sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

OPINÃO DO DIA: Zygmunt Bauman

Ainda que a proclamação do “fim da história” de Francis Fukuyama não faça sentido (a história terminará com a espécie humana, e não num momento anterior), podemos falar legitimamente do “fim do futuro”. Vivemos o fim do futuro. Durante toda a era moderna, nossos ancestrais agiram e viveram voltados para a direção do futuro. Eles avaliaram a virtude de suas realizações pela crescente (genuína ou suposta) proximidade de uma linha final o modelo da sociedade que queriam estabelecer. A visão do futuro guiava o presente. Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro. Fomos repelidos pelos atalhos do dia de hoje. Estamos mais descuidados, ignorantes e negligentes quanto ao que virá.

Zygmunt Bauman (Poznań, 19 de novembro de 1925) é um sociólogo e filósofo polonês. “Vivemos o fim do futuro”, revista Época, Nº 819 de 10 de fevereiro, 2014.

Advogados fazem desagravo político a petistas para tentar reverter sentença

Defensores dos condenados José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares dizem que união foi para formar partido, não para formar quadrilha

Felipe Recondo e Mariângela Gallucci

Os advogados do ex-ministro José Dirceu do ex-presidente do PT José Genoino e do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares usaram nesta quinta-feira, 20, a tribuna do Supremo Tribunal Federal para fazer um desagravo político aos seus clientes e atacar o resultado do julgamento do mensalão. Foi a primeira sessão de análise dos recursos que podem reverter condenações de quadrilha e lavagem de dinheiro. Nenhum ministro da Corte votou. O julgamento será retomado na quarta-feira.

José Luís Oliveira Lima, advogado de Dirceu, além de citar a “falta de provas” contra o ex-ministro, apelou para o histórico político do cliente. “As provas produzidas no curso na ação não levam à condenação pelo crime de corrupção ativa, não levam à condenação do meu cliente pelo crime de formação de quadrilha”, afirmou.“Meu cliente não teve no crime o seu modus vivendi. Meu cliente teve 40 anos de vida pública sem qualquer mancha. José Dirceu é inocente”, concluiu.

Mais enfático, Luiz Fernando Pacheco, que defende Genoino, afirmou que os brasileiros rejeitaram, nas últimas eleições, a tese de que uma quadrilha foi montada no Palácio do Planalto durante o governo Lula para operar a compra de votos no Congresso.E disse que, no futuro, o tribunal voltará a julgar este mesmo caso sem as paixões que ele afirma terem marcado o processo.

Não houve a intenção de formar uma sociedade de delinquentes. Ao contrário, houve desde 1980, com o início do fim da ditadura, a formação de um partido político (o PT) e lá estavam Dirceu, Genoino, Delúbio, todos formando este partido que encampou o poder e o vem mantendo há 12 anos. Sinal de que o povo concorda com as práticas que vêm sendo adotadas”, afirmou o advogado, segundo quem as pesquisas eleitorais, como a divulgada na quarta-feira pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mostram a presidente Dilma Rousseff na frente dos adversários. "Dizer que ali, do outro lado da Praça (dos Três Poderes) no núcleo de poder, havia um a quadrilha é um escancarado absurdo e o povo brasileiro já refutou isso. Aliás, pesquisa publicada antes de ontem já deu como certa reeleição da presidente Dilma já no primeiro turno.”

Quadrilha. Além dos desagravos e críticas, os advogados sustentaram que, tecnicamente, Dirceu, Genoino e Delúbio não podem ser acusados de integrar uma quadrilha. Assim como defenderam em 2012 quatro ministros do STF - quando há esse número de votos pela absolvição, os condenados têm direito a uma nova análise via embargos infringentes -, os advogados afirmaram que seus clientes não se uniram de forma permanente para a prática de crimes diversos. A união entre eles, disseram os defensores, ocorreu para a fundação de um partido político, atividade lícita, portanto.

"Delúbio, Genoino e Dirceu associaram-se com o fim de fundar um partido e conquistar o poder, atividade lícita em qualquer regime democrático. Se no curso surgiu aquilo que esta Corte considerou um crime, este crime não foi praticado por uma quadrilha", afirmou Arnaldo Malheiros, defensor de Delúbio Soares.

Segundo ministros do STF, a tendência da Corte é reverter a punição por quadrilha, o que reduzirá a pena dos condenados e tirará do escândalo a versão de que se montou uma quadrilha no Palácio do Planalto. Em caso de absolvição, Dirceu, por exemplo, não precisará mais cumprir a pena em regime fechado. Ele e Delúbio estão atualmente no presídio da Papuda e Genoino está em prisão domiciliar por problemas de saúde. Eles já cumprem as penas por outros crimes pelos quais foram condenados no fim de 2012.

Contrário à tendência do plenário, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, insistiu nesta quinta na condenação por quadrilha. Para ele, ficou demonstrado que o grupo tinha por objetivo praticar crimes de forma continuada entre 2002 e 2005, tendo interrompido os atos só após a delação do ex-presidente do PTB Roberto Jefferson.

Fonte: O Estado de S. Paulo

MP reafirma que "houve quadrilha"

Procurador-geral defende a manutenção das condenações de cinco mensaleiros por formação de quadrilha

Janot reforça acusação de que grupo se associou para agir de modo criminoso

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu ontem a manutenção das punições pelo crime de quadrilha de cinco condenados pelo processo do mensalão. Numa sustentação morna, Janot lembrou que esse tipo de crime tem natureza formal. Na prática, significa que esse delito não depende da ocorrência da prática posterior de outros delitos pelo grupo, bastando apenas a "organização" deles para a prática das condutas criminosas.

Após a sustentação do chefe do Ministério Público Federal (MPF), o STF encerrou a sessão sem votação dos recursos. Ficou decidido que o julgamento dos recursos será retomado na quarta-feira (26).

Para Janot, ficou demonstrado, conforme "a prova dos autos", que o grupo tinha por objetivo praticar crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Ele ressaltou que houve continuidade na realização dos crimes entre 2002 e 2005, sendo encerrado apenas com a delação realizada pelo ex-presidente do PTB Roberto Jefferson.

No caso de José Dirceu, o procurador-geral citou uma série de depoimentos que apontam o envolvimento dele como o chefe do esquema. Entre eles, o do ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR), o operador do mensalão Marcos Valério e o delator do esquema, Roberto Jefferson. Janot seguiu a mesma linha técnica ao pedir a manutenção das condenações do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-presidente José Genoino.

"Entende o Ministério Público que não teria havido banalização de formação de quadrilha a José Dirceu e aos outros imputados", afirmou Janot, em resposta a um dos questionamentos feito da tribuna pelo advogado Arnaldo Malheiros, defensor Delúbio. O chefe do MPF também votou pela manutenção das condenações por formação de quadrilha dos ex-dirigentes do Banco Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado.

Defesas
Na mesma sessão do Supremo Tribunal Federal, ontem, advogados dos mensaleiros refutaram, no plenário do STF, a existência do crime de formação de quadrilha. De acordo com a defesa de José Genoino, o que existiu "foi a criação de um partido político que conquistou o poder em 2002 e que até hoje é aprovado pela população".

"Não houve associação de mais de três pessoas para prática de diversos crimes, não houve intenção de formar uma sociedade de delinquentes. Ao contrário, houve desde 1980, com o início do fim da ditadura, a formação de um partido político. E lá estavam Dirceu, Genoino, Delúbio, todos formando o partido que conquistou o Poder e o vem mantendo há 12 anos, sinal de que o povo brasileiro aprova as práticas que vêm sendo adotadas", disse o advogado do petista, Luiz Fernando Pacheco.

A defesa de Delúbio Soares, por sua vez, disse que não houve formação de quadrilha, e sim "coautoria de crimes". "Pessoas que se associam para a prática de atividades lícitas no curso vem a delinquir, elas agem em coautoria e não em quadrilha. Eles se associaram com o fim de fundar um partido e conquistar o poder. Essa é uma atividade lícita. Se no curso surgiu um crime, esse crime não foi praticado por uma quadrilha", disse o defensor Arnaldo Malheiros.

O advogado de José Dirceu adotou a mesma lógica da defesa de Delúbio, mas o tom foi direto. "Dirceu é inocente", colocou José Luis Oliveira Lima, reconhecendo que não cabia mais rediscutir os fatos. O defensor fez questão de registrar que Dirceu se considera inocente de todos os crimes.

As defesas dos ex-diretores do Banco Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado também usaram a palavra e pediram a absolvição pelo crime de formação de quadrilha.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Serra critica 'desconhecimento' de Dilma sobre economia

Em teleconferência, ex-governador disse que falta estratégia de ação ao governo na área

Elizabeth Lopes

O ex-governador José Serra (PSDB-SP) criticou nesta quinta-feira, 20, a presidente Dilma Rousseff (PT), que foi sua adversária nas eleições gerais de 2010, afirmando que uma das principais razões da insegurança em relação ao País, sobretudo no campo econômico, é "o desconhecimento da presidente com relação à economia". Dilma é economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Em teleconferência sobre "Análise da Conjuntura Econômica", promovida pela GO Associados, o tucano destacou que os números e dados não indicam uma situação calamitosa para o País, contudo, "quando se entra no terreno da autoridade, da existência de governo, percebe-se que o fundamental não é o superávit, ou o clima quente que tira o potencial de energia, mas a falta de governo, que não tem estratégia de ação e vai ao sabor da psicologia de seu chefe máximo e das vicissitudes da conjuntura".

Segundo Serra, a indústria brasileira voltou ao nível do pós-guerra. "Retrocedemos aos anos de 1946/47, com o setor industrial participando de 12 a 13% do PIB, o que se traduz num déficit comercial de US$ 100 bilhões, sem perspectivas de reverter o cenário. Se não fosse o agronegócio, o Brasil teria falido e pedido moratória, a política comercial brasileira é uma falácia."

O tucano também criticou a política fiscal do governo. "Outro fator de insegurança é a contabilidade criativa das contas públicas. Quando uma conta pública não vai bem, é melhor mostrar, não é crime errar moderadamente uma precisão. Mas como temos hoje economistas e jornalistas bem preparados, não se pode fazer isso porque a contabilidade criativa piora as expectativas."

Para o ex-governador, a posição da atual gestão em defesa do governo venezuelano é uma contradição ao cenário de massacre que vem ocorrendo naquele país. "O apoio a esses massacres na Venezuela acaba provocando também um efeito econômico ruim, principalmente junto aos investidores estrangeiros."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Serra critica gestões de Lula e Dilma na Petrobras

Elizabeth Lopes

O ex-governador José Serra (PSDB) disse nesta quinta-feira, 20, em teleconferência, que as gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff na maior empresa do País, a Petrobras, foi uma "verdadeira calamidade". "Eles (Lula e Dilma) tiveram um imenso talento em alterar o que vinha bem, o regime de partilha sobrecarregou a Petrobras e o Brasil hoje é deficitário em petróleo", frisou.

Nas críticas ao governo petista, Serra listou também outra preocupação corrente, a inflação. Sua previsão é que este ano os índices inflacionários serão iguais ou maiores do que os registrados no ano passado. "Em 2013, a inflação brasileira já foi uma das maiores do mundo e ela afeta de maneira negativa as expectativas, até mesmo porque não há perspectiva de queda ou fatores que apontam para uma contração", afirmou.

O tucano citou também que há perda de dinamismo na geração de empregos e previu que o Banco Central deverá continuar aumentando as taxas de juros. "E os nossos juros já são os mais elevados do mundo." Apesar das críticas, ele disse que não vê o quadro econômico tão calamitoso quanto se divulga.

"Não estamos bem não, mas não vejo que seja tão calamitoso. Apesar da perda de manobra com relação à inflação, não há risco de descontrole inflacionário. Na área fiscal, não há perspectiva de descontrole ou de calote, pois a dívida pública em relação ao PIB é baixa. E não se justifica o clima que prevê que o Brasil poderá dar um calote. Por isso, seria justo que se perguntasse porque há tanto pessimismo." E ele mesmo respondeu: "Isso decorre da falta de perspectiva de crescimento, o que afeta a confiança no País em qualquer parte do mundo, além do atraso e da incapacidade do atual governo e anterior (Lula) para impulsionar os investimentos em infraestrutura e energia."

Para o ex-governador, essa é a razão principal do pessimismo que assola a área econômica do País. Ao falar das razões do pessimismo, ele disse que há também fontes "pouco sérias", citando as agências internacional de risco, classificadas por ele de "enviesadas e incompetentes", pois reúnem "economistas ignorantes" em relação ao Brasil. "Outra fonte pouco séria é a imprensa internacional. Me admira que presidentes se dignem a rebater essas matérias", numa crítica indireta a Lula e Dilma.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio: “É hora de mudar o Brasil de verdade”

SANTOS (SP) - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nessa quinta-feira (20), em Santos (SP), que é hora de mudar o Brasil de verdade e que mais quatro anos de governo petista farão muito mal ao país. O tucano criticou a omissão da administração federal diante do aumento da criminalidade, o baixo investimento da gestão Dilma na saúde pública e os resultados ruins da educação brasileira em indicadores internacionais.

Aécio se encontrou, na cidade, com lideranças tucanas e de outros partidos. O senador ironizou o investimento feito pelo governo Dilma no Porto de Mariel, em Cuba. O tucano cobrou mais ações federais em infraestrutura, em especial para o Porto de Santos.

“Em seu último ano de mandato Dilma inaugurou sua grande obra. Pena que não foi no Brasil, foi em Cuba”, afirmou Aécio Neves em entrevista coletiva.

Ao lado de Aécio estavam o senador Aloysio Nunes, líder do PSDB no Senado, o deputado federal Duarte Nogueira, presidente do partido em São Paulo, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Samuel Moreira, o secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, o prefeito de Botucatu, João Cury, e o presidente do Partido Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força (SP).

Em seu discurso, Aécio contestou atos do governo federal. “Não é o Brasil que nós queremos. O Brasil está hoje no final da fila. E, se nós não reagirmos rapidamente, as principais conquistas que nos trouxeram até aqui, grande parte construídas no governo do PSDB, se perderão pela incompetência do PT. Estamos aqui para evitar que isso ocorra”, ressaltou Aécio Neves.

O encontro com as lideranças da Baixada Santista foi o último da agenda do presidente do PSDB em Santos. Antes, o senador se reuniu com o prefeito da cidade, Paulo Alexandre Barbosa, e percorreu algumas ruas do centro antigo, onde parou para conversar com moradores e fazer um lanche no tradicional Café Carioca.

Aécio lembrou que Santos foi decisiva na fundação do PSDB, porque foi nela que Mario Covas iniciou sua trajetória política. “Foi Mario Covas quem nos liderou no Congresso Nacional para que nós tivéssemos um partido longe das benesses do poder e próximo do pulsar das ruas. É esse sentimento que faz com que nós nos encontremos aqui hoje”, lembrou o presidente do PSDB

Fonte: ITV

Secretário de Campos será candidato ao governo de Pernambuco

Titular da Secretaria da Fazenda, Paulo Câmara deve anunciar candidatura nesta sexta; Raul Henry (PMDB)será candidato a vice

Ângela Lacerda

RECIFE - O secretário estadual da Fazenda de Pernambuco, Paulo Câmara deverá ser anunciado oficialmente, nesta sexta-feira, 21, como o candidato à sucessão do governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB). Seu nome foi citado como opção em matéria do Estado que indicava que o candidato deveria ser escolhido dentro do ciclo familiar do governador. Câmara é casado com Ana Luíza, prima em segundo grau de Campos.

Concursado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Câmara é homem de confiança do presidenciável e tem experiência no governo estadual, já que ocupou as pastas de Administração e do Turismo no primeiro governo (2007/2010) e a da Fazenda desde 2011. Seu nome tem livre trânsito tanto no âmbito governamental e político como na área empresarial. O fácil convívio e aceitação entre os aliados de Campos ajudou na escolha do seu nome.

O deputado federal do PMDB, Raul Henry, será o candidato a vice. O senador Jarbas Vasconcelos anunciou recentemente que não disputaria o Senado, indicando Henry para compor a chapa, o que foi concretizado.

O ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (PSB), que lutou até o fim para ser o candidato ao governo, foi convidado na quarta, 19, para disputar o Senado. O convite está sendo avaliado. Ele ainda não deu sua resposta.

O anúncio deve ocorrer na manhã desta sexta-feira, pondo fim a uma série de especulações, que envolveu o ex-deputado federal Maurício Rands, os secretários de Estado Tadeu Alencar (Governo) e vice de Campos, João Lyra (PDT). O governador ainda deve conversar com Lyra, que está insatisfeito por não ter sido escolhido.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Encontro de Campos com Aécio adia anúncio da chapa do PSB em PE

Anúncio estava previsto para ser feito na manhã desta sexta-feira, mas foi adiado para a próxima segunda

Angela Lacerda

Marcado para a manhã desta sexta-feira, 21, o anúncio da chapa que vai disputar a sucessão do governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos foi adiada para a segunda-feira, 24. Em nota, o PSB explicou o adiamento devido à "incompatibilidade de agenda" do governador.

Campos recebe o senador e presidenciável tucano Aécio Neves para almoço na sua residência ao meio-dia desta sexta e à tarde viaja para o Rio Grande do Sul. No sábado, 22, ele participa de encontro do PSB-Rede e PPS para o primeiro debate regional de um programa de governo.

O secretário estadual da Fazenda, Paulo Câmara é o escolhido para disputar o governo de Pernambuco, tendo como candidato a vice o deputado federal Raul Henry (PMDB). O ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, foi o convidado para disputar o Senado.

Há especulação de que o adiamento pode se dever a alguma aresta ainda não resolvida na composição da chapa. O vice-governador Fernando Lyra (PDT) ficou insatisfeito por não ter sido o escolhido.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eduardo-Aécio, flerte sem fim

Presidenciável tucano tem, hoje, novo encontro com o pernambucano

Jumariana Oliveira

Seis meses após jantar com o governador-presidenciável Eduardo Campos (PSB) na residência do socialista, o senador e também presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) volta ao Estado para novo encontro. Hoje, Aécio estará com Eduardo em "visita de cortesia" marcada com a justificativa de conhecer Miguel, quinto filho do governador e da primeira-dama, Renata Campos, que nasceu em janeiro. A assessoria do tucano, no entanto, disse que a vinda ao Estado não estava na agenda oficial do presidenciável.

Vice-presidente nacional do PSDB, o deputado federal Bruno Araújo confirmou a visita de Aécio, mas disse que agendas políticas estão descartadas. Um grupo de deputados, vereadores e prefeitos do PSDB deve se encontrar como presidenciável antes da sua visita ao governador. Bruno Araújo, no entanto, disse que o encontro é "informal" e não há agendas específicas. A reunião está prevista para acontecer às 10h30, no hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem. Em seguida, Aécio segue para um almoço com Eduardo. No final de 2013, de acordo com informações de bastidores, Aécio esteve em Pernambuco, mas a visita não foi divulgada. Ele e Eduardo foram vistos, também em dezembro, em um restaurante do Rio.

A chegada do tucano acontece no momento de definição da chapa majoritária governista para a eleição estadual. O PSDB chegou a pleitear uma das vagas, mas ficou de fora.

Para o deputado Bruno Araújo, a composição da chapa - com Paulo Câmara (PSB, governador), Raul Henry (PMDB, vice) e Fernando Bezerra Coelho (PSB, senador) - representa uma simetria com o que ocorreu em Minas Gerais, Estado de Aécio, onde o PSB ficou de fora da majoritária estadual governista. O anúncio da candidatura de Pimenta da Veiga (PSDB) para concorrer ao governo mineiro foi feito ontem, num ato que contou com a presença de Aécio. Lá, a chapa será composta pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Dinis Pinheiro (PP), para a vice, e o atual governador Antônio Anastasia (PSDB) será o candidato ao Senado. "O PSB de Eduardo (mesmo fora da chapa) está anunciando apoio à nossa chapa em Minas. Então, é uma simetria", resumiu o parlamentar tucano.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Aécio Neves afirma que governo federal da irresponsabilidade não chegará a Minas Gerais

BELO HORIZONTE (MG) – O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, participou, nesta quinta-feira (20), em Belo Horizonte (MG), do lançamento do “Movimento Todos por Minas – Continuar crescendo só depende da gente”, que reuniu o PSDB e 20 partidos aliados em torno de uma grande aliança por Minas Gerais (PP; DEM; Solidariedade; PSB; PPS; PDT; PTB; PSD; PR; PV; PTdoB; PHS; PRP; PSC; PSDC; PEN; PMN; PSL; PTC e PTN). Além deles, integrantes de outros partidos, como do PMDB, também estiveram presentes, ao lado de 370 prefeitos e cerca de seis mil pessoas.

No encontro, o presidente do Instituto Teotônio Vilela no estado (ITV-MG), o ex-ministro Pimenta da Veiga, foi apontado como o pré-candidato de consenso dos 21 partidos ao Governo de Minas. Aos presentes, Aécio Neves elogiou a gestão tucana à frente de Minas Gerais e reiterou que o estado não se submeterá aos desmandos do governo federal.

“Minas não tombará. Minas não se curvará à irresponsabilidade e ao desgoverno que tomou conta do país. Nos momentos mais decisivos da história da nossa nacionalidade, foi exatamente das Alterosas, do solo firme e forte das nossas montanhas, que surgiram os brados mais corajosos. Por exemplo, com Juscelino Kubitschek, no início do ciclo de desenvolvimento do Brasil”, afirmou Aécio.

Acompanhado do governador mineiro Antonio Anastasia, do presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV-MG), Pimenta da Veiga, do líder do PSDB na Câmara, deputado federal Antonio Imbassahy (BA), do presidente do PSDB-SP, deputado federal Duarte Nogueira, e de parlamentares, prefeitos, vereadores e lideranças de todo o estado e do país, Aécio Neves salientou que o “Movimento Todos por Minas” não tem o objetivo de lançar candidaturas ou fortalecer alianças.

“É algo muito mais nobre. O que nós celebramos aqui é algo que transcende projetos pessoais ou partidários. Celebramos aqui os maiores valores de Minas Gerais: a seriedade e a ética na vida pública. A responsabilidade para com o destino de milhões de brasileiros”, disse.

Economia
Aécio Neves também criticou a condição da política econômica do governo federal, que resulta em inflação alta e baixo crescimento econômico.

“Nós não nos acomodamos e não aceitamos a mediocridade e a irresponsabilidade do governo federal, que está a nos legar a pior das equações. Crescimento pífio com a inflação alta, e a emoldurar tudo isso, a perda crescente da credibilidade do Brasil”, avaliou.

O tucano fez críticas à inoperância e falta de investimentos em infraestrutura, ao mesmo tempo em que milhões de reais são aplicados em obras no exterior. Ele também lembrou a recorrente “tragédia na saúde pública do Brasil”, a “imperdoável e indecorosa omissão do governo federal na segurança pública” e citou como exemplo norte a ser seguido a revolução educacional realizada em Minas Gerais.

“Temos que continuar melhorando, valorizando os professores, investindo em qualidade na gestão, em absolutamente todas as áreas”, considerou Aécio.

“Estou pronto para percorrer cada canto desse país levando os valores de Minas, os exemplos que aqui obtive ao longo de minha vida. Precisamos recolocar o Brasil no rumo do crescimento sustentável, com uma administração que não aparelhe irresponsavelmente a máquina pública, mas escolha seus integrantes pelo mérito, pela capacidade, pela honradez”, acrescentou.

Política como instrumento de transformação
Aécio Neves completou seu discurso fazendo um chamamento aos jovens, homens e mulheres para que tenham voz, coragem e determinação.

“Caminhem de cabeça erguida e digam a cada companheiro e companheira que nós estamos fazendo isso porque acreditamos na política como instrumento de transformação da vida das pessoas. Estamos prontos para dizer a verdade, e a cada mentira que aqueles que nos visitam aqui soltam contra nós, responderemos com verdade, com trabalho e com realizações”, afirmou Aécio Neves

Fonte: Portal do PSDB

PMDB pressiona PT e ameaça convenção para rediscutir chapa com Dilma

César Felício

BRASÍLIA - O PMDB deve aumentar a pressão sobre o PT nas próximas semanas para reforçar seus palanques estaduais. Já existe entre os Estados insatisfeitos número de diretórios suficiente para uma convocação de uma pré-convenção nacional no dia 26 de abril para rediscutir a presença do vice-presidente Michel Temer na chapa em que a presidente Dilma Rousseff deve disputar a reeleição.

O assunto ainda é tratado com discrição dentro da sigla e não há uma proposta formal, mas a possibilidade foi mencionada pelo próprio vice-presidente, em entrevista ao jornal "Correio Braziliense" no início do mês, parcialmente reproduzida em sua conta da rede social Twitter. Temer disse que "fará todo o possível" para a reedição da chapa presidencial, mas ressalvou que "nunca deixou seu partido de lado" e o que o PMDB decidir será acatado.

As pré-convenções pemedebistas são um instrumento de pressão tradicional na sigla para fortalecer seus palanques regionais. Acontecem cerca de dois meses antes das convenções estaduais. Apenas em 1994 levaram a uma ruptura com o Palácio do Planalto. Em 1998, o partido decidiu se ausentar da eleição presidencial, o que interessava ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, que conseguiu impedir a candidatura do ex-presidente Itamar Franco. Em 2006, o instrumento foi utilizado para bloquear a candidatura do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho.

Atualmente, segundo o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), só há alianças entre o PT e o PMDB em três Estados. A ruptura entre as duas siglas já está definida na Bahia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Acre e Rio de Janeiro. Caminha para o impasse na Paraíba, Sergipe, Paraná e Ceará. Para a convocação da pré-convenção, basta a assinatura de nove diretórios.

"Eles estão achando que vão resolver os problemas, mas eles são graves. Está tudo parado", comentou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). Eunício é candidato a governador no Ceará e tenta obter o apoio do governador Cid Gomes (Pros) e do PT à sua pretensão. O PT local definiu o Pros como seu aliado preferencial no Estado, desde que tenha assegurada a candidatura ao Senado na chapa. Para a imprensa local, neste fim de semana, o senador foi mais incisivo, e afirmou que havia "muita gente querendo o PMDB", em uma alusão ao PSB do governador pernambucano Eduardo Campos e ao PSDB do senador mineiro Aécio Neves, ambos oponentes de Dilma e sem candidato a governador no Ceará.

Cid Gomes, que não pode se reeleger, tenta prolongar o processo de definição até junho, estimulando duas candidaturas de seu partido, só hegemônico no Ceará: a do vice-governador, Domingos Filho, e a do presidente da Assembleia Legislativa Zezinho Albuquerque. A vinculação entre Cid Gomes e a presidente é forte: o governador cearense enfraqueceu a candidatura presidencial de Eduardo Campos no Nordeste, ao sair do PSB no fim do ano passado. E o Ceará foi um dos estados que mais recebeu investimentos do governo federal. Somadas às transferências voluntários, o estoque da carteira aplicada equivale a um orçamento estadual.

A aposta do PMDB nas eleições regionais é alta este ano. De acordo com Raupp, são 17 candidaturas próprias a governador até o momento. "Serão poucos os Estados em que o PT e o PMDB estarão juntos. O problema é que o PT insiste em palanque duplo mesmo em estados onde eles não são competitivos", disse Raupp. O dirigente citou como exemplo o caso de Goiás, em que o PMDB lançou o empresário Júnior da Friboi. O PT, que governa a capital no Estado, lançou o prefeito de Anápolis, Antonio Gomide.

A pressão por palanques estaduais aumentou este mês em função da substituição dos dois ministros da cota do partido que são deputados federais, o da Agricultura Antonio Andrade e o do Turismo Gastão Vieira. Dilma decidiu nomear técnicos para as duas pastas, mas ainda não negociou os nomes com a cúpula pemedebista. Uma reunião entre Dilma e Temer era prevista para a tarde de quarta-feira, mas os dois conversaram apenas por telefone e o PMDB não conta com uma solução para a reforma ministerial antes do feriado do Carnaval.

"É muito grande a preocupação entre os deputados de que em função desses impasses haja uma redução de bancada na próxima eleição", disse o deputado gaúcho Darcisio Perondi. No Rio Grande do Sul, o PMDB lançou a candidatura do ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori, contra a reeleição do governador Tarso Genro (PT).

"Uma redução de bancada nesta eleição tende a diminuir o espaço do PMDB no governo em um segundo mandato de Dilma. A ausência de ministros com representação política agrava a falta de apoio nos estados que já existe", afirmou o deputado goiano Sandro Mabel.

Fonte: Valor Econômico

Aécio chama aliados para a batalha

Com o lançamento oficial de sua candidatura programado para ocorrer em São Paulo, o senador Aécio Neves (PSDB) aproveitou o ato para Pimenta da Veiga em Belo Horizonte para pedir aos aliados mineiros que cuidem de sua campanha no estado, enquanto ele estará andando pelo país. Tratado como a grande estrela na festa que lançou o candidato tucano ao Palácio da Liberdade, Aécio disse ter aceitado o desafio de concorrer à Presidência, mas que esta trajetória não pode ser solitária.

"Preciso pedir a cada um de vocês: enquanto eu estiver caminhando pelo país, sejam a minha voz, a minha coragem, a minha determinação e digam às pessoas que estamos fazendo isso porque acreditamos na política como forma de transformação", afirmou Aécio. O presidenciável foi recebido pelos aliados com uma versão do samba-enredo Peguei um ita no norte ("Explode coração, na maior felicidade...") e dividiu com os aliados um palanque lotado de deputados e lideranças do PSDB e, segundo a organização, 20 legendas aliadas.

Ao pedir apoio dos cabos eleitorais, Aécio indicou a eles que o discurso deve ser de rebater todas as acusações e promessas do governo federal feitas pelos petistas no estado. "A cada mentira que soltarem contra nós responderemos com trabalho e realizações", afirmou. O tucano voltou a dizer que o Brasil sofre com inflação alta e tem perdido credibilidade em razão de seu desempenho econômico. O tucano também disse que uma crise de segurança pública se alastra pelo país. Segundo Aécio, o sentimento que o move é o de "reagir às ofensas e acusações e não se acovardar perante o uso indiscriminado da máquina", afirmou.

O governador Antonio Anastasia (PSDB), que discursou antes, disse que o senador pode caminhar tranquilo na campanha presidencial, sabendo que terá sempre sua retaguarda em Minas. "Este ano é fundamental para o Brasil. Dois mil quatorze tem os seus olhos sobre Minas Gerais porque é daqui que vai sair a esperança de um Brasil melhor", afirmou.

Aécio antecipou que segurança pública e saúde serão duas das principais bandeiras do PSDB na campanha e ressaltou a presença de Anastasia como coordenador do seu programa de governo. Segundo o senador, o Brasil vive o fim de um ciclo de governo. "Há uma omissão irresponsável do governo federal hoje na questão de segurança pública, 87% de tudo que se investe vem dos cofres de estados e municípios e apenas 13% da União . A verdade é que o PT perdeu o controle da economia, não conseguiu avançar na infraestrutura, os indicadores de educação nos colocam no fim da fila e a saúde e a segurança são tragédias nacionais", afirmou. (IS e JC)

Fonte: Estado de Minas

Gestores de recursos mostram pessimismo com reeleição de Dilma

Thais Folego

SÃO PAULO - Perguntados sobre qual seria o impacto no mercado financeiro da eleição dos principais nomes que devem disputar o pleito presidencial neste ano, gestores de recursos locais e internacionais são pessimistas com uma reeleição da atual presidente Dilma Rousseff (PT) e mostram uma boa aceitação dos nomes de Aécio Neves (PSBD) e de Eduardo Campos (PSB).

É o que mostra pesquisa da consultoria de investimentos Mercer com 45 gestores de investimentos, que juntos têm R$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão no Brasil e US$ 10,8 trilhões no mundo.

No caso de um segundo mandato de Dilma, 54% dos gestores consideram um impacto neutro sobre o mercado financeiro, 46% veem impacto negativo e nenhum considerou impacto positivo. "Isso mostra uma percepção pessimista do mercado com a atual presidente", afirma Vinícius Santos, consultor de investimentos da Mercer.

Já para o senador Aécio Neves, 92% dos gestores veem impacto positivo em caso de vitória, 8% consideram efeito neutro e nenhum vê impacto negativo. Para o atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, 82% dos pesquisados acreditam que uma possível eleição teria impacto positivo no mercado, 15% veem impacto neutro e apenas 3%, negativo.

A pesquisa fez apenas essa pergunta simples sobre eleições, sem questionamentos mais analíticos sobre o tema. O levantamento, voltada para o público de fundos de pensão, traz projeções dos gestores para o cenário macroeconômico e de investimentos em renda fixa e variável.

No geral, as estimativas são mais pessimistas do que as feitas em 2013, ano que reservou algumas surpresas ruins que afetaram fortemente os investimentos. "O ciclo de ajustes da economia brasileira está apenas começando", disse Eduardo Yuki, economista-chefe e estrategista da BNP Paribas Asset Management.

A média das estimativas dos gestores aponta para um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,85% neste ano. No lado da inflação, 82% dos entrevistados projetam que os preços vão chegar no fim deste ano mais perto do topo da banda da meta do governo, que é de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A média das estimativas do grupo para o IPCA é de 6,09% para 2014.

Para a Selic, a média das estimativas dos gestores aponta taxa de 11,13% ao fim do primeiro semestre e 11,36% no encerramento do segundo semestre. Vale lembrar que a data de referência das respostas é 31 de dezembro e, por isso, não contempla o recente alívio das projeções no mercado de juros futuros devido a declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, além do anúncio da meta de superávit primário, ontem.

Para o câmbio, 93% dos pesquisados estimam que o dólar feche acima de R$ 2,40 e apenas 7% projetam cotação entre R$ 2,30 e R$ 2,40. Eles avaliam que o maior impacto do "tapering" americano e do aumento dos juros nos Estados Unidos na economia brasileira seja a desvalorização do real. Os outros 7% avaliam que o principal impacto seja a queda da bolsa brasileira.

A média das projeções para o desempenho do Ibovespa aponta um índice em 56.969 pontos ao fim deste ano. Ontem, o Ibovespa fechou aos 47.288 pontos. O grupo pesquisado, porém, avalia que o valor justo do principal índice da bolsa seja de 57.718 pontos este ano, o que mostra que eles estão pessimistas sobre o desempenho do indicador, observa Raphael Santoro, consultor da Mercer.

Para a renda fixa, os gestores projetam que o investidor continue pedindo um alto prêmio de risco para financiar a dívida brasileira. A média das projeções para o rendimento real da NTN-B com vencimento em 2050, por exemplo, é de 6,56%.

Fonte: Valor Econômico

Roberto Freire: O AI-5 ‘padrão Fifa’ com a marca do PT

Com medo do povo brasileiro que tem ido às ruas desde as jornadas de junho, parlamentares petistas apóiam um projeto de lei em tramitação no Senado cujo objetivo evidente, escamoteado sob o manto de uma falaciosa “lei antiterrorismo”, é criminalizar as manifestações durante a Copa do Mundo. Oriundo da Comissão de Consolidação da Legislação Federal, que sequer foi prevista para criar novos tipos penais, o PLS nº 499 prevê punições mais rígidas até do que a famigerada Lei de Segurança Nacional, baixada no auge da ditadura.

O PLS 499 nos remete ao Ato Institucional nº 5, de 1968, por meio do qual o regime militar instituiu o puro arbítrio e implantou o totalitarismo. De acordo como AI-5 “padrão Fifa”, terrorismo seria “provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à privação da liberdade de pessoa”. Subjetivo e impreciso, o projeto se conflita com as definições de terrorismo consagradas no direito internacional e dá margem para interpretações às mais variadas, que podem tachar como terrorista o cidadão que exerce seu legítimo direito de protestar.

Além disso, a proposta determina penas básicas excessivamente elevadas: de 15 a 30 anos de prisão e, em caso de morte, de 24 a 30 anos. Hoje, o homicídio qualificado gera uma punição de 12 a 30 anos. Para se ter uma ideia do despropósito do texto, a Lei de Segurança Nacional, de 21 de outubro de 1969, estabelecia uma penamínimade8 anos para quem sabotasse quartéis ou aeroportos. Para assalto a banco ou sequestro de avião, a punição era de 10 a 24 anos.

Nos dois casos, o castigo imposto pelos militares era inferior à insana proposta chancelada pelo PT. A nítida preocupação em impedir as manifestações durante a Copa, embora negada pelos petistas que defendem o projeto, aparece em letras garrafais no texto que tramita no Senado. O PLS 499 usa o termo “terrorismo contra coisa”, que nada mais é do que o crime de dano qualificado já previsto pelo Código Penal, que determina penas de detenção de 6 meses a 3 anos.

A diferença é que a proposta do PT especifica os patrimônios atingidos, entre os quais, é claro, estádios esportivos. A reclusão seria de 8 a 20 anos, com uma progressão de pena muito mais severa do que nos crimes de corrupção dos mensaleiros de Lula, por exemplo, ou nos hediondos.

Ao tentar se aproveitar da comoção nacional gerada pela trágica morte do cinegrafista Santiago Andrade durante um protesto no Rio, o governo patrocina uma lei que criminaliza o direito do indivíduo à livre manifestação e se associa às ditaduras mais nefastas. A simpatia de Lula pelos generais, manifestada publicamente quando se derramou em elogios a figuras como Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, não é algo fortuito ou de menor importância. Trata-se de um pensamento totalitário e antidemocrático que encontra ressonância em setores majoritários do PT, o que acaba por legitimar tolices como o projeto em questão.

A prisão dos dois jovens acusados pela morte de Santiago, já denunciados pelo Ministério Público, é a prova de que a legislação brasileira dá conta de punir os eventuais crimes cometidos por manifestantes. Não podemos permitir que o Congresso aprove essa tentativa de calar a sociedade, sob pena de o Brasil regredir aos momentos mais sombrios de sua história.

Roberto Freire é deputado federal por São Pauloe presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Marina Silva: A natureza da culpa

Recebo notícias preocupantes do Acre, onde a enchente dos rios já obriga muitas famílias a buscar abrigos públicos. Mais grave está em Rondônia: o rio Madeira espalha-se nas cidades e áreas rurais, cobrindo até um trecho da estrada federal e impedindo o transporte de pessoas e mercadorias.

No Sudeste, em São Paulo, o problema é mais complexo: se chove, a enchente traz destruição e ameaça vidas; se não chove, pode faltar água e eletricidade, com os reservatórios das usinas muito baixos.

Mas o mais preocupante é o despreparo de nosso país em lidar com situações que se repetem todos os anos --ainda mais com o agravamento dos eventos climáticos extremos, anunciados há bastante tempo. Uma enchente súbita pode ser um fenômeno natural, mas os prejuízos repetidos denunciam o descaso e a falta de planejamento.

O que vem depois da "criminalização" da natureza? A judicialização é impossível, pois não há como processar a chuva nem a seca. E a acusação de ser contra o progresso, de pessimismo ou até de ecoterrorismo pesa sobre todos os que tentam alertar para o desastre antes que ele aconteça.

Circulam na internet fotos impressionantes de enchentes em conjuntos habitacionais construídos há pouco tempo e ainda não ocupados. É um absurdo o desperdício dos recursos públicos que escorrem, literalmente, por água abaixo. Mas ai de quem ouse comparar esse descaso com o luxo do "padrão Fifa" exigido para a Copa. O governo parece querer restringir o debate ao desempenho da seleção ou, talvez, à escalação do time.

E, nas eleições, vamos debater qual partido tem o escândalo mais condenável? Se descuidarmos, até o grave problema da corrupção poderá desviar-se para a disputa política superficial, a troca de acusações, sem a busca sincera e eficaz de superação e mudança.

Já passa da hora de acordar. A crise não está batendo à porta, já entrou em casa. A evidência da crise ambiental conseguirá mudar a avidez pelo lucro imediato ou pela popularidade fácil das obras apressadas? Veremos que a crise de valores, base da desconexão com a natureza, é a mesma que nos empurra para o abismo da corrupção? Resta a esperança de que a indignação de amplas parcelas do povo seja a energia necessária para mudar o rumo dos acontecimentos.

O sonho não morreu. Nesta semana vi, na favela do Vidigal, uma comunidade mobilizada para limpar e embelezar o lugar, criar espaços de cultura e lazer por sua própria iniciativa. Em toda parte, há projetos e debates sobre energia, água, transporte, segurança e outros temas estratégicos. Só falta juntar as duas pontas: a ação das pessoas e a prospecção de novos rumos.

Para o bem de todos, espero que esse encontro aconteça logo.

Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula

Folha Online & Rede

Denise Paiva: Bolsa família: debate impostergável

No momento em que se desencadeiam o processo e o debate eleitoral de 2014, a sociedade brasileira passa a querer uma Nova Política e um compromisso efetivo e responsável com o desenvolvimento do país, sintetizados no lema “Queremos mais porque podemos mais”. Precisamos superar a visão que vem se cristalizando de que o Bolsa Família é intocável ede que qualquer crítica ao programa é fazer coro com as forças conservadoras e de “direita”.

As políticas assistenciais no Brasil,na América Latina e, por que não dizer, em todo o mundo têm, muito mais do que um viés, um conteúdo essencial de dominação e um compromisso atávico de manutenção e reprodução da pobreza. Em geral, as políticas assistenciais – e aqui pretendo focar o Bolsa Família – não têm pressupostos nem mecanismos de gestão capazes de manter uma articulação produtiva com o mundo do trabalho e com o tão almejado e decantado desenvolvimento sustentável.

Antes de tudo, é necessário contextualizar o Bolsa Família, em dimensão histórica, no âmbito da política social brasileira nas últimas décadas. O programa, que ganhou escala e feitio de política universal de assistência social, não começou no governo do PT. Tem uma história, cujo marco inicial como política pública se deu em Campinas, na década de 1980, na gestão de José Roberto Magalhães, do PSDB. Teve o grande marco legislativo em 1992, com o Programa de Renda Mínima do Senador Eduardo Suplicy. No governo Itamar, no âmbito do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, houve um ambiente muito favorável ao debate e à introdução da “renda básica de cidadania”como estratégia privilegiada no combate à fome e à miséria.

Estas propostas se intensificaram após a aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), em dezembro de 1993,e contribuíram decisivamente para a elaboração do desenho e da articulação de atores do governo e da sociedade responsáveis pela criação e implantação do Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) já em 1995, no início da gestão de Fernando Henrique. Posteriormente, outras politicas sociais setoriais foram complementadas com programas de transferência de renda, como o Bolsa Alimentação e o Bolsa Escola.No âmbito estadual, o pioneirismo coube ao Governador Cristovam Buarque, que transformou o Bolsa Escola do PT/Distrito Federal em estratégia privilegiada de melhoria do desempenho escolar.

Sem dúvida, a unificação, a maior presença e coordenação federal, o cadastro único e o grande impacto do programa, que hoje beneficia 1 em 4 brasileiros, ou seja, quase 50 milhões de pessoas, tudo isso o diferencia e o distancia substantiva e qualitativamente dos programas de transferência de renda dos governos anteriores.

A dimensão e as especificidades que o Bolsa Família ganhou no governo Lula e que vêm se consolidando no governo Dilma impõem uma analise cuidadosa, um olhar diferenciado também pelo seu significado não só social, mas, sobretudo, politico e econômico, nos aspectos positivos e negativos. Hoje, o Bolsa Família é muito mais uma estratégia politica e econômica segundo um modelo de consumo e baixo desempenho produtivo à beira do esgotamento, do que uma estratégia compensatória para setores populacionais em situação de extrema pobreza e vulnerabilidade.

Sabe-se que a população de rua, cada vez mais crescente nos grandes centros urbanos, não é beneficiária do programa, até por dificuldade de acesso aos seus mecanismos burocráticos, e que alguns beneficiários, justamente os mais necessitados de apoio psicossocial, são desligados por não se enquadrarem em critérios de elegibilidade ou não prestarem contrapartida. Tal realidade clama por respostas urgentes com diretrizes e recursos do governo federal.

O programa Bolsa Família, sem dúvida, tem sido capaz de resgatar milhões de pessoas da miséria e de uma exclusão mais severa. Pode até ter um sentido humanitário, pode ter um impacto significativo para uma política de consumo que estimula o mercado interno, quanto às necessidades básicas das pessoas, mas não consegue superar a pobreza nem tampouco ser uma força propulsora do desenvolvimento no sentido sustentável e pleno.

Em outras palavras, o Bolsa Família é uma estratégia eficiente num modelo de desenvolvimento baseado no consumo, mas não se sustenta e pode até inibir uma perspectiva de sustentabilidade e de necessário aumento de insumos ao crescimento econômico. Por isso, defendemos o fortalecimento do programa, preservando sua lógica de transferência de renda não contributiva, instituída na Lei Orgânica da Assistência Social (Governo Itamar, dez.1993). Defendemos o programa não só como aliado e parceiro, mas, sobretudo, como indutor do desenvolvimento sustentável, com um olhar prioritário para os grupos cuja vulnerabilidade e necessidades especificas os têm colocado à margem da proteção social.

Repensar o Bolsa Família impõe mudança de paradigma e mudança nos mecanismos de gestão: ao invés de excluir as pessoas que melhoram o padrão de vida, ingressam no mercado formal, melhoram o nível educacional e se inserem numa atividade produtiva empreendedora, o programa deveria manter o beneficio e, também, estimular e premiar tal esforço e conquista por um longo prazo. De preferência, como renda vitalícia.

O Bolsa Família deveria ser, antes de tudo, uma política econômica inclusiva, que traga segurança e estímulo ao trabalho e à melhoria da qualidade de vida, e não uma política social compensatória, instável e submetida a critérios muitas vezes discricionários e externos ao arbítrio individual.O Bolsa Família deveria ser o maior estímulo para a inserção no mundo do trabalho e não um desestimulo para esta inserção pelo medo da perda do beneficio ou por acomodação da parte de quem antes nada tinha e agora tem muito pouco.

A lógica e os mecanismos que o programa impõe levam alguns indivíduos a se acomodarem, a se contentarem com pouco e a não almejar um novo padrão de vida que efetivamente resgate o verdadeiro potencial humano produtivo, os direitos humanos e o acesso aos bens da civilização. Segundo este novo paradigma, o Bolsa Família pode deixar de ser gasto social e constituir, de fato, investimento. Só assim o Brasil poderia enunciar um novo modelo de política assistencial indutora do desenvolvimento sustentável, capaz de inspirar internacionalmente movimentos análogos de inserção produtiva e afirmação da cidadania.
----------
Denise Paiva é assistente social e ex-Assessora de Assuntos Sociais da Presidência da República no Governo Itamar Franco.

Eugênio Bucci* : A adesão estética

Sob o risco de repetir o que já foi dito aqui, neste mesmo espaço, há poucos meses, vale recapitular o seguinte:

1) As manifestações endêmicas que vêm eclodindo no Brasil há quase um ano carregam componentes que vão além da política - e que, portanto, não se esgotam nas categorias mais convencionais da ciência política.

2) Elas disparam conflitos que não cabem no conceito de luta de classes, ainda que empregado de maneira flexível e pouco ortodoxa.

3) Elas se caracterizam, indiscutivelmente, por uma linguagem específica. São regidas por um código de expressão que vai do uso de cartazes - feitos sob medida para as câmeras da imprensa - às indumentárias e coreografias padronizadas. Concentram um conjunto de signos que, por sua vez, se ordenam como feixes de sentido que se opõem a outros conjuntos de signos (os signos do poder e os signos da mercadoria). Nas passeatas, enquanto a maioria ergue mensagens de repúdio a políticos e autoridades, outros poucos investem contra agências bancárias, lojas de automóveis ou mesmo contra a tropa de choque. O que temos aí são signos se batendo contra outros signos.

4) Na sua vertente mais violenta, entra em cena o signo black bloc. O figurino tenta espelhar a farda dos policiais, mas com sinais invertidos. Admite coturnos, além de capacetes, mas recusa o que é oficial e flerta com a clandestinidade e a ilegalidade: a máscara para se proteger do gás lacrimogêneo ou simplesmente para esconder o rosto. O black bloc é uma fantasia em ação (e o termo fantasia, aqui, tem mais de um sentido, ou mais de dois).

5) O repertório sígnico mobilizado nas manifestações de hoje descende de uma história de protestos que alcançaram grande visibilidade na Europa e nos Estados Unidos a partir dos anos 1960. Das marchas de 68 em Paris e dos comícios contra a Guerra do Vietnã em Washington, essa história prosseguiu com os levantes antiglobalização nas principais capitais do mundo desenvolvido nos anos 80 e 90 até chegar à atualidade, com a Primavera Árabe e as ocupações de praças espanholas e até de Wall Street, em Nova York. Os protestos de hoje afloram como espetáculo. Eles falam a língua visual do espetáculo e essa língua já é bem conhecida dos telespectadores de todo o planeta.

6) Portanto, além de eventos políticos, as manifestações que obstruem logradouros e vias públicas para ferir o nervo do poder ganham lugar na arena da cultura, disputando espaço, aí, com outros fatos, outras notícias, outras formas de aglomeração de multidões (de concertos de rock a campeonatos de futebol). Elas são eventos políticos que se revestem também de um caráter estético.

7) E aqui vem o ponto problemático: a adesão da juventude a essas jornadas turbulentas se dá tanto pela face política quanto pela face estética dos movimentos em curso.

A grande maioria dos analistas e dos comentadores tem recusado veementemente a hipótese de existência dessa segunda face dos protestos (a face estética). Essa recusa os leva a uma incompreensão parcial do que se passa. Com isso perdemos todos. Se a sociedade e o Estado não se derem conta de que a onda de gritaria e de tumulto que se avoluma não é meramente uma avalanche de cunho reivindicatório, mas também uma erupção de caráter cultural, não haverá superação possível.

Esse sapo aí não pula apenas por precisão - ele pula também por boniteza. Não é por necessidade extrema que milhares de novos atores vêm engrossando os protestos no Brasil. Não é porque passam fome. É também por desejo - atenção a essa palavra, que já está nas ruas há um bom tempo, mas não é vista nem ouvida. É por desejo de afirmar uma identidade oposta à identidade dos que governam. Desejo de existir, de ser visto, de fazer diferença. O que move as passeatas sígnicas não é a miséria, não é o trabalho insalubre em minas de carvão; é antes o impulso de tomar parte numa cena que seja capaz de roubar a cena da velha política.

O ato de levantar-se não brota de um cálculo cerebrino ou de uma negociação programática, mas de uma aspiração de sair da caixa, de sair da passividade, de não deixar barato. O despertar não é mais ético do que estético. Segue uma demanda da sensibilidade e da emoção (não apenas da razão). Rejeita a feiura generalizada e vislumbra outra beleza possível - ainda que as manifestações de rua, em si, descambem desgraçadamente para o abominável.

Em tempo: dizer que há uma face estética nas jornadas e no engajamento que elas suscitam não significa autorizar ou glamourizar a selvageria black bloc, assim como não significa dizer que as passeatas sejam elas mesmas obras de arte. Por favor. Significa apenas reconhecer que há muita gente que, diante da pequenez das engabelações oficiais, busca um sentido maior para sua existência. Com esse sentimento vai às ruas e confraterniza (pelo sensível) com outros manifestantes. Isso é, também, um movimento estético, embora não seja arte.

A propósito, ou mesmo sem querer, Michel Foucault falou de uma "estética da existência", mas não nos percamos por aí. Basta saber que na existência de uns e outros mora inevitavelmente algo que tem parte com a estética. Basta lembrar que as leis da estética explicam parte da retórica política e, principalmente, as paixões políticas. Isso vale tanto para o bem como para o mal. O nazismo estetizou o Estado e assim conseguiu a obediência reverencial dos cidadãos que se perfilavam diante de Hitler como se fossem soldados imantados. Hoje os marqueteiros estetizam os candidatos para torná-los parecidos não com obras primas, mas com sabonetes que não limpam nem fazem espuma. E conseguem milhões de votos.

Identificar o componente estético nas manifestações que hoje inspiram mais repulsa do que fascínio, enfim, não tem nada que ver com idolatrá-las ou estimulá-las. Isso é apenas necessário para que possamos entendê-las - a elas e à sociedade que as gerou.

*Eugênio Bucci é jornalista e professor da ECA-USP e ESPM.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dora Kramer: Gosto de quero mais

A classe média está no radar de todas as campanhas presidenciais. Mais do que sempre esteve, porque agora inclui público muito maior que tem mostrado nas pesquisas qualitativas seus anseios com gosto de quero mais.

Depois da estabilidade da economia que marcou a eleição de Fernando Henrique Cardoso; dos ganhos sociais que levaram Luiz Inácio da Silva aos píncaros da popularidade e da continuidade que elegeu Dilma Rousseff, o eleitor desta vez quer ouvir falar em melhoria de vida. Não de mera sobrevivência.

Exige condições decentes, não se conforma com o básico, almeja bem-estar, reciprocidade por parte do Estado a quem paga parcela substancial de seus salários em impostos, e está bem mais escolado na defesa contra promessas vãs.

É nesse cenário que os aliados dos três candidatos, a presidente e seus dois adversários, Aécio Neves e Eduardo Campos, analisam com franqueza protegida pelo anonimato que a disputa não está fácil para ninguém.

O favoritismo de Dilma apontado nas pesquisas só é analisado com o otimismo de vitória no primeiro turno na conta matemática de manchete de jornal.

Com 43,5% de avaliação positiva, oscilação negativa de avaliação de governo e críticas generalizadas em setores que até pouco tempo elogiavam ou prestavam silêncio reverencial, no dizer dos correligionários não configuram um ambiente confortável.

Os oposicionistas tampouco soltam foguetes. Reconhecem que não capitalizaram esse descontentamento. Esperam fazê-lo mais à frente quando o jogo efetivamente começar.

Mas, o patamar de 17% para Aécio e 9% para Eduardo Campos não autorizam os festejos dessa mesma época em 2010 quando José Serra navegava em índices de 40%.

A canoa virou, argumentam. E pode virar de novo, a favor deles. É verdade, mas quem sabe o que vem por aí na economia e na Copa? Ninguém. Quando se procura saber o que os oposicionistas pensam em fazer diante dos possíveis protestos a resposta é: preferencialmente nada.

Tirar proveito de possíveis tragédias ou de manifestações contra todos os políticos e que atingem também governadores de Estados onde haverá jogos pode ser um risco. Melhor não correr.

Conclusão: diante da constatação que dá início à nossa conversa, por ora preferem todos ficar na muda, preparando seus discursos de acordo com o que as pesquisas mostram que o eleitor quer ouvir e esperando o vendaval (para o bem ou para o mal) da Copa passar para, então, se apresentarem.

Até lá, é tudo aperitivo.

Faz sentido. No fim do ano passado num encontro de representantes de um grande banco de investimentos americano em Foz do Iguaçu na América Latina era grande a preocupação com a simpatia do governo brasileiro pelos países ditos bolivarianos.

O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, estava na plateia. Na ocasião soou algo estranha sua indagação sobre a possibilidade de o Brasil como líder da região seguir o rumo da Venezuela.

Para quem vive aqui a resposta é óbvia: zero. Mas, pensando bem, para quem acompanha o panorama a distância, agora ouve o silêncio do Brasil ante a convulsão venezuelana e não conhece a fundo a capacidade de resistência das instituições nacionais, é uma inquietação pertinente.

Em movimento. Está praticamente fechada a escolha do vice na chapa ao candidato do PMDB ao governo do Rio, Luiz Fernando Pezão. Será Ronaldo Cézar Coelho, ex-tucano agora filiado ao PSD de Gilberto Kassab.

O ex-prefeito é candidato ao governo de São Paulo com dois objetivos: mostrar ao seu eleitorado de perfil conservador que seu apoio a Dilma Rousseff é tático, não significa que tenha virado petista e ajudar a impedir a reeleição do governador Geraldo Alckmin.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Merval Pereira: A calma de Barbosa

Perguntado sobre sua expectativa em relação ao resultado do novo julgamento da acusação de formação de quadrilha no processo do mensalão petista, que começou ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, deu de ombros, dizendo que para ele “tanto faz como tanto fez”.

Essa súbita aceitação da decisão do plenário do STF, sem nenhuma reação mais contundente, parece ser provocada pela certeza de que o veredicto será alterado, e os condenados por formação de quadrilha terão suas penas reduzidas.

Tudo indica que os dois novos ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso inclinam-se, por votos anteriores e comentários, a decidir a favor dos condenados. Mas há outra razão para a aparente tranquilidade, pelo menos até agora, com que Joaquim Barbosa está recebendo a reversão de um dos pontos centrais da acusação do mensalão.

Com ou sem crime de quadrilha, a decisão está tomada, e os condenados já estão na cadeia. Houve corrupção, desvio de dinheiro público, definiu o Supremo Tribunal Federal, e a dificuldade para alterar isso em uma eventual revisão criminal é muito grande.

Tão difícil de acontecer, por não haver razões técnicas para tal, que o advogado de Genoino, o mais excitado ontem no julgamento, admitiu que ela se dará, se acontecer, “dentro de 10, 20, 30 anos”.

A única novidade do julgamento de ontem do STF foi o tom explicitamente político que os advogados do núcleo político do mensalão deram à defesa. O mais veemente deles foi o advogado Luiz Fernando Pacheco, que, ao contrário de outras intervenções, quando tratou Genoino como um herói brasileiro, ontem preferiu ameaçar os ministros do Supremo com a força do PT.

A associação dos condenados do núcleo político do mensalão — Dirceu, Delúbio e Genoino — foi descrita não como a formação de uma quadrilha, como até o momento o STF entendeu, mas a união para a criação de um partido político “para salvar o país”.

Um partido, frisou bem o advogado, que está no poder há 12 anos e, segundo ele, baseado nas pesquisas eleitorais, deve manter esse controle político do país pelo menos por mais um mandato presidencial.

Os argumentos técnicos para desqualificar a formação de quadrilha foram apenas subsidiários às defesas, que se empenharam em reafirmar a inocência de seus clientes, não apenas no tema em questão, mas também sobre o tema geral da corrupção política, que já é questão julgada e definida pelo STF.

Os advogados de Delúbio Soares e José Dirceu foram mais formais com relação ao já decidido, admitindo mesmo Malheiros Filho que Delúbio fora coautor dos crimes cometidos.

O advogado José Luis de Oliveira Lima limitou-se a dizer que José Dirceu “(...) teve 40 anos de vida pública sem mácula, sem qualquer mancha. O meu cliente, José Dirceu, é inocente”.

O mais enfático da tarde foi o advogado de Genoino, que atacou de frente o processo do mensalão, classificando-o de “a maior farsa da História da política brasileira”. Luiz Fernando Pacheco mais uma vez refutou a acusação de corrupção ativa — que não estava em discussão — para concluir que, portanto, não houve também a formação de quadrilha.

O advogado de Dirceu já havia feito uma menção, de passagem, ao fato de que os condenados no núcleo político haviam se reunido não para formar uma quadrilha, mas, sim, um partido político.

Mas o de Genoino foi além, afirmando que não houve a “intenção de formar uma sociedade de delinquentes”, mas, sim, “um partido político que encampou o poder e o poder vem mantendo há 12 anos. Dizer que havia uma quadrilha é uma tese absurda, e o povo brasileiro já refutou isso”.

De maneira surpreendente, o advogado Luiz Fernando Pacheco referiu-se à mais recente pesquisa de opinião que mostra a presidente Dilma em primeiro lugar na disputa presidencial para perguntar aos ministros do STF: “O povo brasileiro quer ser governado por quadrilheiros? Acho que não”.

O raciocínio politicamente tosco do advogado de Genoino é semelhante aos que tratam as vaquinhas para pagar as multas dos mensaleiros, ou a reeleição de Lula em 2006, como provas de que o povo já inocentou o PT.

Mas o que ficará na História é que, pela primeira vez, políticos poderosos foram para a cadeia por crime de corrupção. E a primeira vez não se esquece. Talvez por isso Joaquim Barbosa esteja tão calmo.

Fonte: O Globo

Luiz Carlos Azedo: Companheiros de viagem

O companheiro de viagem (Editora Cosac Naify), livro do húngaro Gyula Krúdi, um dos mais populares de seu país, cunhou uma expressão muito usada pela esquerda para justificar alianças estranhas ou incômodas. Escrito em 1918, em meio ao baixo astral que se seguiu à Primeira Guerra Mundial e ao colapso do Império Austro-Húngaro, o romance narra a conversa entre dois passageiros de um trem, entremeada por divagações sobre o passado e incidentes da viagem. A expressão “companheiro de viagem” define o tipo de relação que a presidente Dilma Rousseff mantém com o PMDB e outros aliados.

Não deixa de ser uma certa ingenuidade, porém, tratar o PMDB como mero companheiro de viagem. Essa não é uma aliança da qual a presidente Dilma possa abrir mão, a esta altura do campeonato, sem pôr em risco a própria candidatura à reeleição. O maior partido do país, ao contrário do PT, que surgiu dos movimentos sociais, construiu sua trajetória a partir do Congresso, onde está encastelado. Sua estratégia eleitoral é focada no poder local e na preservação do comando do Senado e da Câmara. A ocupação dos espaços na Esplanada dos Ministérios é consequência dessa estratégia, não é o seu objetivo central nas eleições. Ou seja, os caciques do PMDB não vão subordinar seus próprios interesses eleitorais aos do PT nos estados em troca de ministérios.

O melhor exemplo de como isso se passa vem do Ceará, onde o senador Eunício de Oliveira (PMDB) pleiteia o apoio do PT à sua candidatura a governador e não aceita abrir mão da candidatura à sucessão de Cid Gomes (Pros) para ser ministro da Integração Nacional, um dos cargos mais cobiçados pelos políticos nordestinos. Líder do PMDB no Senado, Eunício é tratado como companheiro de viagem. Era um aliado tão bom que chegou a ministro das Comunicações do governo Lula, mas não serve para ser governador do Ceará, onde o PT prioriza a aliança com os irmãos Cid e Ciro Gomes.

Outro companheiro de viagem é o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), principal esteio da eleição de Dilma Rousseff no estado em 2010. Seu candidato à sucessão é o vice-governador Luiz Fernando Pezão, que sempre teve boa relação com o Palácio do Planalto. O PT tem um candidato competitivo ao governo fluminense, o senador Lindberg Faria (PT), e dele não pretende abrir mão, enquanto a dupla Cabral e Pezão está em apuros eleitorais. O embate do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), com a presidente Dilma Rousseff tem esse por pano de fundo. Caso fosse apenas uma frustração devido à ocupação de um ministério, certamente Cunha já teria sido isolado.

Eduardo e Marina
Esse tipo de relação, porém, não é um privilégio da coalizão governista. Também ocorre entre o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a Rede, de Marina Silva. A aliança entre os dois não foi um ponto de chegada, é apenas um ponto de partida. A ex-senadora era a candidata de oposição com mais densidade eleitoral, mas rompeu com o PV — pelo qual disputou as eleições passadas e teve 19 milhões de votos — e resolveu fundar o seu próprio partido. Como não conseguiu registrá-lo em tempo hábil, ficou sem legenda. Entre se filiar a outro partido para ser candidata ou apoiar outro candidato de oposição, preferiu se aliar ao governador Eduardo Campos, que foi seu colega de Esplanada no governo Lula.

Marina Silva não desistiu de ter o seu próprio partido, nem de ser presidente da República. A Rede trata Eduardo Campos como companheiro de viagem e faz exigências para Marina compor a sua chapa como vice. Uma delas é acabar com a reeleição; outra, indicar os candidatos a governador onde tem aliados ligados à Rede. São os casos de Miro Teixeira (Pros) no Rio de Janeiro; José Antônio Reguffe (PDT), em Brasília; e Ricardo Yong (PPS), em São Paulo.

Aécio e Agripino
Podemos comparar a aliança do PSDB com o DEM a uma viagem pela Transiberiana, com seus 9,2 mil quilômetros de Moscou a Vladivostok. A aliança começou no governo Itamar Franco, tecida pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e pelo falecido deputado Luiz Eduardo Magalhães, filho do então governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, ambos do antigo PFL. Agora, anda meio congelada por causa do enfraquecimento do DEM e de algumas disputas regionais. Na terça-feira, o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, teve uma conversa com o presidente da legenda, senador José Agripino Maia (RN). A razão do gelo entre as duas agremiações são o vice de Aécio e o apoio aos candidatos do DEM nos estados. O ex-prefeito César Maia, no Rio de Janeiro; e o deputado Ronaldo Caiado, em Goiás, não querem ser apenas companheiros de viagem.

Fonte: Correio Braziliense

Maria Cristina Fernandes: No tempo em que Copa era coisa de comunista

Getúlio fez 40 discursos sem mencionar a bola

Jovens militantes tiveram os fios de seus alto-falantes desligados pela polícia na Central do Brasil ao iniciarem a campanha de recolhimento de fundos para seu candidato. Jovens esquerdistas em passeata contra o que consideravam entreguismo da política externa foram presos em frente ao Itamaraty. O caos urbano ditava a manchete de domingo do principal jornal do Rio: "Transporte, aflição eterna do carioca".

Em mensagem enviada ao Congresso Nacional, o presidente pedia instrumentos para garantir a ordem interna: "Urge aparelhar o Estado para defender-se internamente contra os inimigos da democracia que vêm atentando, reiterada e organizadamente, contra as nossas instituições nascentes".

A julgar pelas edições do 'Correio da Manhã', este era o clima no Rio que antecedia a Copa do Mundo de 1950.

Os jovens reprimidos pela polícia faziam campanha pelo brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN. A passeata contra a comitiva americana era liderada por simpatizantes do Partido Comunista. E o presidente em busca de mais instrumentos de repressão era o general Eurico Gaspar Dutra, o primeiro dos eleitos naquele suspiro de democracia que foi de 1946 até o golpe de 1964.

Não faltavam os precursores dos black blocs. As obras de adequação do estádio do Pacaembu ainda não haviam se iniciado quando eclodiu uma manifestação em São Paulo contra o aumento de 150% na tarifa de bondes. A recém-criada Companhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC), passou a ser chamada de 'Custa Mais Trinta Centavos'. Houve pichações nos muros, depredações no comércio e bondes queimados. Como lhes faltassem máscaras, escaparam de passar à história como terroristas.

Era outro o Brasil. A começar pelo futebol, que ainda disputava com o turfe a centrimetragem dos jornais. Desde 1946 o Brasil dera o sim à Fifa, que depois de uma Europa destroçada pela guerra, se desesperava em busca de uma sede para a Copa. As obras tardaram e as seis cidades-sede apenas se definiram três meses antes do evento.

No recém-lançado "A História do Brasil em 50 Frases" (Leya, 2014), o jornalista Jaime Klintowitz pinça uma de Pelé - "Maracanã é Maracanã. Uma vitória ali vale por duas em qualquer lugar do mundo" - para contar a situação do estádio no dia da inauguração: "Havia muita poeira e áreas sem acabamento. Os torcedores encontraram andaimes nas arquibancadas, entulho e muito barro por toda a parte. A tinta azul das cadeiras manchava a roupa dos espectadores, em um tempo em que muita gente comparecia aos jogos de terno e gravata".

Nos jornais fazia-se muchocho dos gastos, ainda que tenham sido 70 vezes menores que os de hoje. O país era 21 vezes mais pobre e tinha uma gente que vivia até os 43 anos (ante 74 hoje), sendo metade analfabeta, fatia quase sete vezes maior que a de agora.

A Copa ainda não era um megaevento, vitrine mundial de feitos e malfeitos de potências e aspirantes. Apenas 13 países participaram. Havia pouco envolvimento federal. Foi tema local ainda que politizado. Prefeitos e Câmaras de Vereadores enfrentaram-se. O Maracanã foi uma batalha travada entre Carlos Lacerda, então vereador da UDN, e o prefeito nomeado do Distrito Federal, general Ângelo Mendes de Morais, a quem acusaria de ser o mentor de um dos atentados que sofreria durante a pendenga.

Ao lado do prefeito perfilaram-se o compositor de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, também vereador da UDN e segundo mais votado da Câmara Municipal, depois de Lacerda, e os 18 da bancada do Partido Comunista, liderados por Aparício Torelly, o 'Barão de Itararé'.

Em artigo na imprensa sindical, João Guilherme Vargas Neto disse que aquela foi a primeira batalha da guerra fria no Brasil. O envolvimento dos vereadores comunistas com o Maracanã foi uma de suas últimas batalhas públicas antes da cassação do partido, feito resultante da mensagem presidencial em que Dutra pedira poderes antibaderna.

Numa época sem televisão, jornais e rádios ocuparam-se da Copa. Em sua campanha pela construção do Maracanã, o 'Jornal dos Sports' encomendou pesquisa ao Ibope. A bancada pró-Copa no jornal era liderada por Mário Filho, o cronista esportivo irmão de Nelson Rodrigues que, mais tarde, daria nome ao estádio.

O Ibope colheu 79,2% de aprovação à construção do Maracanã. Apenas 6,9% concordavam com sua localização em Jacarepaguá, para onde Lacerda, depois de ter perdido a batalha, queria levá-lo. Num universo de mil entrevistados, 53,6% se dispunham a arcar com algum ônus tributário para ajudar no custeio do estádio, uma empreitada do poder municipal.

Aquele Brasil da primeira Copa também estava em campanha presidencial. O brigadeiro Eduardo Gomes foi o primeiro a se lançar pela UDN em aliança com os integralistas de Plínio Salgado. O PSD ofereceria o ex-prefeito de Belo Horizonte, Cristiano Machado, cujo abandono por seus correligionários daria origem ao termo 'cristianização'.

Os governistas abandonariam Machado por Getúlio Vargas, que se lançaria pelo PTB em discurso de 16 de junho, véspera do jogo que inaugurou o Maracanã, oito dias antes do início da Copa do Mundo.

Dali até o dia da eleição, em 3 de outubro, Getúlio faria a defesa de seu legado no Estado Novo, atacaria a política econômica inflacionária de seu sucessor e prometeria servir aos trabalhadores colocando o país a salvo dos 'totalitários de direita' e dos 'revolucionários de esquerda'. Ao longo de seus três meses e meio de campanha, Getúlio viajou por 21 Estados. De Erechim, no seu Rio Grande do Sul natal, até Marabá, passando por Mossoró, Corumbá e Pirapora. Defendeu da produção da cera de carnaúba ao panamericanismo. A leitura de seus 40 discursos reunidos pela José Olympio ("A Campanha Presidencial", 1951), porém, não oferece uma única referência à Copa do Mundo. Getúlio foi eleito com 48,7% dos votos, um pouco menos que a soma de seus dois principais adversários.

Fonte: Valor Econômico

Alberto Goldman:Argumento estúpido e o construtor do partido

Argumento estúpido
Segundo o advogado de José Genoíno, na defesa que faz perante o STF durante a discussão dos embargos, não houve formação de uma quadrilha, mas de um partido político que, desde 2002 vem vencendo as eleições majoritárias para a presidência da República, o que comprova que o povo vem aprovando a conduta deles, condenados, e de seu partido.

Poucas vezes ouvi argumento tão estúpido. Significa, segundo ele, que o povo aprova o desvio de dinheiro público para a formação de maiorias no Congresso Nacional e para garantir melhores resultados eleitorais.

É como se disséssemos que o povo aprovava da ditadura, a repressão e a tortura impostas pelo golpe militar de 1964 quando, no auge do terror, em 1970, 1974 e 1978 elegeu, através de seu partido, a ARENA, a maioria dos deputados federais e senadores.

Eleição não é anistia. Não é certidão de honorabilidade.

Um construtor de partido
Henrique Pizzolato, fundador do PT, ex diretor do Banco do Brasil, um dos membros da quadrilha, fugitivo na Itália, é o símbolo maior do que significa uma quadrilha. Desde o início das apurações do mensalão, ele se preparou para fugir se as coisas não dessem certo para eles, como não deram.

Assumiu uma dupla personalidade, usando o irmão morto, seus documentos e tudo mais, inclusive abrindo contas no exterior em nome do falecido. Henrique era Henrique quando queria e era Celso quando lhe convinha. Por isso conseguiu fugir. Belo exemplo de um cidadão que organizou um partido – não uma quadrilha conforme o advogado de Genoíno defende.

Alberto Glodman é vice-presidente nacional do PSDB