quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Luiz Werneck Vianna

É preciso ser um incréu empedernido para não reconhecer a presença do fato político nas manifestações das jornadas de junho, tomando-as como um mero episódio da vida juvenil e de suas vicissitudes nas grandes metrópoles brasileiras. Sob esse viés, aqueles massivos acontecimentos, que suspenderam a marcha conhecida do nosso cotidiano com o registro da surpresa e do espanto, pertenceriam ao reino da Sociologia e da Antropologia Social.

Decerto que os recursos dessas disciplinas para a observação de eventos desse tipo são, além de próprios, absolutamente necessários. Mas a eles não pode faltar, para que a narrativa seja compreensiva, uma abordagem política da cena especificamente brasileira. Sobretudo pela recusa manifesta dos personagens envolvidos em admitir a presença de partidos e personalidades políticas em seus atos de protesto. Admissão tácita de que se queria outra política.

Com as jornadas de junho, sob um governo há mais de uma década sob a hegemonia de um partido saído das fileiras da esquerda, constatou-se, à vista de todos, sua falta de vínculos com a juventude e a vida popular.

Luiz Werneck Vianna, professor-pesquisador da PUC-Rio. “O reino dos interesses e a política”. O Estado de S. Paulo, 24 de fevereiro de 2014.


20 anos do Real: No Congresso, FHC e Aécio atacam governo e defendem 'renovação'

Em sessão de comemoração de 20 anos do Plano Real, tucanos questionam condução da política econômica, afirmam País está com 'olhos no passado' e que é preciso dar 'novos passos'

Ricardo Brito e Daiene Cardoso

Na solenidade dos 20 anos do Plano Real, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Aécio Neves (MG) o usaram a tribuna do Senado, nesta terça-feira, 25, para fazer ataques à política econômica do atual governo. Em tom eleitoral, os discursos dos tucanos defenderam mudanças na economia e a necessidade de "renovação".

Em um discurso bastante aplaudido no final, Fernando Henrique afirmou que o atual governo vive com os "olhos no passado". Para ele, o País vem perdendo o momento da "fartura de capitais". FHC voltou a afirmar que "chegou a hora de darmos novos passos" e defendeu a necessidade de "renovação" na democracia. "É preciso ter coragem para dizer as coisas, sem agressividade, mas com clareza: já está passando da hora, há momentos em que é preciso renovar", afirmou.

Ao descrever a trajetória de implantação do Plano Real, o ex-presidente disse que precisou reconstruir a credibilidade junto aos credores. "O Plano Real foi trabalho duro de reconstrução das instituições". Segundo ele, o processo foi demorado e "difícil".

Ele criticou indiretamente a presidente Dilma Rousseff, recorrente alvo de queixas de empresários e investidores, ao dizer que "um líder que não desperta confiança não é líder". "Um líder democrático convence, explica, ouve; tem que ter humildade para ouvir", afirmou. "É hora de abrir o coração e dizer a verdade ao País", completou.

Aécio Neves, provável candidato do PSDB à Presidência, afirmou que atualmente o Brasil é visto com desconfiança pela comunidade internacional e que é preciso derrotar nas urnas as mentiras e os "pactos de conveniência". "Se já realizamos esta transformação uma vez, quando tudo parecia impossível, seremos possível fazer isso mais uma vez em favor do povo brasileiro", disse o senador.

Segundo o tucano, "formulações ideológicas interferem no ambiente econômico" e, nos últimos tempos, vem crescendo a "hostilidade" entre o governo e o setor privado. "Sucumbe o BNDES e humilha-se a Petrobrás", afirmou, em pronunciamento.

Para ele, o Brasil se tornou um país onde é mais caro produzir. "É forçoso registrar que, quem suceder o atual governo, governará em tempos difíceis", concluiu. O tucano defendeu que o próximo governo recupere a capacidade de regulação do Estado nacional.

Fonte: O Estado de S. Paulo

20 anos do Real: É preciso acabar com o ‘vale-tudo’ da política brasileira, diz Aécio

Em cerimônia de 20 anos da implantação do plano Real, FH disse que, depois de 12 anos de governo petista, há ‘fadiga de material’

Cristiane Jungblut , Chico de Gois e Maria Lima

BRASÍLIA - Na cerimônia de comemoração dos 20 anos do plano Real, nesta terça-feira, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu discurso de candidato e disse que é preciso acabar com o "vale-tudo" da atual política brasileira. Ele fez duras criticas à política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff e acusou o PT de ter torcido para o plano Real fracassar em 1994, ano de eleição. Candidato a presidente, o tucano disse que o novo presidente da República irá governar "anos difíceis".

- Queremos oferecer uma alternativa (que devolva a confiança da população), como fez o Real há duas décadas. É vital recuperar, como tem dito Fernando Henrique, o interesse de nossa gente. Para por fim ao vale-tudo sem escrúpulos em que a política brasileira foi transformada. Temos que derrotar nas urnas as mentiras e os pactos de conveniência. E ainda os condomínios de poder - disse Aécio, aplaudido por aliados tucanos que lotavam o plenário do Senado.

O tucano lembrou a importância do chamado tripé da estabilidade econômica: meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário. Numa crítica a Dilma, o senador disse que o governo vem tendo maus resultados e um dos piores desempenhos da economia dentro da América do Sul.

- E é assim que temos que tratar a safra de maus resultados. As contas públicas soterradas por maquiagens e manobras. Quem suceder o atual governo governará em anos, em tempos difíceis - comentou o senador, criticando a oposição do governo petista ao plano Real:

- De tijolo sólido, viramos frágil economia. A nova moeda entrou em circulação sob o agouro dos pescadores de águas turvas que a classificavam de estelionato eleitoral. O recado dos nossos adversários era claro: não interessava o sucesso do plano, essa era a verdade. Pelo contrário, queriam capitalizar o que seria o caos para que se apresentassem com o figurino de salvacionistas. E a Lei de Responsabilidade Fiscal recebeu a violenta oposição do PT - disse Aécio.

Ele também acusou o governo de Dilma de ter transformado o BNDES em banco "que serve às causas de um partido político". Chamando FH de amigo, o senador disse que foi o ex-presidente Itamar Franco quem escolheu Fernando Henrique, na época ministro de Relações Exteriores, para assumir o Ministério da Fazenda e conduzir a implantação do Plano Real.

- Fernando Henrique foi o líder capaz de reunir inteligências, esforços. Até o Plano Real, seis diferentes planos foram levados a cabo e todos fracassaram - disse.

Sobre o cenário atual, Aécio lembrou que o Brasil tem crescido apenas mais do que El Salvador, em 2012; que o Paraguai, em 2013; que a Venezuela, em 2013, e acrescentou que, em 2014, o Brasil só deve ter um resultado melhor que a Venezuela. Com discurso de candidato, o tucano criticou ainda os atuais níveis de violência, que afetam principalmente os mais jovens.

- Era uma oportunidade que não tínhamos o direito de perder. Era preciso fazer um duro ajustes nas contas públicas, e assim foi feito. Não houve congelamentos de preços, pacotaços e nem surpresas.

Mas exitoso plano de estabilidade da moeda já implantado no país e no mundo. Nenhuma outra reforma econômica na nossa história recente foi tão transformadora.

Fadiga de material
Antes de participar da cerimônia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), defendeu a candidatura do tucano e disse que, apesar da liderança da presidente Dilma nas pesquisas, há uma fadiga de material - referindo-se aos quase 12 anos de governo do PT.

- Eleição depende muito da força que o candidato demonstra. Há fadiga de materiais. Eu vivi isso.

Não se deve ficar jogando pedra. E política econômica não é receita, é navegação - declarou, em referência também à importância de manter a inflação sobre controle e seguir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Fernando Henrique também criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) porque, segundo o tucano, o petista sempre acha que a história começou com ele.

- O presidente Lula sempre faz comparações como se a história começasse com ele - atacou, para afirmar que em 2002 a inflação alta foi causada pelo medo que o mercado tinha do próprio Lula.

- O Brasil está melhorando e vai melhorar mais. Mas tem de competir. Tem de continuar a mudar, a fazer reformas. E isso não pode ser feito na calada da noite. Tem de abrir o jogo. Tem de falar a verdade e não ficar fazendo propaganda o tempo todo - disse ele, aproveitando para atacar problemas de infraestrutura do país, que, segundo analisou, dificultam a competitividade.

Ausências
Beneficiários da estabilização econômica alcançada pelo Real, ninguém do governo ou do PT prestigiou a sessão solene de comoração dos 20 anos de implantação do plano, no governo do ex-presidente Itamar Franco, em 1994. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) deu uma passadinha no inicio mas não ficou. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, responsável pela elaboração e implementação do Plano; e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) evitaram o termo “ingratidão”, mas lembraram as dificuldades que o PT sempre teve em reconhecer os avanços da estabilidade da moeda e o fim da hiperinflação, por ter votado contra o Real.

— Foi arrependimento, por não ter apoiado desde o início . Agora não é mais Plano Real. A moeda está aí. Os mecanismos estão aí para defendê-la. Agora nós temos outros desafios, reengajar no mundo, aumentar a capacidade científica e tecnológica, maior educação. São outras questões — disse Fernando Henrique, ao comentar a ausência dos petistas na solenidade.

Aécio disse que a ausência e o desprestígio da solenidade por parte dos governistas é a constatação do que vem dizendo: para o PT o Brasil começou em 2003.

— Não digo que seja ingratidão. Mas o PT sempre teve uma dificuldade enorme em reconhecer as vitórias dos outros. Não vieram pelo constrangimento de ter ficado contra o Real, contra a Lei de Responsabilidade fiscal e outros avanços que o Brasil alcançou graças do PSDB — disse Aécio.

O ex-presidente Fernando Henrique prevê uma campanha acirrada esse ano, mas diz que isso faz parte do jogo democrático.

— Espero que não seja de insultos nem de dossiês falsos, toda essa coisa. Mas toda campanha tem de ter emoção, senão você não transmite nada.

Ex-líder do governo também de Fernando Henrique, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), até pouco tempo líder do governo Dilma Rousseff, fez questão não só de prestigiar a sessão, como também de se sentar á Mesa ao lado dos tucanos.

— Eu não renego! Reconheço os avanços do governo que participei e que foram fundamentais para o sucesso dos governos que sucederam Fernando Henrique — disse.

Fonte: O Globo

20 anos do Real: Plano Real foi o maior programa de distribuição de renda do Brasil, diz Aécio

Após solenidade no Congresso, senador tucano ironiza PT e diz que êxito de Lula deve-se à implantação da nova moeda

Ricardo Della Coletta

BRASÍLIA - Ao final da sessão solene do Congresso Nacional em comemoração aos 20 anos do Plano Real, nesta terça-feira, 25, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) classificou o plano de estabilização da economia conduzido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como "o maior programa de distribuição de renda do Brasil".

De acordo com Aécio, o Plano Real tirou das costas do trabalhador o imposto inflacionário. "Foi o plano mais sólido de estabilidade econômica feito no mundo nos últimos 50 anos", disse Aécio, que deve disputar o Palácio do Planalto neste ano pelo PSDB. Durante a solenidade, o senador e o ex-presidente fizeram duros ataques à política econômica do atual governo. Para Fernando Henrique, o País está com "os olhos no passado".

Aécio deixou o Plenário do Senado Federal, onde aconteceu a solenidade, ironizando o fato de governistas e petistas não terem comparecido à cerimônia. "Reconheço que o PT não se fez presente pelo constrangimento dos que acharam que o Plano Real era um estelionato eleitoral, porque não atendia os interesses da sua candidatura presidencial", disse o tucano.

Ele também afirmou que o PT foi o maior beneficiário do plano de estabilização econômica e que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sucessor de FHC, teve contribuição do Plano Real. "Não tivesse havido estabilidade econômica, não teria havido governo do ex-presidente Lula, com crescimento econômico", disse. "Não tivesse havido a Lei de Responsabilidade Fiscal, não teríamos tido avanços na administração pública. Tudo isso aprovado com a oposição do PT".

Para o senador mineiro, que organizou o evento realizado nesta terça-feira no Congresso, o tema da estabilidade econômica vai estar presente nas eleições de outubro. "A inflação infelizmente voltou e as pessoas vão se lembrar lá atrás do esforço que o PSDB fez", disse.

Fonte: O Estado de S. Paulo

20 anos do Real: Para FHC, é preciso 'abrir o jogo' e 'mudar o rumo' da economia

Na chegada à solenidade de comemoração de 20 anos da implantação do Plano Real, ex-presidente critica política econômica do atual governo

Débora Álvares

BRASÍLIA - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira, 25, que está na hora de o País passar por outra grande mudança, equivalente à que houve com a implantação do Plano Real. "Não vou me antecipar, mas o povo sente que está na hora de mudar o rumo", afirmou o tucano a caminho do plenário do Senado, onde ocorre solenidade em homenagem aos 20 anos do Plano Real.

Ele atacou a política econômica do governo e disse que é preciso continuar a ver onde estão os problemas do País, mas isso, segundo ele, "não pode ser feito na calada da noite, tem que abrir o jogo". "A gente tem que dizer a verdade ao povo, com sinceridade, e não fazer o tempo todo propaganda. Não fiz propaganda do que ia fazer, mas mostrei ao País naquela ocasião quais eram as dificuldades e por que podíamos superá-las", referindo-se à implantação do Plano Real, época em que ocupava o cargo de ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco.

FHC disse que se preocupa com os rumos da economia, mas destacou que não pode cometer injustiças sobre o controle da inflação. "Não posso ser injusto e dizer que o governo não controla a inflação. Eu tinha 20%, 30% ao mês. Agora são 6% ao ano". Ele destacou como importante o cumprimento de metas da inflação e a manutenção da Lei de Responsabilidade Fiscal, e ressaltou que não há receita para uma boa condução econômica. "Política econômica é navegação. Não pode ter uma ideia fixa, mas alguns rumos precisam ser mantidos", afirmou FHC, que aproveitou ainda para criticar a condução dada pela presidente Dilma Rousseff ao assunto: "Neste momento o Brasil está um pouco em um compasso diferente do resto do mundo".

Ao comentar artigo do ex-presidente Lula publicado hoje no jornal Valor Econômico, Fernando Henrique concordou com o petista no que diz respeito à melhoria do Brasil, mas disse que "o presidente Lula sempre faz uma comparação como se a história começasse com ele". "Ele (Lula) disse que a inflação em 2002 era de 12% e agora é de 6%. Só que, em 2002, a inflação era dele. Nós derrubamos de quando era 40% ao mês".

Para o ex-presidente FHC, o Brasil tem condições de competitividade, mas está em desvantagem. "A tributação é muito elevada, as estradas ruins, os portos, ruins, encarece a produção. Isso tudo tem que ser enfrentado. Dá para enfrentar? Dá. Vamos enfrentar", finalizou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Congresso homenageia Itamar e Fernando Henrique pelos 20 anos do Plano Real

Implantado em 94, no governo Itamar Franco , o plano foi um grande programa de estabilização econômica que teve como objetivo controlar a hiperinflação que atingia país

Daniela Garcia

Em sessão solene de comemoração de 20 anos do Plano Real no plenário do Senado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou de "desengonçado" o governo da presidente Dilma Rousseff. "As ruas, os empresários, as donas de casa, os políticos têm a impressão de que algo está desengonçado", disse. Ele criticou o estilo do governo atual por se "encerrar" nas discussões dos problemas do país, em vez de "abrir o seu coração" para a sociedade.

O tucano lembrou que, durante o mandato na presidência, foi muito cobrado pelo PT para fazer uma reforma política. "Eu fiz reformas parciais. Mas hoje a gente vê uma paralisação total. É normal que isso aconteça com 30 partidos e 39 ministérios", disse.

Implantado em 27 de fevereiro de 1994, no governo Itamar Franco (1992-1994), com a edição da Medida Provisória 434, o plano foi um grande programa de estabilização econômica que teve como objetivo controlar a hiperinflação que atingia país. Antes da mudança da moeda de cruzeiro real para real, os brasileiros tiveram a Unidade Real de Valor (URV), moeda virtual criada para ajudar na transição.

O ex-presidente lembrou a tensão reinante na véspera do lançamento do plano. "Havia muita incompreensão. As pessoas tinham receio de que a URV fosse prejudicar os trabalhadores. Havia muita resistência de ministros, mas o presidente Itamar foi firme. Em pouco tempo, a população entendeu e aderiu. Isso é que é importante. Está na hora de tomar outras decisões – não vou dizer o que é, mas o povo sente que está na hora de apontar um novo rumo", ressaltou.

Na sessão solene, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), destacou a importância do plano para a estabilização da economia e melhoria da renda dos mais pobres. Tudo isso é muito positivo, mas há ainda um longo caminho a percorrer para a redução das desigualdades no Brasil, disse Renan. "O importante é que o primeiro passo já foi dado, lá atrás, em 1994, com o Plano Real, um patrimônio do Brasil e de sua sociedade”, ressaltou o senador, que também homenageou o ex-presidente Itamar Franco, morto em 2011.

Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que propôs a sessão especial, desde a implantação do Plano Real, renasceu no Brasil a esperança da construção de um futuro planejado. De acordo com Aécio, antes do plano, a inflação e a desordem nas finanças públicas deixaram o Brasil à beira do caos, em várias ocasiões.

O senador mineiro destacou que os princípios do Plano Real foram apropriados de tal forma por nossa sociedade que, desde então, os sucessivos governos não abriram mão de sua defesa. "Entretanto, o tempo passa e uma nova geração de brasileiros – aqueles que eram muito jovens em 1994 e os que hoje têm menos de 20 anos – não viveram o horror da inflação, como seus pais. Mesmo a nossa memória se relativiza com o passar dos anos", ressaltou Aécio Neves.

Fonte: Correio Braziliense

Nos 20 anos do Plano Real, parlamentares do PSDB criticam gestão do PT

Em cerimônia de homenagem ao plano econômico lançado em 1994, no Plenário do Senado, integrantes do partido de oposição reclamaram do crescimento da inflação

Agência Câmara

Em clima eleitoral, vários parlamentares do PSDB aproveitaram nesta terça-feira a cerimônia de homenagem aos 20 anos do Plano Real, no Congresso Nacional, para criticar os governos Lula e Dilma Rousseff.

Com o Plano Real, o País conseguiu reduzir a inflação, que chegou a 2.477% em 1993. Para 2014, a expectativa é de 6%.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) lembrou a oposição que o PT fez ao Plano Real e afirmou que o governo atual está colocando em risco o controle da inflação. O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) ressaltou que não adianta distribuir renda sem controlar os preços, porque a população mais pobre é quem sofre mais com a inflação.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco quando o plano foi lançado, participou da homenagem desta terça. Sem deixar as críticas de lado, fez um balanço inicial positivo das gestões do PT. "O Brasil avançou. O Brasil é hoje melhor do que quando eu deixei [a Presidência]; como quando eu deixei era melhor do que o presidente anterior. O Brasil vai avançando e é bom que avance”, afirmou, lembrando que aprendeu muito com os planos econômicos anteriores ao Real e que "a história não se faz do zero".

Fernando Henrique disse também que “é preciso tomar novos rumos” e o Brasil ainda está “com os olhos no passado”. Em sua opinião, o País continua apostando que as coisas irão mal e que poderá, juntamente com outros emergentes, levar o mundo adiante. Ele ressaltou, porém, que depois da crise de 2007/08 não houve o declínio do Ocidente, como muitos acreditavam, e que a economia dos Estados Unidos voltou a crescer.

O ex-presidente afirmou ainda que é necessário fazer uma reforma político-eleitoral e fez uma relação direta entre o grande número de partidos políticos e o atual número de ministérios, 39. Para ele, o Estado sozinho não vai dar conta dos investimentos de que o País precisa.

Também estavam presentes na sessão solene, realizada no Plenário do Senado, os ex-presidentes do Banco Central, Gustavo Franco; e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Edmar Bacha, que integrou a equipe responsável por desenvolver o Plano Real; e o presidente da Cemig, Djalma de Morais, que representou a família do ex-presidente Itamar Franco, falecido em 2011.

A cerimônia foi aberta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e teve ainda a participação dos senadores José Agripino (DEM-RN), Ana Amélia (PP-RS), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) , Romero Jucá (PMDB-RR), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Sérgio Petecão (PSD-AC), e do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP).

Fonte: Correio Braziliense

Ex-ministra tenta justificar falta de apoio do PT ao Plano Real

Gleisi Hoffmann disse que havia dúvida em meio a diversos planos que deram errado no começo da década de 1990

Mais cedo, Suplicy rebateu críticas do PSDB

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - Citada nominalmente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em seu discurso, coube à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, rebater as críticas feitas pelos tucanos e justificar a falta de apoio do PT à implementação do Plano Real.

— Não cabe à situação solicitar à oposição apoio a seus planos, projetos e ações. Até porque naquele momento muitos planos tinham se sucedido no Brasil e a maioria eram planos que afetavam os trabalhadores. Então cabia, sim, o benefício da dúvida e a recusa de apoio por parte da oposição — afirmou Gleisi, na tribuna do Senado.

Em seu discurso, FH afirmou ter chamado Lula e José Dirceu a seu apartamento para pedir apoio ao Plano Real, o que foi negado.

— Essa tentativa de desmerecimento que foi feita nessa tribuna hoje não faz jus à postura que o presidente Lula e o PT tiveram nove anos mais tarde, quando deram apoio prático ao Plano Real.

Esqueceu-se o presidente Fernando Henrique que caberia ao presidente Lula e ao PT resgatar, praticamente salvar, o Plano Real, demonstrando profundo compromisso com o Estado brasileiro, ao reafirmar os pressupostos da estabilidade macroeconômica — discursou a ex-ministra da Casa Civil.
Gleisi também defendeu as concessões feitas pelo governo Dilma Rousseff, como as de rodovias, e ironizou a gestão do tucano:

— O presidente Fernando Henrique disse que demoramos para retomar as concessões. Demoramos porque avaliamos as concessões, queríamos saber o que aconteceu de errado para termos pedágios tão caros em nossas rodovias, ou tivéssemos, sim, a universalização da nossa telefonia, mas com serviços tão deficientes. Estamos fazendo agora com retorno para a sociedade brasileira muito maior do que foi feito (antes).

O ex-presidente Fernando Henrique citou Gleisi ao falar da suposta ineficiência da máquina pública na gestão petista:

— A ministra Gleisi Hoffmann deu uma entrevista, ao deixar o ministério, em que dizia singelamente: “A máquina não responde”. E não responde por quê? Porque os incentivos estão errados e porque houve uma infiltração partidária na máquina pública.

Suplicy defende PT
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi o primeiro petista a subir à tribuna para rebater as críticas feitas pelo PSDB, na manhã desta terça-feira, em sessão solene para comemorar os 20 anos do Plano Real e turbinar a pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República. Suplicy cobrou dos tucanos reconhecimento dos avanços obtidos nos últimos 12 anos.

— Fizeram tantas críticas ao PT que imagino que estavam com visão muito estreita, sem perceber que ao longo dos últimos 12 anos combinou-se crescimento da economia com redução da pobreza. A taxa de desemprego é a mais baixa desde que começou a ser medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); também teve a expansão do microcrédito; o Minha Casa, Minha Vida. Muitas coisas acabaram sendo esquecidas pelos representantes do PSDB. Seria bom que a sua visão fosse estendida também para as boas coisas que aconteceram nos últimos anos — disse Suplicy, em discurso.

Humberto Costa ironiza tucanos
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), acusou o PSDB de apostar no pessimismo para criar um clima de insegurança no país e afirmou que o pré-candidato tucano à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), mostra "total dissintonia" com o povo, o que estaria refletido, segundo ele, nas pesquisas eleitorais. A presidente Dilma Rousseff tem aparecido em primeiro lugar nesses levantamentos, com grande vantagem sobre o tucano.

— O presidente do PSDB, candidato à Presidência da República, disse hoje dessa tribuna que impera junto à população brasileira a desesperança com a economia e com nosso futuro. Não pode haver avaliação mais equivocada do que essa, não pode haver diagnóstico menos sintonizado com a realidade do nosso país e do nosso povo. O senador mostra uma total dissintonia com o que sente o povo. Vir aqui para falar de desesperança é tão somente apostar no pessimismo, é tao somente apostar no quanto pior melhor, é tão somente querer fortalecer a tentativa de reproduzir um clima no nosso país de insegurança ou de insatisfação.

O líder petista ainda ironizou os tucanos, afirmando que não ouviu nenhuma ideia nova durante a sessão solene que comemorou os 20 anos do Plano Real e serviu de evento de pré-campanha para Aécio. Costa reconheceu que a povo quer mudanças, como foi mostrado em pesquisas recentes, mas disse que as novas necessidades da população não serão atendidas por governos que não têm sensibilidade social:

— O que me deixa mais tranquilo é ver que nada de novo foi produzido por essas forças. Aqui de manhã, além de loas tecidas ao Plano Real, nenhuma ideia nova veio para ao menos nos dar a condição de refletir sobre ela.

Em artigo, Lula pinta cenário econômico otimista
No dia em que os tucanos promoveram uma sessão solene, no Senado, para comemorar os 20 anos do Plano Real e promover a pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, o ex-presidente Lula publicou, nesta terça-feira, um artigo no jornal Valor Econômico, com uma visão otimista da economia brasileira, encorajando investimentos e rebatendo "versões pessimistas".

"A novidade é que o Brasil deixou de ser um país vulnerável e tornou-se um competidor global. E isso incomoda; contraria interesses. Não é por outra razão que as contas do país e as ações do governo tornaram-se objeto de avaliações cada vez mais rigorosas e, em certos casos, claramente especulativas. Mas um país robusto não se intimida com as críticas; aprende com elas", afirma Lula, no texto.

No início do mês Lula esteve m Nova York e, em reunião com investidores, pintou um quadro otimista em relação ao Brasil. "Voltei convencido de que eles têm uma visão objetiva do país e do nosso potencial, diferente de versões pessimistas. O povo brasileiro está construindo uma nova era – uma era de oportunidades. Quem continuar acreditando e investindo no Brasil vai ganhar ainda mais e vai crescer junto com o nosso país", diz trecho do artigo.

No texto, o petista reconhece que o governo cometeu erros, mas afirma que está trabalhando para corrigi-los: "O governo ouviu, por exemplo, as críticas ao modelo de concessões e o tornou mais equilibrado. Resultado: concedemos 4,2 mil quilômetros de rodovias com deságio muito acima do esperado. Houve sucesso nos leilões de petróleo, de seis aeroportos e de 2.100 quilômetros de linhas de transmissão de energia".

Fonte: O Globo

Ao celebrar 20 anos do Real, PSDB coloca resgate da era FHC no centro da campanha

Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Em sessão solene do Congresso para homenagear os 20 anos do Plano Real, realizada ontem, o PSDB reforçou o empenho pelo resgate do legado do governo Fernando Henrique Cardoso. Após ter sido banida das campanhas do partido nas últimas três eleições presidenciais, a herança de FHC é agora apresentada como um dos principais suportes da candidatura do senador Aécio Neves (MG) em 2014. Além do ex-presidente tucano, principal homenageado, também participaram dois integrantes da equipe de economistas que formulou o Plano Real, Edmar Bacha e Gustavo Franco.

Proposta por Aécio, presidente nacional do PSDB e pré-candidato do partido à Presidência da República, a homenagem ganhou ares de pré-lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto. "Precisamos de um novo choque de esperança e confiança, como aquele que o Plano Real produziu há 20 anos", afirmou no discurso. "A verdade é que os 12 anos de governo do PT levaram o Brasil a estar hoje, mais uma vez, mergulhado em um ambiente de desesperança e descrença no futuro", disse Aécio. Ele afirmou que "sucumbe o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), humilha-se a Petrobras, debilitam-se as contas públicas, soterradas sob maquiagens e malabarismos e a desindustrialização faz o país retroceder e drena o dinamismo da economia do país", continuou.

O senador homenageou o então presidente Itamar Franco, que lançou o Plano Real, idealizado por equipe liderada por FHC, na ocasião ministro da Fazenda. E criticou os adversários do Plano Real, que classificou de "pescadores de águas turvas" que torciam para o plano não dar certo e o acusavam de "estelionato eleitoral".

Em seu pronunciamento, FHC relatou a concepção do plano e as dificuldades enfrentadas para seu lançamento. Fez contundentes críticas aos governos do PT, especialmente à atual condução da política econômica, e defendeu "renovação" e "sangue novo" no comando do país. "Está na hora! O Brasil está precisando de ar novo, de sangue novo".(...) "Quando as ruas reclamam, quando os empresários reclamam, quando os políticos reclamam, quando as donas de casa reclamam que algo está desengonçado, é hora de termos humildade. Aos que hoje mandam, em vez de se cerrarem nos seus escritórios e pensarem que tecnocraticamente resolvem as questões, digo que é hora de se abrirem, de abrir o coração e dizer a verdade", disse.

O ex-presidente reconheceu que muita coisa foi feita após o Plano Real e que houve avanços, como a expansão, pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, das bolsas criadas em seu governo. Referiu-se ao Bolsa Família. Disse que o PT fez muita coisa para "recriar a confiança" dos mercados, que "ficaram possuídos por uma eventual eleição do PT".

"O Brasil vai avançando, e é bom que avance. Todavia, há momentos em que é preciso tomar novos rumos. Nós estamos chegando a um desses momentos", afirmou. Para FHC, a economia contemporânea é a economia do conhecimento e requer inovação. Disse que a taxa de crescimento da produtividade é quase nula no Brasil e que "chegou o momento de uma nova palavra, mais moça, mais forte, abrir horizontes novos para o Brasil".

FHC comparou o programa de concessões de rodovias e aeroportos às privatizações das telecomunicações, realizadas em sua gestão. "O que eu fiz com a telefonia? Não foi concessão? E a mesma coisa?", afirmou. Criticou o enfraquecimento das agências reguladoras e sua infiltração por "interesses de todos os tipos".

Após a cerimônia, na sessão ordinária do Senado, alguns senadores petistas rebateram as críticas dos tucanos. Gleisi Hoffmann acusou FHC de "tentativa de desmerecimento" de Lula, ao dizer que negaram apoio ao Plano Real. A senadora afirmou que não cabe a governo pedir apoio da oposição para seus planos. E afirmou que, nove anos depois, ao assumir o governo, Lula e o PT deram apoio prático ao plano, reafirmando os pressupostos da estabilidade.

Nenhum petista participou da sessão solene, que foi presidida pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e teve a presença do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e parlamentares de outros partidos. Na saída, FHC atribuiu a ausência a "arrependimento, por não terem apoiado desde o início". Para Aécio, os governistas não foram porque acham que o Brasil começou em 2003. "Não digo que seja ingratidão. Mas o PT sempre teve uma dificuldade enorme em reconhecer as vitórias dos outros. Não vieram pelo constrangimento de ter ficado contra o Real, contra a Lei de Responsabilidade fiscal e outros avanços que o Brasil alcançou graças do PSDB", disse.

Como presidente de honra do PSDB, o ex-presidente FHC viajou de São Paulo para Brasília em avião pago pelo partido. Estava acompanhado de equipe de segurança e assessores. Após a sessão, retornou para São Paulo.

Fonte: Valor Econômico

Marina e Campos se reúnem para afinar discurso

Agência Estado

RECIFE - O governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) e a sua possível candidata a vice-presidente Marina Silva se reuniram nesta terça-feira, 25, na residência do governador, no Recife, para afinar o discurso e discutir ideias para o programa da aliança PSB-Rede. Depois do primeiro encontro regional, no sábado, 22, em Porto Alegre, as diretrizes programáticas serão discutidas no Rio de Janeiro, no dia 15 de março.

"O que se vai destacar no dia 15, como se agregar ideias novas, que aspectos podem diferenciar o projeto?" foi o mote do encontro de acordo com o secretário estadual do Meio Ambiente, Sérgio Xavier (PV), que goza da confiança de Marina e participou da reunião, que não foi divulgada à imprensa e teve início no final da manhã se estendendo até às 17h30.

Segundo Xavier, o encontro foi descontraído e sem resoluções ou decisões. "Estamos consolidando o que já vem sendo feito, trabalhado, estamos em uma etapa que passa do discurso para o planejamento", disse ele. "Questões de comunicação também foram tratadas, para nivelar as informações".

Campos havia viajado ao Rio e só se integrou ao grupo à tarde. Coordenadora do programa de educação da Rede Sustentabilidade, Neca Setúbal integrou o grupo, assim como o assessor de comunicação Nilson Oliveira e o articulador da Rede-Sustentabilidade em Pernambuco, Roberto Leandro.

Anunciado nesta segunda-feira, 24, como candidato de Campos à sua sucessão, o secretário estadual da Fazenda, Paulo Câmara, foi apresentado a Marina. Ele passou pouco tempo no local.

Marina viaja para Brasília na manhã desta quarta-feira, 26.

Fonte: Estado de Minas

Marina Silva faz visita ao pré-candidato em Pernambuco

Ex-senadora passa a tarde com o pré-candidato governista à sucessão de Eduardo, em agenda "de trabalho"

Carolina Albuquerque

Pessoa-chave no projeto rumo ao Palácio do Planalto do governador Eduardo Campos (PSB), a ex-senadora Marina Silva, filiada ao PSB embora seja mentora do Rede Sustentabilidade, fez ontem uma visita de cortesia ao pré-candidato governista ao Palácio do Campo das Princesas, Paulo Câmara (PSB). O encontro aconteceu na residência do governador, onde estiveram por toda a tarde também o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier, e próprio Eduardo, após chegar de viagem. “Foi uma agenda de trabalho”, definiu Xavier.

“Ela esteve outras vezes com Câmara, mas não como candidato. Foi uma conversa boa, descontraída, para trocar ideias, se conhecerem”, iniciou Xavier. Segundo ele, não foi tratado um assunto em específico, mas ficou entendido que a partir de agora, com a oficialização da escolha do candidato da frente governista, as agendas de Marina, quando vier ao Recife, serão também integradas à de Câmara.

Antes de Câmara despontar como favorito na disputa interna do PSB pela vaga majoritária, Xavier soltou uma nota advogando o direito “natural” de o Rede e o PV participarem ativamente da construção da chapa. Chegou-se, inclusive, a estimular o nome de Xavier para a vaga do Senado, replicando a possível aliança que será produzida nacionalmente, com Eduardo na cabeça e Marina na vice. “O que se construiu foi um conjunto de representações que dialogam com vários setores da sociedade, com a juventude, o interior do Estado”, resumiu Xavier, quando questionado sobre a composição da chapa.

Ele disse, ainda, que a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente acompanhou todo o processo em Pernambuco, tendo um encontro em Porto Alegre com Eduardo no último sábado (22), inclusive. “Ela acompanhou sim. Mas entendendo que o governador tinha toda a capacidade e autonomia para comandar essa escolha aqui”, frisou Xavier. Em São Paulo, Marina Silva foi a razão principal para que o PSB decidisse não apoiar o PSDB, em detrimento do desejo da maioria dos socialistas naquele Estado. Marina ainda jantou à noite com militantes do Rede e parte hoje pela manhã. Ao contrário das passagens anteriores, preferiu a discrição e não quis dá entrevistas à imprensa.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Conflito entre PT e PMDB ameaça aliança no Ceará

César Felício

BRASÍLIA - O acirramento do conflito entre o PMDB e o governo federal pode levar o PT a rever sua estratégia eleitoral no Ceará e lançar candidato próprio ao governo estadual. O escolhido, segundo dirigentes petistas, seria o deputado estadual Camilo Santana, quadro sem tradição no partido e vinculado ao governador Cid Gomes (Pros). Até agora, o PT priorizava a eleição ao Senado, para a qual se lançou o vice-presidente nacional da sigla, o deputado federal José Guimarães. O partido acertou apoiar qualquer indicação de Cid e chegou a soltar um manifesto contra a candidatura própria. A tese de um nome petista só era defendida pela ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, minoritária no partido. O assunto deve ser discutido entre o PT e o governador até sexta-feira. Pela nova fórmula, Cid se desincompatibilizaria e disputaria o Senado.

Com a candidatura própria, o PT confia que o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) poderia desistir de concorrer contra a coligação de forças comandada por Cid Gomes, já que um embate direto com um petista colocaria a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula contra uma candidatura do PMDB no Estado. Caso a articulação prospere, será a segunda ofensiva contra a pretensão do pemedebista. A primeira aconteceu no mês passado, com o convite presidencial para que Eunício se tornasse ministro da Integração Nacional, substituindo um técnico ligado ao governador cearense.

Eunício recusou o convite e começou a discorrer em público sobre a possibilidade de se aliar durante a campanha ao PSDB do senador Aécio Neves (MG), ou ao PSB do governador pernambucano Eduardo Campos, prováveis adversários de Dilma na eleição presidencial. Mas a aposta do pemedebista é a de obter o apoio tanto do PT quanto de Cid, em um cenário em que Dilma e Lula entrariam em campo para garantir a aliança entre PT e PMDB. Cid retarda a definição sobre seu substituto.

Além da candidatura petista, há uma outra alternativa imaginada no Ceará para tentar tirar Eunício do caminho: lançar o prefeito de Fortaleza Roberto Claudio, também do Pros. Seu vice, Gaudêncio Lucena, é do PMDB e foi indicado por Eunício, que herdaria assim a prefeitura da capital do Estado.

Fonte: Valor Econômico

A questão crucial da crise venezuelana

Luiz Raatz

CARACAS - Mais do que a repressão policial aos protestos de rua, ou as denúncias de autocensura na imprensa privada da Venezuela, existe uma questão crucial para determinar o futuro do chavismo no país. Até que ponto a grave crise econômica, com uma inflação em 12 meses de 56% e escassez de praticamente três em cada dez produtos da cesta básica chegará às classes mais pobres da população, onde o bolivarianismo sempre foi mais forte e desenvolveu ferramentas para mitigar a pobreza e melhorar sua qualidade de vida.

Em Caracas, quase todos os protestos se concentram na parte leste da cidade, tradicional reduto da classe média e média alta. A zona oeste, fortemente chavista, está tranquila. Nesse sentido, o líder opositor Henrique Capriles tem razão quando diz que, se o movimento opositor não conseguir aglutinar o apoio dos bairros mais pobres, não terá sucesso em pressionar o governo por mudanças na política econômica. Por ora, parece um explosão de revolta da classe média, que nunca morreu de amores pela revolução bolivariana.

Uma facção mais radical da oposição pede a renúncia do governo. Maduro, no entanto, ainda mantém o chavismo coeso - pelo menos na aparência - e desfruta do respaldo absoluto do Exército e de outras instituições que detêm o monopólio da força legítima do Estado. Assim, uma ruptura institucional é improvável.

Apesar disso, há uma tendência de esvaziamento popular nos atos pró-governo. No último fim de semana, enquanto a oposição reuniu ao menos 20 mil pessoas em um ato no leste de Caracas, uma passeata chavista no centro da capital não conseguiu chegar a dez mil manifestantes. Com seu mentor, ícone e líder morto há um ano, e com um sucessor sem o mesmo carisma, apesar de tentar emular os gestos e o discurso do padrinho, há uma percepção de que o poder de mobilização já não é o esmo.

Mesmo militantes chavistas reconhecem que estão sendo duramente golpeados pela falta de alimentos e produtos, ainda que a atribuam à uma suposta guerra econômica da burguesia contra o governo. Resta saber se a cúpula do chavismo conseguirá manter a população mais pobre minimamente abastecida de serviços, bens e alimentos.

O governo conta com uma rede de supermercados estatais, além de feiras ao ar livre com alimentos a preços subsidiados, chamada Mercal. A PDVAL - braço de distribuição de alimentos da PDVSA, a estatal do petróleo -, que abastece essas redes anunciou na segunda-feira, 25, novas restrições ao consumo. Nos próximos meses, os venezuelanos terão direitos apenas a compras semanais nesses mercados.

Diante desse cenário, é crucial saber como a população mais pobre reagirá, principalmente se as reservas em dólar do governo continuarem a cair, o que provavelmente aumentaria a diferença entre o dólar oficial e o câmbio paralelo, acentuando a escassez. Num cenário de crise econômica aguda, a insatisfação popular nos setores mais pobres tende a crescer.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Protestos na Venezuela também ameaçam Capriles

Para analistas, manifestações no país põem adeptos do confronto em evidência no comando da oposição

Janaína Figueiredo

BUENOS AIRES — O futuro do governo do presidente Nicolás Maduro não é a única grande incógnita que tira o sono dos políticos venezuelanos. Enquanto Maduro luta para conter a onda de protestos que está se espalhando pelo país e que já provocou a morte de 16 pessoas nas últimas três semanas, o governador do estado de Miranda e ex-candidato presidencial Henrique Capriles enfrenta uma silenciosa disputa interna pela liderança opositora. O que, na visão de analistas locais ouvidos pelo GLOBO, ameaça sua até pouco tempo indiscutida posição de chefe máximo da oposição.

Capriles ainda é considerado por muitos o principal homem da Mesa de Unidade Democrática (MUD) e da oposição em geral, mas sua posição, conquistada após duas eleições e, principalmente, a derrota por apenas 225 mil votos nas presidenciais de abril de 2013 contra Maduro, está em debate. O fortalecimento de Leopoldo López, que continua preso, e de figuras como a deputada Maria Corina Machado e o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, abriu uma crise que parece estar apenas começando.

— Capriles ainda é líder da oposição, mas sua liderança já não é inquestionável. Hoje ele tem rivais — afirmou Ignácio Ávalos, membro da ONG Observatório Eleitoral Venezuelano (OEV).
Para ele, “não esta claro qual das duas estratégias opositoras (a mais conciliadora, de Capriles, e a mais radical, de López) tem hoje mais peso dentro da oposição”.

— A prisão de López tem um valor emocional importante — disse Ávalos.

Discurso mais cauteloso
Capriles iniciou uma etapa de maiores críticas internas em dezembro, depois de assumir o comando da campanha opositora nas municipais de 8 de dezembro, que terminaram com uma vantagem de cerca de 8 pontos percentuais para o chavismo. Muitos, entre eles López e Maria Corina, responsabilizaram, em discussões internas, o governador pela derrota e começaram a promover a ideia de ir para as ruas exigir a saída de Maduro, em meio a uma delicadíssima crise econômica. Longe de aderir à campanha de López, um antigo aliado político, Capriles manteve um discurso mais cauteloso, apesar das pressões dos setores mais radicais da MUD.

— Sua estratégia é considerada conservadora por alguns opositores. Capriles não está de acordo com o lema “Maduro saia já”, nem com as barricadas anárquicas — explicou o membro do OEV.
Sua jogada, disse Ávalos, “é arriscada”, num país no qual a violência e o clima de insatisfação são cada vez maiores. Para a jornalista Gloria Bastidas, articulista do “El Nacional”, “Capriles continua sendo líder da oposição, mas seu futuro dependerá de como conseguirá se conectar com o que estamos vivendo nas ruas”.

— Henrique (Capriles) é um homem que sempre apostou pela via institucional. Agora, com esta crise, tudo dependerá da evolução dos protestos. Ele poderia terminar nas ruas, mas sempre de forma pacífica — opinou Gloria.

Após decidir não participar do encontro com governadores convocado por Maduro, Capriles divulgou na terça-feira no Twitter uma lista de dez pontos fundamentais para sair da crise, que incluem a libertação dos presos políticos, entre eles López, e o desarmamento de grupos paramilitares. O governador pediu, ainda, que a Igreja Católica atue como mediadora. As exigências de Capriles também incluem o fim da violência, da repressão, das violações dos direitos humanos, a saída dos cubanos das Forças Armadas, deixar de “dar nosso petróleo de presente enquanto existam venezuelanos que passem necessidades” e o fim das pressões à mídia privada.

— Leopoldo (López) acelerou um processo político, e Capriles tenta encontrar novamente seu lugar. Acho que seus últimos movimentos mostram que está buscando recuperar a iniciativa e não perder espaços — concluiu Gloria.

Fonte: O Globo

Fernando Rodrigues: E assim se passaram 20 anos

O pré-candidato a presidente pelo maior partido de oposição, o tucano Aécio Neves, participou ontem de uma cerimônia pelos 20 anos do Plano Real, dentro do Senado, ao lado de Fernando Henrique Cardoso e sob o comando de Renan Calheiros.

Hoje, a presidente e pré-candidata à reeleição, Dilma Rousseff, deve estar em Minas Gerais. Entregará máquinas a prefeitos de 209 municípios.

Comparados os eventos, quem ganha mais votos? Dilma ou Aécio? A resposta pode ser encontrada numa frase do ponderado discurso de FHC: "Minha geração já passou".

País sem muita memória, o Brasil certamente deve celebrar um feito tão relevante como foi a estabilização da sua moeda. Ainda assim, é fascinante como o PSDB sempre tenha escolhido uma narrativa truncada para enaltecer o Plano Real.

Entre os políticos tucanos presentes à cerimônia de ontem, coube a FHC, aos 82 anos, dar o tom mais moderno: "O Brasil é um país novo, precisa sentir ventos novos".

O ex-presidente fez um relato detalhado de como foram aqueles dias turbulentos no final de 1993 e início de 1994. Não só por causa do Plano Real em gestação, mas porque a dívida externa brasileira estava em renegociação, outra história épica e que poucos hoje conhecem.

Quis a política, a arrogância do PSDB e sua incapacidade de articulação que tudo ficasse num escaninho da história, sem uso eleitoral. FHC foi rebarbado nas campanhas de 2002, 2006 e 2010. Está sendo resgatado agora. Mas já se passaram 20 anos do lançamento do Plano Real.

Quando o ex-presidente saía do Senado, falamos brevemente. Quis saber se ele estava assistindo ao seriado "House of Cards", uma aula intensiva de política. Sim, e está gostando. "A trama é muito boa", disse. Mais tucanos talvez devessem gastar um tempo para assistir a esse programa. Até porque o PT já aprendeu muito bem como chegar ao poder.

Fonte: Folha de S. Paulo

Dora Kramer: Não é força. é jeito

Há um caso acontecendo na troca de ministros e no engasgo das relações do governo com o PMDB em que vale a pena prestar atenção.

Envolve o senador Eunício Oliveira e é emblemático de como o temperamento da presidente Dilma Rousseff e o comportamento do PT em relação aos aliados criam dificuldades para o governo.

Há coisas que Dilma não sabe fazer. Não tem familiaridade alguma com a política, por exemplo. Não ouve quem tem esse atributo e toca o barco como acha que deve, insistindo no erro e na ilusão de que uma hora ele leve ao acerto.

O caso é o seguinte: a presidente quer porque quer entregar a Eunício Oliveira, líder do PMDB no Senado, o Ministério da Integração Nacional. Ela já ofereceu de tudo, inclusive a pasta de "porteiras abertas", com liberdade para ocupação de cima abaixo.

Ele não quer, prefere disputar o governo do Ceará, onde está em primeiro lugar nas pesquisas. Isso foi dito diretamente a Dilma umas duas ou três vezes. Em uma delas, a conversa durou seis horas em Palácio e resultou em recusa.

Não se tem notícia de presidente da República que tenha levado tantos "não" repetidos e diretos. Em geral convites são precedidos de sondagens por intermédio de interlocutores abalizados. Há mediação, tentativa de convencimento, tudo para evitar que a autoridade maior passe pelo constrangimento de ouvir uma negativa assim frente a frente.

Pois Dilma Rousseff ouviu e ao que consta ainda não desistiu de oferecer o Ministério da Integração a Eunício. Não ao PMDB, que aceitaria o cargo de bom grado para o senador Vital do Rego, mas para Eunício Oliveira.

E por que essa obsessão da presidente pelo nome do líder do partido no Senado? Por que ele é um especialista na área? Por que nos dez meses que teria à frente da pasta o Rio São Francisco teriam finalmente suas águas transpostas?

Nada disso. Dilma quer resolver um problema dela no Ceará. Eleitoral, evidentemente. O PT local está fechado com os irmãos Cid e Ciro Gomes. Tirando o PMDB da disputa e entregando o ministério a Eunício, Dilma forçaria o partido a entrar na aliança e montar um palanque governista único para ela no Estado.

Se o senador cearense, ao contrário, insistir na candidatura a governador, para se viabilizar necessariamente terá de fazer alianças com a oposição. Vale dizer, PSDB e PSB. A hipótese do palanque duplo está fora de cogitação.

O PMDB está vacinado com o que ocorreu na Bahia em 2010. Foi feito um acordo redigido pelo hoje ministro Moreira Franco e assinado pelos então coordenadores da campanha de Dilma, José Eduardo Cardozo, José Eduardo Dutra e Antonio Palocci, pelo qual o governo federal daria apoio às candidaturas de Jaques Wagner, do PT, e Geddel Vieira Lima, do PMDB.

A candidata inclusive esteve na convenção que lançou Vieira Lima ao governo do Estado. No meio do caminho mudou de ideia. Deixou o aliado a ver navios e anunciou que na Bahia o candidato do Planalto era o petista Wagner. Com esse exemplo em tela o PMDB não confia mais em promessas de apoio compartilhado.

Esse tipo de comportamento tem dificultado alianças regionais entre os dois partidos. O esforço em relação ao Ceará em boa medida se deve ao fato de que o PT sabe que não dá para brincar com o Nordeste, onde a dianteira não será a mesma. As coisas não andam bem no Maranhão, em Pernambuco há Eduardo Campos para tirar votos e na Bahia o PMDB será oposição.

Do lado do senador Eunício, o ministério não seria o melhor negócio. Primeiro, nesta altura ficaria mal no eleitorado cearense, pois trocaria a chance de governar o Estado por um cargo de ministro. Posição que já ocupou no governo Lula.

Em segundo lugar, a disputa eleitoral não representa risco para ele, cujo mandato de senador vai até 2018. Ou seja, se for derrotado tem margem de segurança.

Se Dilma fizer o convite de novo, no PMDB a aposta é que ouvirá um não mais uma vez. E fica a dúvida: se o risco é grande de perder, o que ganha em insistir? Coisa de quem não é do ramo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Merval Pereira: A terceira via

Mesmo que as pesquisas de opinião mostrem um claro favoritismo da presidente Dilma, e também coloquem o candidato tucano Aécio Neves como o oposicionista mais forte, o governador de Pernambuco está convencido de que Dilma não se reelegerá e que é ele, e não Aécio, quem a derrotará num segundo turno.

Mesmo que, mais do que nunca, a eleição presidencial deste ano caminhe para a polarização entre PT e PSDB — o primeiro tentando continuar mais quatro anos no poder, e os tucanos retornando à origem no combate à corrupção e à defesa do Plano Real, que este ano comemora 20 anos —, Eduardo Campos acha que na hora em que o contraditório tomar conta do debate eleitoral, com a propaganda de rádio e televisão, o caos em que ele vê o país mergulhado tomará o lugar da propaganda governamental, e os brasileiros verão que há alternativa aos governos petistas.

Ele teme, no entanto, que a crise política ganhe proporções incontornáveis antes que as alternativas sejam colocadas na mesa, e a frustração popular saia do controle precário que ainda a contém.

No momento em que o projeto petista para a economia brasileira dá mostras de ter chegado ao esgotamento, com seu modelo de fomentar o consumo interno por meio do aumento do salário mínimo e da distribuição de bolsas sociais, Campos acha que é preciso antecipar programas de governo dando alternativas para a superação dos problemas, e conversou sobre isso com o candidato do PSDB Aécio Neves.

Ele incluiu no grupo que organiza seu plano de governo os conselheiros de Marina Silva, entre eles Gianetti da Fonseca e André Lara Resende. Idealmente, os programas de governo dele e de Aécio deveriam ser complementares, mas dando espaço para que o de Campos assuma mais posições no campo da esquerda política, no qual tem tradição pelo trabalho com o avô Miguel Arraes desde cedo.

O pleno emprego, mesmo com um salário médio baixo, é um trunfo do PT nesta eleição, e não é à toa que o ex-presidente Lula centra seus elogios na capacidade de enfrentar a crise econômica internacional com crescimento dos empregos. Tudo indica que Lula e Fernando Henrique voltarão a se defrontar durante a campanha eleitoral, cada qual defendendo seu legado.

O governador de Pernambuco, embora montando com o candidato tucano Aécio Neves estratégias de campanha de oposição, pretende trilhar uma terceira via, buscando votos também no eleitorado de esquerda desgostoso com o governo Dilma, e almejando os votos tucanos num eventual segundo turno.

O candidato do PSOL, senador Randolfe Rodrigues, planeja ser o candidato das ruas, e já tem um mote eleitoral que pode fazer sucesso com os eleitores descontentes com a prática política atual: quer colocar o PMDB fora da disputa política, identificando o partido com os males de nosso presidencialismo de coalizão.

“Vou dar a chance ao PMDB de ficar na oposição”, ironiza Randolfe — na mesma linha, aliás, de Campos, que já dissera que era tempo de “dar um descanso” ao PMDB.

O sonho do PSOL é ter o papel que coube a Marina na eleição de 2010: capitalizar o descontentamento da esquerda e da classe média, e ser o representante dos jovens que estão nas ruas. Mas Marina e Campos também almejam esse lugar. Eles devem anunciar ainda em março a chapa com Marina de vice, e estão acertando os palanques regionais.

No Rio e em São Paulo, Campos terá o apoio de candidatos próprios, e garante que essa estratégia foi feita de comum acordo, e não por imposição da companheira de chapa. Em São Paulo, onde a tendência do PSB seria apoiar o governador tucano Geraldo Alckmin, Campos trabalha com a possibilidade de ter o advogado Pedro Dallari, do PSB, ou Eduardo Jorge, do Partido Verde.

Já no Rio, Campos e Marina não têm dúvidas de que o melhor candidato é o deputado federal Miro Teixeira, da Rede, mas abrigado provisoriamente no PROS. Existe ainda a possibilidade de o ministro Joaquim Barbosa sair candidato ao Senado pelo Partido Verde.

As últimas informações são as de que ele está preparando sua saída do STF para o dia 2 de abril, pouco antes do prazo final para magistrados se filiarem a partidos políticos a tempo de concorrer às eleições deste ano.

Fonte: O Globo

Rosângela Bittar: Entre o Natal e o Carnaval

Lula a amigos: entregar o poder a esses... jamais

É sutil, mas existe, uma mudança de conteúdo do movimento Volta, Lula, ocorrida entre o passado Natal e este presente Carnaval. Até o fim do ano passado, a candidatura Lula a presidente em 2014 era uma possibilidade sempre considerada a partir da configuração de determinados cenários. O ex-presidente faria campanha da reeleição para a presidente Dilma e, assim, manteria acesa a chama que ilumina seu nome para o caso de precisar entrar na chapa de última hora, o que seria determinado pelas pesquisas, pela derrocada da economia, pela contaminação de crise internacional. Aos empresários e políticos que o procuravam pedindo para ser o candidato, o ex-presidente prometia "melhorar" Dilma, pedia paciência e dizia que ela ia mudar. Aos mais próximos dizia, e pedia que esse fosse o discurso oficial, que deveriam todos trabalhar pela reeleição contando com ele só em 2018.

A partir do Congresso do PT começou uma mudança de cenário. Piorou a avaliação da presidente por seus pares, houve fissura na relação de Dilma com partidos aliados, com empresários e, notadamente, com o seu partido, o PT. A presidente foi à sessão plenária de abertura do Congresso depois de determinar que não fosse feita na sua presença nenhuma alusão ou homenagem aos petistas presos no rastro do mensalão. Pronunciou um discurso avaliado no PT como tecnocrático, enfadonho, sem conteúdo político-partidário, para delegados a um Congresso do partido acostumados a serem incendiados por Lula. A comparação foi acachapante.

No dia seguinte, quando o partido agendou a homenagem aos presos e suas famílias, para descoincidir com sua presença, a seu pedido, o auditório já estava esvaziado. A situação atingiu em cheio o humor do PT que, por intermédio de vários de seus principais líderes e ex-líderes de bancada, entrou forte no grupo de pressão sobre o ex-presidente para que seja ele e não ela o candidato na chapa do partido, em 2014, tomando a decisão já, agora, sem esperar outras condicionantes anteriormente prenunciadas.

Em seguida, o MST fez um Congresso em Brasília e João Pedro Stédile disse que o governo Dilma fez menos na reforma agrária do que o governo Fernando Henrique Cardoso e muito menos que Lula, alimentando a fogueira de que tempo bom era o passado.

Os empresários também intensificaram as críticas e chegaram a relacionar, em conversa com o ex-presidente, tudo o que de ruim está acontecendo hoje e não estaria se fosse ele no cargo, saudosos da aurora de suas vidas. Aqui, no personagem principal, reside a diferença mais substantiva registrada entre o Natal e o Carnaval: o ex-presidente perdeu a veemência a favor de Dilma, cansou de tentar convencer que vai conseguir mudar a presidente e fazê-la seguir seus conselhos. Passou a ter iniciativas na tentativa de não deixar o governo degringolar de vez e perder o apoio tanto dos empresários como de agentes internacionais, de aliados e do PT. O artigo publicado ontem, no Valor, é um exemplo da estratégia, bem como os contatos que tem feito com chefes e ex-chefes de Estado ainda influentes em seus países.

Lula passou a fazer uma campanha mais direta para livrar o Brasil das más avaliações de risco e saiu do mutismo. Quando alguém critica, ele concorda e se diz cansado de pelejar. Não se ouviu uma palavra sua, agora, para desmentir que teria falado mal do governo com os empresários ou que tenha jogado a toalha com relação a Dilma. Quem comentou os mais recentes episódios foi Dilma, em Bruxelas, mesmo assim evitando a essência dos problemas ou das soluções. Apenas disse uma frase ouvida no Brasil através de seus numerosos sentidos: "Não temos divergência, a não ser as normais".

Para consolidar o quadro que deixou o PT à vontade para aderir à campanha do Volta, Lula, a última rodada de pesquisas mostrou que a intensa campanha eleitoral que a presidente Dilma fez entre o Natal e o Carnaval não teve bom resultado: onde não caiu, ficou estacionada, acendendo as luzes de alerta, ao mesmo tempo que da esperança, ao PT e ao Instituto Lula. Agora é Lula quem recebe conselhos para não demorar a decidir pois teme-se a contaminação à sua imagem se atrasar o corte do cordão umbilical com sua criatura

Não há lorota maior do que o registro de que o PT até topa perder a eleição em 2014, para vencê-la em 2018, como se tem dito na estratégia oficial traçada ao redor de Lula. Deputados, senadores, prefeitos, governadores, vereadores, não há um petista que não queira se reeleger, eleger seu escolhido e manter funcionando a máquina eleitoral em que se transformou o partido. Sem contar que Lula, de seu lado, tratou de declarar com todas as expressões peculiares da língua portuguesa, em conversa com aliado amigo, que não entrega o poder a esses... nem amarrado.

O governo agora partiu para o escárnio com o público eleitor que gostava das iniciativas de saneamento dos cargos federais, a chamada faxina ética. Pegou um ministro flechado quase mortalmente por denúncia contundente e publicou, no Diário Oficial, sua demissão. Quando já se começava a admirar a iniciativa, a assessoria do atingido divulgou uma nota dizendo que Arthur Chioro continuava firme na condução do Ministério da Saúde. Foi uma demissão fantasiosa, por algumas horas, para que pudesse assumir outro emprego que não poderia acumular com o cargo de ministro.

Transpôs os limites do Palácio do Planalto a notícia de que, finalmente, antes que os sinos badalassem um mês, o ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, criou seu primeiro atrito com um colega de governo.

E, ao contrário do que todos esperavam, não foi com o ministro Guido Mantega. O chefe da Casa Civil tem a missão de coordenar o governo e, para isso, busca informações em todas as áreas. Fala com os ministros da Pasta em questão antes de passar relatos à presidente.

Mercadante já criou sua marca: o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, soube pela própria Fifa que Mercadante ligou diretamente à entidade para fazer completo questionário sobre a Copa no Brasil.

Fonte: Valor Econômico

José Nêumanne* : Vendendo a alma a Deus por um punhado de votos

Entre os entrevistados da última pesquisa do instituto MDA para a Confederação Nacional de Transportes (CNT), divulgada na semana passada, a maior parte dos eleitores questionados sobre o estilo administrativo da atual presidente - 37,2% - disse acreditar que ela precisa "mudar tudo" na forma de governar. Os idiotas da objetividade, definição cruel e exata de Nelson Rodrigues, dirão que a oposição pode botar o bloco na rua uma semana antes do carnaval porque, depois de 12 anos de reinado petelulista, tucanos e socialistas teriam, enfim, sua vez. Certo? Completamente errado: a mesma pesquisa informou que, com 43,7% da preferência do eleitorado, Dilma Rousseff seria reeleita no primeiro turno, superando a soma dos votos dos oponentes.

"Com mil e seiscentos diabos!", exclamaria meu avô Chico Ferreira, alisando o maxilar e espiando o céu de estio à espera de chuva. E maior seria seu susto no domingo quando soubesse de outra pesquisa, do Datafolha, que dava informação ainda mais aziaga aos netos de Tancredo Neves e de Miguel Arraes. Não, não seria tanto o índice maior dela (47% a 43,7%), porque, afinal de contas, como se aprendia antigamente no primário, não se somam (e, portanto, não se comparam) alhos com bugalhos nem laranjas com mamões. Não dá para avaliar somas de pesquisas diferentes - cada coisa é uma coisa. Mas, sim, por um dado mais perturbador para os adversários da aliança governista: a soma de futuros votos nulos, em branco ou dos que não sufragariam agora nenhum dos candidatos de outubro, que já andava seguindo como uma sombra o mineiro, agora o ultrapassa: 18% a 17%. E o pernambucano mal conseguiu entrar no reino dos dois dígitos ao alcançar meros 12%, apesar das notícias de que, enfim, a sustentável Marina Silva está para subir na garupa de sua montaria, que ainda se mostra bem claudicante. Pelo visto, o eleitor não aprecia a gestão de Dilma (conforme mostram outros indicadores da pesquisa MDA-CNT), mas prefere que ela, e não ele próprio, mude tudo.

A pergunta, também da categoria rodriguiana do "óbvio ululante", que não quer calar é: e por que ele o faria? O que de sensato, concreto e inteligente o senador tucano Aécio Neves trouxe de novo em seus três anos de atividade no Congresso? Que projeto espetacular tem seu sobrenome herdado do avô materno? A falta de propostas do PSDB é de tal obviedade ululante que o presidenciável do principal partido da oposição se propõe a "ouvir" o eleitor. A plataforma de sua candidatura é tão pobre que não inclui nem promessa. Se é fato que o cidadão se cansou de políticos que não cumprem promessas, que fique logo claro que ninguém parece disposto a investir em quem nem se dá ao trabalho de prometer.

Se Geraldo Alckmin conseguiu a proeza de ter no segundo turno de 2006 menos votos do que no primeiro e Aécio hoje perde até para ninguém, ingente também é o desafio de Eduardo Campos à química, segundo a qual água e óleo não se misturam, ao compor a chapa com Marina, não é? Como Aécio teve em seu Estado, Campos tem desempenho mais do que satisfatório no governo de Pernambuco. Ambos gozam de muito prestígio entre seus governados, mas se Minas, tido como a síntese do Brasil e com um enorme colégio eleitoral, não basta para eleger seu ex-governador, o que dizer de um pobre Estado nordestino? 

Apesar de desaforos trocados com os petistas no poder federal, ele não conseguiu apagar de sua imagem de realizador os benefícios de verbas federais para fazer uma boa administração estadual. Não dá para esquecer que a quase totalidade das verbas do Ministério da Integração, comandado por um cabo eleitoral dele, foi destinada a seus rincões. Tampouco dá para digerir a retórica antioportunista de sua oportuna chapa com Marina Silva. Rebentos dos Neves de São João Del Rey e dos Alencar de Crato liderarem uma "nova política" parece tão falso como uma moeda de R$ 4.

Se tudo isso é verdade, por que, então, a presidente, em vez de surfar na onda positiva, resolveu adotar a estratégia de "fazer o diabo" no pleito deste ano, vendendo a alma logo a Deus? Karl Marx e Friedrich Engels, que decretaram a condição de "ópio do povo" à fé religiosa, devem dar voltas no túmulo ao saberem que sua velha discípula de guerra tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no gabinete presidencial. 

E, pior, já beijou a mão do representante de Jesus Cristo na Terra três vezes em menos de um ano. Em março do ano passado foi a Roma para acompanhar a missa de inauguração do papado de Francisco levando uma comitiva de provocar repulsa pelo exagero de dispêndio e ostentação ao padroeiro do bispo de Roma, São Francisco de Assis. Em agosto fez discurso palanqueiro ao receber Sua Santidade no Rio. E agora voltou a Roma para ver o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, ser introduzido no Colégio dos Cardeais. Para dizer o mínimo, que exagero!

Devota do marketing político, Dilma fantasia-se de peregrina de ocasião para conquistar o voto católico em outubro. Mas por que o faz, se entre seus índices de preferência e os de seus adversários há 30 pontos porcentuais e a crescente opção do eleitorado pelo direito de não ter de escolher? A julgar pelo noticiário dos últimos dias, há, de fato, um fantasma que passou a persegui-la: o padim Lula de Caetés. Mais do que os índices das pesquisas que desnudam sua má gestão, assusta-a o fato de companheiros, empresários e outros ex-bajuladores irem a São Bernardo do Campo buscar consolo contra o estilo truculento dela no profeta que só precisou do próprio carisma para fazê-la sucessora. Se nem sequer pode usar o maior peso do poder da República, o chumbo do Diário Oficial (até porque este não é mais impresso a quente), para extinguir a onipresença do patrono no Planalto na pessoa de seu abusado secretário Gilberto Carvalho, ela tem é de rezar e de beijar muito o anel do sucessor de São Pedro para expulsar de seu sono inquieto essa assombração.

*José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Panorama político - Ilimar Franco

O clima é de tensão no Rio
O governador Sérgio Cabral elevou o tom contra a candidatura do senador petista Lindbergh Farias à sua sucessão. Quem ouviu foi o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), em almoço anteontem. Na mesa, o brado: “Eles acham que já ganharam a eleição”. Cabral relatou que está isolando o PT e deixou claro que o Rio não dará seus votos pela coligação na convenção do PMDB em junho.

O rolezinho socialista
A estudante Yasmin Oliveira, de 15 anos, uma das organizadoras dos rolezinhos em shoppings, foi a grande estrela de encontro PSB/Rede, em São Paulo, segunda-feira. Com mais de 100 mil seguidores no twitter e moradora de Paraisópolis, na periferia da capital paulista, encantou os políticos ao explicar o que leva os jovens a fazerem o rolezinho. Disse que é a dificuldade em ter diversão de qualidade. Ao encerrar sua fala, convidou os socialistas a participarem do próximo rolezinho, dia 5 de março, no Shopping Ibirapuera. Relatou que já são seis mil jovens confirmados. Saiu aplaudidíssima do palco.

“A presidente tem 47% nas pesquisas. É mais que o Lula e o FH. Tirar foto com a Dilma vai ajudar a eleger vocês. Quem vai ter dificuldade serão DEM e PPS”
Aloizio Mercadante
Ministro-chefe da Casa Civil, em reunião com líderes da base do governo na Câmara

O sim de Marina Silva
Será no Rio, em 15 de março, o anúncio oficial de Marina Silva como vice de Eduardo Campos (PSB). O Rio foi escolhido por simbolizar as manifestações de junho de 2013. A cidade virou símbolo da nova política pregada por Marina.

Lançando moda
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) aposentou o maço de folhas. Ao discursar da tribuna ontem, ele sacou do bolso o celular e leu seu pronunciamento. Surpresa e sucesso total. A novidade agradou aos senadores, que se dispuseram a aderir à leitura de seus discursos em iPhones e tablets. Na pauta, a economia no uso de papel.

Na casa do vizinho
O ex-presidente Lula está procurando todos os políticos que foram seus aliados em Minas Gerais e em Pernambuco. Sua intenção é azucrinar os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos. Quer que eles percam tempo com a província.

Retocando a fotografia
O Plano Real mudou o Brasil, acabando com a inflação. Mas os tucanos, na homenagem ontem, enalteceram o câmbio flutuante como um de seus tripés. Mas o câmbio do real era fixo. Ele passou a flutuar em 13 de janeiro de 1999, após a maxi desvalorização diante do dólar. O fato negativo marcou o segundo mandato do governo FH.

O ibope do não
O Planalto ainda tem esperanças, mas o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, comemora ter dito não à sondagem para ser ministro. O time de sua candidatura ao governo do Ceará diz que sua atitude pegou muito bem entre aos eleitores.

Cartão de apresentação
O PSDB vai lançar a candidatura Aécio Neves ao Planalto em São Paulo, no fim de março. A ideia é apresentá-lo como herdeiro do ex-presidente Fernando Henrique, do ex-governador José Serra e alinhado ao governador Geraldo Alckmin.

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga, conseguiu. A prorrogação da Zona Franca de Manaus deve ser votada na Câmara em 18 de março.

Fonte: O Globo

Diário do Poder – Cláudio Humberto

• Agora é o PV que tenta atrair Joaquim Barbosa
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, anda conversando com a direção nacional do Partido Verde. Alta fonte do PV revelou que a ideia é Barbosa disputar o Senado pelo Rio de Janeiro, fazendo dobradinha com Alfredo Sirkis, candidato verde ao governo estadual. O ministro já revelou a intenção de antecipar a aposentadoria, e disputar mandato de senador é sua maior pretensão.

• De mentirinha?
Após afirmar que o Brasil “só tem partido de mentirinha”, Joaquim Barbosa terá de explicar por que considera o PV diferente dos demais.

• Bom de voto
PSB e PDT também cortejaram Joaquim Barbosa. Em pesquisas nacionais para presidente, ele chega a 15% das intenções de voto.

• É racionamento
O governador tucano Geraldo Alckmin deve anunciar racionamento de água em São Paulo. Os reservatórios estão abaixo do limite mínimo.

• Onipresença
Além de São Paulo e Goiás, o marqueteiro Duda Mendonça quer fazer a campanha de Eunicio Oliveira (PMDB) para governador do Ceará.

• Economistas tucanos criticam política do PT
Na festa dos 20 anos do Plano Real, o PSDB escalou a linha de frente de economistas para atacar a política econômica do PT: Edmar Bacha, da campanha de Aécio Neves, e Ilan Goldfajn, do Itaú. Para Bacha, um governo tucano terá a missão de “desfazimento”, mudar tudo na política atual. Goldfajn, ex-BC na era FHC, acha que meta de economizar 1,9% do PIB será frustrada: ficará em 1,4% por causa do baixo crescimento.

• Visão pessimista
“Conto com o rebaixamento do Brasil; se não for em dezembro, será em janeiro”, vaticinou Ilan Goldfajn, economista-chefe do banco Itaú.

• Dupla sertaneja
As mensagens dos dois economistas tucanos foram complementares, um falando em tom de pré-campanha e outro mais técnico.

• Calcanhar de Aquiles
Aécio Neves sinalizou, na festa do Plano Real, que já escolheu o caminho para bater no governo Dilma na campanha: a economia.

• Arrogância incendiária
A “dura” do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) nos líderes aliados, que criaram “blocão” para emparedar o governo, incendiou os deputados, que agora ameaçam criar CPI para investigar a Petrobras.

• Aloizio em loja de cristais
Aloizio Mercadante enfureceu ainda os deputados ao desdenhar das intenções do “blocão”, afirmando que Dilma “está bem nas pesquisas” e que a base aliada “é afortunada por poder sair na foto com ela”.

• Censura do Friboi
O Friboi, da rede JBS, censurou comentários nas mídias sociais sobre seu anúncio com Roberto Carlos, porque achou “ofensivos” alguns comentários sobre a campanha, da agência Lew Lara. Ruim de dar dó.

• Nas sombras
Carlos Gabas, vice-ministro da Previdência, trabalha nos bastidores para lançar Pedro Nadaf, presidente da Fecomércio-MT, para a presidência da CNC, a Confederação Nacional do Comércio.

• Pé na estrada
Eduardo Campos, pré-candidato a presidente pelo PSB, já definiu que a partir de junho só vai ao Recife nos finais de semana, para ficar com a família. De segunda a sexta, ele pretende gastar sola de sapato.

• Prefeitos acuados
Evento estadual do Pros, em Palmas (TO), reuniu há dias políticos como o deputado Miro Teixeira (RJ) e Ciro Gomes, e centenas de convidados. Mas poucos prefeitos. Deu certo a ameaça de retaliações do governo estadual, chefiado por Siqueira Campos.

• Eterna musa
Considerada a musa da Constituinte, a ex-deputada Rita Camata (ES), nos trinques aos 53 anos, chamou atenção de parlamentares durante homenagem ao ex-presidente FHC pelos 20 anos do Plano Real.

• Memória seletiva
Dilma sugeriu “diálogo” na crise da Venezuela, mas obediente ao princípio da não intromissão em “assuntos de outros países”. Mas interferiu nos assuntos do Paraguai, forçando-o a sair do Mercosul.

• Lição de História
Dilma garantiu que Venezuela e Ucrânia “são situações diferentes”, mas esqueceu de dizer que o final dos déspotas é sempre o mesmo.

Fonte: Diário do Poder