quinta-feira, 8 de maio de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

O que vamos fazer é acabar com a medida mais impopular tomada por este governo que foi permitir que a inflação voltasse no Brasil. Agora eu vou sim tomar pelo menos duas medidas impopulares, mas impopulares para o PT. Vou acabar com a metade desses ministérios se vencer as eleições. Portanto, com a boquinha de muita gente. E vou acabar com essas falcatruas, com as irresponsabilidades que ocorrem nas empresas públicas brasileiras, em especial a Petrobras.

Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB. Em entrevista. Brasilia, 7 de maio de 2014.

Renan determina criação de CPIs mistas do Metrô de SP e da Petrobras

• Presidente do Senado abriu o prazo de cinco sessões para líderes indicarem integrantes das comissões ou ele mesmo fará indicações

Maria Lima e Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) determinou a instalação de duas CPIs mistas, em sessão do Congresso na noite desta quarta-feira: uma para investigar a compra de trens para o Metrô de São Paulo e outra sobre a Petrobras. Renan abriu o prazo de cinco sessões para os líderes dos partidos indicarem os integrantes das comissões e, se não indicarem, ele mesmo o fará em até três sessões.

Para a CPI mista do Metrô de SP, uma manobra feita por petistas em resposta à tentativa da oposição de esvaziar a CPI da Petrobras no Senado ao não indicar integrantes, foram obtidas 190 assinaturas de deputados e 32 de senadores confirmadas, número suficiente para que fosse lida no plenário. A CPI do Metrô é uma tentativa do PT de atingir a gestão do PSDB e, por tabela, o presidenciável tucano Aécio Neves.

Na sessão de criação das CPIs, o líder do DEM, Mendonça Fillho (PE), foi cortado duas vezes por Renan Calheiros, quando questionava decisões do presidente do Senado. Mendonça disse que irá recorrer à CCJ para que o prazo de indicação de nomes da CPI seja contado a partir de 48h depois da leitura do requerimento. O líder do DEM defendeu que, por se tratar de uma comissão temporária, a CPI não pode seguir as regras das comissões permanentes.

– Vossa Excelência fez uma interpretação equivocada. CPI é comissão temporária, tem seu rito processual estabelecido no regimento comum, e determina reunião dentro de 48h de sua constituição. Vossa Excelência não pode manobrar sob pressão do Palácio do Planalto! O que está se vendo aqui é uma verdadeira chicana no parlamento! – gritou Mendonça, e foi cortado por Renan, que passou a palavra ao líder do PT, senador Humberto Costa.

Em mais uma manobra do PT para tentar evitar a instalação de uma CPI mista composta por senadores e deputados, para investigar a Petrobras, Humberto Costa apresentou questão de ordem para pedir que a CPI do Senado prevaleça sobre a comissão mista, alegando que os trâmites no Senado tiveram início antes da segunda e, por isso, deve se sobrepôr. O presidente do Senado se limitou a dizer que irá respondê-la "oportunamente".

Nos bastidores, parlamentares governistas criticaram a iniciativa, considerada uma ação “desesperada” da bancada do PT e que terá como resultado expôr ainda mais os senadores aliados e “fazer sangrar” o Congresso. O próprio Renan Calheiros (PMDB-AL), segundo interlocutores, estaria contrariado com a nova tentativa do PT de evitar a CPI mista, já que até mesmo o governo estaria conformado com a instalação da comissão e já trabalha para conter danos no âmbito da CPI, escolhendo integrantes que sejam alinhados com o Palácio do Planalto.

– A Dilma já sabe que a CPMI é inevitável, que a extensão da decisão da Rosa Weber é automática. Agora vem a narizinho querendo fazer a gente sangrar à toa? Já não expôs o Renan o suficiente? O que precisamos agora é estruturar a base na Câmara e no Senado – reclamou um dos líderes da base, depois de ser abordado por Gleisi para explicar a mais nova manobra.

PMDB e PR da Câmara do lado da oposição
A oposição, por sua vez, conta com apoio do PMDB e do PR da Câmara para forçar o funcionamento da CPMI mista que irá investigar a Petrobras e implodir a estratégia do Governo de usar a CPI do Senado para esvaziar a Comissão Mista e excluir a participação de deputados. Os líderes do Democratas e do PSDB decidiram não indicar nomes para a CPI do Senado para fortalecer a mista. Se a base aliada se recusar a apresentar nomes para a comissão mista, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem o prazo até dia 20 de maio para fazer ele mesmo as indicações e, na prática, dar início às investigações.

Senadores petistas pressionam para que Renan faça a indicação dos nomes da oposição ainda hoje, em uma estratégia do governo de instalar imediatamente a CPI do Senado, aprovar a convocação de pessoas ligadas aos casos Alstom e Abreu e Lima, para fazer barulho e esvaziar a comissão mista. A oposição conta com a pressão da opinião pública e com os dissidentes da base na Câmara para aprovar convocações ligadas apenas ao escândalo da Petrobras.

— Tirar a Câmara desse processo só aumenta a sensação de temor do governo perante a opinião pública. Qualquer que seja o malabarismo que façam, não fugirão das investigações de denúncias que aumentam a cada dia envolvendo a Petrobras e seus administradores — disse o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG).

Governo quer usar maioria na CPI do Senado para tratar de caso Alstom
A estratégia do governo é instalar já a CPI do Senado e usar a maioria para convocar pessoas ligadas ao governo de Pernambuco e de São Paulo. Os articuladores do governo dizem que a Petrobras usa turbinas da Alstom e que a empresa Copergás, ligada ao governo de Pernambuco, recebeu R$2 bilhões da Petrobras para obras no entorno da refinaria de Abreu e Lima.

— A conexão existe. Depois que colocarem os caras lá, podem perguntar o que quiserem — diz um dos líderes do governo que participaram ontem de reuniões no Planalto com a presidente Dilma Rousseff, com os ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Ricardo Berzoini, de Relações Institucionais.

O presidente do Democratas, senador José Agripino (RN) disse que o prazo para as indicações para a CPI do Senado vence hoje, mas deixarão que Renan indique pela oposição. Os indicados, no entanto, não participarão dos trabalhos. A oposição vai focar apenas na nomeação dos integrantes para a CPMI mista da Câmara e Senado.

— Se a gente tiver os 17 membros hoje (metade mais um) vamos encontrar uma forma de pressão para instalar imediatamente a CPI de Câmara e Senado também, e eleger o presidente e relator. Se eles têm uma estratégia, nós também temos. A lógica e a opinião pública estão conosco. Como explicar a exclusão da Câmara? Do outro lado contamos com o Eduardo Cunha e sua bancada do PMDB, e do PR que pregou o retrato de Lula na parede, a nosso favor. Se manobrarem contra eles, vai haver chispa! O PMDB e o PR funcionarão como um elemento demolidor das artimanhas do governo — disse Agripino.

O líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), voltou a afirmar que não há necessidade de uma CPI para investigar a Petrobras, já que órgãos de fiscalização do governo estariam atuando no caso. O senador defendeu, diante da inevitabilidade de uma CPI da Petrobras, que no seu entender estaria servindo apenas de palanque eleitoral para a oposição, o Congresso investigue também, em uma CPI, denúncias que atingem os governos dos adversários de Dilma Rousseff.

– O governo resistiu o tempo todo a fazer essas CPIs, mas já que a oposição quer fazer um palanque eleitoral com essas investigações, vamos investigar também desvios de recursos públicos na refinaria de Abreu e Lima, no metrô de São Paulo e onde mais houver recursos da Petrobras nos governos estaduais. O que está acontecendo é uma disputa política em véspera de eleição – afirmou.

CPI mista do metrô é criada no Congresso

• Ao ceder a ameaças da oposição, presidente do Senadotambém pediu aos líderes indicações dos integrantes da CPI mista que vai investigar a Petrobrás

Débora Álvares, Eduardo Bresciani e Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Cumprindo a orientação do Palácio do Planalto, a base aliada conseguiu na noite desta quarta-feira, 7, a criação de uma nova CPI mista, desta vez para investigar irregularidades nas obras do Metrô de São Paulo e do Distrito Federal. Em paralelo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) pediu aos líderes indicações dos integrantes da CPI mista que vai investigar a Petrobrás cedendo a ameaças da oposição.

Liderados pelo PT, os governistas conseguiram apoio de 191 deputados e 32 senadores para a CPMI do Metrô - eram necessárias, respectivamente, 171 e 27 assinaturas. O objetivo é desgastar o PSDB, que governa o Estado de São Paulo desde 1995, e o DEM, que governou o Distrito Federal entre 2007 e 2010.

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que o governo resistiu à esta CPI mista do Metrô, mas foi obrigado a dar uma resposta à oposição. "Já que a oposição que fazer palanque político para discutir possíveis desvios de recursos públicos, porque não discutir os desvios que aconteceram ou possivelmente tenham acontecido no Metrô de São Paulo, seja na Abreu e Lima, seja em recursos da Petrobrás, repassados para governos estaduais?", indagou.

Embora afirme a necessidade de investigar "todos os ilícitos", a ex-ministra da Casa Civil do governo Dilma e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) admite que qualquer CPI em andamento no Congresso esse ano será, necessariamente, contaminada com interesses eleitorais.

O único tucano a apoiar a CPMI do Metrô foi justamente o senador Aécio Neves (MG), pré-candidato à Presidência da República. Para ele, a iniciativa da base ocorre tardiamente. "A base aliada tem toda legitimidade para fazê-lo. Lamento até que venha com enorme atraso. Se essas denúncias que estão aí há anos circulando incomodassem realmente o PT, já poderia ter feito isso", comentou.

Ao contrário de Aécio, o líder tucano no Senado, Aloysio Nunes (SP), chegou a aderir à investigação, mas recuou. Ele disse ter assinado o documento por engano, já que discorda da amplitude do objeto proposto.

O pedido de investigação defendido pelo governo foi lido na sessão do Congresso e deve ser publicado em diário oficial. O próximo passo é a indicação dos membros para a instalação da investigação.

Petrobrás. Nesta mesma sessão do Congresso, o presidente do Senado pediu aos líderes as indicações para a comissão que vai investigar a Petrobrás. Repetiu a defesa de que o ideal era a CPI ampliada proposta pelo governo, mas disse que acatava a liminar da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber e instalaria a investigação com foco exclusivo na Petrobrás. Os líderes terão cinco sessões ordinárias para fazer as escolhas dos membros. Caso isso não ocorra, Calheiros terá de fazer as indicações em um prazo de mais três sessões.

Durante a sessão, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), leu a questão de ordem preparada pela ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) que rogava por uma CPI exclusiva no Senado apelando até ao Código de Processo Penal. Os petistas argumentam que como a investigação com os senadores foi pedida antes teria precedente sobre a que inclui os deputados. Calheiros não respondeu ao argumento.

Em uma demonstração de como o governo terá dificuldades maiores na CPI mista, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), opositor de Dilma, confirmou que participará da investigação como titular e anunciou que os deputados peemedebistas Lúcio Vieira Lima (BA) e Sandro Mabel (GO), ambos críticos do governo, seriam escalados para o colegiado. João Magalhães (PMDB-MG) também participará.

Cunha afirmou ainda que a bancada de seu partido atuará com independência. "Nosso discurso não será nem de explodir nem defender o governo, mas de investigar", disse.

Nesta quarta, o ministro da Fazenda e atual presidente do conselho de administração da Petrobrás, Guido Mantega, confirmou que irá à Câmara dos Deputados na próxima semana para responder perguntas sobre a aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela estatal. A audiência pública, que ocorrerá na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, está marcada para a próxima quarta-feira, a partir das 9h30. /Colaboraram Laís Alegretti e Ricardo Della Coletta

'Presidente tem que dialogar', diz Campos

• Para pré-candidato do PSB, o que o diferencia de adversários é ser capaz de 'romper com a velha prática política' do País

Ana Fernandes - Agência Estado

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, acredita que a chapa composta por ele e pela ex-ministra Marina Silva é a "possibilidade de romper com a velha prática política". A declaração foi dada em entrevista ao Broadcast Político em resposta a uma pergunta sobre o que o diferencia do senador Aécio Neves (PSDB-MG), um de seus prováveis adversários nas urnas em outubro.

Campos também pontuou como diferencial o que chamou de capacidade de conversar com diversos setores da sociedade. "É fundamental um presidente que possa dialogar com todos os brasileiros." Tanto Aécio quanto a presidente Dilma Rousseff são criticados porque sofreriam resistências, respectivamente, de setores mais populares e de parte do empresariado.

Nas relações com os partidos em um eventual governo, o ex-governador de Pernambuco disse que vai buscar quem o ajude a "renovar" o presidencialismo. "Conheço gente no PMDB no Brasil afora que é de um PMDB que tem uma outra visão de prática política."

Crítico da atual política econômica do País, Campos afirmou que o governo não deve usar só as taxas de juros para cumprir a meta de inflação e defendeu mais austeridade e transparência fiscal.

O que é o "novo desenvolvimentismo" que o senhor propõe?

No Brasil não cabe mais improviso. Precisamos ter clareza no planejamento de longo prazo, um rumo estratégico. Esse rumo precisa de uma governança macroeconômica segura, que tenha compromisso com o centro de uma meta inflacionária, que deve iniciar nos 4,5%, mas deve ser projetada para, nos próximos cinco anos, apontar para abaixo disso. Uma garantia de que vamos manter o tripé dos fundamentos macroeconômicos. Uma governança no Banco Central independente. Uma governança na política fiscal com controle social, com conselho fiscal da República, para que se acompanhe o gasto público.

Como o senhor avalia a política econômica da atual gestão?

Ficou muito bem provado nos últimos anos que o improviso na tentativa de trocar algum crescimento pela taxa de inflação deu no que deu... Inflação batendo no teto, preços administrados represados e o menor crescimento da história republicana do País. Fora isso, uma quebra da confiança dos agentes no futuro do Brasil, com redução dos investimentos. Teremos uma agenda macroeconômica com condução completamente segura e uma agenda do crescimento sustentável que precisa resgatar o clima de confiança e retirar do papel investimentos estruturantes.

Como fazer a inflação convergir para o centro da meta e, depois, reduzir esse centro?

Não se pode imaginar que a tarefa de botar a inflação no centro da meta é uma tarefa só da taxa de juros. Não é. É da articulação de uma política fiscal responsável com uma política monetária independente que garanta o centro da meta.

Como lidaria com a questão dos preços administrados?

Precisamos resolver esse passivo. Precisamos definir regras claras para que não se dê a oportunidade no futuro de o País administrar a inflação como administrou no período pré-Real, contendo os preços administrados de maneira artificial.

No primeiro dia de um eventual governo do senhor, os preços da gasolina seriam reajustados?

Não sei nem se o atual governo vai conseguir segurar esses preços até a eleição. É preciso chegar o primeiro dia de governo para a gente poder pôr em prática o que estamos colocando como regra. Não é saudável para a economia, para os cidadãos, muito menos para a Petrobrás e para o setor do etanol, que está pagando um preço muito caro. Talvez, se você adiar muito e alongar demais, termine carregando no efeito arrasto a expectativa inflacionária e isso acabe sendo pior para a população mais pobre.

De forma geral, o senhor se diria favorável a medidas mais ortodoxas na economia? Seria contra o controle de preços?

Já me coloquei publicamente contra isso e não é hoje, que sou candidato. É possível, e o Brasil vai percebendo cada dia mais, que o único caminho para um desenvolvimento sustentável é o de quem tem uma boa governança macroeconômica. Todas as grandes nações que se desenvolveram não o fizeram a partir de piques, mágicas, pacotes. O crescimento econômico continuado é obtido em função de uma narrativa de longo prazo, de uma política previsível e de uma agenda de desenvolvimento nos mais diversos setores.

Campos e Marina definem nomes que vão comandar campanha

• Ideia é que, até julho, os dois participem de eventos juntos pelo país

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - A coordenação da pré-candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB) se reuniu ontem e decidiu acelerar, já a partir da próxima semana, as agendas conjuntas do ex-governador de Pernambuco e da vice da chapa, a ex-senadora Marina Silva. O núcleo de dez nomes que comandará o dia a dia da campanha também foi fechado durante o encontro.

Os coordenadores atuarão em dupla, sendo sempre um representante do PSB e um outro adjunto da Rede, o partido que Marina tentou criar, mas teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano passado. Todos os indicados pela ex-senadora trabalharam na campanha presidencial de 2010. A coordenação geral ficará com Carlos Siqueira, secretário nacional do PSB, e Bazileu Margarido, que foi presidente do Ibama quando a pré-candidata a vice ocupou o Ministério do Meio Ambiente no governo Lula.

Também está definido que não haverá na campanha de Campos a figura do marqueteiro nos padrões tradicionais. A coordenação de comunicação ficará com o jornalistas Alon Feuerwerker e Nilson Oliveira. O último assessorou Marina em 2010. O sociólogo argentino Diego Brandy, uma espécie de guru de Campos desde a sua primeira eleição para o governo de Pernambuco, em 2006, será o responsável pelos programas de televisão e rádio, mas estará subordinado ao núcleo de Alon e ao comando geral da campanha. Brandy é especialista em pesquisas de opinião e rejeita o rótulo de marqueteiro.

O tesoureiro será Henrique Costa, amigo pessoal de Campos. Os dois estudaram juntos na faculdade de economia em Pernambuco. Costa fez carreira em bancos, como o BankBoston e o Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe). Ele terá como adjunto Rubens Novelli, que já exerceu a mesma função em 2010. 

O programa de governo será coordenado pelo ex-deputado federal petista Maurício Rands e por Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú e ligada a Marina. A coordenação de articulação, que ficará responsável pelas conversas com partidos políticos e com as campanhas estaduais, vai ser de responsabilidade do ex-vice-prefeito de Recife Milton Coelho e de Pedro Ivo Batista. Haverá ainda um conselho político, para reunir representantes de legendas aliadas como o PPS, e um conselho cidadão, a ser formado por representantes da sociedade e filiados de outros partidos que quiseram apoiar a candidatura de Campos e Marina.

O QG que vai abrigar a campanha também foi definido. Fica no bairro da Vila Clementino, na Zona Sul de São Paulo. Ainda não há data para a mudança. Uma parte do núcleo de coordenação já começará a trabalhar na semana que vem na sede do diretório paulista do PSB no Planalto Paulista, na mesma região.

— Temos muitos convites para visitas pelo país e precisamos atuar de forma mais dinâmica para definir uma agenda, por exemplo — afirma Siqueira.

A ideia é que, até julho, Marina e Campos participem de eventos juntos como uma forma de apresentar o ex-governador de Pernambuco pelo país. De acordo com a última pesquisa Datafolha, Campos é conhecido por apenas 58% eleitores. Marina tem o recall da campanha de 2010, quando obteve 19,6 milhões de votos.

Os integrantes da campanha admitem que ainda há a possibilidade de o deputado federal Márcio França, presidente do PSB de São Paulo, assumir o lugar de Siqueira na coordenação se a sua candidatura ao governo do estado não vingar. Seu nome foi apresentado para atender à exigência da Rede de ter uma chapa própria em São Paulo, mas os aliados de Marina o rejeitaram por entenderem que ele não representa renovação. Na reunião de ontem, foi acertada a transferência da convenção da legenda, marcada para o dia 10 de junho no Rio, para o dia 29 do mesmo mês em Brasília.

PSDB de Aécio tem o cheiro da derrota no 2º turno, diz Marina

• Ex-senadora reclama de comparações entre tucano e Campos, do PSB, de quem será a Vice

Bernardo Mello Franco – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A cinco meses da eleição, a ex-senadora Marina Silva afirma que o PSDB de Aécio Neves já entrou na disputa com o "cheiro da derrota" no segundo turno. Ela diz que seu companheiro de chapa, Eduardo Campos (PSB), é o único capaz de impedir a reeleição de Dilma Rousseff (PT).

A declarações devem ajudar a sepultar o clima de trégua entre os dois candidatos, que vinham atuando em parceria para desgastar a petista.

Incomodada com as comparações entre Campos e Aécio, Marina afirmou que o aliado defende ideias mais progressistas que o tucano. Também atacou Dilma, a quem acusou de usar a propaganda oficial para esconder os problemas do governo.

A ex-senadora se mostrou incomodada com o relato do ex-presidente Lula, revelado na segunda pela coluna Mônica Bergamo, da Folha, de que ela teria consultado Deus antes de pedir demissão do Ministério do Meio Ambiente.

Marina deu entrevista anteontem em um hotel da zona norte de São Paulo. Ao receber a reportagem, pediu licença para retocar os lábios com uma beterraba --ela tem alergia a batom.

Segundo turno
A ex-senadora disse que Eduardo Campos, hoje em terceiro lugar nas pesquisas, é o único candidato capaz de bater a presidente Dilma Rousseff. Para ela, o ex-governador de Pernambuco é "sem dúvida alguma" mais competitivo que Aécio Neves.

"O PSDB sabe que já tem o cheiro da derrota no segundo turno. E o PT já aprendeu que a melhor forma de ganhar é contra o PSDB."

Campos x Aécio
Marina reclamou das comparações entre Aécio e Campos, que têm feito críticas semelhantes ao governo. "A gente tem que parar com essa história de querer diluir as diferenças." "Quando alguém fica muito ansioso para dizer que é igual, é porque sabe que é diferente", acrescentou.

Para Marina, as diferenças estão "nas trajetórias de vida e em algumas propostas estruturantes". "Campos protagoniza uma agenda progressista de respeito aos direitos sociais, de não ir pelo caminho mais fácil de reduzir a maioridade penal e as conquistas dos trabalhadores."

Palanques estaduais
A ex-senadora disse que PSB e Rede terão autonomia para apoiar candidatos diferentes nos Estados em que não houver acordo. Afirmou que não subirá ao palanque dos tucanos Pimenta da Veiga, em Minas, e Beto Richa, no Paraná. Os dois cortejam Campos em busca do apoio formal do PSB.

Em São Paulo, Marina disse que o apoio ao tucano Geraldo Alckmin está descartado. Questionada se pedirá votos para Márcio França, caso ele venha a ser o candidato, foi evasiva: "Não vamos vetar nenhuma candidatura do PSB. Mas a Rede não é o PSB".

Dilma em campanha
A vice de Eduardo Campos criticou a estratégia de comunicação de Dilma, que usou pronunciamento oficial na TV para anunciar medidas populares como o reajuste do Bolsa Família e a correção da tabela do Imposto de Renda.

"Acho excessiva a propaganda que tem sido feita. Geralmente, o excesso de propaganda é para compensar as dificuldades que estão sendo vividas", disse. "Fazer o que é necessário para se reeleger, e não o que é necessário para os interesses do país, cria essa ambiguidade."

Governo e economia
"A presidente encerra o governo sem uma marca, como a estabilização econômica de FHC e a inclusão social de Lula. A marca de Dilma é o retrocesso", criticou. "O Brasil atravessa um momento com baixo crescimento e aumento da inflação e dos juros."

"Volta, Lula"
Marina sugeriu ainda acreditar na possibilidade de o ex-presidente Lula substituir Dilma na eleição. "É uma dificuldade para ele, com certeza. Ele articulou a candidatura da presidente Dilma para criar uma nova liderança ou para fazer um intervalo e voltar?"

Ela também ironizou a preferência de siglas aliadas por Lula. "Dilma poderia ela própria liderar. Me parece que não é o que está acontecendo. Então as pessoas estão preferindo a interlocução direta com Lula."

Reeleição e 2018
A ex-senadora negou ter feito acordo com Campos para disputar a Presidência em 2018. Nas últimas semanas, o pré-candidato do PSB tem prometido acabar com a reeleição, o que abriria caminho para Marina voltar à cabeça de chapa daqui a quatro anos.

"Não fizemos nenhum tipo de acordo eleitoral. "Não tenho como objetivo de vida ser presidente do Brasil."

Conversa com Deus
A ex-ministra do Meio Ambiente demonstrou incômodo com o relato do ex-presidente Lula a aliados sobre uma conversa reservada entre os dois. Meses antes de sair do governo, Marina teria dito ao petista que conversou com Deus e decidiu pedir demissão.

"Sou uma mulher de fé. Não nego a minha fé. O que eu disse para o Lula foi: Essa minha decisão eu pedi muito a Deus que confirmasse no meu coração. E acho que é o melhor para mim". Isso não tem nada a ver com dizer Eu falei com Deus, tive uma resposta de Deus"."

Ela contou que a conversa aconteceu no fim de 2006. Disse que pediu demissão, mas ficou no cargo por apelo de Lula. Depois disso, manteve a história em segredo.

"Jamais iria dizer que pedi para sair e o Lula pediu que ficasse. Isso não faz parte do meu caráter. Se isso não fosse revelado dessa forma enviesada, ia morrer comigo, porque não tenho necessidade de me afirmar em cima do Lula ou de ninguém", disse, demonstrando mágoa com o episódio.

“Queremos a investigação. Não é uma CPI política”, afirmou Aécio Neves

• Quem deve não teme. A CPI existirá

• O governo perdeu essa batalha. Bom para a sociedade brasileira

BRASÍLIA (DF) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, defendeu nesta quarta-feira (7), em entrevista coletiva, que a CPI sobre a Petrobras tem o objetivo de investigar as denúncias e, não político. “Queremos a investigação. Ao contrário do que tem dito os líderes do governo, esta não é uma CPI política. Não fomos nós, oposicionistas, que acordamos um dia e dissemos: Olha, vamos fazer uma CPI sobre a Petrobras para incomodar a presidente da República”, afirmou ele.

Sobre CPI mista Câmara e Senado.
A CPI existirá. O governo perdeu essa batalha. Bom para a sociedade brasileira e quem não deve, não teme. As investigações ocorrerão. Agora, fica a disputa: Senado ou Congresso? É mais razoável, na nossa avaliação, que seja Congresso porque você não tiraria os parlamentares – os deputados federais – dessa discussão. Mas a razão – e acho que o presidente Renan devia tomar essa iniciativa como presidente do Congresso, sentar com os líderes à mesa. Vamos fazer uma pauta racional. Queremos a investigação. Ao contrário do que tem dito os líderes do governo, esta não é uma CPI política. Não fomos nós, oposicionistas, que acordamos um dia e dissemos: Olha, vamos fazer uma CPI sobre a Petrobras para incomodar a presidente da República. Não, as denúncias estão aí se sucedendo, trazendo indignação aos brasileiros.

Um dos principais diretores da Petrobras, senão o principal no seu tempo, está preso. As denúncias se sucedem. É cada dia uma denúncia nova. Pasadena é apenas uma ponta desse iceberg. Então, as investigações terão que ocorrer. O governo lutou o quanto pôde para que elas não ocorressem. Nos obrigaram a ir ao Supremo Tribunal Federal. Agora, cada vez que o governo busca inibir a investigação, mais claramente mostra que teme as investigações. O racional, a meu ver, é a CPMI mais ampla. Cabe ao presidente do Congresso convocar os líderes. Vamos, quem sabe, fazer uma CPMI com uma pauta pré-definida. Vamos começar a trabalhar.

Não há mais tempo para esse debate entre oposição e governo. A população brasileira, acho que sem exceção, – talvez alguns que estejam envolvidos nessas irresponsabilidades, talvez não, mas a população brasileira tirando eles quer que as investigações ocorram. Quem não tiver responsabilidade será inocentado e quem tiver responsabilidade deve pagar por eventuais maus negócios feitos no comando da companhia.

Faz parte da estratégia não indicar integrantes para a CPI exclusiva do Senado para forçar a CPI Mista?

Essa foi uma decisão do líder, que eu respeito porque não adianta funcionar duas CPIs. Isso é, claramente, interesse de quem não quer que as investigações ocorram. Portanto, a tentativa das oposições, apesar de sermos minoria, – mas já vencemos uma luta muito dura para que a CPI ou a própria CPMI ocorresse – é que possamos fazer a investigação mais ampla. Como hoje vai estar sendo oficiado aos líderes partidários indicação para aos membros da CPMI, vamos apoiar a CPMI.

Repito, o presidente do Congresso Nacional, a meu ver, é quem tem as condições de sentar-se com os líderes da base, líderes oposicionistas e preservando o Senado Federal, preservando o Congresso Nacional, definir de que forma essa investigação vai ocorrer. Temos a disposição inclusive de fazer o entendimento em relação à pauta da CPMI da própria CPI. A CPMI mais ampla é melhor para as investigações, a mais restrita, certamente, é pior para as investigações.

A oposição vai apoiar a CPI da Alstom? Hoje, o PT deve formalizar o pedido para a criação dessa CPI.

Tem toda a legitimidade para fazê-lo. Lamento até que venha com enorme atraso, porque se essas denúncias que estão aí há anos circulando incomodassem realmente o PT do ponto de vista da busca da apuração, já poderia ter feito isso lá atrás. Mas é direito deles, a minha assinatura está lá. Eu, pessoalmente, tenho muito curiosidade de saber como foi que a Alstom conseguiu, no caso de Porto Alegre e Belo Horizonte, fazer uma licitação com que um resultado é o contrário, o oposto do outro, são obras do governo federal. Vamos investigar tudo. Ninguém tem que ter medo de nada. Mas não vão tirar do povo brasileiro a oportunidade de saber o que aconteceu ou vem acontecendo com a Petrobras e acho que coisas novas vão vir por aí.

Portanto, da nossa parte basta apenas aguardar que o presidente do Congresso Nacional organize o funcionamento da CPI da Petrobras, repito a CPMI é melhor. Outras investigações que venham, não temos que ter medo de absolutamente de nada. Até porque, se no nosso campo político isso não foi comprovado até agora, algum agente político ligado ao partido tenha cometido qualquer irregularidade, tem que responder por essas irregularidades. Acho até que se o PT estivesse realmente interessado nessa investigação, tem maioria para ter feito isso ao longo dos últimos 12 anos. Se faz agora, paciência, vem com um enorme atraso, mas que seja feita.

A presidente Dilma falou indiretamente do sr. ontem em um jantar com jornalistas. Sobre medidas impopulares.

Vejo a presidente permanentemente preocupada. O que vamos fazer é corrigir os equívocos do atual governo. O que vamos fazer é acabar com a medida mais impopular tomada por este governo que foi permitir que a inflação voltasse no Brasil. Agora eu vou sim tomar pelo menos duas medidas impopulares, mas impopulares para o PT. Vou acabar com a metade desses ministérios se vencer as eleições. Portanto, com a boquinha de muita gente. E vou acabar com essas falcatruas, com as irresponsabilidades que ocorrem nas empresas públicas brasileiras, em especial a Petrobras.

“Já temos um compromisso com a pauta que eu chamo da Federação”, disse Aécio

• O pacto federativo e a dívida dos estados

• Unificação das eleições

BRASÍLIA (DF) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, fez uma palestra nesta quarta-feira (7) durante a 18ª Conferência Nacional da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), em Brasília. Em seguida, o senador concedeu uma entrevista coletiva. A seguir, a entrevista do senador.

Sobre o pacto federativo e a dívida dos estados como o senhor vai trabalhar isso se eleito presidente?

Já temos um compromisso com a pauta que eu chamo da Federação. São inúmeras questões entre elas a renegociação da dívida, que infelizmente só não avançaram até aqui porque a base do atual governo impediu que essas matérias fossem votadas seja na Comissão Especial e na Comissão de Justiça ou no Plenário. É absolutamente necessária que a renegociação ocorra. Grande parte dos estados brasileiros e alguns municípios perderam toda a sua capacidade de investimento porque pagam hoje à União seus financiamentos e seus empréstimos, com juros muito mais escorchantes, por exemplo, do que pagam uma empresa privada ao BNDES.

Isso não se justifica. O Estado que tem a responsabilidade de zelar pela segurança pública, pela saúde e pela educação, paga mais caro à União do que paga uma empresa pública que visa o lucro. É bom que tenhamos juros baixos para toda a economia, mas não é possível que os estados continuem, ainda na realidade atual, vivendo nas regras antigas. O governo negociou conosco uma proposta, e infelizmente, não teve a capacidade de honrar esta proposta. E outras medidas como o fim da tributação do Pasep, o aumento pelo menos de um a dois percentuais no Fundo de Participação. Todas essas matérias constarão no nosso compromisso com a federação. Desde o início da minha trajetória política tenho defendido que possamos ter no Brasil uma República eminentemente federativa com municípios e estados em condições de enfrentar as suas dificuldades. O Brasil, infelizmente, se transformou em um estado unitário. Apenas a União detém receitas e apenas a União define o que fazer com estas receitas. Infelizmente, o resultado é este: ineficiência e uma sucessão de desvios que avilta e traz indignação aos brasileiros.

Sobre a unificação das eleições
Tenho defendido um projeto que acaba com a reeleição e estabelece cinco anos de mandato para todos os cargos públicos em um só momento. Aí teríamos quatro anos obviamente para trabalharmos e um ano de eleição. Isso traria, a meu ver, maior eficiência a toda a máquina pública e é uma das propostas que estaremos apresentando durante o debate eleitoral.

Estratégia de Dilma é associar oposição a ações impopulares

• Em jantar com jornalistas, presidente diz não ver por que mudar rumo da política econômica e volta a criticar rivais

• Proposta de Eduardo Campos para reduzir inflação a 3% levaria taxa de desemprego a 8,2%, afirma petista

Natuza Nery, Gustavo Patu - Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O governo petista captou o desejo da população por mudanças, mas, nos primeiros movimentos da campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff diz apenas o que não vai mudar se for reeleita.

Desde o pronunciamento do Primeiro de Maio, a presidente-candidata promete mais emprego, salário e Bolsa Família, enquanto nega a necessidade de ajustes dolorosos na política econômica.

"Tem gente dizendo que tem medidas impopulares. Tem que ter cuidado para que medida impopular não se transforme em medida antipopular", disse anteontem, em jantar de mais de quatro horas com jornalistas mulheres no Palácio da Alvorada.

A estratégia é assumir o crédito pelo que há de favorável no presente e associar aos adversários os maus presságios para o futuro --foi o tucano Aécio Neves quem se disse disposto a tomar as tais "medidas impopulares".

Eduardo Campos, do PSB, e sua ideia de reduzir a inflação a 3% anuais também mereceram um ataque sem nome citado: "Sabe o que significa? Desemprego lá pelos 8,2%", disse Dilma, com a precisão da casa após a vírgula.

Como Fernando Henrique Cardoso em 1998, Dilma disputará a reeleição sob desconfiança generalizada quanto à sustentabilidade de suas realizações mais vistosas.

Há 16 anos, fazia água a política de controle das cotações do dólar que segurava a alta dos preços. Agora, é a alta dos preços que, ao lado de outras fragilidades da economia, ameaça os resultados positivos do mercado de trabalho.

A inflação está próxima do teto de 6,5% fixado na legislação, com a ajuda de gastos públicos em permanente expansão, especialmente nos programas de transferência de renda às famílias.

Além do buraco nas contas do Tesouro Nacional, o consumo estimulado pelas intervenções oficiais leva o país a acumular deficits nas transações de bens e serviços com o resto do mundo.

Dilma admitiu que "não está tudo bem" com os preços, mas reforça o controle da inflação. E refutou a tese de que serão inevitáveis cortes de gastos públicos e altas de juros, impostos e tarifas depois de conhecido o veredito das urnas: "É absurda essa história de o Brasil explodir em 2015. É ridículo. Pelo contrário, o Brasil vai bombar".

Em sintonia com a chefe, a Fazenda tem apresentado projeções de melhora do cenário global no próximo ano, em dimensões suficientes para tirar a economia brasileira da letargia que completará um mandato presidencial.

Fora do governo, é difícil encontrar quem acredite nisso. As projeções de analistas nativos e estrangeiros são pessimistas para o início do próximo governo e, ao menos por ora, só têm mudado para pior.

"Nunca vi uma conjuntura eleitoral, talvez com exceção de 2010, que não tivesse um baita mau humor", disse a presidente, mencionando o ano em que foi vitoriosa com o impulso de taxas de crescimento econômico vigorosas.

Na época, davam-se como superados os efeitos domésticos da crise internacional e já se falava em providências para conter a piora das contas públicas e da inflação.

Dilma não parece empenhada em conquistar a minoria influente que movimenta o mercado. No jantar, foi lacônica ao comentar a alta da Bolsa com sua queda nas pesquisas: "Sinto muito".

José Serra*: Ineficiência aprendiz e loquaz: 6ª antilei petista

- O Estado de S. Paulo

Já se disse que a política requer duas habilidades. A primeira: é preciso prever o que vai acontecer amanhã, na semana que vem e no ano seguinte. A segunda: é preciso explicar depois por que as previsões não se cumpriram. Nisso, todos os países e partidos são iguais, mas o Brasil da era petista tem sido mais igual que os outros. Há um abismo angustiante entre o que o atual governo prevê e a capacidade de explicar por que as coisas não acontecem.

Entre as previsões megalômanas e os resultados pífios, há o reino das antileis petistas, cultivadas cuidadosamente pela presidente Dilma e sua equipe. A primeira delas, uma espécie de cláusula pétrea do petismo, prescreve a necessidade de utilizar o máximo de palavras para expressar um mínimo de pensamento. Querem um exemplo magnífico? Vejam o que a então candidata disse sobre e elevada carga tributária no Brasil num debate da campanha presidencial de 2010 (transcrevo como foi dito): "O Brasil sai também de um nível muito elevado de carga tributária, e, agora, eu acho que ele entra numa fase de com a reforma tributária de decréscimo. Houve muitas pessoas contrárias à reforma tributária nos últimos anos. Agora, seguramente, o crescimento do PIB e a redução dos juros permitirá um Brasil mais desenvolvido". Diga-se, a propósito, que essa "reforma tributária de decréscimo", seja lá o que for isso, conviveu com a elevação da carga de tributos durante o governo Dilma ao nível mais alto da história.

A segunda antilei viola o princípio de que a menor distância entre dois pontos é uma linha reta; para eles, é uma curva torta. Este passou a ser o critério dominante das ações de governo: sempre pelo caminho mais longo, incerto e penoso. A terceira antilei supõe que o sol e os planetas giram em torno da Terra, ou seja, a presidente e seu partido coordenam e comandam o universo da política, da economia e das instituições, de modo que as conspirações da mídia e da oposição para enfraquecê-los podem provocar algum Big Bang que vá explodir o País, ou algum buraco negro que o devore. Outra antilei, a quarta, prescreve a transformação contínua de facilidades em dificuldades. Nada que seja fácil de fazer deve ser feito. Por exemplo, cria-se um programa chamado "Ciência sem Fronteiras" para enviar bolsistas ao exterior, mas se deixa de lado o requisito prévio de que os estudantes devam dominar o idioma do país que os recebe. Eles chegam ao Canadá, não falam inglês e têm de ser repatriados ou de fazer curso de línguas em Toronto, com o dinheiro dos contribuintes brasileiros. Geram-se atritos e desperdícios, além de desmoralizar a ideia de proporcionar aos nossos jovens novos conhecimentos que os beneficiem e ao nosso país.

Há uma quinta antilei - essa, reconheço, do agrado especial de Dilma (se ela não existisse, a mandatária certamente a editaria como medida provisória): cada ministro deve saber menos do que a presidente sobre a sua área de responsabilidade. As ideias e a forma de execução dos projetos ficam por conta da chefe do Executivo, que exibe, entre seus principais atributos, precisamente a falta de conhecimento dos assuntos de governo e a baixa capacidade de gestão.

Finalmente, ao menos por ora, há uma sexta antilei, que é muito forte: chega-se ao governo não para administrar, mas para aprender, como se fosse um curso supletivo ou de graduação. Isso vale para toda a nação petista, nos três níveis da Federação - União, Estados e municípios. O exemplo mais recente e vistoso, sem dúvida, ocorre na cidade de São Paulo, cuja administração se dedica ao papo-cabeça e aos experimentos macrolaboratoriais, em que as cobaias são os paulistanos sofredores. É o caso, por exemplo, da devolução dos hotéis da Cracolândia aos traficantes de droga a fim de que recebam seus clientes e dos subsídios dados aos dependentes químicos para que paguem preços mais altos pelo crack.

Na esfera federal, é antológica uma confissão da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, feita numa boa, em 2011, sobre a dificuldade que estava encontrando na elaboração do Plano Plurianual (2012-2015): "Não é possível monitorar e muito menos ser efetivo com 360 programas. No PAC, todo mundo está reaprendendo a fazer obras de infraestrutura - nós, do setor público, e também o setor privado". Isso depois de oito anos de governo do PT e já sob a presidência de Dilma, anteriormente consagrada como genitora do PAC pelo então presidente Lula!

Outra preciosa declaração, em setembro do ano passado, da então ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, mostrou que, no 11.º ano de governo, o PT ainda não sabia o que fazer com as concessões de estradas: chegou a dizer que a concessão da BR-101, na Bahia, iria ficar por último "a fim de termos uma avaliação melhor". E continuou: "Se chegarmos à conclusão de que é impossível fazer concessão, vamos migrar para obra pública". Como escrevi na ocasião, "quantos anos já transcorreram e quantos ainda teremos pela frente até essa terapia infraestrutural de grupo chegar ao fim?".

Nesse emaranhado de antileis, vigilantemente aplicadas, pode-se vislumbrar a chama que tem derretido o prestígio de Dilma junto da população. Até porque as pessoas vão se dando conta, cada vez mais, da antilei n.º 1, que maximiza o palavrório e minimiza o pensamento, dificultando a explicação, já não diria convincente, mas, ao menos inteligível, da frustração das previsões originais e das que são refeitas a cada mês.

A mais reluzente das explicações carece de qualquer lógica: atribui-se à dobradinha entre imprensa e oposição a culpa pelas lambanças na Petrobrás, pela perda de mais da metade do patrimônio da empresa e pelo endividamento que bate o recorde mundial. Tudo isso faria parte de uma diabólica estratégia daquela dobradinha para privatizar a gigante do petróleo. De acordo com esse delírio, quanto mais desmoralizada ela estivesse, mais fácil seria sua privatização! Tenho a certeza de que tal disparate, em lugar de convencer, ofende as pessoas e aquece a chama do derretimento político não só da presidente, mas de um estilo de governo.

*José Serra é ex-governador e ex-prefeito de São Paulo.

Jarbas de Holanda: De uma nova “Carta (do PT) aos Brasileiros” ao agressivo populismo dos últimos dias

Entre fevereiro e março, o ex-presidente Lula, num encontro com empresários, admitiu o lançamento de nova versão da “Carta aos Brasileiros”, usada em sua campanha de 2002 como arma para desarmar fortes resistências dos agentes econômicos e de grande parte da sociedade a um governo que levas-se à prática as teses e propostas do PT. Como se recorda, centrada no compromisso de respeito às regras do mercado e à estabilidade macroeconômica, a Carta – preparada pelo coordenador da campanha, Antonio Palocci – quebrou boa parcela daquelas resistências e foi bem eficiente na montagem da aliança político-partidária e para o financiamento eleitoral. Ela seria retomada, agora, ou para o objetivo de todos ou de parte dos empresários do encontro de troca da candidatura de Dilma pela de Lula, ou, como ele desejava e segue desejando, para a reversão do desgaste da sucessora, por meio de uma poda no seu intervencionismo nos negócios privados, bem como na centralização excessiva das decisões governamentais, e de ampla mudança no relacionamento autoritário do Executivo com a chamada base aliada e com o Congresso. Tudo isso, na expectativa dele, contribuindo para melhoria da imagem e das relações políticas e empresariais da presidente e para viabilizar a reeleição.

De lá para cá, porém, uma progressiva piora dos indicadores da economia e uma sucessão de fatos e eventos muito negativos para o governo, e também para o PT, terminaram forçando Lula a arquivar a ideia de nova versão da referida Carta. E a acolher recomendação dos marqueteiros (do Planalto e do seu partido) para o desencadeamento de uma campanha baseada na contraposição entre ricos e pobres, entre “nós” (defensores dos programas sociais) e “eles” (que querem acabar com tais programas). Que foi a tônica do pronunciamento da presidente, a rigor de candidata, em cadeia de rádio e televisão, na véspera do Dia do Trabalho. E dos discursos dela e de Lula no encontro nacional do PT, dois dias depois. Quanto à inflação e ao PIB, está tudo bem. Quanto à Petrobras, “eles” querem destruir a principal empresa do país. E quanto a reformas, a reiteração do projeto petista de plebiscito, enquanto “eles querem mudanças econômicas contra os trabalhadores”.

As diversas pesquisas eleitorais do final de abril explicam a guinada tática chancelada pelo ex-presidente. O desempenho da economia (mais inflação, pibinho ainda menor à frente, crescimento do déficit da balança comercial, os atrasos crônicos dos programas de obras e serviços públicos, mais deterioração das contas da União) justificam o aumento do pessimismo do conjunto do mercado em relação ao governo. As seguidas quedas de avaliação da presidente e da candidata, em todas as camadas da população, resultaram da combinação desses fatores com o impacto das graves denúncias de “malfeitos” e prejuízos bilionários da Petrobras e de crescente percepção do eleitorado a respeito do grande e abusivo papel do aparelhamento partidário nos vários órgãos da máquina federal. E a erosão da popularidade do governo teve um desdobramento tão ou mais preocupante para Lula: um forte declínio do ín-dice, histórico, de preferência eleitoral pelo PT. O que se manifestou, até, em ato promovido pela CUT no dia 1º de maio no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, quando o prefeito Fernando Haddad e o ministro Ricardo Berzoini não puderam usar o microfone por causa de estrepitosas vaias. Cabendo assina-lar que a queda desse índice – constatada também em pesquisas internas do PT – deve ter influenciado o ex-presidente a destacar entre as prioridades das campanhas eleitorais deste ano o ataque à imprensa, tratada como “partido de oposição”. Encampando demanda dos mensaleiros e das alas esquerdistas do partido.

O Datafolha programado para este final de semana envolverá, também, avaliação da guinada da tática eleitoral do Planalto e do PT (combinação de “bondades” populistas com radicalismo político e social), indicando se ela será eficiente para reverter a queda de popularidade da presidente/candidata (agravada em pesquisas mais recentes pela ascensão de adversário Aécio Neves), ou se tal erosão prossegue. Neste caso, sendo provável uma retomada, mais forte, do “volta Lula”

Jarbas de Holanda é jornalista

Dora Kramer: Dilmês' castiço

- O Estado de S. Paulo

Bom sinal que a presidente Dilma Rousseff tenha resolvido dedicar parte de seu tempo a conversar com a imprensa. Já fez dois encontros "temáticos" (com jornalistas da área de esportes e com profissionais mulheres), consta que pretenda fazer outros no esforço de estabelecer uma convivência mais civilizada em terreno tratado, quando interessa, como inimigo.

Muito melhor o diálogo do qual se beneficiam todos, governantes e governados. No caso da presidente, o convívio com réplicas e tréplicas - não sendo só uma fase decorrente da necessidade de angariar simpatia devido ao momento um tanto desfavorável - sem a barreira da subordinação pode ajudá-la a exercitar o uso do idioma, combinando sentidos e significados.

Nos pronunciamentos, principalmente nos improvisados, não raro a desconexão entre o pensamento e a linguagem desfavorece a compreensão do que de fato quis dizer a presidente. O jantar que reuniu um grupo de jornalistas na noite de terça-feira foi um exemplo de como a chefe da Nação ora pronuncia palavras que significam o oposto de suas ações, ora diz coisas que se contradizem e não formam um sentido lógico.

Ao defender sua política econômica, considerou "ridículas" as análises que apontam cenário de crise para 2015, ano em que, segundo ela, o "Brasil vai bombar". O que seria isso? Crescer espetacularmente? Atrair investimentos? Avançar na infraestrutura? Melhorar de maneira significativa a eficácia dos serviços públicos? Ou vão estourar bombas (no sentido figurado) de todos os lados? Não se sabe, porque a presidente não explica.

Reconhece, no entanto, o óbvio, que "não está tudo bem" com os preços. Não precisava dizer. Todo mundo vê. O que não se percebe com a mesma facilidade é como se combina essa situação adversa em relação aos preços com a assertiva da presidente sobre o absoluto controle sobre a inflação. Depende do que ela considera controle e se o fato de a inflação se instalar no teto da meta e o governo dizer que anda tudo bem pode transmitir segurança a alguém.

Dilma Rousseff tampouco atribui o mau humor que toma conta do ambiente ao aumento dos preços. Monta sua própria equação: para ela, a insatisfação decorre da "comparação entre a taxa de crescimento de bens e a taxa de crescimento de serviços".

Vamos tentar traduzir. As pessoas se afligem quando se dão conta de que compraram geladeira, carro, televisão, móveis novos, mas não conseguem ter segurança, saúde e educação públicas em grau minimamente decentes, é isso? Parece que sim e aí a presidente tira o corpo fora. "Os serviços dependem de investimentos que não foram feitos no passado."

Qual passado, se o partido de Dilma Rousseff está no poder há 12 anos incentivando o consumo e inerte quanto a mudanças estruturais?

A presidente da República assegurou que não haverá aumento de impostos. É de se perguntar, então, de onde o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tirou a afirmação feita nesta semana de que o governo pode elevar tributos sobre bens de consumo para compensar o aumento de despesas e ajudar no cumprimento da meta fiscal.

Nesse passeio pela versão presidencial dos fatos, chegamos à CPI da Petrobrás. Muito convicta, Dilma garantiu que não tem "temor algum" da comissão de inquérito. Pelo seguinte motivo: "Não devo nada e o governo é de absoluta transparência".

Duas inverdades. A presidente ainda deve explicações sobre a aprovação da compra da refinaria de Pasadena com base em relatório parcial, sem a requisição da documentação completa e o governo não é transparente quando no oficial diz que não teme e no paralelo faz manobras para postergar a investigação.

Nesse particular, atendendo ao apelo "ir para cima" contra a CPI, feito pelo ex-presidente Lula, a quem Dilma tem reiteradamente renovado votos de lealdade.

Cristian Klein: Para Lula, Dilma não é mais a prioridade do PT

• Ex-presidente rebaixa dogma da eleição presidencial

- Valor Econômico

A prioridade da eleição presidencial sobre as disputas aos demais cargos sempre foi um dogma do PT. Toda a estratégia é subordinada ao projeto nacional. Na sexta-feira, no entanto, uma declaração feita no 14º Encontro Nacional do PT - que de resto serviu para sepultar o queremismo dos lulistas mais empedernidos - não recebeu a devida atenção: "Resgatar o partido, eleger governadores, deputados federais e estaduais é tão importante quanto eleger a Dilma".

Quem disse isso foi ninguém menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Logo ele - que sempre personificou a primazia do projeto nacional petista - foi o responsável por traçar a nova estratégia - se assim pode-se chamá-la, pela falta de foco.

Agora que não é candidato da oposição, nem à reeleição, ou o padrinho político que quer provar sua força ao eleger a sucessora desconhecida, Lula iguala o papel central que a Presidência tem para o PT a uma eleição para deputado estadual.

A declaração sinaliza a possibilidade de uma importante inflexão na história da legenda. De fato, o PT neste ano parece muito mais preocupado com as disputas estaduais do que jamais esteve. É razoável. O partido sabe que, em algum momento, sairá do Planalto e voltará à planície, onde precisará alojar suas hostes. E a conquista de governos estaduais ainda é o ponto fraco da agremiação.

No mesmo encontro, Lula deu outra demonstração de independência. Disse que não estará amarrado aos acordos feitos pelo presidente do PT, Rui Falcão, e que priorizam a lógica para reeleger Dilma. Com isso, pretende fazer campanha para os candidatos a governador do PT nos Estados onde partidos aliados reivindicam tratamento igualitário para seus concorrentes, sob pena de não pedirem voto para Dilma.

É o caso do Rio de Janeiro, onde Lula patrocina a candidatura do senador Lindbergh Farias, mas a presidente prefere apoiar o governador Luiz Fernando Pezão para não melindrar a azeitada máquina partidária do PMDB fluminense.

Os movimentos de Lula são ambíguos. Podem fortalecer o PT no plano estadual ao mesmo tempo em que impõem riscos ao projeto presidencial.

Não é o melhor sinal para estabilizar o governo e a campanha à reeleição de Dilma.

Uma das figuras mais identificadas com a administração da presidente da República expõe a divergência. Diz que Lindbergh forçou a barra ao romper com o PMDB e levar adiante a candidatura própria. Lula não é mencionado.

Mas a mesma fonte dá mais pistas sobre a distância que separa o ex-presidente de sua sucessora.

É inegável, afirma ela, que Lula exerce influência sobre Dilma. A política brasileira inteira, pontua, de um jeito ou de outro, é afetada pela presença do ex-presidente no cenário. Mas Lula nunca teria tido a propalada ingerência sobre o atual governo. Dilma imprimiu sua marca e fez diferente do que faria o antecessor. Um exemplo? A demissão em 2011 da penca de ministros suspeitos de cometerem "malfeitos", no que ficou conhecido como "faxina ética". Lula teria acomodado, defendido, protegido seu bando.

A distinção soa quase como uma declaração de superioridade de princípios morais que separaria a criatura de seu criador. E é seguida de um diagnóstico que conteria uma suposta contradição. Lula, depois de passado o pior momento do mensalão, só fez subir sua popularidade. Dilma, depois das manifestações de junho de 2013, não se recuperou do tombo. Pelo contrário. As últimas pesquisas persistem em indicar queda na avaliação de governo e nos percentuais de intenção de voto, que já ameaçam a vitória no primeiro turno.

Haveria ingratidão ou, ao menos, incompreensão. Dilma, reclama o interlocutor, é acusada ou prejudicada por ter as virtudes que faltam aos políticos.

A avaliação é sintomática da visão do núcleo duro, mais próximo de Dilma. É a defesa de um governo que apostou mais na técnica do que na política. E não conseguiu costurar as alianças necessárias, no Congresso ou na sociedade, para levar à frente, com facilidade, sua agenda. Outro exemplo?

O recuo na redução da taxa de juros é atribuído à falta de apoio do setor produtivo. Por tanto tempo, o segmento empunhou a bandeira, mas tirou o corpo fora quando o cenário ficou adverso e o governo foi obrigado a ceder às pressões do setor financeiro. Os bancos no Brasil são muito poderosos, justifica o integrante da linha de frente dilmista.

Lula, por outro lado, em seu governo, reforçou o Conselhão, com representantes de diversos setores da sociedade - atenção que não é dada na mesma medida por Dilma.

Uma função fundamental ao cargo de presidente da República é sua capacidade de comunicação, de interlocução, de mediador com os diversos setores da sociedade. Esse atributo é tão importante quanto a qualidade de seu gerenciamento. Até porque um influencia o outro. Não há "presidente técnico". O atual governo, reconhece a fonte dilmista, peca por falhar na comunicação.

Isso nos leva à conclusão, é plausível afirmar, que a crise da administração Dilma é também uma crise de autoridade. E uma crise de expectativas. As bases econômicas não mudaram tanto a ponto de, repentinamente, causarem insatisfação. Os serviços públicos não se degeneraram, de uma hora para outra, em algum momento antes de junho de 2013.

É uma crise que está mais na superestrutura, na política, na circulação de ideias, do que na estrutura, nos fundamentos econômicos. Ninguém é estúpido de desconsiderar a economia. Mas as fissuras no bloco governista dão conta de boa parte do clima de anomia, de desorganização.

Antes de ser uma virtude, o temperamento tecnocrata de Dilma - a sua politicofobia, como apontada nesta coluna, em junho de 2011 - atrapalha mais do que ajuda. Em junho de 2013, o mesmo desapreço pela política se decantava nos cartazes dos manifestantes que foram às ruas protestar sabe-se lá por quantos motivos difusos e não necessariamente econômicos, como o combate à corrupção e a instrumentalizada derrubada da PEC 37. A preferência partidária está hoje no mais baixo patamar (30%) desde 1989. O feitiço virou contra a feiticeira. E seu mentor nem sempre joga a favor.

Eliane Cantanhêde: Onde nós estamos?

- Folha de S. Paulo

De repente, a cabeleireira exclamou: "Olha lá, ele está batendo nela de novo!". A secretária do salão veio correndo para ver, a cliente espichou o olho. As três, meio incrédulas, meio rindo, passaram a acompanhar as cenas na quitinete do outro lado da rua. "Ih! Deu outro tapa!"; "Agora ela caiu".

Em vez de olhar a janela, eu olhava para as três, espantada. Quem vai chamar a polícia? E a cabeleireira: "Eu? Eu, não. Ele vive dando tapas nela, não vou me meter nisso, não".

Alguém de fora chamou a polícia. Dois agentes rondaram o local, depois subiram, ficaram alguns minutos, menos de dez talvez, e se foram.

Uma amiga e eu tentamos ligar para o 180. Depois da gravação avisando que era a Central de Atendimento à Mulher da Secretaria da Mulher da Presidência da República, ufa!, uma mocinha atendeu. Ela queria, além dos meus dados, o nome do agressor, o nome da agredida, o endereço detalhado... E eu sei?

Desistimos do 180 e fomos à internet buscar a delegacia da mulher aqui de Brasília. Achamos dois números e ligamos. Uma gravação informava que "esse número não existe". Nenhum dos dois.

Derrotada, pensei: quando o marido matar aquela pobre moça, a polícia vai lá recolher o corpo.

E é assim, pelo cansaço, que as pessoas vão desistindo de fazer a coisa certa. E algumas passam a fazer a coisa totalmente errada.

Daí surgem enlouquecidos que amarram um jovem ladrão num poste, espancam cruelmente outro e são capazes de cercar, jogar no chão, dar pauladas e passar com um bicicleta em cima da cabeça de uma moça indefesa, mãe de dois filhos.

Por quê? Alguém postou na internet o desenho de uma suposta "bruxa", que sequestraria crianças para rituais macabros. E outro alguém achou que era Fabiane Maria de Jesus, 33. E outros "alguéns" foram atrás. E dezenas de mais "alguéns" deixaram acontecer.

Onde nós estamos?

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Juiz da ‘Lava Jato’ virou o terror dos políticos
O juiz que chefia as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, já recusou pelo menos duas vezes a própria promoção a desembargador federal, única maneira de retirá-lo do caso. Técnico, rigoroso, incorruptível e competente, Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, é hoje o homem mais temido por políticos influentes e poderosos empresários fornecedores da Petrobras.

• Aviso à praça
O juiz Sérgio Moro orgulha os amigos no Paraná, que avisam: se dependesse dele, não sobrariam corruptos impunes no País.

• Nuvens pesadas
Nos bastidores do Congresso, ontem, à boa miúda, falou-se mais nos desdobramentos da Operação Lava Jato do que na CPI da Petrobras.

• Pânico no Congresso
Raro encontrar político importante que não esteja em pânico com a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

• Clima péssimo
Outra prova do clima ruim entre Lula e Dilma: para irritá-la, basta citar o nome do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente.

• Patriota anuncia ‘vitrine’ na África que é uma piada
O ex-chanceler Antônio Patriota resolveu voltar ao noticiário contando uma história risível à Folha de S. Paulo: por meio de “comissão de paz” da ONU, que ele integra, o Brasil aposta no país africano Guiné-Bissau como “nova vitrine internacional” por haver investido lá a fortuna de… 315 mil dólares em 2013. Em vez de engolir a lorota, o jornalão poderia lembrar que isso equivale a 6 meses de aluguel do apartamento de Guilherme Patriota, irmão e subordinado do ex-ministro em Nova York.

• Vai te catar
Dizer que a Guiné Bissau será “vitrine” com uma cooperação merreca de US$ 315 mil, é desrespeitar o país africano e a nossa inteligência.

• Presença ridícula
Graças a autoridades como Antônio Patriota, a presença diplomática e a cooperação do Brasil na África é ainda inexpressiva e até ridícula.

• Papo furado
Europa, Estados Unidos, China e países árabes investem bilhões de dólares e controlam a África. O papel do Brasil é ainda só papo furado.

• Lobby de ministro
O ministro Gilberto Carvalho tem circulado, no governo e no Judiciário, defendendo interesses de Antônio Oliveira Santos, que há 33 anos na preside a Confederação Nacional do Comércio. Carvalho ganha R$ 12 mil por mês como membro do conselho fiscal do entidade.

• PMDB ameaça Renan
Em pé de guerra com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), a bancada do PMDB na Câmara ameaça votar contra a indicação técnica de Bruno Dantas para ministro no Tribunal de Contas da União.

• A briga é por cargos
Em papos reservados, o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha, acusa Renan Calheiros de dificultar a CPMI da Petrobras para retribuir cargos recebidos de Dilma. E reclama que Calheiros indicou o ministro do Turismo, Vinicius Lages, cargo que era antes do PMDB da Câmara.

• Assunto vetado
O líder do PSDB, Antônio Imbassahy (BA), e o presidente do DEM, José Agripino (RN), garantem de pés juntos que até agora nada foi tratado com o presidenciável Aécio Neves sobre seu candidato a vice.

• Rebeldes na causa
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) resume o sentimento da oposição sobre os indicados da base aliada para compor a CPI mista da Petrobras: “O importante é a gente conseguir o apoio de 17 mais 1”.

• Pagando pra ver
Acompanhado do pai e do irmão, o deputado Luiz Argôlo (BA), que trocou mensagens românticas com Alberto Youssef, afirmou na terça (6) ao presidente do Solidariedade, Paulo Pereira, que vendeu terrenos ao doleiro e está juntando documentação para “provar” sua inocência.

• O $U$ da Unimed
A operadora Unimed caça clientes e enxuga suas despesas com rede de atendimento: passa de um mês a marcação de ultrassonografia mamária no Rio, ainda que o cliente pague R$1,5 mil por mês no plano.

• Briga por terras
O deputado Izalci (PSDB) já coletou mais de 200 assinaturas para pedir a Dilma interferência na decisão do governador Agnelo Queiroz (DF) de desapropriar terreno da Embrapa Cerrados para programa habitacional.

• Pensando bem
…o megadoleiro Alberto Youssef virou o “Midas” do Congresso: tudo o que ele toca vira CPI.

Panorama político - Ilimar Franco

- O Globo

Ninguém vota em vice?
A eleição presidencial sinaliza que, mais uma vez, um vice deixará de ser figura decorativa. O PSB dá pulos com pesquisas nas quais Eduardo Campos dá um salto quando associado ao nome da vice, Marina Silva. Ele ultrapassa Aécio Neves em territórios do PSDB. Em 2002, José Alencar espantou o risco Lula entre empresários. Agora, Marina gera para Campos simpatia e credibilidade em amplos setores sociais.

A escolha é dela
Presidente da Câmara de 2011 a 2013, o deputado Marco Maia (RS) é um nome forte no PT para a liderança do governo na Câmara. Ele integra o grupo do novo vice da Casa, Arlindo Chinaglia (SP), e do ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais). Enquanto a presidente não indicar, fica o vice-líder Henrique Fontana (RS).

“Eu me sentiria fraudado; eu sentiria que esta Corte foi manipulada, foi utilizada para fins escusos. Isso é inaceitável”
Gilmar Mendes Ministro do STF, sobre a constitucionalidade de projeto de lei que impedia que novos partidos (Rede e Solidariedade) tivessem direito ao tempo de TV e ao Fundo Partidário dos recém-filiados

O ativismo dos sem-voto
O STF está prestes a fazer uma releitura da Constituição para colocar na ilegalidade o financiamento eleitoral pelas empresas. Ela interessa ao partido do governo, o PT, que advoga o financiamento exclusivamente público. Em 2002, o mesmo STF decidiu pela verticalização das coligações, pela qual elas só poderiam ser feitas entre partidos que se uniram na disputa presidencial. Aquela releitura interessava ao então partido do governo, o PSDB, que queria reduzir os apoios à candidatura do ex-presidente Lula. A verticalização, imposta pelo Supremo, foi derrubada pelo Congresso em 2006. A questão do financiamento deve ter o mesmo destino.

Há males que vêm para o bem?
Em 2007, o STF decretou a perda do mandato dos parlamentares que trocarem de partido. Mas a vida real sempre encontra um jeito, e, para driblar a regra, vieram os partidos novos. O primeiro foi o PSD (2011), e depois Rede, Solidariedade e PROS.

Empurrando com a barriga
Desde a primeira denúncia sobre a refinaria de Pasadena, em 17 de março, não se trata de outro tema no Congresso. O governo diz que não teme investigar a Petrobras, mas, na próxima semana, se completam dois meses sem CPI.

A guerra pelas beiradas
Candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos conquistou dois palanques esta semana. A ampla base aliada ao governo Dilma rachou no Mato Grosso do Sul e em Alagoas. Os candidatos a governador Nelson Trad Filho (PMDB-MS) e Benedito de Lira (PP-AL) fecharam com Campos.

O caminho das pedras
Os estrategistas eleitorais avaliam que candidatos à Presidência e a governador que tiverem boas propostas, ou um acervo de realizações, na Saúde e na Segurança largam com vantagem. Os dois temas superam em muito o da corrupção.

No clima eleitoral
O presidente da CNI, Robson Andrade, esteve com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil). Reivindicou que a presidente Dilma sancione a MP 627 com o artigo que trata do Refis para as empresas. Consta que a Receita defende o veto.

EXCLUÍDO DA CHAPA pelo governador Cid Gomes (PROS-CE) e pelo PT, o senador Inácio Arruda
(PCdoB) não deve disputar as próximas eleições

Confissão de incompetência: O Estado de S. Paulo - Editorial

A presidente Dilma Rousseff reuniu dez mulheres jornalistas para afirmar sua satisfação diante do pífio desempenho econômico do Brasil e sua incapacidade de imaginar um país com inflação menor e prosperidade maior. Não há problemas sérios e em 2015 "o Brasil vai é bombar", garantiu a presidente, como se os desajustes apontados por analistas da imprensa, de consultorias privadas, do setor financeiro e de entidades multilaterais fossem imaginários ou insignificantes.

Não se esperem, portanto, correções na política econômica, em caso de reeleição. Para começar, a tolerância à inflação será mantida, em nome de uma falsa defesa dos trabalhadores e dos brasileiros mais pobres.

"Faz uma meta de inflação de 3% e sabe o que isso significa? Significa desemprego lá pelos 8,2%. Eu quero ver como se mantêm o investimento social e o investimento público em logística com essa meta", desafiou a presidente. Ela poderia evitar essa imprudência se fosse um pouco mais informada e menos dependente de assessores incapazes.

Chile, Colômbia, Equador e Peru, para citar só uns poucos exemplos da vizinhança, têm crescido muito mais que o Brasil com inflação muito menor. No ano passado as taxas de expansão econômica desse grupo ficaram entre 4,2% e 5%. Neste ano devem ser pouco maiores. A menor inflação, de 1,9%, ocorreu na Colômbia. A maior, de 3%, no Chile. O desemprego na Colômbia, de 10,6%, foi o único muito acima da média latino-americana (6,3%). Ficou em 4,6% no Equador, 5,9% no Chile e 6% no Peru.

No Brasil, o dado oficial, repetido pelos organismos internacionais, apontou 5,5% de desocupação, pouco abaixo do nível registrado em países latino-americanos mais dinâmicos e com inflação bem menor. Mas será correto esse número, apurado em seis regiões metropolitanas? Outra pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua, realizada em 3.500 municípios, apontou uma desocupação na faixa de 7%, superior à média da América Latina. Por uma extraordinária coincidência, aliados do governo tentaram interromper a divulgação de novos dados dessa pesquisa.

Mas a recusa da meta de 3% está muito longe de corresponder à defesa de uma inflação de 4,5%, a meta em vigor. A inflação acumulada em 12 meses tem ficado em torno de 6% e a presidente, assim como seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem-se mostrado satisfeita com qualquer número até 6,5%, limite da margem de tolerância, impropriamente chamado de "teto da meta". Mas a meta é de 4,5% e nada, nos últimos anos, justificou resultados piores.

Na noite do jantar presidencial, o ministro Guido Mantega também rejeitou, em entrevista à TV Brasil, a redução da meta de inflação. Usou as desculpas de sempre, mencionando choques de preços, como se ocorressem apenas no Brasil. Pelo menos quanto a isso a presidente concordou com seu ministro. Mas ela o desmentiu, ao descartar a ideia de aumento de impostos para reforçar a política fiscal.

"Não sei em que circunstâncias ele falou", explicou a presidente. "Às vezes a gente escorrega em casca de banana." A fala seria mais convincente se ela contasse como seu governo alcançará a meta fiscal prometida para este ano e como se compensarão as perdas acumuladas por empresas do setor elétrico, prejudicadas pela contenção de tarifas imposta pelo governo.

A presidente insistiu em atribuir os problemas brasileiros à crise internacional e em bravatear, comparando o desempenho brasileiro com o de outros países. "Estamos nos saindo muito bem diante da conjuntura mundial." Esse discurso é velho e repetidamente superado pelos fatos. Foi desmentido, nos últimos anos, na comparação do pífio crescimento e da elevada inflação do Brasil com os números de outros países emergentes. Agora é desmentido também quando se compara o déficit nominal das contas públicas brasileiras com os dados dos países mais avançados. O déficit brasileiro tem aumentado e é hoje muito parecido com a média da zona do euro.

A presidente parece acreditar nas próprias palavras. Isso apenas reforça as previsões de tempos ainda muito ruins para a economia brasileira.

Manobras não eliminam dano no caso Petrobras: O Globo - Editorial

• Enquanto o Planalto e aliados se desdobram para impedir investigações no Congresso, continuam a surgir informações sobre negócios mal-feitos

Nenhum governo gosta de CPI, muito menos em ano eleitoral. Eis o porquê de tantas manobras engendradas entre o Palácio e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para retardar ao máximo qualquer investigação sobre a Petrobras que possa ser deflagrada no Congresso.

A ordem era impedir uma comissão parlamentar de inquérito apenas para vasculhar a estranha operação de compra da refinaria de Pasadena e outros negócios também esquisitos, todos com um ponto em comum: terem provocado prejuízos na estatal, pelo pagamento de preços siderais e/ou por absurdos superfaturamentos — caso das obras da refinaria Abreu Lima e do Comperj (polo petroquímico do Rio de Janeiro).

Perdida a batalha da CPI exclusiva, com a liminar concedida pela ministra Rosa Weber a favor da comissão, como direito da minoria parlamentar — não se espera que o Pleno do STF casse a decisão da magistrada —, a base do governo (Renan à frente) trata agora de inviabilizar os trabalhos. Seja pelo exótico funcionamento simultâneo de duas CPIs, a Mista e uma outra no Senado, ou por qualquer outro artifício regimental. Importa é impedir mais dificuldades à campanha de reeleição de Dilma. Bastam a inflação, o baixo crescimento e o risco de algum repique no mercado de trabalho a preocupar a presidente e sua equipe de campanha.

O flanco frágil nesta estratégia é que não se tem certeza de que a inviabilização matreira das investigações ajudará a candidatura de Dilma. Por que não poderá, ao contrário, prejudicá-la? Nos bate-papos de esquina pode se perguntar sobre o que tanto querem esconder.

Conspiram contra os estrategistas do governo os fatos. Afinal, não para o fluxo de novas informações, originadas na Polícia Federal, em que transcorre a Operação Lava Jato, e mesmo do inquérito interno em curso na estatal para averiguar, entre outros pontos, a atuação do ex- diretor Internacional Nestor Cerveró, autor do documento “técnica e juridicamente falho”, na compra da refinaria.

Cerveró, informou ontem o GLOBO, ao ser ouvido neste inquérito, voltou a responsabilizar Dilma, à época presidente do Conselho de Administração da estatal, pela batida do martelo na aquisição de Pasadena, causa de um prejuízo já registrado em balanço de meio bilhão de dólares.

O tempo passa e novas histórias surgem. A “Folha de S.Paulo” de terça revelou que a aquisição da refinaria Nansei, no Japão, em 2008, também foi resolvida sem que o Conselho estivesse bem informado sobre a operação. Também aqui estava Nestor Cerveró, autor, afirma-se, de outro sumário problemático.

Com ou sem CPI, há, ainda, um ex-diretor da Petrobras preso, Paulo Roberto Costa, “sócio” do doleiro Alberto Youssef — os dois, detidos pela Lava Jato —, capaz de esclarecer o funcionamento de um circuito de propinas construído em torno de canteiros de obras da estatal.

Nem tudo, portanto, parece estar dominado.