candidato vai procurar valorizar perante o eleitor as condições que possui para trazer um impacto positivo para sua vida. Resta saber qual deles vai convencer o eleitor. Além disso, não podemos esquecer que as pessoas, quando falam em mudanças, querem dizer melhorias, avanços, enfim, querem as coisas em movimento.

Marina diz que aliança com Alckmin em eleição em SP é 'equívoco'

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em nota divulgada neste sábado (7), Marina Silva, candidata à vice-presidência na chapa de Eduardo Campos, do PSB, criticou a decisão do partido de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.

"Para nós, isso é um equívoco. Consideramos necessário manter independência e lançar uma candidatura própria, que dê suporte ao projeto de mudança para o Brasil liderado por Eduardo Campos, e que dê ao povo de São Paulo a chance de fazer essa mudança também no âmbito estadual", disse ela.

Na véspera, o diretório do PSB paulista aprovou por unanimidade o apoio ao PSDB no Estado.

A ex-senadora afirma esperar que o PSB paulista reverta a decisão. Mas deixa claro que, do contrário, a Rede "seguirá caminho próprio e independente" no Estado.

"Em todo o país, estamos debatendo o assunto e apoiando nossos companheiros de São Paulo na busca de uma alternativa que supere a velha polarização PT-PSDB."

Caciques
Marina sempre foi contra o apoio a Alckmin sob o argumento de que ele contradiz o discurso nacional da sigla, que prega a "nova política" em detrimento das alianças com " caciques".

Mas, nas últimas semanas, o PSB voltou a pressionar pela aproximação com o governador. O partido defende o nome de Márcio França como o candidato a vice-governador na chapa de Alckmin ou como candidato ao Senado. Gilberto Kassab, do PSD, também é cotado para a vice.

Campos aparece em terceiro lugar nas pesquisas, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).

Marina: 'Rede não seguirá indicação' do PSB em aliança com Alckmin

• Candidata à vice na chapa de Eduardo Campos fala em independência de seus aliados em São Paulo

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva e candidata a vice na chapa de Eduardo Campos divulgou nota neste sábado contra a decisão do diretório de São Paulo do PSB de aprovar a aliança com a candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). No Facebook, Marina disse que a "Rede Sustentabilidade não seguirá essa indicação". Marina afirmou ainda que seus aliados dentro do PSB "seguirão caminho próprio e independente" em São Paulo, caso a estratégia não seja mudada.

Marina publica nota com críticas à aliança em SP - Facebook

Na sexta-feira, aliados já diziam que a decisão do diretório de São Paulo do PSB de aprovar a aliança com a candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) poderia fazer a candidata a vice da chapa, a ex-senadora Marina Silva, a se afastar das atividades da campanha presidencial de Eduardo Campos no estado.

A crise é mais um problema para a candidatura de Campos, que caiu quatro pontos na pesquisa Datafolha divulgada ontem. O ex-governador de Pernambuco conta com a popularidade de sua vice para se tornar conhecido.

O indicativo de apoio a Alckmin foi aprovado por unanimidade pelo diretório de São Paulo, na manhã de ontem. À tarde, Campos e Marina, que exige uma candidatura própria no estado, reuniram-se reservadamente para discutir o tema. Os dois decidiram na conversa que não jogarão a toalha e ainda vão trabalhar para tentar viabilizar um nome do PSB para a eleição paulista. O ex-governador de Pernambuco se comprometeu a chamar o presidente do partido no estado, Márcio França, para uma conversa.

— Nós lamentamos a decisão. Foi um erro histórico na nossa avaliação — afirmou João Paulo Capobianco, que coordenou a campanha presidencial de Marina, em 2010.

A decisão aprovada pelo diretório estadual terá que ser levada à convenção marcada para o dia 21, mas o placar da votação de ontem indica que a chance de reversão do quadro é muito baixa. Estavam presentes 132 dos 156 integrantes do diretório, e todos se manifestaram a favor do apoio aos tucanos.

Porta-voz nacional da Rede, o ex-deputado federal Walter Feldman foi o único aliado de Marina que discursou no evento de ontem.

— É uma contradição com o plano nacional. Alckmin está desgastado — afirmou Feldman.

Nos discursos, França foi aclamado como vice da chapa de Alckmin, mas a questão ainda não está definida. O PSB pode ficar com a vaga ao Senado, se o governador paulista conseguir também o apoio do PSD, de Gilberto Kassab. A única condição aprovada para fechar a aliança é que o PSDB aceite incorporar ao seu programa de governo quatro pontos definidos pelo partido, entre eles um que trata de sustentabilidade.

Os líderes do PSB que discursaram ontem também destacaram a possibilidade de Alckmin ficar constrangido em negar apoio a Campos na disputa presidencial tendo um vice da legenda do ex-governador de Pernambuco.

França afirmou que a candidatura própria não pôde se realizar porque a Rede não apresentou um nome viável. O presidente estadual do PSB havia se lançado como candidato, mas foi vetado pelos aliados de Marina.

— A gente ajuda o Eduardo e a Marina se tiver em São Paulo um palanque consistente. O Geraldo, com a força dele no interior, permite que o Eduardo se sinta mais seguro — disse França.

Marina diz que aliança do PSB com Alckmin é equívoco

José Roberto Castro - Agência Estado

A provável vice na chapa do PSB à Presidência da República, Marina Silva (PSB), divulgou nota neste sábado discordando do apoio de seu partido à candidatura de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo (PSDB). Marina afirma que a aliança é um "equívoco" e que a Rede Sustentabilidade "não seguirá essa indicação". "Consideramos necessário manter independência e lançar uma candidatura própria, que dê suporte ao projeto de mudança para o Brasil liderado por Eduardo Campos, e que dê ao povo de São Paulo a chance de fazer essa mudança também no âmbito estadual", escreveu a ex-senadora.

Desde que a Rede Sustentabilidade se uniu ao PSB, em outubro de 2013, há divergências entre os grupos, sempre minimizadas pelo presidente do partido, Eduardo Campos. A aliança com o PSDB em São Paulo, desejo do presidente estadual do PSB, Márcio França, é uma das disputas internas mais importantes. Na última sexta-feira (6), uma reunião do diretório paulista do PSB aprovou por unanimidade um indicativo de apoio a Alckmin.

Na nota, Marina ressalta que a Rede busca criar uma alternativa "que supere a velha polarização PT-PSDB, e que proporcione apoio efetivo à candidatura de Eduardo Campos". Em seguida, a ex-senadora diz que espera que os "companheiros do PSB" não levem adiante essa indicação.

"Desde já, deixamos clara nossa posição de que, caso essa indicação não seja revertida, seguiremos caminho próprio e independente em São Paulo", escreveu.

Leia abaixo a íntegra da nota:

"Nota sobre a decisão do diretório do PSB de SP de apoiar o projeto político do PSDB no estado
Juntamente com todos os integrantes da Rede Sustentabilidade, discordo da indicação aprovada ontem na reunião do diretório estadual do PSB de São Paulo de apoiar o projeto político do PSDB. Para nós, isso é um equívoco. Consideramos necessário manter independência e lançar uma candidatura própria, que dê suporte ao projeto de mudança para o Brasil liderado por Eduardo Campos, e que dê ao povo de São Paulo a chance de fazer essa mudança também no âmbito estadual.

A Rede Sustentabilidade não seguirá essa indicação. Em todo o país, estamos debatendo o assunto e apoiando nossos companheiros de São Paulo na busca de uma alternativa que supere a velha polarização PT-PSDB, e que proporcione apoio efetivo à candidatura de Eduardo Campos, que demonstre uma nova forma de fazer política e, principalmente, que represente os ideais de democracia e sustentabilidade expressos no programa de nossa Aliança.

Esperamos que os companheiros do PSB, em sua convenção estadual, não levem adiante essa proposta. Nesse sentido, manteremos o diálogo aberto e respeitoso. Mas, desde já, deixamos clara nossa posição de que, caso essa indicação não seja revertida, seguiremos caminho próprio e independente em São Paulo.
A nova força política que emerge no Brasil, interpretando o desejo de mudança tantas vezes manifestado por milhões de pessoas, encontrará também em São Paulo sua legítima expressão.

Marina Silva"

Planalto tenta evitar que Garotinho apoie Eduardo Campos

• A ideia é levar Pros para ex-governador

Eugênia Lopes - O Dia

RIO - O Palácio do Planalto decidiu atuar para evitar que o candidato ao governo do Rio Anthony Garotinho, do PR, formalize apoio à candidatura de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República. Sem apoios para alavancar sua candidatura, Garotinho ameaça levar o PR para Campos, o que daria palanque eleitoralmente forte no estado para o ex-governador de Pernambuco.

Coube ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, telefonar para Garotinho e tentar demovê-lo da ideia de se aliar ao candidato do PSB. Segundo interlocutores do deputado e ex-governador, a presidenta Dilma Rousseff teria acenado com a possibilidade de trabalhar pela retirada da candidatura de Miro Teixeira, do Pros, ao governo do estado.

Com isso, o tempo do Pros poderia ir para Garotinho. Miro é apoiado pelo PSB, mas teria dificuldades de se aliar a Garotinho. Sem Miro, a tendência é que ele fique com o petista Lindbergh Farias, que também visa o Palácio Guanabara. Para Garotinho, a aliança com a chapa Campos/Marina Silva é essencial para dar sustentação a sua candidatura na capital. O ex-governador é forte no interior, mas enfrenta resistência na cidade do Rio, onde Marina Silva é bem avaliada.

Mas tanto Campos quanto Marina não veem com bons olhos a aliança com o deputado do PR. Interlocutores do presidenciável do PSB apostam que Garotinho só tem chances com a dupla caso o PR faça coligação formal com o PSB e, com isso, aumente o tempo de TV de Campos. Isso depende, no entanto, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, preso na penitenciária da Papuda, em Brasília, por envolvimento com o mensalão.

Pros: a menina dos olhos
A três dias do início das convenções partidárias, o quadro de alianças no Estado do Rio para as eleições de outubro está embolado. Líderes nas pesquisas de intenção de voto, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o senador Marcelo Crivella disputam apoios na reta final de formalização das coligações partidárias.

O alvo é o Pros, que tem como candidato ao governo o deputado Miro Teixeira. Sem alianças e, portanto, sem tempo de TV, os dois assediam o Pros. Lindbergh Farias, do PT, é outro que sonha com Miro. Candidato à reeleição com o apoio de 15 partidos, Luiz Fernando Pezão é o único com um amplo leque de alianças.

Briga por alianças no Rio deixa disputa incerta para o Senado

• Candidaturas de Cabral, Romário e Jandira não estão consolidadas

Cássio Bruno e Alexandre Rodrigues – O Globo

RIO - Enquanto a disputa pelo governo estadual se acirra, a corrida para a única vaga ao Senado ainda está indefinida no Rio. Até agora, três pré-candidatos já se apresentaram: o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e os deputados federais Romário (PSB) e Jandira Feghali (PCdoB). No entanto, a confirmação desses nomes ainda depende das negociações para as alianças dos candidatos que vão concorrer ao Palácio Guanabara.

Apesar de ter desistido para dar lugar ao PSD na campanha de reeleição do atual governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), Cabral voltou atrás. Com a decisão, o ex-governador vai para a sua eleição mais arriscada — a primeira em que não inicia como favorito. Na avaliação do PMDB, a popularidade de Romário pode pôr em risco os planos de Cabral, que tem o desafio de reabilitar sua imagem desgastada após as manifestações do ano passado.

Por outro lado, peemedebistas apostam que a falta de experiência em uma eleição majoritária e de estrutura do PSB pode fragilizar Romário. Cabral, por sua vez, foi convencido pelos caciques do PMDB do Rio de que, na falta de um nome mais competitivo, sua candidatura ao Senado pode ajudar Pezão a defender seu governo.

— O PMDB tem um governo a defender, não pode se acovardar na hora de fazer o debate. As melhores pessoas para fazer isso são Pezão e Cabral. O ex-governador é um grande ator político, precisa estar no jogo — disse o deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ).

Cabral sabe que pode perder o Senado, mas sua prioridade é eleger o sucessor para manter a máquina estadual e reabilitar seu governo. Por isso, ele será o coordenador da campanha de Pezão. Manterá no discurso o apoio à aliança nacional com o PT da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, mas fechará os olhos para a dissidência “Aezão”, liderada pelo presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, em favor do presidenciável Aécio Neves (PSDB).

Cabral não tem motivos para impedir que os correligionários façam campanha para Aécio, seu amigo pessoal, se o ex-presidente Lula apoia a campanha de Lindbergh Farias (PT) ao Palácio Guanabara, que atrapalha Pezão.

— Quando o PMDB do Rio foi se queixar à Dilma sobre Lindbergh, ela respondeu que era coisa do Lula. Agora, quando reclamam do Aezão, Cabral diz que é coisa do Picciani — confidenciou um dos dissidentes.

No PSB, a novela em relação a Romário não terminou. O ex-craque aguarda uma decisão do presidente nacional da legenda, Eduardo Campos, outro pré-candidato à Presidência. Campos já declarou apoio ao deputado Miro Teixeira (PROS) para o governo do Rio, com o baixinho na chapa. Mas o martelo não foi batido. Romário terá pouco tempo de propaganda na TV, mas já fala como pré-candidato ao Senado:

— Sei que será uma disputa difícil. Financeiramente, desleal — diz o tetracampeão, que gosta de polêmica. — É claro que eles (Cabral e o PMDB) são mais experientes. Mas na parte negativa. Eles roubaram o estado.

Procurado pelo GLOBO, Cabral não quis comentar.

Na chapa de Lindbergh, a indicação ao Senado até o momento é a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB). A parlamentar, no entanto, só decidirá se aceita a missão na próxima semana, na reunião do diretório estadual da sigla. Com dois concorrentes fortes (Cabral e Romário), Jandira poderia ficar sem um mandato, como ocorreu em 2006, quando perdeu a vaga para Francisco Dornelles (PP). Ela minimiza:

— A concorrência não assusta. As pesquisas são boas. A pré-candidatura do Cabral é que ainda é duvidosa.

Já o senador Marcelo Crivella (PRB) e o deputado federal Anthony Garotinho (PR), ambos pré-candidatos ao governo do Rio, ainda não sabem como vão formar a chapa para o Senado. Até agora, sem aliados, Crivella sonha em ter Romário, mesmo sabendo que as chances são remotas. Com a adesão apenas do PTdoB, Garotinho tem usado a vaga no Senado como moeda de troca para atrair mais partidos para a aliança. Ele flerta com o PSB, que o rejeitou.

Aécio Neves: “O que for bom, vamos manter. O que for ruim, vamos acabar.”

Caio Barbosa e Eugênia Lopes – O Dia

RIO - Pré-candidato à presidência da República pelo PSDB, o senador Aécio Neves admite que é mais carioca do que mineiro, pois veio para o Rio aos 9 anos e estudou a vida toda na Cidade Maravilhosa, onde mora até hoje.

Ex-surfista, boêmio assumido e neto do ex-presidente Tancredo Neves, ele conta com apoio de boa parte do PMDB do Rio, que idealizou o movimento ‘Aezão’, atrelando sua candidatura à reeleição do governador Luiz Fernando Pezão. Em entrevista ao DIA , o tucano afirma ser contra a descriminalização das drogas no Brasil e diz que, se eleito, vai manter e aprimorar os programas do atual governo.

O DIA: Que avaliação o senhor faz do apoio expressivo que recebeu do PMDB fluminense no lançamento da chapa Aezão, apesar de o governador Pezão apoiar oficialmente a presidenta Dilma?
Aécio Neves: O que vamos apresentar para o Rio, na verdade, é um projeto de fortalecimento da economia local e a retomada de programas sociais. Vamos apresentar uma agenda para o Rio. Nem é questão de ter candidato ao governo. O que a gente conquistou foi a possibilidade da agenda chegar ao interior do estado. E isso me dá tranquilidade para construir um discurso com a cara do Rio. Já temos uma situação positiva em Minas Gerais, e a condição de conseguir uma boa posição em São Paulo. Faltava o Rio.

O PSDB aqui não tem a mesma força?
Apesar dos quadros qualificados, o partido não tem densidade eleitoral no Rio. Essa aliança me dá o que faltava. Se conseguirmos uma boa posição no Rio, nossa candidatura ficará muito competitiva.

Como estão as negociações com o DEM, que lançou a candidatura do Cesar Maia ao governo?
É uma questão não definida, se vai haver ou não uma candidatura. Há uma coligação proporcional acertada entre DEM, PSDB e PPS. Na majoritária, estou deixando para os deputados decidirem. Qualquer que seja a decisão, ela não pode prejudicar os companheiros que estão disputando a reeleição.

César Maia, então, ainda pode desistir?
Ele diz que vai ser candidato. E eu tenho que respeitar. O que deleguei ao PSDB é para discutir com ele sobre as possibilidades em torno da sua candidatura e um eventual apoio. Uma candidatura do Cesar não me traz dificuldade porque o essencial nós temos: o discurso e, agora, uma base sólida. Pretendo fazer uma campanha suprapartidária no Rio de Janeiro, com todo esse leque de apoios.

O Armínio Fraga será seu ministro da Fazenda?
Temos que ganhar a eleição primeiro. Estamos construindo uma agenda para o país e cada vez vai ficar mais claro que temos gente qualificada para retomar o crescimento, resgatar a credibilidade perdida do Brasil para resgatar investimento, gerar renda e emprego de melhor qualidade.

Henrique Meirelles pode ser seu vice?
Não porque o partido dele (PSD) tem reiterado o apoio à Dilma em nível nacional. O que estamos vendo é que vários partidos estão entregando seus tempos de TV para presidenta Dilma, mas estão fechando as alianças nos estados com a oposição. Ou seja, a presidenta levará o tempo de TV dos partidos, mas não o trabalho, o empenho desses partidos.

O senhor pode lançar uma chapa puro-sangue? José Serra poderá ser o vice?
Nunca conversei com ele sobre isso. Nem sei nem se ele se disporia. Tenho visto ele se movimentar em São Paulo, para Câmara ou Senado. O que posso dizer é que o Serra é um quadro extremamente qualificado até para presidente da República. Temos muitas alternativas. E isso é muito bom.

O senhor falou que o PT perdeu a esperança. O slogan deles era “a esperança venceu o medo”. Mas agora o medo virou o jogo no segundo tempo?
O PT curvou-se aos seus fracassos. O governo do PT fracassou na economia, na gestão do estado. O país é um cemitério de obras inacabadas e com sobrepreço. Na educação, em qualquer ranking internacional estamos em penúltimo lugar. Em vez de falarmos em competitividade e capacidade, ficamos falando de inflação e corrupção. Isso é um absurdo.

E as reformas? Não foram feitas nem no governo do PT, nem do PSDB.
Precisamos avançar na reforma política, na simplificação do sistema tributário, na reforma do estado. É um acinte um governo com 39 ministérios e 25 mil cargos comissionados. Isso é para atender à companheirada, não à população.

E qual é sua proposta?
Vamos reestatizar o estado brasileiro, resgatar o setor público e ter coragem para fazer as reformas que não foram feitas até aqui. Não quero que o Brasil seja indefinidamente o país do pleno emprego dos dois salários mínimos. Nós temos de resgatar a capacidade de investimento da nossa indústria, sobretudo de manufaturados. O que for bom nós vamos manter e aprimorar. O que for ruim, vamos acabar.

E a reforma agrária?
O governo Dilma assentou menos gente que o governo Geisel. Muito menos do que o governo Fernando Henrique. A reforma agrária não é uma questão ideológica, mas de necessidade. De manter no campo pessoas vocacionadas e garantir apoio técnico à produção. Um governo do PSDB vai avançar muito mais do que o governo do PT.

Qual sua posição sobre a legalização das drogas? O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já se posicionou favoravelmente.
O Fernando Henrique está acima do bem e do mal. Ele tem essa posição, mas não concordo. Não gostaria que o Brasil fosse um laboratório para esta política de legalização, mas obviamente estamos observando as experiências do Uruguai, Portugal e alguns estados nos Estados Unidos, mas não é uma prioridade para o Brasil. O Brasil não ganharia nada com a descriminalização.

A Dilma deve pedir votos com o Lula a tiracolo. O senhor fará o mesmo com o Fernando Henrique Cardoso?
Fernando Henrique é um estadista e está participando do que é essencial: a formulação do nosso projeto de Brasil. Ele certamente participará de alguns atos de campanha, mas não é para estar no dia a dia. Não vou levá-lo como uma muleta porque não preciso de muletas. Vamos defender o legado do governo Fernando Henrique, a estabilidade da moeda, a lei de responsabilidade fiscal, o programa de distribuição de renda, da qual o governo Lula foi beneficiário e a privatização de alguns setores.

Mas o governo Dilma e o de Lula alegam que o PSDB deixou uma herança maldita.
Não teria havido governo do presidente Lula com os resultados que ele teve, se não tivesse havido o governo do presidente Fernando Henrique. Na verdade, o governo do Lula foi beneficiário da herança bendita do governo do presidente Fernando Henrique . Só que essa herança exauriu-se e agora, infelizmente, o governo da presidenta Dilma deixará uma herança maldita para seu sucessor em todos os aspectos, principalmente na questão ética, o pouco compromisso com a ética.

Tempo de definições na corrida ao Planalto

- Correio Braziliense

PMDB inaugura o calendário de convenções partidárias na terça-feira, com o posicionamento da sigla sobre o apoio a Dilma Rousseff. Se, no plano nacional, as principais legendas já têm os candidatos encaminhados, nos palanques regionais sobram pendências

Enquanto os olhos do Brasil e do mundo estiverem voltados para a Copa do Mundo, os partidos políticos farão suas convenções partidárias para sacramentar os candidatos ao Palácio do Planalto, aos respectivos governos estaduais e as alianças que serão formadas para pavimentar o caminho em outubro. A maratona das legendas vai durar entre 10 e 30 de junho, embora a data para o requerimento de registro das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vá até 5 de julho.

A corrida começa logo com o PMDB, partido que comanda a Câmara e o Senado, tem o maior número de senadores, deputados estaduais, prefeitos e deve confirmar a candidatura à Vice-Presidência de Michel Temer na chapa com a petista Dilma Rousseff (Leia na página 3). O encontro ocorre em Brasília e, apesar da resistência de diversos diretórios, como o de Goiás, do Ceará, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e da Bahia, não deverá trazer novidades no resultado final.

A festa do PT está marcada para 21 de junho, também em Brasília. O PT tentará enterrar de vez o fantasma do "Volta, Lula" na convenção. Fontes ouvidas pelo Correio garantem que não há mais tempo hábil para a substituição e que, se ela acontecesse, Lula queimaria todo o seu capital político em uma disputa incerta. Além disso, a presidente conseguiu amarrar seu antecessor, ao obrigá-lo a anunciar o apoio por diversas vezes e deixar vazar que ele teria papel de destaque durante a campanha.

Repetindo a tática de 2010, mais uma vez o PT restringiu a aliança com os partidos que serão adversários na corrida pelo Planalto em outubro: PSB e a trinca PSDB, DEM e PPS. Em 2010, os socialistas estavam na chapa, curiosamente por uma imposição do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ciro Gomes (hoje no PROS) queria ser candidato após o fim da era Lula, mas a maioria do PSB, conduzido por Campos, decidiu pela manutenção da aliança com os petistas.

Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fará sua convenção em 14 de junho, em São Paulo, mas já adiantou que deverá deixar para a última hora a escolha do vice. Isso deve ficar para o fim do mês, após o término de todas convenções de possíveis legendas aliadas.

Do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD) ao presidente da Força Sindical, Miguel Torres (SDD), muitas são as ofertas para a vice de Aécio na corrida ao Palácio do Planalto. As articulações incluem uma chapa puro-sangue com o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), a deputada Mara Gabrilli (SP) ou a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, vem refutando o alinhamento com os tucanos no plano nacional, mas, em São Paulo, concorre com Márcio França (PSB) para vice de Alckmin. Neves, presidente do PSDB, ressaltou, na semana passada, que não tem pressa nem obrigação de escolher até a convenção, marcada para o próximo sábado.

Outro cotado para vice de Aécio Neves, o DEM tem na aliança nacional com os tucanos uma certeza. No quintal do presidente da sigla, no entanto, ainda bate cabeça. Com um alto índice de rejeição, a governadora Rosalba Ciarlini (RN) insiste na reeleição. O presidente dos demistas, senador José Agripino Maia (RN), prefere apoiar Henrique Eduardo Alves(PMDB), presidente da Câmara dos Deputados — que consolida uma coligação que só deixa de fora o PT. Além do impasse no Rio Grande no Norte, a indefinição no Rio de Janeiro e em Goiás fez com que ainda a convenção do DEM não tenha data para acontecer.

O PSB de Eduardo Campos está com a convenção pré-marcada para 28 de junho, mas alguns integrantes do partido defendem uma outra data, para evitar a coincidência com uma possível partida do Brasil, em Belo Horizonte, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. O incômodo apoio dos pessebistas de São Paulo à reeleição do tucano Geraldo Alckmin ao governo estadual, anunciado na semana passada, não deve ser revertido, uma vez que a sigla deve liberar os diretórios regionais para se coligarem livremente. Embora o anúncio tenha frustrado sonháticos da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva (Leia na página 4), ele não deve impedir a confirmação da ex-ministra do Meio Ambiente como vice na chapa encabeçada por Eduardo Campos.

Coligações liberadas
O PP deve reiterar no dia 25 o apoio nacional à reeleição da presidente Dilma. No Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, no entanto, que concentram grande parte dos parlamentares federais da sigla, Aécio deverá ser o candidato a subir nos palanques. Lideranças de peso dos três estados defendem inclusive a neutralidade no plano nacional — para não ceder o tempo de tevê para o PT. Diante do impasse, a convenção deve formalizar a postura pró-Dilma, mas liberar as alianças regionais.

Os nanicos de esquerda, novamente, não conseguiram se entender. Depois de meses de insistência, o PSol desistiu de reeditar nacionalmente a aliança com PSTU e PCB que rendeu 6 milhões de votos para Heloísa Helena (AL), em 2006. O senador Randolfe Rodrigues (AP) deverá ser referendado como candidato ao Planalto no dia 21. A desistência, no entanto, não impede frentes de esquerda regionais. Em alguns estados, como São Paulo, já é dada como certa a aliança com os radicais PSTU e PCB. Já para a Presidência da República, os dois partidos lançarão, respectivamente, o sindicalista Zé Maria (SP) e o intelectual Mauro Iasi (RJ).

Alinhamento político
O DEM, antigo PFL, é um tradicional aliado dos tucanos. Nas últimas cinco eleições presidenciais, o partido indicou o vice para o PSDB em quatro delas. Nas campanhas vitoriosas de 1994 e 1998, Marco Maciel era o vice de Fernando Henrique Cardoso. Em 2006 e 2010, respectivamente, José Jorge concorreu como vice de Geraldo Alckmin e Índio da Costa como segundo na chapa de José Serra. A única vez em que os pefelistas não fizeram parte desse grupo foi em 2002, quando Serra escolheu Rita Camata, então no PMDB. Naquele ano, Roseana Sarney foi candidata a presidente pelo PFL, mas desistiu após o caso Lunus.

5 de julho
Prazo para o registro das candidaturas no TSE

Merval Pereira: Desconstruindo a representação

- O Globo

Diante da realidade eleitoral que lhe é adversa neste momento, com uma tendência de queda detectada pelas pesquisas, a presidente Dilma cedeu aos radicais do PT para tentar animar os militantes do partido: aceitou discutir uma regulação econômica da atividade, uma das facetas do controle social da mídia, e assinou na surdina um decreto instituindo conselhos populares nos diversos níveis de atuação do governo, passando por cima do Congresso, sobretudo na representação da população nas decisões de governo.

Numa democracia representativa como a que (ainda) temos, esse papel caberia aos parlamentares eleitos pelo voto direto do cidadão, e não a movimentos “institucionais” e mesmo “não institucionalizados”, como previsto no decreto presidencial que está sendo contestado no Congresso.

Em troca de não colocar em votação um decreto legislativo que anularia o decreto presidencial, o presidente da Câmara, Henrique Alves, está pedindo que o governo cancele o decreto e submeta a proposta ao Congresso através de um projeto de lei.

Esta parece ser a única maneira viável de aprovar a criação desses conselhos, que ficariam, porém, circunscritos a certas instâncias definidas pelo Congresso, o que retiraria de sua criação o aspecto de “democracia direta”, que é o centro da proposta do governo.

Para o filósofo Roberto Romano, o aspecto institucional mais desastroso é justamente o predomínio do Executivo sobre os demais poderes. “Pela enésima vez a Presidência tenta legislar, atropelando o Congresso e as instâncias jurídicas apropriadas”, ressalta Romano.

Diante da leniência do Congresso, que troca seu poder por favores pessoais aos congressistas, “já temos uma ditadura do Executivo, se bolivariana, o futuro próximo (muito ligado à eleição ou à reeleição do cargo presidencial) dirá”.

Roberto Romano ressalta que “uma coisa é a participação popular, como audiências públicas obrigatórias e outros instrumentos; algo bem diferente é a tese, contida no decreto, segundo a qual mesmo movimentos “não institucionais” podem ter influência direta nas decisões de ordem pública.

“Com o decreto, o que se faz é gerar um Estado na periferia do Estado. Só que ninguém, naqueles movimentos, assumirá responsabilidade oficial pelos erros e possíveis acertos das decisões perante a população como um todo”.

O cientista político Bolívar Lamounier chama também a atenção para a questão da responsabilização das decisões e da necessidade de dar explicações aos cidadãos, características da democracia representativa.

Parafraseando Sobral Pinto, ele diz que o decreto dos conselhos “tem catinga de fascismo” na sua “flagrante inconstitucionalidade”, pela “indigência intelectual que exala” e por sua “mal disfarçada sonoridade ideológica populo-esquerdoide-fascistoide”, calculada para agradar a um certo público interno do PT e a setores externos que não digerem a democracia “burguesa”.

Ele ressalta que no regime democrático, “a participação não é induzida — não se confunde com a arregimentação promovida por regimes populistas, autoritários e totalitários —, mas é sempre bem-vinda”.

O problema, diz Bolívar, é que os setores que demandam a inclusão raramente oferecem ideias úteis sobre como efetivá-la. “Martelam as teclas populo-esquerdoides da “sociedade civil”, dos “movimentos sociais”, dos “plebiscitos”, do “aprofundamento da democracia” e etc, mas sempre ferindo acordes bem conhecidos”.

Simplesmente porque considera que a presidente “não pode ser assim tão jejuna em História e teoria política”, Bolívar está convencido de que Dilma “sabe, com certeza, que seus ‘conselhos populares’ outra coisa não são que a velha mistificação corporativista, sindicalista e fascistoide; a ideia de que a ‘verdadeira’ consciência cívica se plasma no convívio com a companheirada; o corolário é o de que o voto, essa ‘velharia liberal’, é individualista, fragmentador, atomístico etc”.

Tudo faz crer, diz ele, que se trata de um pré-pagamento “que a doutora Dilma se dispôs a fazer aos setores mais arredios do PT para mantê-los dentro do barco eleitoral, ainda mais com o ‘Volta Lula’ ciscando por aí”.

Dora Kramer: Devagar e sempre

• Aprovação de Dilma cai e rejeição cresce aos poucos, mas de forma constante

- O Estado de S. Paulo

Para efeito externo o discurso ainda é o de que a queda da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas não assusta porque os adversários não cresceram.

Internamente, os números divulgados pelo instituto Datafolha na sexta-feira bateram no PT como um prenúncio quase certo de derrota se alguma providência não for tomada. E por "providência" entenda-se a troca da candidatura do partido. Aquele sentimento temporariamente arrefecido reacendeu e deve jogar o PT de novo na discussão do "volta, Lula" nessas duas semanas que faltam para a convenção marcada para o próximo dia 21.

A inquietação nos telefonemas trocados entre petistas na sexta-feira de manhã era com a possibilidade de "entregar (o governo) para o Aécio". Hipótese, de acordo com essas avaliações, perigosamente desenhada em duas situações da pesquisa: na simulação de segundo turno e na indicação da pessoa com mais capacidade de promover as mudanças desejadas por 74% por consultados.

Em fevereiro, Dilma tinha o dobro das intenções de voto do tucano Aécio Neves em disputa na fase final: 54% contra 27%. Agora ela caiu para 46% e ele subiu para 38%. No quesito capacitação para promover mudanças o ex-presidente Lula aparece em primeiro lugar com 35%, Aécio em segundo com 21% e Dilma em terceiro com 16%.

Nas intenções de votos a presidente ainda está em primeiro lugar com 34%, mas perdeu 10 pontos porcentuais de fevereiro para cá. Vem caindo devagar e constantemente. O mesmo movimento ocorre com seu índice de rejeição: era de 30% em fevereiro e agora é de 35%. São números que vão se consolidando, firmes e, portanto, aparentemente difíceis de tomarem o rumo inverso.

O mesmo acontece com a avaliação de governo, que já foi de 65% no quesito ótimo e bom há pouco mais de um ano, caiu para 25% em junho de 2013, deu uma boa recuperada em fevereiro (41%) e nos últimos meses voltou a cair gradativamente até atingir os atuais 33%. Dizem os estudiosos de estatísticas eleitorais que governantes com avaliações positivas abaixo de 35% não conseguem se reeleger.

Permitam-me, o senhor e a senhora, lembrar um detalhe: a análise aqui é baseada na percepção recolhida entre petistas que sob a condição do anonimato puderam dar uma visão mais realista que a versão oficial. São eles os primeiros a apontar a irrelevância dos índices dos adversários nesse momento, considerando mais importante o grau de conhecimento e de exposição de cada um.

Muitos não duvidam de que Dilma estaria atrás do segundo colocado se ele fosse tão conhecido e tivesse tanto espaço nos meios de comunicação quanto ela.

Esses dados fazem baixar, não diria o pânico, mas o sentido de urgência nas hostes do PT. Note-se: não disse governistas, pois os demais partidos da "base" se arranjam em qualquer governo.

O "Volta Lula", por isso, é hoje uma preocupação exclusivamente petista. Na avaliação do partido difícil de resolver. Porque, com todo poder de mando do ex-presidente sobre o partido e sua criatura ele preservaria um sentido de delicadeza que o impediria de impor uma desistência a Dilma. Pela qual há uma evidente torcida.

Barco a vagar. Segundo o ex-presidente Lula, a culpa do ínfimo crescimento da economia é do pessimismo dos empresários. Mas, de acordo com o Banco Central, o pessimismo dos brasileiros em geral é muito bom porque vai ajudar a reduzir a inflação que, na avaliação do ministro da Fazenda, foi a responsável pelo mau desempenho da economia.

Inflação esta até outro dia mesmo um problema existente só na cabeça dos pessimistas que, se agora são tidos pelo BC como aliados na luta contra a inflação, antes eram apontados como soldados da "guerra psicológica" contra o governo.

Deve ser por essa confusão que a presidente Dilma, quando perguntada sobre o porquê de o Brasil crescer tão pouco, agora diz que não sabe a razão.

Eliane Cantanhêde: Triângulo das Bermudas

- Folha de S. Paulo

Dilma cai nas pesquisas, Lula sobe nos palanques e o PT e a campanha quebram a cabeça -- ou batem cabeça?-- buscando caminhos para garantir a vitória.

Enquanto isso, Aécio Neves, apesar de ter oscilado de 20% para 19%, vai se afirmando como virtual adversário no segundo turno e avança pelos três maiores colégios eleitorais: Rio, São Paulo e Minas, que reúnem em torno de 40% dos votos.

Um dos principais fatos políticos da semana passada, além das greves paulistanas e do Datafolha, foi a demonstração de força de Aécio no Rio, onde a chapa "Aezão" (Aécio para presidente, e o pemedebista Pezão para o governo) pegou.
Ele estrelou um evento organizado pela cúpula do PMDB estadual, com 1.600 lideranças e gente de 17 partidos. Demonstra tanto o potencial da campanha tucana quanto as incertezas da candidatura petista.

Em São Paulo, surpreende a capacidade de resistência do governador Alckmin, que sobrevive a greves, manifestações, violência e até falta de água (?!), com 44 % das intenções de votos. Talvez por isso --e pela baixa aprovação do prefeito Fernando Haddad (PT)-- Aécio já esteja empatado com Dilma na capital. Os dois mineiros têm ali os mesmos 21%.

Os intrincados arranjos de Alckmin com o PSB de Campos e com o PSD de Kassab podem descolar Aécio de Dilma e levá-lo à liderança no Estado. Especialmente, claro, se uma chapa Alckmin-Kassab esgarçar o já frágil apoio do PSD a Dilma.

Em Minas? Aécio deixou o governo com alta aprovação e esta é a grande chance de um mineiro "de verdade" (Dilma é meio gaúcha) subir a rampa depois de Itamar, que chegou pela porta lateral e era baiano. Dificilmente Aécio perderá em Minas.

Um fator relevante é que todos esses arranjos ocorrem num momento em que Dilma não convence, Aécio precisa crescer e todos disputam um eleitor irascível e forte: o sr. Voto Nulo Branco Indeciso da Silva.

Ah! E o Pastor Everaldo vem aí.