sábado, 17 de maio de 2014

Opinião do dia: José Serra

Esse governo tem a mentira como método, além da questão da falta de credibilidade. Eles estão perdidos em matéria de comunicação com a população brasileira. Estão sem rumo. A Petrobras chegou ao ponto mais baixo de sua história. Foi privatizada não pelo setor privado, mas para servir a interesses privados do PT e de seus aliados.

José Serra, ex-prefeito e governador de S. Paulo. ‘Em SP, Serra aparece ao lado de de senador e critica o governo’. O Globo, 17 de maio de 2014.

Lula diz que metrô para estádio é "babaquice"

• Ex-presidente classifica de "babaquice" a cobrança pela expansão das linhas até os estádios que serão palco de jogos da Copa do Mundo

- Correio Braziliense

"Que babaquice é essa?", questionou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possibilidade de expansão da rede de metrô até os estádios de futebol que receberão jogos da Copa do Mundo. "Nós nunca tivemos problemas em andar a pé", emendou. "Vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa. A gente está preocupado que tem que ter metrô, tem que ir até dentro do estádio? Nós temos é que dar garantias para essa gente assistir aos jogos, comer a nossa comida. Disso que temos que ter orgulho."

Ao defender que o metrô seria um luxo desnecessário, o petista disse ainda que a Copa é um momento em que o Brasil deve "mostrar sua cara", e que "esconder pobre está fora de cogitação". As polêmicas declarações foram feitas durante o 4º Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais, em São Paulo, em que também compareceram o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o pré-candidato ao governo estadual, Alexandre Padilha, e parlamentares petistas.

Lula não parou as polêmicas na "babaquice". O ex-presidente também anunciou ter descoberto o motivo para "tanta truculência e ataques contra o governo". "Estão com medo de Dilma", resumiu. E defendeu Haddad das críticas à gestão na prefeitura paulistana. "Não conheço ninguém que no primeiro ano (de mandato) tomou a quantidade de porrada que você tomou."

O petista disse ainda que não há motivos para o partido temer comparações com o PSDB "em nenhuma área, inclusive na questão da corrupção". "Esse governo certamente tem defeitos, como o meu governo teve defeitos, mas o que nós temos que comparar somos nós com eles", disse o ex-presidente, em referência a PT e PSDB. A única forma de "não ter corrupção neste país", continuou o ex-metalúrgico, é "contratar alguém para levantar o tapete e jogar coisa para debaixo". "Criamos um partido político para ser diferente, para fazer uma política que desse orgulho nas pessoas. Não fizemos para entrar na vala da mesmice", afirmou.

Entre blogueiros, Lula se sentiu à vontade ainda para defender a regulação da mídia. "Que não venham dizer que isso é censura, que estamos tentando controlar os meios de comunicação, porque quem tem que controlar os meios de comunicação é o telespectador, é o ouvinte, é o leitor. O que todos nós exigimos é que haja neutralidade e seriedade nas informações nesse país."

Vaias
Durante visita ao Nordeste, Dilma Rousseff participou da colação de grau de alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) em João Pessoa (PB) e em Teresina (PI). Em ambas cidades, ela foi recebida com vaias e protestos, principalmente, de professores e servidores das universidades. Mantendo a agenda de pré-campanha, Dilma entrega hoje 982 casas do Minha Casa, Minha Vida em Parnaíba, também no Piauí

Para Lula, cobrar metrô em estádio é 'babaquice'

• A blogueiros ex-presidente diz que brasileiro não tem problema em andar a pé

• Só 3 das 12 cidades-sede possuem estações de trem que servem às arenas; duas obras previstas foram adiadas

Marina Dias, Daniel Carvalho – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO e RECIFE - É uma "babaquice" a preocupação de dar condições de Primeiro Mundo ao torcedor na Copa, como "chegar de metrô dentro do estádio", afirmou nesta sexta-feira em São Paulo (16) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em palestra a blogueiros, o petista disse que o brasileiro "nunca teve problema em andar a pé": "Vai a pé, descalço, de bicicleta, de jumento, de qualquer coisa. Mas o que a gente está preocupado é que tem que ter metrô, tem que ir até dentro do estádio? Que babaquice é essa?".

Das 12 cidades-sede da Copa, em apenas 3 (São Paulo, Rio e Recife) há estações de metrô próximas aos estádios. Manaus e Fortaleza planejaram obras para fazer o mesmo, mas elas foram adiadas.

Aos blogueiros Lula declarou que o Mundial será o momento de o país "mostrar sua cara". "Esconder pobre está fora de cogitação", afirmou.

Sobre os atos que contestam gastos com a Copa, o ex-presidente afirmou que "não há dinheiro público" nos estádios --as arenas receberam incentivos fiscais ou financiamento do BNDES.

As despesas com a Copa também foram tema para a presidente Dilma Rousseff durante jantar com jornalistas esportivos no Palácio da Alvorada na quinta (15).

Ao comentar as cobranças para a ampliação das redes de metrôs para a Copa, ela disse que os dirigentes da Fifa têm representado um peso.

"Tirem o Blatter e o Valcke das minhas costas! Não tem nada a ver com a Copa, são obras para as cidades."

Questionada sobre Joseph Blatter, presidente da Fifa, e Jerôme Valcke, secretário-geral, serem "um peso", Dilma declarou: "Ô, se são".

A Fifa disse que não comentará as declarações.

Imprensa
No Recife (PE), um seminário do qual o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) participou foi interrompido por três manifestantes que invadiram o palco e abriram uma faixa de protesto contra a Copa enquanto ele discursava.

O ministro agradeceu aos manifestantes pela "demonstração de democracia", e o debate foi retomado.

Na parte final do evento, o ministro fez críticas a um texto publicado minutos antes do site da Folha, que relatava a invasão do palco.

"Estávamos aqui discutindo, aí vem um assessor meu e traz uma manchete do portal daFolha dizendo assim: Debate no Recife sobre a Copa é interrompido por causa de protesto". Veja como é dura a nossa vida, como que a imprensa joga", disse o ministro, diante de militantes petistas e integrantes de movimentos sociais de Pernambuco.

O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) também criticou a Folha e disse: "Vai ter Copa, sim. Quem não quiser vá para outro país".

Carvalho minimizou o atraso de obras da Copa, mas admitiu que o governo não investiu em mobilidade.

Lula diz ser 'babaquice' querer que o torcedor chegue de metrô ao estádio

• Durante palestra em SP, ex-presidente disse que o torcedor brasileiro vai até descalço aos jogos

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira ser "babaquice" a ideia oferecer condições para que os torcedores cheguem de metrô aos estádios que vão sediar os jogos da Copa do Mundo. Durante palestra a blogueiros em São Paulo, Lula disse que o brasileiro vai até descalço ver as partidas.

"Nós nunca reclamamos de ir a pé (ao estádio). Vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa. A gente está preocupado? Ah não, porque agora tem que ter metrô até dentro do estádio. Que babaquice que é essa?", disse Lula.

O ex-presidente disse ainda que o País tem que dar "garantia para esse povo assistir ao jogo, comer nossa comida, uma boa comida mineira, baiana, paraense, paulista. É disso que nós temos que ter orgulho. Eles vão ver esse povo andando na rua alegre, não é aquele povo sisudo".

Ele, no entanto, disse que não vai assistir os jogos nos estádios. "Eu já tomei a decisão de não ver nenhum jogo (no estádio). Vou ver em casa, né? Porque já que não pode entrar bebida (nos estádios), em casa vou tomar uma cervejinha e ninguém pode reclamar." O ex-presidente cometeu um equívoco nesta afirmação, já que bebidas alcoólicas foram liberadas dentro dos estádios durante

Dizendo-se orgulhoso pela conquista do direito de sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, Lula afirmou que não pensou em dinheiro quando optou por concorrer a ser país-sede dos eventos esportivos. "Quando eu pensei isso não pensei em dinheiro, se vai entrar 30 bilhões, 40 bilhões. Eu não pensei nisso."

O ex-presidente afirmou que não se preocupa com a possibilidade de serem mostradas nas TVs internacionais imagens de barracos e mendigos dormindo nas ruas. "Não tenho preocupação nenhuma que mostrem barracos. Podem mostrar quantos barracos quiserem. Não tem que tirar ninguém na rua", disse o ex-presidente.

"Se tiver 'nego' dormindo na rua tem que deixar na rua. Ele é brasileiro igual nós. Se ele tem problema temos que tentar resolver o problema, mas esconder pobre está fora de qualquer cogitação", completou.

De bom humor, Lula disse que não tem receio sobre a realização da Copa do Mundo. "Do que eu tenho medo na verdade? Eu tenho medo de acontecer o que aconteceu com o Uruguai aqui em 1950", ironizou. Naquele ano, o Brasil sediava a Copa do Mundo e perdeu na final para a seleção uruguaia, no episódio que ficou marcado como a maior tragédia do futebol brasileiro.

Ainda usando a ironia, Lula disse que achou "fantástico" saber que a presidente Dilma Rousseff está juntando figurinhas para o álbum da Copa do Mundo. "Agora só falta alguém ensinar a Dilma a bater bafo".

Blatter: manifestações no Brasil são fruto de promessas não cumpridas

• Presidente da Fifa diz que projetos de Lula ‘não foram adiante’

• Sociedade também seria responsável, segundo ele

• Quando a Copa começar, acredita, os protestos darão lugar à festa

- O Globo e agências internacionais

GENEBRA — Na mesma entrevista à RTS, TV pública da Suíça, em que assumiu que a escolha do Qatar para a Copa de 2022 “foi um erro”, por causa do calor de 50 graus no país, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que as manifestações no Brasil são fruto de promessas feitas à população que não foram cumpridas.

— Os brasileiros estão um pouco insatisfeitos... Muita coisa foi prometida a eles... — afirmou.

Segundo Blatter, porém, a sociedade brasileira também tem sua parcela de responsabilidade:

— Para mudar o Brasil, a sociedade terá de ter vontade de trabalhar — disse.

O presidente da Fifa foi otimista ao afirmar que acredita no esvaziamento das manifestações quando a Copa começar:

— Estou certo de que, quando o primeiro chute for dado, o Brasil vai viver um ambiente de futebol, samba, música e ritmos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado algumas vezes na entrevista. Blatter disse que os projetos de Lula para o Brasil “não foram adiante”.

— O Brasil é a sexta maior economia do mundo. Lula, quando era presidente, prometeu a melhoria do país. Mas, para isso, é preciso a vontade de todos, a vontade do povo para trabalhar.

Aécio diz que PT tem medo de perder eleição

• Tucano volta a criticar propaganda petista e diz que partido ‘não tem moral’ para falar em combate à corrupção

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO - O discurso apresentado pelo PT no programa partidário veiculado nesta quinta-feira na TV é uma "balela" e expõe o medo de uma derrota nas eleições deste ano. A avaliação foi feita pelo pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, em palestra na manhã desta sexta-feira para empresários na Câmara Americana de Comércio (Amcham) em São Paulo. Aécio usou até o episódio do mensalão para contestar a propaganda petista

- Depois de 12 anos o que eles têm a nos oferecer é o medo? O que eu vi ontem foi o partido do mensalão falando em combater a corrupção. Vi inúmeras obras de mobilidade mas nenhuma concluída pela incapacidade do atual governo. Um partido que fala em medo quando o medo é eles que têm hoje de perder a eleição - discursou o senador.

O presidenciável ironizou o desfecho do discurso petista no programa partidário. Primeiro, chamou a peça de "propaganda eleitoral" e depois falou que o adversário "chegou a uma conclusão curiosa".

- De que para mudar é melhor deixar tudo como está. Já eu quero mudar tudo - disse Aécio.

O senador também respondeu à comparação feita no programa sobre o histórico da inflação na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff. Os números apresentados na TV ontem apontaram que nos oito anos da gestão tucana a média de inflação foi de 9% ao ano, enquanto, nos três primeiros anos do governo Dilma, ela foi de 6%.

- É uma fraude intelectual do PT porque eles sabem como era o governo do presidente Fernando Henrique. Nós pegamos a inflação em 80% ao mês. Isso é desrespeito à população. É fazer pouco da inteligência dos brasileiros.

No discurso para os empresários, Aécio voltou a se comprometer com uma reforma tributária e defendeu mais uma vez a cláusula de barreira para os partidos políticos, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal. O mecanismo previa que partidos que não atingissem um mínimo de votação nas urnas não tivessem acesso aos recursos do fundo partidário e a tempo no rádio e na TV. A regra foi aprovada pelo Congresso e poderia levar ao fim de várias siglas pequenas, como aquelas com as quais Aécio está negociando apoio neste ano, como PTN, PTC, PSL, PT do B, PEN e PMN.

O senador negou, em entrevista, que houvesse incoerência entre o que prega em discurso nesse assunto e o que faz na prática.

- A regra atual é essa (sem cláusula de barreira). Amanhã eu torço para que esses partidos (nanicos) possam sobreviver.

Apoio do DEM
Mais tarde, em encontro com a ala paulista do DEM, o pré-candidato do PSDB pediu nesta sexta-feira o apoio do partido para a eleição nacional e deixou a reunião com um aceno favorável do histórico aliado. Em discurso para parlamentares e lideranças do DEM no estado, Aécio defendeu não haver distinção entre tucanos e democratas.

- Tucanos e democratas são a mesma coisa, somos o mesmo bicho querendo devorar e vencer aqueles que vêm infelicitando o Brasil, trazendo o medo de volta.

Peço a cada um de vocês, vamos fazer essa caminhada juntos - discursou o senador.

Antes dele, o senador José Agripino Maia, presidente nacional do DEM, e outras lideranças fizeram pronunciamentos em favor da continuidade da parceria entre PSDB e DEM.

- Sempre me sinto em casa com o PSDB. São pessoas com quem não tenho medo de enfrentar o futuro - afirmou Agripino.

Mas o senador destacou que não há anúncio de aliança com Aécio por enquanto. A cautela é para que negociações de alianças entre os dois partidos em alguns estados tenham um desfecho a contento.

- Não é anúncio oficial, mas uma reunião de amigos. Estamos avaliando a situação estado por estado. Nossa aliança no quadro nacional não está ainda anunciada. A disposição é completa, mas estamos fazendo um trabalho de ourives - explicou Agripino.

Aécio tem, até agora, o apoio formal apenas do Solidariedade (SDD). Ele também negocia, com a ajuda do governador Geraldo Alckmin (PSDB), uma aliança com um grupo de legendas nanicas, que acompanharão Alckmin na sucessão estadual. São seis partidos (PTN, PTC, PSL, PT do B, PEN e PMN), que, juntos, dariam cerca de 20 segundos no horário eleitoral ao tucano.

Estimativas preliminares dão conta de que Aécio terá pouco mais de 4 minutos, a presidente Dilma Rousseff, cerca de 13 minutos, e Eduardo Campos (PSB), quase três minutos por dia de propaganda na TV e no rádio.

Em uma reunião reservada que teve antes do encontro público com o DEM, Aécio disse a representantes do histórico aliado que anunciará o vice até o próximo dia 10. A convenção do PSDB que oficializará a candidatura de Aécio está marcada para 14 de junho.

Marina diz que candidatura não pode ser auxiliar da outra sobre proximidade de Aécio e Campos

• ‘Não queremos ganhar de qualquer jeito, não queremos ganhar perdendo. É preferível perder ganhando’, diz pré-candidata a vice

• Para a ex-senadora, candidatura não pode ser auxiliar da outra

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA - A ex-senadora Marina Silva, pré-candidata a vice-presidente da aliança PSB-Rede-PPS-PPL, defendeu nesta sexta-feira o fim do pacto de boa convivência entre os pré-candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Ela participou pela manhã do encontro nacional da Juventude em Rede, organizado por jovens militantes da Rede Sustentabilidade, de 23 estados. Marina disse que, no encontro empresarial de Comandatuba, realizado pelo Lide, entendeu que houve uma tentativa de dizer que os projetos dos dois candidatos eram semelhantes, mas quando alguém está muito preocupado em ser semelhante, é porque sabe que é diferente.

— Numa eleição em dois turnos ninguém pode tentar colocar uma candidatura como linha auxiliar da sua. É preciso que a sociedade tenha alternativas. Eu e Eduardo vamos afirmar nossas ideias. O PT e o PSDB tem estruturas tão fortes que até parece que eles acham que tem o direito de ganhar — disse Marina.

A pré-candidata a vice na chapa de Eduardo Campos também deu como encerrada a discussão sobre a manutenção da aliança em São Paulo com o governador tucano Geraldo Alckmin. Ela disse que isso é um fato superado, que o PSB/Rede/PPS terão candidato próprio que será escolhido entre três nomes: Ricardo Young (PPS), Capobianco (Rede) ou Márcio França (PSB). E disse que o escolhido deve ser o que melhor que encarnar o perfil de executor do programa de governo que está sendo elaborado com base no reposicionamento que houve depois da chegada da Rede no PSB.

— Vocês trabalham com a lógica da métrica puramente eleitoral. Eu e o Eduardo queremos discutir ideias. Não queremos ganhar de qualquer jeito, não queremos ganhar perdendo. É preferível perder ganhando — disse Marina

Ela disse que é importante se buscar a governabilidade. Mas tem que ser uma governabilidade programática, e não pragmática.

Militância deve evitar polarização e embate, pede Marina
Marina Silva disse, durante o encontro, que os jovens marineiros devem ir para às ruas, durante a campanha, de forma aberta e democrática, priorizando o debate de ideias, não o embate político. Diz que devem assumir uma posição, não fazer a oposição por oposição que marca a polarização do PT e PSDB. Marina criticou o teor da propagada levada ao ar essa semana pelo PT, que amedronta o eleitor sobre a possibilidade de não reeleição da presidente Dilma Rousseff.

— Estamos vivendo um momento muito difícil. As pessoas veem acontecer situações de extrema violência, vivem o tencionamento da falta de meios de se deslocar de casa para o trabalho ou de volta para casa. Vivem a insatisfação com os vários escândalos de corrupção. Acho um desserviço trazer algo ainda mais negativo como o medo. O próprio PT, lá atrás com o Lula, viveu essa campanha do medo e cunhou a expressão: a esperança venceu o medo. Não acredito que a esperança possa ser vencida pelo medo agora — disse Marina.

A ex-ministra disse que o que foi conquistado nos últimos governos não foi um favor para a sociedade, foram direitos concedidos, e que precisam ser institucionalizados.

— A estabilização econômica foi uma contribuição do PSDB e hoje pertence a toda a sociedade, precisa ser aperfeiçoada. A inclusão social foi uma contribuição do PT. Isso tudo não foi feito para a sociedade, foi feito pela sociedade. Eu e o Eduardo queremos preservar esses dois legados, corrigindo os erros que precisam ser corrigidos e enfrentar novos desafios — disse Marina.

Dilma enfrenta protestos e é vaiada em cerimônia do Pronatec na Paraíba

• No momento da chegada da presidente, cerca de 70 pessoas fecharam via próxima ao local do evento.

Letícia Lins – O Globo

JOÃO PESSOA - A presidente Dilma Rousseff foi recebida com vaias na entrada da casa de shows Forrock, onde esteve hoje para participar da formatura de 1400 alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego, Pronatec. Ele chegou de carro com sua comitiva, e enfrentou palavras de ordem como "Da Copa eu abro mão, queremos mais saúde, mais emprego e educação". Os manifestantes chegaram a fechar a avenida Tancredo Neves, que dá acesso à casa onde ocorreu a solenidade, mas foram obrigados a abrir caminho pela Polícia Militar, o que ocorreu pacificamente.

Mesmo com as vaias do lado de fora, o clima era de festa no local da cerimônia, onde a Presidente foi recebida em tom de campanha, com mais de mil pessoas cantando slogans do período eleitoral.

Ela passou quase seis minutos saudando cada autoridade local presente, e depois de enaltecer o Pronatec e anunciar novas turmas, fez um balanço das principais iniciativas do seu governo, inclusive a transposição do rio São Francisco, que beneficiará a Paraíba. Durante o discurso, no entanto, não conseguiu arrancar empolgação do público e só foi aplaudida três vezes. Dilma falou das creches que vem construindo, da democratização do ensino e da redução da desigualdade:

- Quero dizer acima de tudo que o país melhorou a renda das pessoas, diminuiu as desigualdades entre as pessoas - afirmou a presidente.

Dilma não falou com a imprensa, e viajou logo em seguida para o Piauí. Em João Pessoa, cancelou entrevista que daria a uma emissora local de rádio.

Na chegada ao evento, a presidente também alvo de manifestações. Cerca de 70 fecharam a Avenida Tancredo Neves, via de acesso da comitiva presidencial à casa de shows Forrock, local da cerimônia.

Com faixas e apitos, os manifestantes protestavam contra a Medida Provisória 633, que eles consideram prejudiciais aos mutuários do Sistema de Habitação. “A eleição chegando, você nos enganando. Não à MP 633”, dizia uma das faixas. A via começou a ser desocupada pela Polícia Militar, para dar passagem á Presidente. Logo cedo, centenas de pessoas, provenientes de vários estados distribuíam panfletos contra a medida provisória, que segundo elas vai trazer prejuízos para todos os brasileiros que compraram casas financiadas pelo governo.

“Na Paraíba e em todos os estados, os mutuários sofrem com casas e apartamentos,que estão ameaçando desabar, porque foram construídos com muitos defeitos. O único recurso, que o povo tem é cobrar das seguradoras, que recebem as prestações, que consertem as suas casas”, dizia o texto dos panfletos.

O material dizia ainda que o governo Dilma “ficou do lado das seguradoras e contra o povo, ao fazer a MP 633”. O grupo reclama da MP porque “o governo Dilma e as seguradoras querem forçar os mutuários a fazer acordos que vão reduzir o dinheiro do conserto em mais de 70%”.

De acordo com o mutuário José Lima Freire, as casas financiadas pelo governo sofrem problemas que vão do material de má qualidade empregado na construção a falhas estruturais. Todos os mutuários entrevistados pelo GLOBO, no entanto, moram em conjuntos anteriores ao programa Minha Casa Minha Vida.

A MP 633 surgiu devido à avalanche de ações de mutuários contra o Sistema Financeiro de Habitação, calculada em 350 mil e procedentes de todos os estados, que podem render prejuízo de R$18 milhões ao governo, conforme cálculos de especialistas. A aprovação da lei pode render uma grande economia para o governo. Mas segundo os mutuários, um grande prejuízo para eles.

Dilma é alvo de vaias e protestos também em Teresina

• Servidores da UFPI fizeram ato na chegada de Dilma a formatura do Pronatec na capital do Piauí

Effrem Ribeiro O Globo

Depois de ser vaiada em cerimônia na Paraíba, a presidente Dilma Rousseff enfrentou novos protestos em Teresina, a capital do Piauí, onde participou da solenidade de formatura de 1.500 estudantes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), no auditório do Teresina Hall. Também nesta sexta-feira, ela já havia enfrentado manifestações antes e durante uma cerimônia do mesmo programa em João Pessoa, na Paraíba.

Assim que chegou no auditório, acompanhada do governador do Piauí, José Filho (PMDB), a presidente passou a ser vaiada por um grupo de estudantes. Além do gesto de desaprovação doa alunos, duzentos servidores administrativos da Universidade Federal do Piauí (UFPI) fizeram protestos na chegada da presidente Dilma Rousseff no Theresina Hall.

A líder do movimento, Juliane Teixeira disse que os servidores administrativos da UFPI estão em greve há dois meses. Eles reivindicam negociação salarial com a presidente Dilma contra a empresa Ebserh, empresa que administra os hospitais das universidades federais, e reposição de salários que compreende o acordo da grave de 2012.

O secretário adjunto da Secretaria Nacional de Relações Político-Sociais, Geraldo Magela da Trindade, saiu do Teresina Hall e foi falar com os manifestantes. Ele recebeu também um documento que os grevistas querem entregar a Dilma. Segundo ele, o Ministério da Educação divulgou nota oferecendo qualificação aos servidores para que eles possam aproveitar a progressão salarial e aumentar seus vencimentos. O secretário disse que ainda está em vigor o aumento 15,8% da greve de 2012. Os assessores da presidência falaram com o reitor da UFPI, professor Arimatéia Dantas, para negociar com os grevistas a pauta local.

Em seu discurso, a presidenta Dilma Rousseff classificou o Pronatec como um dos principais caminhos que o povo deve trilhar para transformar o potencial do país em realidade. Ela afirmou que a geração de técnicos formados conduzirá o Brasil no caminho do desenvolvimento com distribuição de renda.

- Vocês passam a ter e a ser os primeiros desbravadores desse programa Pronatec, que pretende e vai formar no Brasil uma geração de técnicos. A capacitação profissional é um dos principais caminhos que o nosso povo deve trilhar para transformar todo o potencial do nosso país em realidade - falou Dilma.

‘Estão tratando o governo Dilma com virulência’, diz Lula

• Segundo o ex-presidente, a imprensa e a oposição atacam o governo Dilma por causa do temor que ela seja reeleita

Germano Oliveira – O Globo

SÃO PAULO - Com um discurso recheado de críticas à imprensa e defendendo a regulamentação da mídia no Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que os veículos de comunicação e a oposição estão tratando o governo da presidente Dilma Rousseff com virulência e preconceito.

— Agora eles estão com medo da Dilma. Eu nunca vi tanta virulência de um ataque preconceituoso contra um governo como vejo contra a Dilma hoje. E qual é a preocupação? Eles pensam: ‘mas se ela ganhar, vai ficar mais quatro anos e depois esse Lula volta, e o PT volta para mais um mandato e aí é demais’. Não tem outra explicação a virulência com que estão tratando o nosso governo. Se fosse um metalúrgico tudo bem, a gente apanhou a vida inteira. Mas a Dilma não é isso. Ela é até uma mulher fina, uma mulher letrada. Pensei que fossem tratá-la com mais delicadeza. Mas não estão tratando - disse o petista, na abertura de encontro nacional de blogueiros, em São Paulo.

Lula defendeu a realização da Copa do Mundo no Brasil e reconheceu que muitas obras de mobilidade não ficarão prontas, para as quais ele não dá a mínima importância.

— Falam, mas o estádio não está pronto. Ora, eu cansei de ir estádio para ver o Corinthians jogar.

Nós nunca tivemos problemas em andar a pé. Anda a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa. A gente está preocupado (sic) em que ter metrô para ir até dentro do estádio? Mas que babaquice é essa? Nós temos é que dar garantia a essa gente vá assistir ao jogo, eles tem que comer nossa comida, boa comida mineira, boa comida baiana, boa comida paraense, boa comida paulista. Eles vão descobrir que aqui em São Paulo eles vão comer macarrão melhor do que na Itália. Isso é que nós temos que ter orgulho.

Segundo Lula, a mídia e a oposição achavam que o PT fracassaria no governo e estão com medo que ela seja reeleita em outubro.

- Eles pensam: Elegemos o Lula em 2002, mas achavam que iria fracassar e seriam só quatro anos.

Pensavam: vai ser um desastre e depois nós voltamos. Eu fiquei. Mas depois pensaram que seriam só oito anos, não tem mais reeleição. Aí veio a Dilma. Eles pensaram que tinham acabado com ela há 30 anos, quando a torturam durante três anos e meio, com todo tipo de choque contra ela. E ela virou presidente da República. No início, eles que eram contra ela quiseram ficar a favor dela e a jogaram contra mim, mas não colou.

Para Lula, a imprensa nunca gostou dele e do PT, mas agora os petistas tem os blogs para se defenderem.

- As pessoas não gostavam de mim porque eu era radical. Sei do preconceito que tinham quando a gente andava por esse país com camiseta e estrelinha do PT. Barbudo, com camiseta vermelha, era uma desgraça. Mas eu tinha orgulho de fazer comício em qualquer lugar deste país. Hoje o que estão tentando jogar em cima do PT? A pecha da corrupção. Nós criamos um partido para ser diferente.

Criamos um partido que desse orgulho às pessoas. Não fizemos um partido para entrar na vala comum da mesmice - disse Lula, acrescentando:

- Agora vamos começar a campanha e a gente tem que ter orgulho de dizer porque estamos na política. Vejo na TV que qualquer um se dá ao luxo de esculhambar com a política e ninguém se defende. É indescritível. A gente fica falando que tal canal de televisão fala mal de mim, tal jornal só escreve contra mim. Não vale mais a pena chorar. Temos a internet, podemos fazer site, temos blogueiros, o que nós precisamos é usar os mecanismos que temos em todo o país, com gente que fala nossa linguagem. A gente cresceu foi levantando às 5h da manhã indo para a porta de fábrica com panfleto. Hoje qualquer manifestação tem cobertura. Se for contra o governo então, tem cobertura em tempo real.

O ex-presidente criticou os tucanos, citando a crise de abastecimento do sistema Cantareira, e disse que as administrações petistas apanham excessivamente da mídia.

- Fico vendo o tratamento que estão dando aqui ao governo do estado com a questão da Cantareira.

Ah, se fosse responsabilidade do prefeito Haddad. Eles estão agora inaugurando até volume morto.

Eles têm capacidade de ressuscitar o morto. Obviamente que tenho clareza que não está chovendo.

Fui visitar a Cantareira em 1978 e de lá pra cá ninguém pensou em ampliar o sistema de captação de água. Cadê o planejamento estratégico? Cadê o choque de gestão? Nesta campanha vai aparecer muita coisa como choque de gestão. Mas significa duas coisas: redução de salário e dispensa de trabalhador.

Lula disse ainda que a campanha deste ano vai servir para se comparar os 11 anos de governos petistas com as administrações tucanas, inclusive em matéria de combate à corrupção.

- Este governo tem defeitos. Eu tive defeitos, mas nós temos que comparar nós com eles. Vamos comparar. Eu não tenho medo de comparar os 11 anos do nosso governo com eles. Inclusive na questão da corrupção. Vamos ver porque tem um jeito de não aparecer corrupção neste país. É ter uma pessoa contratada só para levantar tapete e empurrar o lixo para debaixo. Pode perguntar para a PF quem foi o governo que mais investiu na contratação de policiais e na inteligência da PF?

Pergunte quem é que tratou o MP com o respeito que nós tratamos? Para nós, o respeito à instituição tem um peso importante. O que era a Controladoria Geral da República quando eu lá cheguei? Era uma pessoa. Hoje qualquer um pode fiscalizar as contas do governo em tempo real. Pelo fato de ser do PT, da Igreja Progressista, da CUT, partido de esquerda, mesmo certo já é acusado, se estiver errado está ferrado. Então temos que fazer o debate e não correr do debate.

Se dirigindo ao prefeito Fernando Haddad, presente no evento, Lula disse:

- Eu não conheço ninguém que no primeiro ano tomou a quantidade de porrada que você tomou.

Ele afirmou que, aos 68 anos, “já aprendeu” a apanhar da imprensa.

- A imprensa me trata bem, não tenho queixa. A única mágoa que tenho é que quando faço críticas à imprensa, alguns escrevem que Lula ataca a imprensa. Quando eles me atacam, dizem que fazem críticas. Eu já aprendi. Aos 68 anos isso já não me importa mais - ironizou Lula.

'O Brasil é que é vítima de Dilma', diz Eduardo Campos

• Declaração do pré-candidato do PSB ao Planalto foi uma resposta ao ex-presidente Lula, que afirmou nunca ter visto tantos ataques a um presidente da República

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse nesta sexta-feira, 16, que o Brasil é "vítima" da presidente Dilma Rousseff, que, segundo ele, não tem feito um bom governo. O comentário foi uma resposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em entrevista a blogueiros nesta sexta-feira, 16, disse que nunca havia visto tanto ataques a um presidente da República.

"Nós não estamos atacando quem quer que seja. Não vamos vitimizar quem não é vítima. O Brasil que é vítima de Dilma, que prometeu e não entregou. Dilma prometeu que ia melhorar o Brasil e o Brasil piorou", afirmou.

Campos cumpriu nesta sexta a sua primeira agenda no estilo corpo a corpo como pré-candidato à Presidência. Ele visitou a comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Até agora, o ex-governador de Pernambuco havia dado prioridade a encontros com empresários, ruralistas e representantes de outros setores da sociedade.

Em Paraisópolis, ele assistiu a apresentações da orquestra e de grupos de balé da comunidade. O pré-candidato também deu entrevista à rádio local, na qual focou temas como a alta da inflação e a necessidade de investir na construção de creches e escolas em tempo integral. Campos também prometeu que, se for eleito, irá vir a Paraisópolis na sua primeira visita a São Paulo.

PT. O pré-candidato também voltou a criticar o tom da propaganda eleitoral do PT. Segundo ele, a estratégia de investir no discurso de que as conquistas sociais serão perdidas caso Dilma não seja reeleita, "cheira a desespero". "Eu acho que está ficando muito claro que começar uma campanha assim é uma confissão de que não se tem mais o que dizer", disse.

Aécio diz que propaganda do PT é 'fraude intelectual'

• Pré-candidato do PSDB reclama de referência à inflação no governo FHC feita em campanha petista exibida na TV nessa quinta; ele também criticou Lula por não ter feito as reformas necessárias ao País durante seu governo

Elizabeth Lopes e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo'

SÃO PAULO - O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, chamou nesta sexta-feira, 16, de "fraude intelectual" a propaganda do PT exibida nesta quinta na TV em que comparou a inflação nos períodos dos governos Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.

No comercial, um locutor diz que a média de inflação na gestão Dilma foi 6%, enquanto no governo FHC foi 9%. "É uma fraude intelectual do PT porque eles sabem como era o governo do presidente Fernando Henrique. Nós pegamos a inflação em 80% ao mês", argumentou Aécio em encontro com empresários na Câmara Americana de Comércio (Amcham), na capital paulista. O tucano referia-se à conjuntura de inflação elevada vinda do período anterior ao Plano Real, adotado em 1994. "Isso é fazer pouco da inteligência dos brasileiros." Para Aécio, "a inflação está de volta para perturbar a vida dos brasileiros".

Nunca antes. O pré-candidato iniciou sua palestra na Amcham com uma crítica ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Numa ironia ao famoso bordão usado pelo petista, o senador tucano disse que, se ele tivesse utilizado sua popularidade "nunca antes vista neste País", poderia ter colocado em prática as reformas necessárias ao desenvolvimento do País. Aécio também disse que os problemas na economia brasileira começaram com a flexibilização dos pilares macroeconômicos durante o segundo mandato de Lula.

Para a plateia de cerca de mil empresários, Aécio disse que seu diagnóstico para o Brasil não difere muito do que os empresários pensam sobre o País. Ele declarou "guerra total a custo Brasil", prometeu implantar a reforma tributária, fazer um choque de infraestrutura, reduzir os tributos e foi muito aplaudido.

Ao falar da necessidade de reduzir os custos da máquina administrativa, citou seu avô, o ex-presidente Tancredo Neves, que morreu antes de assumir o cargo, lembrando que ele defendia os cortes dos gastos supérfluos.

Além da pauta econômica, o presidenciável do PSDB disse também que, se eleito, investirá no campo social. Citou que Minas Gerais, Estado que governou, tem hoje a melhor educação fundamental do País, reconhecida pelo Ministério da Educação. Citou também a pauta apresentada pela Amcham, reiterando que é preciso ter coragem para flexibilizar as amarras do Mercosul para impulsionar os acordos e ter "a obsessão" de ampliar a pauta de negociações com outros mercados, como o europeu e norte-americano.

"Hoje devíamos estar falando de competitividade e inovação, mas infelizmente temos de falar do retorno da inflação, da falta de confiança (no País) e da maquiagem de dados", destacou o pré-candidato tucano".

Acompanhado de Serra, Aécio diz que ele terá na campanha 'espaço de destaque'

• Pré-candidato desmentiu qualquer rusga entre ele e o ex-governador

Leonardo Guandeline – O Globo

SÃO PAULO – O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, desmentiu na noite desta sexta-feira qualquer rusga entre ele e o ex-governador José Serra. Aécio chegou acompanhado de Serra e do senador Aloysio Nunes a um encontro com lideranças locais em Cotia, na Grande São Paulo. Ele elogiou o colega de partido e disse que ele terá em sua campanha ao Planalto e em uma futura administração 'espaço de destaque'.

- Converso com o Serra muito mais do que vocês imaginam. Mas a gente não dá publicidade às nossas conversas. José Serra é um dos quadros mais qualificados da vida pública brasileira. Ele estar ao meu lado em São Paulo, em qualquer parte do Brasil, é um privilégio, uma honra para mim. Fiquei muito feliz quando soube, através do senador Aloysio, da possibilidade dele estar aqui conosco e espero que ele possa estar em muitos outros eventos dessa caminhada – disse o senador, que acrescentou:

- Eu, eventualmente, serei o candidato do PSDB à Presidência da República, mas não serei o condutor de um projeto partidário. É de um projeto nacional que nós estamos falando. E José Serra terá, seja na campanha, seja na futura administração do PSDB, um espaço de nome, de destaque, porque isso é bom para o país.

Questionado sobre se Serra poderia ser o seu vice, Aécio enfatizou:

- Eu não estou cogitando ainda essa questão, porque não é algo que depende de mim. Mas é honroso para qualquer político brasileiro poder ter, em qualquer posição, a companhia de José Serra.

O tucano voltou a atacar a propaganda partidária exibida esta semana pelo PT e o governo da presidente Dilma Rousseff.

- É muito triste, ao final de um ciclo de 12 anos, como esse do PT, eles terem a oferecer à população brasileira a desesperança, o medo, como nós assistimos nas últimas propagandas partidárias. Eu tiro dessa propaganda que quem está com medo é o PT de perder as próximas eleições.

Discursando a uma plateia de lideranças locais do PSDB e a militantes do Solodariedade (SDD), primeira legenda a anunciar apoio à sua candidatura, Aécio disse que o "vale-tudo" predomina no governo federal.

- O PT perdeu a capacidade de conduzir um projeto de país para se contentar com um projeto de poder, esse vale-tudo vergonhoso.

O ex-governador José Serra, em sua fala, disse que o PT está sem rumo e criticou a administração da Petrobras.

- Esse governo tem a mentira como método, além da questão da falta de credibilidade. Eles estão perdidos em matéria de comunicação com a população brasileira. Estão sem rumo. A Petrobras chegou ao ponto mais baixo de sua história. Foi privatizada não pelo setor privado, mas para servir a interesses privados do PT e de seus aliados.

Serra vai a evento de Aécio e afirma que o mineiro 'encarna' a mudança

• Ex-governador diz que, "se Deus quiser", país vai mudar com o senador à frente; ambos criticam PT

• A blogueiros, o ex-presidente Lula afirma que "estão tentando jogar em cima do PT a pecha da corrupção"

Daniela Llima e Marina Dias – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pela primeira vez desde que o senador Aécio Neves (MG) despontou como nome do PSDB para a disputa presidencial, o ex-governador José Serra (SP) compareceu a um evento de apoio à candidatura do mineiro.

A presença de Serra se deu na noite desta sexta-feira (16), em meio a especulações sobre a hipótese de ele ser vice de Aécio. Questionado, o mineiro o elogiou, mas disse que o tema não está em discussão.

Os dois chegaram juntos a um evento partidário, em Cotia, na Grande São Paulo. No palanque, falaram pouco e trocaram um abraço ao fim do evento.

Serra defendeu a candidatura de Aécio e disse que o mineiro encarna a "mudança". Ao falar, relembrou suas derrotas em disputas ao Planalto, em 2002 e 2006.

Avaliou que, na primeira oportunidade, a população queria mudança. Na segunda, buscava a continuidade do governo Lula. "Agora, a situação se inverteu novamente", concluiu. "Se Deus quiser, o Brasil vai mudar. Se Deus quiser, o Brasil vai mudar conosco, com o Aécio à frente", concluiu.

Aécio acompanhou a fala de Serra com os olhos voltados para a plateia. Mencionou o avô, Tancredo Neves, para elogiar o ex-governador. Segundo ele, Tancredo dizia que era preciso avaliar os homens também por aqueles que os cercavam. "Por isso, sinto um orgulho enorme de ter ao meu lado um homem com a grandeza de Serra."

Os dois disputaram por anos o protagonismo no PSDB. Travaram a última disputa no final de 2013. Aécio despontou como pré-candidato e Serra retirou seu nome.

Há um mês, aliados do ex-governador passaram a defender a chapa Aécio-Serra.

Partido do mensalão
No evento, fizeram críticas a Dilma Rousseff e à propaganda do PT. Serra disse que o partido adotou a mentira como "método".

A fala mais dura de Aécio sobre a publicidade petista se deu mais cedo. Segundo ele, a sigla "brindou os brasileiros" com uma peça "exótica" em que "o partido do mensalão aparece como aquele que mais combate a corrupção".

Pela manhã, em palestra a blogueiros em São Paulo, o ex-presidente Lula afirmou que "estão tentando jogar em cima do PT a pecha da corrupção", mas não teme comparações. "O que temos que comparar somos nós [PT] com eles [PSDB]. Não tenho medo de comparar em nenhuma área, inclusive na questão da corrupção."

O ex-presidente afirmou ainda que "estão com medo de Dilma" e que nunca viu "tanta virulência e ataque preconceituoso". Ele citou discurso em que o deputado Paulinho da Força (SDD) a chamou de "maldita".

"Dilma é uma mulher fina, formada na Unicamp, letrada. Pensei que iam tratá-la com mais delicadeza", disse Lula. Formada em economia, Dilma matriculou-se na Unicamp para fazer mestrado e doutorado, mas não concluiu os cursos.

Volta de movimentos sociais às ruas mostra ressentimento com governo

• Para especialistas, protestos são reação ao distanciamento das atuais decisões do governo federal de bandeiras históricas do PT

Renato Onofre e Tiago Dantas – O Globo

SÃO PAULO E RIO - O retorno de movimentos sociais tradicionais às ruas na última quinta-feira é visto por analistas e cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO como uma reação ao distanciamento das atuais decisões do governo federal de bandeiras históricas do PT. Mas também é apontado como uma oportunidade de diálogo, já que esses grupos têm como um dos caminhos para conseguir o seu objetivo a mesa de negociação.

Dois fatores são apontados pelos especialistas como agentes desse distanciamento: o longo tempo de permanência no poder sustentado por política de concessões a setores da sociedade como agricultores e empresários, rivais históricos do movimento social de base, e os gastos com a realização da Copa do Mundo, utilizados como bandeira para cobrar a solução de problemas como moradia e terra.

— Quando você é governo e fica no poder por tanto tempo, como está o PT hoje, é natural passar por desgastes. Muitos desses movimentos sociais ficaram sob o chapéu ideológico do PT por anos, vendo o partido como seu canal legítimo de reivindicação. Quando o partido chega ao poder e não supre demandas históricas, defendidas conjuntamente por décadas, é inevitável a insatisfação, que foi agravada com a prioridade de investimentos na Copa do Mundo — explica o cientista político e professor da Iuperj Marcelo Simas.

A pesquisadora Esther Solano, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e que desde junho do ano passado tem se dedicado a estudar os protestos em São Paulo, também acredita que a nova configuração das manifestações nos últimos dias expõe o distanciamento do PT:

— O partido enfrenta um momento paradoxal, porque está sendo combatido pelos movimentos que o ajudaram a chegar ao poder. Por outro lado, até certo ponto, é uma coisa natural, porque, para se manter no poder, o PT se transformou em uma máquina partidária.

Na visão do coordenador do curso de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eurico Figueiredo, o retorno das lideranças sociais tradicionais é um fracasso da mobilização política das manifestações de junho passado, que, na sua opinião, não conseguiram gerar capacidade política de criar canais de diálogos com o governo.

Ele explica ainda que a espontaneidade das ruas, que foi vista como algo positivo e aglutinou milhares de pessoas, também foi uma fraqueza, já que não conseguiu catalisar esforços para resolver novas demandas que surgiram depois da redução das passagens de ônibus, a demanda inicial dos protestos:

— O retorno dos movimentos sociais é o fracasso da horizontalidade dos protestos de junho. Esses grupos agora sabem que o caminho é a negociação. Eles voltam às ruas para mostrar ao PT e ao governo que eles ainda precisam ser atendidos.

A fragilidade e a ausência na mesa de negociação ligaram o sinal de alerta do governo e do PT. O próprio ex-presidente Lula, durante encontro petista em São Paulo há duas semanas, reafirmou a necessidade de o partido se “reconectar” com suas bases de luta.

Segundo Esther Solano, porém, os petistas têm a chance de recuperar o contato perdido se tentarem se reaproximar dos movimentos e atender a suas demandas:

— Se não quiser perder conexão com a sociedade, o governo federal tem que assumir o risco das mudanças que os movimentos pedem, principalmente as políticas. Caso contrário, ele corre o risco de se tornar um partido cadavérico, uma estrutura velha, que não responde às demandas sociais.

Na opinião de Eurico Figueiredo, a população percebeu que, seja contra ou a favor da Copa, ela vai acontecer e reunir milhões de apaixonados por futebol — por isso teria caído o número de manifestantes fora dos movimentos sociais organizados agora, em relação aos protestos de 2013.

Outro fator para isso seria a falta de objetivos políticos explícitos.

— Se era o começo de uma grande mobilização contra a Copa, o ponto de partida foi ruim. Esse é o fato, mas ainda não dá para saber como serão os próximos protestos — avaliou Figueiredo. — Além disso, o futebol tem historicamente um elemento de integração, agregador.(Colaborou Célia Costa)

Para Marina, propaganda do PT na TV é 'desserviço'

• Ex-senadora diz que sigla repete tática do PSDB

Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Pré-candidata à Vice-Presidência da República na chapa PSB-Rede, a ex-senadora Marina Silva classificou as recentes propagandas do PT na televisão como um "desserviço" ao país.

Nesta semana, o partido levou às emissoras de televisão vídeos com a mensagem de que é preciso temer uma volta ao passado, com a perda de avanços conquistados nos últimos anos e um possível retrocesso nas investigações de casos de corrupção.

"As pessoas vivem com insatisfação devido aos vários escândalos de corrupção. Acho um desserviço querer trazer algo ainda mais negativo, que é o medo", afirmou Marina nesta sexta-feira (16), durante encontro com representantes da juventude da Rede em Brasília.

A ex-senadora comparou o discurso do medo do PT à campanha do PSDB, durante a eleição de 2002, contra o o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

"Quando as pessoas tentaram fazer com que a sociedade tivesse medo do Lula, o PT fez a campanha de a esperança vencer o medo", afirmou.

Para a pré-candidata a vice, as conquistas sociais e econômicas dos últimos anos não podem ser "fulanizadas", e sim entendidas como conquistas do povo brasileiro que devem ser preservadas.

Uma peça "exótica"

- Correio Braziliense

A propaganda publicitária produzida pelo PT continua repercutindo entre opositores. Ontem, ela foi caracterizada como "uma apresentação exótica" pelo presidenciável do PSDB, Aécio Neves, e como um "desserviço" pela pré-candidata à Vice-Presidência na chapa PSB-Rede, Marina Silva. Com uma mensagem que evoca o discurso do medo e afirma que os eleitores devem evitar a volta ao passado, o vídeo começou a ser veiculado na última terça-feira. A propaganda petista faz referência aos dois maiores opositores, chamando Eduardo Campos (PSB) de "salto no escuro para o futuro" e o tucano de "passo para o passado".

O presidente do PSDB falou sobre o assunto em São Paulo. "O programa do PT brindou os brasileiros com uma apresentação exótica. Colocou o partido do mensalão como aquele que mais combate a corrupção, apresentou um governo que realizou inúmeras obras de mobilidade, mas grande parte delas está no meio do caminho em razão da incapacidade gerencial. É um governo que tenta embutir na sociedade o medo, disfarçando que quem tem medo hoje é o PT, de perder as eleições, perder o governo", enumerou.

De acordo com Aécio, o governo quer convencer a população brasileira de que é melhor deixar as coisas como estão. "Isso é uma fraude intelectual do PT, porque eles sabem exatamente como era o governo do presidente Fernando Henrique. Isso é desrespeitar a população e fazer pouco da inteligência dos brasileiros", disse em relação à comparação feita no programa entre a inflação nos governos Dilma e FHC.

A pré-candidata à Vice-Presidência na chapa de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva, considerou o vídeo como um "desserviço" à sociedade. Para ela, as conquistas de cada governo devem ser tratadas de forma institucional, não como mérito de partidos, e que as melhorias conquistadas não devem ser vistas como um favor feito ao povo, mas como um dever. "Temos que educar os partidos políticos para que não fiquem "fulanizando" as conquistas", disse

Luiz Werneck Vianna*: O vinho novo e os velhos odres

• O governo do PT trouxe os movimentos sociais para o Estado à moda do velho corporativismo

- O Estado de S. Paulo

Do jeito que as coisas marcham, possivelmente até o Doutor Pangloss, personagem de Cândido, célebre romance picaresco de Voltaire, para quem o mundo sempre vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis, já teria motivos de sobra para renunciar a seu empedernido otimismo. Decerto que ninguém espera, por aqui, um terremoto como o de Lisboa de 1755, que implodiu as convicções filosóficas otimistas de Pangloss e de seu discípulo Cândido, mas não se pode mais desconhecer que o terreno a que nos acostumamos a pisar com segurança desde 1988, ano da promulgação da nossa Constituição, está a realizar movimentos que nos sobressaltam.

Com efeito, as relações entre o Estado e a nossa sociedade civil ameaçam experimentar um regime de apartheid, com os vínculos que os punham em comunicação cada vez mais esgarçados - esgarçamento posto à vista pela maré montante da questão social com seus vigorosos movimentos por habitação popular, mobilidade urbana e atendimento à saúde transcorrendo à margem dos partidos e da vida associativa. À falta de canais e por descrença nos existentes - até os mais longevos e respeitáveis como os do sindicalismo -, eles transbordam tumultuariamente nas ruas, ignorando até as diretrizes de suas lideranças, como nos casos recentes da greve dos garis e dos rodoviários cariocas.

A Copa do Mundo de 2014, que nos prometia tempos de festa e de congraçamento - como os das Copas anteriores, inclusive sob regime militar -, carrega, em vez disso, a atmosfera de um clima de apreensões com um possível recrudescimento das manifestações de protesto e sua generalização sob a bandeira difusa de ser contra tudo isso que aí está. O tempo é de insatisfação e de descrença, com a cultura do ressentimento, filha dileta do populismo reinante, se impondo nas relações sociais, a que os meios de comunicação de massas reverberam acriticamente.

Por imperícia na condução da política, ou pelo vício contumaz de concebê-la sob o viés do cálculo eleitoral, ou por uma perversa ação combinada entre eles, já se corre o risco de comprometer a obra do constituinte, cuja inspiração de fundo, em termos de filosofia política - revolucionária para uma sociedade com nossas tradições estatólatras -, foi a de endereçar a agenda da igualdade às instituições da liberdade política.

Com essa chave generosa, a Carta de 1988 admitiu, ao lado dos clássicos mecanismos da representação representativa, os da democracia participativa, como os conselhos em matéria de políticas públicas, as leis de iniciativa popular e a legitimação constitucional de institutos como a ação civil pública. Nessa linha, as inovações constitucionais envolveram com audácia, sob provocação da sociedade e do Ministério Público, o Poder Judiciário na administração da questão social, do que são exemplares, nos dias correntes, as audiências públicas realizadas no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo sobre questões de educação pública.

O constituinte não trabalhou no vazio nem se deixou levar por abstrações. A dura experiência de duas décadas de regime militar, que extremaram os traços mais recessivos e perversos da nossa tradição política autoritária, esteve no cerne da sua obra no sentido do fortalecimento da sociedade civil diante do Estado. Os ideais republicanos que ela expressa, porém, não podem dispensar o cultivo das artes da associação, lugar em que a multidão de interesses múltiplos e desencontrados encontra filtros capazes de convertê-los, na linguagem de um grande autor, em "interesses bem compreendidos". E daí transitarem, de modo politicamente educado, para o interior da esfera pública. Como se sabe, temos sido retardatários, quando não lenientes, em relação a esses propósitos.

Sem conhecer a prática da associação no mundo civil, o social se manifesta como matéria-prima em estado bruto, tal como toma conta das ruas desde as jornadas de junho. O governo do PT, em nossa história política, tem sido de fato o partido que mais se aplicou, na prática e em sua retórica, à questão social. 

Contudo, como na famosa parábola do Evangelho, condicionou vinho novo em odres velhos, trazendo os movimentos sociais para o interior do Estado à moda do velho corporativismo. Com essa operação anacrônica, inibiu a plena maturação deles, rebaixados em sua autonomia pelos seus vínculos com o Estado que, velada ou abertamente, os abriga. E, sobretudo, desanimados da vocação para se expandirem. Como é visível a olho nu, esse meio não tem sido pródigo em produzir lideranças políticas relevantes nem dá conta do que se passa nas ruas.

O social, numa sociedade de massas com o tamanho da brasileira, ao emergir à superfície em busca de direitos de cidadania, não tem como se manter contido pela ação organizadora do Estado. Para ficar na parábola, é muito vinho para poucos odres. Os direitos reclamados por ela estão afiançados pela lei e são respaldados pelo discurso oficial, mas a questão dolorosa que fica é o deles estarem bem longe das suas mãos, enquanto assiste com ira ao desenrolar de escândalos na administração pública e, com indiferença, à febril agitação, em ano de sucessão presidencial, das classes políticas - no Brasil, essa categoria exótica existe.

Para este mês de junho, os astros parece que marcaram um encontro aziago, mas vai haver Copa e poderemos torcer, apesar de tudo, por nossas cores. Temos uma seleção competitiva e ainda confiamos nos ideais da igual-liberdade, a feliz fórmula que preside o espírito da nossa Constituição. Afinal, uma pitada de Doutor Pangloss não faz mal a ninguém.

* É professor-pesquisador da PUC-Rio

Cristovam Buarque:Pobreza da aritmética

• Houve uma perda de poder aquisitivo

- O Globo

O Brasil passou a acreditar que 22 milhões de brasileiros teriam saído da pobreza extrema. Este discurso se baseava na ideia de que estas famílias passaram a receber complemento de renda suficiente para ultrapassar a linha de R$ 70 por pessoa por mês. Esta visão aritmética não resiste a uma análise social que efetivamente cuide da pobreza.

Nada indica que uma família sem adequada provisão de escola, saúde, cultura, segurança, moradia, água e esgoto saia da pobreza apenas porque pode comprar aproximadamente oito pães por pessoa a cada dia. A linha da pobreza não deve ser horizontal, separando quem tem mais de R$ 2,33 por dia e quem não tem, mas uma linha vertical, separando quem tem e quem não tem acesso aos bens e serviços essenciais.

É como se, na época da escravidão, o povo fosse convencido de que o país era menos escravocrata apenas porque o proprietário gastava mais dinheiro na alimentação de seus escravos.

A separação entre o escravo e o trabalhador livre não era uma linha horizontal definida aritmeticamente pela quantidade de comida que recebia, mas uma linha vertical separando quem tinha e quem não tinha liberdade. Hoje, a linha da pobreza efetiva deve ser determinada por quem tem e por quem não tem acesso aos bens e serviços essenciais. E neste sentido, o Brasil não está avançando na educação, na saúde, no transporte e na segurança.

Mesmo dentro de sua lógica, o argumento aritmético fica frágil quando se observa como a renda dos pobres avança e regride dependendo da inflação. Entre março de 2011 e abril deste ano, a inflação medida pelo INPC foi de aproximadamente 19,6%, fazendo com que cerca de três milhões de brasileiros tenham regredido abaixo da linha aritmética da pobreza extrema. Mesmo com o aumento de 10%, anunciado dia 1º de maio, 1,5 milhão de pessoas regrediram abaixo dessa linha.

Outra forma de ver a fragilidade do argumento aritmético está na dependência em relação ao valor do câmbio. Pela paridade do poder de compra, em março de 2011, o benefício básico do Bolsa Família era equivalente a US$ 1,25 por pessoa, por dia, valor adotado pela ONU como abaixo da linha da qual se caracteriza a pobreza extrema. Com a desvalorização cambial, houve uma perda de poder aquisitivo de aproximadamente 20%. Portanto, cerca de quatro milhões de brasileiros estão de volta à pobreza (mesmo considerando o aumento de 10%). Pelo conceito social, não aritmético, de pobreza, considerando acesso à saúde, à educação e ao transporte de qualidade, o Brasil tem hoje pelo menos 22 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza extrema, número que não diminuiu nestes últimos anos.

Cento e trinta e seis anos atrás, o Brasil não aumentou a quantidade de comida nos pratos dos escravos, fez a Lei Áurea que os libertou. A Lei Áurea não foi um argumento aritmético, mas social. Por isso, ela se fez permanente, e nós a comemoramos nesta semana sem recaídas ocasionadas pela inflação ou pelo câmbio, sem a pobreza aritmética.

Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

Fernando Rodrigues: A antipolítica no ar

- Folha de S. Paulo

A adesão aos protestos da superquinta (15) foi baixa. Mas os efeitos causados foram semelhantes aos produzidos pelos atos de junho do ano passado. Ruas e estradas fechadas. Patrimônio público e privado depredado. Cidadãos com medo de sair de casa. E continua no ar aquele sentimento difuso de antipolítica.

Há também uma certa atitude de "empoderamento" de grupos pequenos. Ontem, cerca de cem pessoas paralisaram por várias horas a rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba. Eram moradores de bairros próximos pedindo a construção de uma passarela e retornos.

Há algo bem errado quando cidadãos só conseguem impor seus direitos na marra. É enorme o descompasso entre a vida "da porta para dentro" (muitos têm eletrodomésticos, desfrutam do Bolsa Família e vivem melhor) e a selvageria "da porta para a fora" (ônibus imundos e lotados, insegurança, péssimos serviços de saúde e educação).

Ontem, havia alívio no Palácio do Planalto. O "povo faltou aos protestos" e "o responsável pelo fechamento de estradas é o governador de cada Estado" eram frases ouvidas nos corredores do poder. É verdade. Mas nada consola quem fica parado numa rodovia ou ameaçado no centro da cidade durante um quebra-quebra.

O governo é sempre visto como responsável. Seja prefeito, governador ou presidente. Esse é o ponto. As marchas não têm grande adesão popular, só que vão continuar a acontecer. As consequências serão sentidas nos grandes centros.

O sentimento antipolítica continua inalterado. Os alvos são os governantes que buscam a reeleição, como Geraldo Alckmin (PSDB), no Estado de São Paulo, e Dilma Rousseff (PT), no Palácio do Planalto.

Embora em tom soturno, quase lúgubre, a recente propaganda do PT na TV visa a manter firme o eleitorado ainda cativo de Dilma. No governo, todos acham que vai funcionar. Se vai mesmo, ninguém sabe.

Luiz Carlos Azedo: O medo de uma campanha

• O PT, como diz a presidente Dilma, tem todo o direito de preparar um comercial do medo, veiculado esta semana em cadeia de rádio e tevê. Mas a presidente não pode dizer que não tem nada a ver com isso. Tem, sim, afinal a candidata é ela

- Correio Braziliense

Candidatos de cidades pequenas costumam dizer que até para campanhas eleitorais há limites. Por mais que adversários possam elevar o tom nos discursos, eles sabem que, mais cedo ou mais tarde — tempo depois das eleições —, vão encontrar o adversário na rua, em evento social ou mesmo na igreja. Assim, existe um acordo tácito nas estocadas para que alguma relação seja preservada para o futuro. A tal cartilha de políticos do interior está longe de ser seguida na disputa pelo Palácio do Planalto, é mais do que evidente.

Nas redes sociais, a selvageria corre solta, com ataques demarcados contra Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos. Por mais que as ações sejam feitas por profissionais, elas são preparadas para a internet, sem autoria definida. Mas sempre repercutem nas estratégias oficiais dos partidos. É como se o lixo apócrifo tivesse alguma base na realidade, o que é falso. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos políticos que mais sofreu com a canalhice pré-internet, montada para fortalecer preconceitos contra o petista.

Dito isso, o "discurso do medo" lançado pelo Partido dos Trabalhadores esta semana acentua e expõe de forma definitiva a falta de cordialidade na corrida presidencial, por mais que o PT não esteja sozinho na estratégia política de bombardear adversários. Mesmo que possa trazer dividendos eleitorais para Dilma, "a campanha do medo" assustou até mesmo parte dos ministros do PT, como mostrou este Correio na edição de quinta-feira.

Última cartada
Além de forçada — é pouco provável que o país se transforme num caos, com pedintes vagando pelas ruas, com ou sem a vitória de Aécio ou Eduardo —, o comercial expõe uma fragilidade cara a qualquer candidato: o receio da derrota. Tal recurso é usado por marqueteiros como última cartada, a desesperada, por isso o estranhamento. A eleição está apenas começando e, de mais a mais, daqui a menos de 30 dias uma Copa do Mundo deve ganhar o noticiário. Seguiremos envolvidos com dribles e gols. E também com manifestações, é verdade, mas elas não estavam na conta do marqueteiro João Santana na hora que decidiu montar a peça publicitária contra os "fantasmas do passado".

Mesmo com a perda de pontos, Dilma mantém a dianteira nas pesquisas de opinião e, assim, táticas agressivas são sempre arriscadas. O exemplo desse risco vem do próprio PSDB, que, em 2002, preparou um comercial estrelado por Regina Duarte, no qual ela dizia temer a vitória petista. O único resultado prático da ação tucana foi deixar a atriz global com a pecha de "musa do medo". Para os petistas que defendem a peça publicitária de João Santana, entretanto, a decisão foi tomada na hora certa, até porque, ainda haverá tempo de acertar o tom do discurso até 5 de julho, o primeiro dia oficial da campanha. Para divulgar a campanha tanto na quarta como na quinta-feira, Santana deve ter em mãos pesquisas que apresentam, de alguma forma, o receio da população em ficar desempregada — hoje, um índice positivo do governo Dilma Rousseff.

A campanha de jogar com o medo da população é uma decisão do comando da campanha, por mais questionável que possa ser. Nessa decisão, estão incluídos Lula e Dilma Rousseff. Na quinta-feira, durante conversa com cronistas esportivos, a presidente disse que a propaganda é do PT. "É deles, que têm todo o direito. Meu papel é mais amplo, não se trata de propaganda de governo." Epa! E quem é mesmo a candidata do partido? A propaganda não é apenas do partido. É dela também, pois.

Outra coisa
Por mais distantes que as manifestações de quinta-feira tenham ficado dos grandes picos de concentração de pessoas nas ruas das cidades brasileiras em junho do ano passado, o movimento assustou principalmente por causa da greve da polícia pernambucana, que parou o estado. Enquanto governistas tentam separar os protestos anti-Copa com as paralisações de categorias, é impossível não juntar os dois eventos. Afinal, até partidas de futebol foram canceladas no Recife. Nada mais simbólico.

Cacá Diegues: O futuro dos sonhos

• Desde que cheguei a Paris, só ouço falar mal do Brasil, com temor ou horror. Amigos com que cruzo e jornais me assustam

- O Globo

Estou há uma semana em Paris, cuidando da produção do meu próximo filme. Desde que cheguei, só ouço falar mal do Brasil, com temor ou horror. Os amigos com que cruzo e os jornais que leio me assustam, como se eu não conhecesse o país a que se referem; e me revoltam, como se estivessem cometendo grave injustiça com uma população que julgo conhecer bem.

Há uns cinco anos, a Copa do Mundo era coroa radiosa na cabeça do país que, finalmente, acordava para seu natural gigantismo. Hoje, é perigosa ameaça para quem ousar assisti-la ao vivo.

Num planeta conturbado por tantas guerras intermináveis, sequestros em massa, massacres terroristas, regimes bárbaros, o Brasil é tratado como o mais violento país do mundo ocidental.

Meu primeiro sentimento é de ofensa pessoal, a santa irritação com quem fala mal de sua família.

Fui criado a amar os “inventores” do Brasil de todas as raças, cordial e cheio de belos possíveis projetos para a Humanidade. O Brasil de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque, de Mário de Andrade e Darcy Ribeiro, de Jorge Amado e Guimarães Rosa, de Heitor Villa-Lobos e Tom Jobim.

Viajando desde muito jovem por força de meu ofício de cineasta, estava acostumado a ser adulado por tanta coisa que, mesmo nos sabendo miseráveis, o estrangeiro nos admirava em nossa cultura, em nosso jeito de ser, no mundo novo que isso haveria de construir. Um país destinado a melhorar a civilização, o país do futuro. E aí, de repente, parece que o futuro já passou.

O choque com nossas tantas desgraças pode ser o resultado de certa modernidade. Nossa população cresce depressa, aumentando, portanto, a incidência de conflitos no interior dela. Os meios de comunicação estão mais velozes, sabemos de tudo o que se passa à nossa volta no exato minuto em que está se passando, nada mais nos escapa (quando Dom João desembarcou no Rio de Janeiro, em 1808, a notícia só chegou a Goiás, um dos centros de nossa mineração, meses depois). E ainda julgamos que imprensa e televisão preferem a má notícia que vende mais jornal e produz mais audiência.

Mas me volto à História e desconfio que o mito de nossa gentileza era um manto que cobria a fúria de nossa violência. Desde a descoberta, temos nos dedicado a exterminar nossos índios. Fomos a última nação do Ocidente a abolir a escravidão e, ainda assim, como dizia Joaquim Nabuco, não impedimos o prosseguimento de sua obra. Praticamos massacres contra paraguaios e malês, contra os fiéis do Conselheiro, contra pernambucanos e farroupilhas. Permitimos a instalação de duas das mais cruéis ditaduras latino-americanas no século XX, o Estado Novo dos anos 1930 e os militares de 1964.

Hoje, vivemos numa sociedade em que muitos preferem o governo dos traficantes ao governo que nós mesmos elegemos livremente. Em que a polícia é tão violenta e arbitrária quanto os bandidos.

Em que, perdida a confiança na Justiça do Estado, linchamos na rua quem bem nos apetecer. Em que nossas manifestações públicas, mesmo as mais justas, terminam sempre com a destruição dos equipamentos que servem à população mais necessitada deles. Em que os poderosos se banqueteiam com a corrupção sistemática, inclusive na empresa pública de petróleo que passamos a vida defendendo como nossa. Em que a esperteza e o dolo para tirar vantagem sobre os outros são virtudes consagradas.

Não quero que seja assim, não posso admitir que seja assim. Sou da geração da bossa nova e do Cinema Novo, vi Brasília ser construída e São Paulo se tornar a maior e mais rica cidade do continente, comemorei cinco Copas do Mundo, assisti ao Brasil chegar a ser a oitava economia do planeta, dancei na consagração universal do carnaval como o maior teatro popular de rua inventado pelo homem, acompanhei a crescente euforia mundial com tudo o que nos acontecia desde o fim da ditadura militar, a consolidação da democracia, a estabilidade, o início de uma inédita distribuição de riqueza.

O que o mundo sente hoje pelo Brasil é uma enorme decepção dos que esperavam por um novo rumo, uma nova luz. Os que contavam conosco para amenizar sua angústia e realizar alguns de seus sonhos. E os nossos sonhos, quais são?
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Para levantar nosso moral, dois belos filmes brasileiros encontram-se em cartaz.

O primeiro é “Getúlio”, de João Jardim, um filme sobre a ilusão e a solidão do poder, baseado em fatos verdadeiros de nossa história política. O outro é “Praia do futuro”, de Karim Aïnouz, um filme sobre a solidão e a ilusão do amor, baseado em circunstâncias comuns de nossas almas.

No primeiro, Tony Ramos interpreta o drama de Getúlio Vargas como não o faria nenhum outro ator do mundo. No segundo, Wagner Moura volta a nos mostrar que é um dos melhores atores do mundo de sua geração.

E, falando em audiovisual, não custa ressaltar a originalidade e a beleza da novela “Meu pedacinho de chão”, escrita por Benedito Ruy Barbosa e criada por Luiz Fernando Carvalho. Ignorar essa imagem de sonho infantil é perder o sentido das coisas que não têm idade. A inteligência pode estar em qualquer mídia, gênero ou formato.

Cacá Diegues é cineasta

A Copa e a avenida: O Estado de S. Paulo - Editorial

No dia 17 de junho do ano passado, 230 mil pessoas saíram às ruas de 12 capitais brasileiras para dar vazão, como se disse à época, à vontade de falar - contra o aumento das passagens de ônibus, o descalabro dos serviços públicos, a indiferença dos governantes diante da dureza do cotidiano para a grande maioria da população, o colapso da representatividade do sistema político e a gastança com a Copa. Aquela não foi a primeira nem a derradeira das manifestações tidas como prova de que "o gigante acordou", na jubilosa avaliação dos seus participantes mais otimistas.

Onze meses menos dois dias depois, foram apenas 21 mil as pessoas, desigualmente distribuídas por 7 capitais, que se animaram a dar visibilidade a um rol de protestos e reivindicações em cujo centro estaria a denúncia das "injustiças da Copa". A causa, porém, não mobilizou mais de 5,5 mil ativistas, concentrados em Belo Horizonte (2 mil), Rio e São Paulo (1,5 mil em cada uma delas). Aqui, o dia foi dos aproximadamente 8 mil professores municipais, em quilométrica passeata por melhores salários, e dos 6 mil sem-teto que promoveram concentrações e bloqueios em seis áreas da cidade.

Metalúrgicos circularam por cinco outros pontos, enquanto umas poucas centenas de ex-funcionários de uma associação privada também fizeram a sua parte para o intermitente bloqueio da Avenida Paulista, o coração da capital. Está claro que muita coisa se transformou de um ano para cá em matéria de expressão pública seja lá de que bandeira for. Não só o número de manifestantes ficou reduzido a uma fração daqueles das jornadas de junho - que chegaram a ser chamadas "históricas" -, como, principalmente, mudou o seu perfil e mudaram as suas palavras de ordem.

O que havia então era um desabafo em grande medida espontâneo de uma massa composta na esmagadora maioria por jovens em defesa do interesse coletivo desatendido por um Estado pronto a gastar uma fortuna com o Mundial, mas avaro e negligente quando se trata de investir na qualidade de vida do povo, cobrando o que seria demais dos usuários de transporte coletivo e respeitando de menos os pacientes do SUS. O que prevalece agora, a julgar pelo que se acabou de ver, são setores organizados em defesa de interesses delimitados (acesso à moradia, por exemplo) ou corporações profissionais (como professores) com suas periódicas demandas por aumento salarial.

Do espírito de junho, como se queira julgá-lo, ficaram os minoritários protestos contra a Copa - com o seu escasso senso de realidade e elevada propensão para o confronto e o vandalismo. Se agora servem quase só para dar carona a pressões de terceiros por suas cobranças próprias, é improvável que consigam recobrar força durante o campeonato a ponto de provocar os temidos distúrbios de repercussão internacional. Como diz a presidente Dilma Rousseff, "na hora de a onça beber água este país vai endoidar". Até os líderes dos sem-teto falam em "um protesto a cada semana até a Copa".

De qualquer modo, ela virá e se irá. Mas permanecerá - ou, antes, poderá ficar pior - a truculência com que, sejam multidões ou grupelhos, os interessados em promover tais ou quais verdades têm se apoderado do sempre concorrido espaço público nos pontos nevrálgicos das metrópoles brasileiras, cerceando o direito de ir e vir que a Constituição a todos assegura. Manifestações pacíficas são legítimas; são unha e carne do sistema democrático. Mas a liberdade coletiva de expressão não pode ser exercida ao bel-prazer de quem quer que pretenda se exprimir a céu aberto.

A competição pelo uso da rua e as tensões que disso decorrem são inerente ao mundo urbano. Tornam imprescindível, pois, a intervenção do poder público para regulamentar, no tempo e no espaço, o exercício do direito de manifestação para que não tolha além da conta os afazeres e o deslocamento dos demais. A omissão das autoridades em face da tomada da Paulista é inaceitável: nenhum dos sucessivos grupos que transtornaram a mais importante via paulistana, em cujas proximidades, aliás, funcionam numerosos hospitais, precisou pedir autorização para se escarrapachar, literalmente, na avenida. Foi uma violência consentida.