sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Fernando Henrique Cardoso

“Eu tenho receio de que [...] o Lula, de botar tanto poste sem luz, acabe escurecendo o Brasil. É preciso evitar isso.

Não estou pensando partidariamente, estou pensando historicamente. Está na hora. O Brasil precisa arejar. Prefiro Aécio, porque tem uma estrutura partidária maior, mais afinidade. Mas acho que o Eduardo está tomando posições que são corretas e vai arejar de qualquer maneira.

Essa eleição só será ganha pela oposição se alguém da oposição, seja quem vier a ser, tiver coragem de dizer as coisas como elas são, com simplicidade.

Pela primeira vez, houve um deslocamento de blocos do governo. Tanto a Marina quanto o Eduardo saem do bloco do governo e vão pro outro lado. A campanha vai forçar uma certa radicalização. E acho que há, pela primeira vez também, uma articulação positiva entre o Eduardo e o Aécio.”

Fernando Henrique Cardoso, "FHC afirma que qualquer um que vença, Aécio ou Campos, será bom para o país", Blog do Josias, 23 de janeiro de 2014.

Casados na saúde, nos negócios e no ministério

Solução caseira para a Saúde

Investigado por consultorias prestadas a prefeituras, o que poderia impedir sua posse na pasta, futuro ministro anuncia transferência de 98% das cotas da empresa para sua mulher

Chioro passa empresa para a mulher

João Valadares

"O meu vínculo com a empresa nunca foi omitido. Ele é público e notório. Quando fui anunciado, em dezembro de 2008, como secretário de Saúde, no meu currículo constava minha vinculação" - Arthur Chioro, secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), convidado para ser o próximo ministro da Saúde

O futuro ministro da Saúde, Arthur Chioro, alvo de inquérito civil do Ministério Público de São Paulo por ser sócio majoritário de uma consultoria que manteve contratos com administrações públicas, incluindo gestões petistas, enquanto comandava a Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), recorreu à família para tentar pôr fim à questão. Ele colocou a mulher, Roseli Regis dos Reis, como nova dona da empresa. Chioro transferiu 98% das cotas para a esposa. A decisão foi anunciada formalmente ontem, durante entrevista coletiva em seu gabinete na Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo. Os documentos que pedem a alteração no contrato social da Consaúde Consultoria, Auditoria e Planejamento Ltda. foram encaminhados para a Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) na quarta-feira.

Durante a entrevista, ao informar que estava deixando a empresa formalmente, o petista não comunicou inicialmente que a mulher assumiria o seu posto. "Dei entrada ontem na Junta Comercial de São Paulo no pedido de afastamento da direção da empresa. Estou saindo formalmente agora, saindo da participação. Estou cedendo as minhas cotas para outro sócio", disse. Só depois de ser lembrado por uma repórter de que a sócia era a própria esposa, Chioro confirmou: "Isso, isso".

Ele afirmou que não há nenhuma irregularidade na conduta à frente da Secretaria de Saúde. No entanto, alegou que estava se afastando para "evitar dor de cabeça". Para ele, mesmo com o questionamento do Ministério Público, tudo foi feito de acordo com a legislação. "Considero que, inclusive para o exercício da minha atividade pública aqui em São Bernardo do Campo, muito embora não tenha sido solicitado pela administração, porque o entendimento não é esse, parece-me muito mais tranquilo, muito mais sereno e muito mais coerente que eu tome essa decisão neste momento", justificou.

O próximo titular da Saúde federal afirmou ainda que nunca escondeu ser dono da consultoria. "O meu vínculo com a empresa nunca foi omitido. Ele é público e notório. Quando fui anunciado, em dezembro de 2008, como secretário de Saúde, no meu currículo constava minha vinculação. Sou professor universitário e esse fato sempre esteve no resumo do meu currículo. Quando tomei posse, por exemplo, foi comunicada a minha vinculação. Consta na declaração de Imposto de Renda", salientou.

O secretário ressaltou que, desde 2009, quando assumiu o comando da secretaria no município paulista, fechou apenas quatro contratos. "Não são clientes exclusivamente do PT. Tive um pequeno contrato com a Prefeitura de Ubatuba, que é administrada por um prefeito do PT, mas é importante que se diga em relação aos outros três contratos. Um foi firmado com a Prefeitura de Volta Redonda (RJ), cujo prefeito é do PMDB. O outro em São Luiz do Paraitinga (SP), vinculado ao PSDB, e também Pindamonhangaba (SP), quando a cidade era administrada pelo PPS", afirmou.

Ele disse ainda que assinou um contrato com o governo federal na época em que José Serra (PSDB) era ministro da Saúde. "Se fosse um empresa vinculada ao PT, nunca ganharia um contrato internacional do Ministério da Saúde na gestão de José Serra para prestar consultoria para dois estados administrados pelo PSDB", defendeu-se. Em setembro do ano passado, a promotora Taciana Trevisoli Panagio instaurou inquérito civil público para apurar a denúncia. Ela preferiu não adiantar detalhes para não atrapalhar a investigação.

"Juízo" Na terça-feira, Chioro teve um encontro reservado com a presidente Dilma Rousseff. Questionado se havia aceitado o convite para assumir o ministério, ele não confirmou e alegou que "tinha juízo". Ele disse ainda acreditar que não será processado por improbidade administrativa. "Tenho absoluta convicção de que haverá o arquivamento desse inquérito preliminar, porque não há irregularidade", disse.

No fim da entrevista, o futuro ministro ressaltou que já tinha se afastado da empresa quando ocupou um cargo no Ministério da Saúde, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Assumi esse cargo pedindo o afastamento da minha participação da empresa, observando o que determinava a legislação. E assim que deixei o ministério, por conta própria, porque iniciei meu doutorado, passei seis meses de quarentena, que nem era necessária pela legislação. Só em 2006, reassumi o meu papel na empresa."

Fonte: Correio Braziliense / Estado de Minas

Novo titular da Saúde defende consultoria

Investigado pela atuação como consultor, Chioro disse que não cometeu irregularidade

Mateus Coutinho

O futuro ministro da Saúde, Arthur Chioro, que assumirá a pasta em fevereiro no lugar de Alexandre Padilha, afirmou ontem que considera não ter cometido "nenhuma irregularidade" ao ocupar o cargo de secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP) e, ao mesmo tempo, ser sócio de uma empresa que presta consultoria na área para prefeituras e gestões estaduais.

Chioro apresentou anteontem seu pedido de desligamento formal da empresa na Junta Comercial de São Paulo. O futuro ministro é alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo por suspeita de improbidade administrativa.

"No entendimento da prefeitura de São Bernardo do Campo, totalmente fundamentada na legislação federal, na legislação vigente, não há nenhuma irregularidade no fato de, como secretário da Saúde, ser sócio de uma empresa que presta consultoria na área da saúde", disse Chioro, que convocou uma entrevista coletiva para falar do assunto.

Ele afirmou ainda que seu vínculo com a Consaúde Consultoria, Auditoria e Planejamento, da qual figurava como sócio-diretor desde 1997, nunca foi omitido e que a empresa sempre atendeu clientes públicos ligados a partidos da base e da oposição ao governo Dilma Rousseff.

Chioro disse ainda que a empresa já atendeu clientes como as prefeituras de Ubatuba (SP), Volta Redonda (RJ), Pindamonhangaba (SP) e São Luís do Paraitinga (SP), administradas por PT, PMDB, PSDB e PPSna época dos convênios. Afirmou também que a Consaúde já ganhou uma licitação do governo federal para prestar consultoria aos Estados do Mato Grosso e Goiás, nos anos de 2001 a 2002, período em que o tucano José Serra era ministro da Saúde.

"Se fosse vinculada ao PT a empresa nunca ganharia uma concorrência internacional do Ministério da Saúde do Serra."

Investigação. Em setembro do ano passado, a promotora Taciana Panagio instaurou inquérito civil público para apurar a denúncia de que Chioro, além de ser secretário de Saúde de São Bernardo, era sócio

majoritário de uma empresa de consultoria que prestava serviços na área de planejamento e gestão de sistemas de saúde para prefeituras paulistas comandadas pelo PT.

O Ministério Público estadual apura se ele infringiu a Lei Orgânica de São Bernardo do Campo, que proíbe secretários de manterem sociedade em empresas que tenham contratos com entes federativos.

Dedicação. Questionado sobre a investigação, Chioro garantiu que já estava afastado da administração da empresa desde 2009 para se dedicar ao cargo de secretário de saúde de São Bernardo. Ele disse também que todas as informações sobre sua atuação na empresa já foram encaminhados ao Ministério Público. Mesmo alegando estar distante da empresa desde 2009, Chioro continuou recebendo como cotista. Mas com o afastamento formal, suas cotas de participação na Consaúde serão repassadas para a sua esposa, que deve assumir o comando da empresa.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Um país que sonhou

Há 30 anos o Brasil assistia ao primeiro grande comício das Diretas Já. A campanha que pedia o retorno do voto direto, extinto desde o golpe de 1964, ganhou as ruas e uniu corações e mentes

Renata Mariz

BRASÍLIA – No próximo 5 de outubro, ao se dirigirem às seções eleitorais para escolher o presidente da República, milhares de brasileiros nem se darão conta de que estarão exercendo um direito negado aos cidadãos do país não faz muito tempo. Amanhã, o primeiro grande comício do movimento que ficou conhecido como Diretas Já, realizado na Praça da Sé, em São Paulo, completa 30 anos. Depois de algumas manifestações menores, a campanha que pedia o retorno do voto direto, extinto desde o golpe de 1964, reuniu cerca de 300 mil pessoas, arrebatando corações e mentes por todo o território nacional. Quem esteve nas ruas e estudiosos do período apontam o movimento como um dos mais importantes do Brasil, ainda que a democracia sonhada na época não seja exatamente a vivenciada hoje.

"Naquele tempo havia mais esperanças sobre a criação de um bem-estar social, que diminuísse as injustiças sociais, o que de certa maneira se expressou na Constituição Federal de 1988, mas não de forma tão forte como se esperava", afirma Marcelo Ridenti, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Campinas (Unicamp). Apesar das expectativas frustradas, são inegáveis os avanços obtidos pelo país pós-redemocratização. Além da liberdade, um direito de importância incalculável, o Brasil erradicou a fome, diminuiu a pobreza, universalizou o acesso à escola. Conseguiu driblar a hiperinflação, trocou cinco vezes de moeda estabilizando-a no final da década de 1990, galgou posições na economia mundial. O jogo político é o que talvez não tenha evoluído a contento, comenta Ridenti.

"Especialmente depois do impeachment do Collor, criou-se um modus vivendi que leva os políticos a darem muita importância em assegurar a governabilidade, com amplas alianças e negociações que não são muito limpas. Isso faz com que não notem o que acontece na base da sociedade. Os protestos do ano passado são um exemplo dessa política institucional que se faz hoje", critica o professor da Unicamp. Ridenti ressalta que a campanha pelas Diretas Já é um marco não só pelo que reinvidicava, mas sobretudo pela quantidade de gente que se mobilizou. Depois do comício na Praça da Sé, o movimento se espalhou pelo Brasil. "Foi uma febre no país inteiro."

Cidades grandes, de médio porte e até pequenas, como Poços de Caldas (MG), foram palco da mobilização. A conta oficial varia entre 32 a 41 comícios. O maior deles levou mais de um milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo. Em Belo Horizonte, pelo menos 400 mil ocuparam a Avenida Afonso Pena. De mãos dadas, com papeis amarelos, cor do movimento, caindo do céu, as pessoas choravam e cantavam. Personalidades do mundo artístico e esportivo participaram em peso. Além da cantora Fafá de Belém, que se tornou ícone da campanha, as atrizes Christiane Torloni e Irene Ravache, os cantores Chico Buarque e Elba Ramalho, a escritora Lygia Fagundes Telles, o jogador Sócrates foram participantes ativos da empreitada.

Frustração. Apesar de toda a pressão popular, a campanha pelo voto direto para as eleições presidenciais foi frustrada pela rejeição, na Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda Constitucional apelidada com o nome do autor, Dante de Oliveira. O parlamentar matogrossense queria alterar dois artigos da Constituição de 1967 para reintroduzir o voto direto na escolha para chefe do país. Mas, em abril de 1984, por 22 votos, a matéria não passou. Eram necessários 320 deputados favoráveis para que a proposta fosse ao Senado. Só 298 votaram sim. Foram registradas mais de 100 ausências no plenário, inviabilizando qualquer tentativa de sucesso da mudança por uma via legislativa.

Com a rejeição da emenda, a saída foi encarar a eleição indireta para presidente da República em 1985. Uma negociação interna entre os oposicionistas do governo resultou na escolha de Tancredo Neves (PMDB) para disputar o cargo, no lugar de Ulysses Guimarães. O político mineiro, que se tornou uma das maiores lideranças das Diretas Já, teve como vice, na chapa, José Sarney. Tancredo, porém, nem chegou a tomar posse. Acometido por uma diverticulite, morreu em 15 e abril de 1985. Sarney tomou posse. O sonho da retomada do voto direto para a presidência só seria possível em 1989, quando os brasileiros elegeram Fernando Collor de Mello. Este ano, o país escolherá pela sexta vez, de forma direta, o presidente da República, desde 1964.

Personagens no palanque
Lula
Sindicalista de expressão nacional por liderar greves no ABC paulista, Luiz Inácio Lula da Silva se tornou uma das lideranças das Diretas Já. Em 1986, elegeu-se deputado federal por São Paulo. Foi candidato ao Planalto em 1989, na primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964, vencida por Fernando Collor de Mello. Volta a se candidatar mais duas vezes, sem sucesso. Com um discurso menos radical, chegou à Presidência em 2002, cargo ocupado até 2010. Fez a sucessora, a atual presidente Dilma Rousseff. Apesar de deixar o Planalto, continua influenciando os rumos do governo.

Ulysses Guimarães
Então presidente do PMDB, Ulysses Guimarães encarnou a imagem de luta pela redemocratização do país. Quando a emenda do voto direto foi rejeitada na Câmara dos Deputados, abriu mão de sair como candidato a presidente, na eleição indireta, em 1985, em favor de Tancredo Neves, numa chapa com José Sarney como vice. Presidiu a Assembleia Nacional Constituinte, tendo deixado uma marca forte no documento chamado por ele de "Constituição cidadã". Presidiu a Casa por três vezes. Candidatou-se à presidência em 1989. Morreu em acidente de helicóptero em 1992.

Orestes Quércia
Era vice-governador de São Paulo, estado que assumiria anos mais tarde, e apoiador das Diretas Já. Tanto que foi um dos políticos que ingressaram com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para tentar levar a emenda que previa o voto direto, derrotada na Câmara, ao Senado. Sua gestão no governo paulista acabou marcada por escândalos de corrupção. Depois de deixar o Palácio dos Bandeirantes, em 1991, não se reelegeu a cargo eletivo. Tentou a Presidência da República, o Senado e o governo estadual. Quércia morreu em 2010, vítima de câncer.

André Franco Montoro
Governador de São Paulo na época, tendo derrotado Luiz Inácio Lula da Silva, Franco Montoro se firmou como um das vozes mais atuantes em prol do retorno do voto direto. Esteve em todos os grandes comícios ao lado de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. Tornou-se importante articulador entre os peemedebistas. Em 1988, descontente com os rumos do partido, ajudou a fundar o PSDB. Venceu duas eleições consecutivas para deputado federal, a partir de 1995. Mas não completou a segunda legislatura, morrendo em 1999, vítima de um infarto.

Leonel Brizola
Depois de retornar do exílio imposto pelo governo militar e fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT), Brizola se elegeu governador do Rio de Janeiro. Depois da pressão popular, resolveu apoiar a campanha pelas Diretas Já. Em 1989, candidatou-se à Presidência, sem sucesso. Elegeu-se governador do Rio pela segunda vez. Foi derrotado de novo na disputa para presidente, recebendo número insignificante de votos. Perdeu mais três eleições para diferentes cargos. Em 2004, depois de alguns problemas de saúde, Brizola morreu, vítima de um infarto agudo.

Tancredo Neves
Com uma longa trajetória política, Tancredo Neves era governador de Minas Gerais quando a agitação política se transformou no movimento das Diretas Já. Diante da rejeição da emenda que garantiria o voto direto na Câmara dos Deputados, foi escolhido para ser o candidato à Presidência da República, no sistema indireto. Acabou eleito, em janeiro de 1985, mas adoeceu gravemente, em março, na véspera de tomar posse. Morreu 39 dias depois, vítima de diverticulite. O país chorou a morte de Tancredo.

Fernando Henrique Cardoso
Senador pelo PMDB, por ser suplente na vaga de Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso tornou-se um dos grandes articuladores da volta da democracia, garantindo que não houvesse radicalização política. Na transição do governo Collor para Itamar Franco, de quem foi ministro das Relações Exteriores, destacou-se novamente. Em 1993, assumiu a Fazenda. Começou a implantar o Plano Real. Já no PSDB, foi eleito presidente da República. Reelegeu-se para mais um mandato. É reconhecido tanto pela vida política quanto pela produção acadêmica.

Ricardo Ribeiro
Então presidente nacional do PTB e deputado federal, ele foi um dos oradores da noite que reuniu uma multidão no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Anos depois, resolveu deixar de disputar cargos e eletivos e se dedicar ao esporte. Foi um dos presidentes do Botafogo de Ribeirão Preto.

Fonte: Estado de Minas

Marina desautoriza Rede de Minas Gerais a decidir sobre coligações

Partido de Marina diz que intenção é ter, com o PSB, chapas nos estados

Gustavo Uribe, Ezequiel Fagundes

SÃO PAULO E BELO HORIZONTE - O comando nacional da Rede Sustentabilidade divulgou nota nesta quinta-feira para informar que não foi consultado sobre a posição manifestada na quarta-feira pelo grupo ligado à legenda em Mina Gerais de romper com o PSDB no estado e lançar candidatura própria da coligação PSB-Rede. No texto, a direção nacional ressalta que a nota foi publicada pelo grupo “Rede Sustentabilidade Elo MG” e expressa o posicionamento apenas de “filiados de Minas Gerais”.

— A Executiva Nacional da Rede não foi consultada. A nota foi publicada pelo Rede Sustentabilidade Elo MG e é a manifestação de pessoas ligadas à Rede, mas não da Rede — afirmou o coordenador executivo nacional da Rede, Bazileu Margarido.

O comando nacional da legenda reafirma, no entanto, que a disposição atual da Rede Sustentabilidade é de lançar, com o PSB, “chapas próprias estaduais comprometidas com a nova política e com o desenvolvimento sustentável”.

“A Rede reafirma sua prioridade na definição de candidaturas que reflitam seus valores e princípios e reforcem o projeto nacional da aliança com o PSB. Esse processo vem sendo conduzido pela executiva do partido e se intensificará após a divulgação das diretrizes do programa da coligação. A disposição é a de caminhar em conjunto com o PSB para chapas próprias estaduais comprometidas com a nova política e com o desenvolvimento sustentável”.

PSDB ignora reação
Aliados do senador Aécio Neves ignoraram a tentativa do grupo ligado à Rede no estado. Depois de vetar a aliança dos socialistas com os tucanos em São Paulo, marineiros divulgaram ontem um comunicado oficial na internet exigindo candidatura própria em Minas. Segundo a nota, a intenção é acabar com a hegemonia dos tucanos e oxigenar as práticas políticas do estado, desgastado com o rodízio de velhos grupos no poder do segundo maior colégio eleitoral do país.

Na avaliação do deputado federal Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro, a Rede não tem capilaridade política para decidir os rumos do PSB. O parlamentar tucano destaca que os socialistas fazem parte do governo desde 2003, primeiro ano do primeiro de gestão Aécio. Atualmente, os socialistas estão no primeiro escalão ocupando a secretaria de Educação. Pestana afirma que as conversas entre as duas legendas vão continuar.

“Nossa interlocução é com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, com o deputado federal Júlio Delgado, presidente do partido. Em âmbito nacional, é o Aécio diretamente com o Eduardo. O posicionamento da Rede não altera em nada”.

Presidente do PSB em Minas, Júlio Delgado deixou claro que a possibilidade de aliança, ainda no primeiro turno, entre seu partido e o PSB é uma alternativa viável. Para Delgado, a aliança eleitoral, em âmbito local, pode ser vantajosa em um eventual segundo turno.

“Nosso estado têm suas particularidades, que não precisam seguir o cenário nacional, em que o PSB e o PSDB terão seus candidatos a presidente. É possível que um deles vá ao segundo turno e, nesse caso, é preciso deixar pontes construídas”. O deputado socialista, no entanto, afirma que a decisão ainda não está tomada.

Em caso de candidatura própria, o PSB ainda enfrenta a falta de nomes viáveis eleitoralmente. A alternativa mais forte é o prefeito Marcio Lacerda. Ex-secretário no governo Aécio, eleito e reeleito com o apoio do grupo político do senador tucano, Lacerda não tem demonstrado a menor intenção.

Recém-filiado ao PSB, o empresário Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG, é lembrado. O cartola, no entanto, está inclinado em tentar conquistar pela primeira vez um mandado de deputado federal ou estadual. Principal aliado de Aécio no PSB, Delgado pode ir para o sacrifício para dar palanque único a Campos.

Fonte: O Globo

FHC afirma que qualquer um que vença, Aécio ou Campos, será bom para o país

Fernando Henrique Cardoso concede entrevista ao blogueiro do UOL Josias de Sousa na sede do instituto que leva o nome do ex-presidente, no centro de São Paulo. Principal líder da oposição e presidente de honra do PSDB, FHC falou sobre as eleições deste ano, mensalão e cartel de São Paulo

Para FHC, PT conduz 'presidencialismo de cooptação'

Oposição só ganhará se houver alguém de coragem, diz FHC

FHC fala em 'fadiga' em SP, mas acha difícil PT ganhar


Josias de Souza

Na opinião de Fernando Henrique Cardoso qualquer um que derrote Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014, seja Aécio Neves ou Eduardo Campos, será bom para o país. “Não estou pensando partidariamente, estou pensando historicamente. Está na hora. O Brasil precisa arejar”, disse ele, em entrevista ao blog.

Principal líder da oposição e presidente de honra do PSDB, FHC declarou que prefere Aécio, “porque tem uma estrutura partidária maior. Mas acho que o Eduardo está tomando posições que são corretas e vai arejar de qualquer maneira.”

Ele identifica uma “fadiga de material” na administração petista. “A população está sentindo que está na hora de mudar”, avalia. Mas a mudança não virá de mão beijada. “Essa eleição só será ganha pela oposição se alguém da oposição, seja quem vier a ser, tiver coragem de dizer as coisas como elas são, com simplicidade.”

Se fosse mais jovem, disputaria a Presidência? “Se eu tivesse 15 anos a menos, na circunstância atual, sim, sim, porque eu estou com vontade de mudar”, respondeu o octagenário cacique tucano. “O Brasil está precisando de gente que fale olhando no olho das pessoas, dizendo, sem meias palavras, sem muita politiquice, as coisas como elas são.”

FHC reconhece que Aécio e Campos ainda não se firmaram como contrapontos viáveis de Dilma. Acha natural, já que o eleitor só vai prestar atenção na disputa presidencial “depois da Copa.” Por ora, só a presidente é realmente conhecida. Sem “ilusões” quanto à dificuldade da disputa, celebra uma novidade: “Pela primeira vez, houve um deslocamento de blocos do governo.”

“Tanto a Marina quanto o Eduardo saem do bloco do governo e vão pro outro lado”, afirmou. “A campanha vai forçar uma certa radicalização. E acho que há, pela primeira vez também, uma articulação positiva entre o Eduardo e o Aécio.” Para FHC, ambos entenderam que precisam “somar forças.”

E quanto à aversão de Marina Silva às alianças do PSB de Campos com o PSDB? “A resistência dela é outra. Ela quer fazer o partido dela”, opinou FHC. “O objetivo da Marina não é eleger o Eduardo, é fazer a Rede. E ela quer ter candidatos que permitam que a Rede exista. Então, nesses Estados em que ela tem candidatos que podem fazer alguma aglutinação, ela vai defender os interesses dela.”

Se há “fadiga de material” em Brasília, também há em São Paulo, não acha? “Eu seria incoerente se dissesse que não”, concedeu FHC, antes de acrescentar que, ainda assim, “é difícil que o PT tenha condições de ganhar em São Paulo. Não é impossível, mas acho difícil.”

Em meio aos comentários azedos sobre o petismo, FHC reservou uma observação amena para Fernando Haddad. “O prefeito de São Paulo é um bom rapaz. Mas ele está indo mal. Não é culpa dele. O próprio governo federal [interveio] na questão do aumento dos ônibus… Ele não está se firmando. E isso é algo que ajuda o governo do PSDB em São Paulo.”

Lula já impôs ao PSDB os “postes” Dilma e Haddad. Não receia que ele consiga fazer de Alexandre Padilha governador de São Paulo? FHC responde com ironia: “Eu tenho receio de outra coisa. Que o Lula, de botar tanto poste sem luz, acabe escurecendo o Brasil. É preciso evitar isso.”

Perguntou-se a FHC se o PSDB não deve explicações ao país sobre o mensalão tucano de Minas e o cartel de trens e metrô de São Paulo. E ele: “No caso de Minas Gerais, na época, eu fui dos poucos que disse que era preciso uma explicação. Agora, vamos qualificar. O que houve em Minas Gerais foi o que o Lula disse que era natural. Foi, eventualmente, desvio de recursos para campanha eleitoral [de Eduardo Azeredo, em 1998]. Não é perdoável, mas é diferente do mensalão. O mensalão foi compra sistemática de apoio para o governo no Congresso.”

O repórter recordou a FHC: o operador dos dois mensalões é o mesmo: Marcos Valério. O agente financeiro dos empréstimos fictícios também se repete: Banco Rural. E houve desvio de verbas públicas nos dois casos. “Não estou negando isso, nem estou desculpando”, prosseguiu FHC. “Estou dizendo, entretanto, que, se houve, foi para a campanha. Não justifico, mas é diferente.” Provocado, disse esperar que o STF julgue a encrenca tucana com o mesmo rigor que aplicou no julgamento da ação penal do mensalão petista.

Sobre o cartel de São Paulo: “Acho que tem que ser apurado. Se trata de surborno, parece óbvio, de funcionários. Qual é o elo disso com o governador ou com o partido? Eu não vi nem indício. É corrupção, é condenável, mas não foi para o PSDB. Não apareceu, pelo menos até hoje, nenhum dado que diga: esse dinheiro foi usado pelo PSDB. Não foi. É outra coisa. É corrupção, condenável. O PSDB tem que explicar isso.”

Aécio já declarou que, se tiver gente do PSDB paulista envolvida no caso Siemens-Alstom, deve ir para a cadeia. Pensa do mesmo modo? “Ah, penso. Penso. Não tem nenhuma discordância. Acho que um dos problemas no Brasil é de que tem que ter processos mais rápidos […] Roubou? Vai pra cadeia. Mas acho que no caso de São Paulo está havendo manipulação política…” Nas palavras de FHC, o dinheiro “não foi para o partido nem para os governadores” tucanos

Fonte: Blog do Josias

Um gesto de aproximação: declarações de FHC sobre a unidade das oposições

BRASÍLIA, SÃO PAULO - Pré-candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) minimizou ontem a interlocutores declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem, entre Aécio e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), qualquer um que vença é melhor do que manter o PT no poder.

"Não estou pensando partidariamente, estou pensando historicamente. Está na hora. O Brasil precisa arejar", disse ele, em entrevista publicada ontem no blog do jornalista Josias de Souza.

Questionado sobre o desempenho de ambos, Fernando Henrique disse ao blog: "Eu prefiro o Aécio, que tem uma estrutura maior, mais afinidade". Em seguida, emendou: "Mas acho que Eduardo está tomando posições que são corretas e vai arejar de qualquer maneira".

Em conversas reservadas, Aécio disse ter visto a fala do ex-presidente como um gesto de aproximação com Campos capaz de viabilizar, no futuro, um pacto num eventual segundo turno.

Nos bastidores, porém, alguns tucanos expressaram o temor de que declarações do gênero disseminem uma lógica do "tanto faz" entre os candidatos que poderiam prejudicar Aécio, sobretudo num cenário eventual em que os dois candidatos estejam emparelhados para ver quem chega ao segundo turno.

Questionado se a frase dita ao blog era um sinal de descrença em relação as chances de competitividade de Aécio, o ex-presidente afirmou: "Ao contrário. É óbvio que está na hora de mudar (tirar o PT do governo). Acho que Aécio tem mais condições de ganhar. Agora, se por acaso não for assim, que seja alguém da oposição".

"Do ponto de vista do partido, Aécio tem vantagens. Ele parte de Minas; Eduardo, de Pernambuco. A densidade eleitoral de Aécio é maior, tem um partido mais estruturado. No ponto de partida, é mais provável que seja Aécio", acrescentou.

Explicação. Escalado para falar em nome do partido, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) procurou explicar o objetivo da declaração de FHC: "Ele está construindo pontes para uma unidade das oposições no segundo turno. A declaração é lógica sob aspecto político e inteligente do ponto de vista eleitoral".

O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) e o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) foram na mesma linha. Para eles, FHC trabalha para assegurar o apoio de Campos a Aécio no segundo turno. "É o raciocínio de alguém que está diante de uma eleição de dois turnos", disse Aloysio.

Fonte: Folha Online

Centenas nas ruas contra reajuste de tarifa do ônibus

Durante o protesto, um grupo queimou contêineres e quebrou vidraças

Contrários a um possível aumento da passagem de ônibus e à realização da Copa do Mundo, centenas de manifestantes tomaram as ruas de Porto Alegre no final da tarde de ontem. O primeiro ato do ano pelo passe livre teve momentos de vandalismo na região central. Paredes foram pichadas, vidros estilhaçados e contêineres queimados.

O protesto começou em frente à prefeitura e passou por ruas do Centro e da Cidade Baixa. No caminho, o coro ganhou força e a mensagem "não vai ter Copa" foi exaltada pelos manifestantes em vários momentos. Além disso, o possível reajuste do valor da tarifa foi alvo de críticas do Bloco de Luta pelo Transporte Público, que liderou o protesto.

Desde o começo, um grupo de cerca de 20 pessoas com o rosto coberto comandou atos de vandalismo. Vidros e muros da Estação Mercado do Trensurb foram pichados. Por volta das 20h30min, um grupo de mascarados ateou fogo a contêineres. Na Avenida Borges de Medeiros, bancas de revistas tiveram cartazes arrancados, e vidraças de uma agência do banco Santander e da CEEE foram quebradas. Apesar de bloquear o trânsito, a Brigada Militar não interveio.

Três horas após começar, o protesto foi encerrado na esquina da Avenida Loureiro da Silva com a Rua José do Patrocínio. Segundo a BM, seis pessoas foram detidas e três adolescentes, encaminhados ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca). Manifestantes anunciaram um novo encontro para a semana que vem.

Fonte: Zero Hora (RS)

Portuários ameaçam paralisação em 23 portos do país

Fernanda Pires

SANTOS - Trabalhadores portuários das companhias docas vão paralisar as atividades hoje em 23 portos do país por seis horas, das 7h às 13h. Eles reivindicam a implantação do plano de cargos, carreira e salários, uma solução para a dívida bilionária do Portus - o fundo de previdência complementar da categoria - e ainda a garantia de que a guarda portuária não será privatizada.

Na quinta-feira, dia 30, está programada outra paralisação, desta vez por 24 horas. No dia 4, haverá uma reunião na Federação Nacional dos Portuários (FNP), que organiza o movimento. Caso os portuários não consigam estabelecer um cronograma de ação com o governo até lá, prometem deflagrar greve por tempo indeterminado.

A estimativa é que oito mil profissionais cruzem os braços hoje. Eles não atuam diretamente na movimentação de cargas, atividade que saiu das mãos das administrações portuárias em 1993. "Mas a paralisação pode impactar a operação", diz o secretário-geral da FNP, Sérgio Giannetto. Entre as atividades realizadas por esses profissionais estão a permissão para atracação e desatracação de navios e o controle de acesso de pessoas e veículos ao cais.

O ponto mais complexo das reivindicações é a dívida do Portus. O fundo de pensão complementar está sob intervenção da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) desde agosto de 2011 e tem visto suas reservas minguarem. O Portus se diz credor de uma dívida de quase R$ 4 bilhões que seria fruto da inadimplência das patrocinadoras (as companhias docas) e da União, como sucessora da extinta Portobrás (antiga estatal federal). A intervenção já foi renovada seis vezes e vence no próximo dia 31. Segundo a FNP, o Portus atende 11 mil portuários ativos e pensionistas. Considerando os dependentes, são mais de 30 mil pessoas.

A categoria pede que o governo apresente os resultados do estudo elaborado por grupo interministerial para auditar a dívida do Portus. "Não queremos inviabilizar o país, queremos resolver o problema. Existe uma intervenção que não se resolve", diz Giannetto, que também preside o sindicato dos portuários do Rio de Janeiro.

Sobre a guarda portuária, os trabalhadores querem mais participação na definição das regras para exercer a atividade. No fim de 2013, o governo apresentou proposta que permite a contratação de segurança privada para a vigilância dos portos. Os trabalhadores temem a privatização. Os portuários pedem ainda a implantação do plano de cargos e salários, que, segundo Giannetto, só Santos e Rio possuem.

Procurada, a Secretaria de Portos informou estar ciente das reivindicações e que "vem mantendo diálogos com os trabalhadores, juntamente com a Secretaria Geral da Presidência da República". Informou que acompanha os desdobramentos do movimento.

Fonte: Valor Econômico

Roberto Freire: 'Pleno emprego' do PT é desmascarado pelo IBGE

Não foram os "pessimistas" enxovalhados pela presidente Dilma Rousseff ou os "nervosinhos" ridicularizados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, os responsáveis pela desconstrução de uma das grandes falácias alimentadas pelo PT. O método"pleno emprego"se revelou uma peça de ficção devidamente desmentida pelos dados apresentados na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), divulgada não pelos partidos da oposição, mas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados apontam um índice de desocupação de 7,4% no segundo trimestre de 2013, bem acima do percentual registrado pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), de 5,8% em abril e maio e 6% em junho (média de 5,9%). No Nordeste, uma em cada dez pessoas procura vaga no mercado e não encontra. O Norte também aparece acima da média nacional, com8,3% de desocupação. Em novembro do ano passado, a taxa medida pela PME chegou ao patamar de 4,6%, o que levou os arautos do lulopetismo a falarem em pleno emprego, como se isso fosse factível em um país cuja economia vem colecionando "pibinhos" ano após ano.

Outro legado perverso da era petista é a "geração nem-nem" formada por jovens que não trabalham nem estudam, que somavam 9,6 milhões em 2012 (19,6% da população entre 15 e 29 anos)

Ainda segundo a nova pesquisa do IBGE, um contingente de 6l,3 milhões de brasileiros de 14 anos ou mais não trabalha nem procura ocupação. O número corresponde a 38,5% da população em idade para trabalhar de acordo com os critérios do instituto e equivale à soma de habitantes dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo se não levarmos em conta os menores de 18 anos e maiores de 60, há 29,8 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, seja porque desistiram ou nem tentaram procurar emprego.

A pesquisa anterior do IBGE, adotada pelo governo para fazer proselitismo político, era menos abrangente e trazia dados referentes apenas às seis maiores regiões metropolitanas, com entrevistas em 44 mil domicílios. A Pnad Contínua tem amostra de 211 mil domicílios e alcança 3,5 mil municípios. Além disso, há diferenças sobre os conceitos de desocupação: a PME só considera desempregado quem está sem trabalho e procurou emprego nos últimos 30 dias. Pela nova pesquisa, basta estar sem ocupação para fazer parte do índice de desemprego.

Outro legado perverso da era petista no comando do país é a "geração nem-nem", formada por jovens que não trabalham nem estudam, que somavam 9,6 milhões em 2012 (19,6% da população entre 15 e 29 anos), segundo dados do IBGE divulgados no fim do ano . Já o número de brasileiros que não trabalhavam nem queriam ter um emprego chegou a 16,8 milhões em novembro de 2013, ante 15,8 milhões no mesmo mês de 2012.

Por fim, os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo próprio Ministério do Trabalho, apontam que o Brasil amargou, em 2013, o pior resultado na geração de empregos em dez anos, com a criação de 1,1 milhão de novos postos com carteira assinada (índice 14,1% inferior ao de 2012).

Como se vê, nem a poderosa máquina de propaganda do governo é capaz de iludir a população o tempo todo. A falácia do "pleno emprego", construída meticulosamente com base em números escamoteados e levantamentos pouco abrangentes, foi desmascarada pela dura realidade vivida por milhões de brasileiros. Como há tempos vem alertando a oposição, desqualificada por Dilma e seus serviçais, o castelo de cartas do PT começou a ruir.

Roberto Freire, deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Washington Novaes* : Panorama dos privilégios no setor dos transportes

Provavelmente não há tema mais discutido hoje na comunicação brasileira que o da chamada "mobilidade urbana" - tal a gravidade dos congestionamentos de trânsito nas grandes cidades, a deficiência dos transportes públicos, a precariedade do planejamento em toda parte, o contrassenso das políticas públicas que incentivam o transporte individual em lugar do coletivo e agravam os problemas. Mas a discussão é absolutamente necessária e sem ela não avançarão as políticas e as soluções.

A edição mais recente da revista Estudos Avançados, do instituto da Universidade de São Paulo que tem a mesma denominação, traz informações importantes para esse debate - números impressionantes, argumentos, propostas que deveriam ser consideradas pelo poder público.

Pode-se começar pelo texto Mobilidade urbana: um desafio paulistano, do arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, autor de planos urbanísticos para várias capitais brasileiras, entre elas São Paulo, Curitiba, Campinas. Ele começa lembrando que em São Paulo ocorrem a cada dia 23,51 milhões de viagens de pessoas que se deslocam principalmente de casa para o trabalho e vice-versa; na Grande São Paulo são 35 milhões. Nada menos que 3 milhões de pessoas se deslocam de seu município para o vizinho. E o autor compara esse quadro com o de pouco mais de um século atrás, quando a cidade de 65 mil habitantes ocupava a colina entre os Vales do Tamanduateí e do Anhangabaú - mas teve de se expandir para o sopé, já que os trens não podiam subir a elevação para transportar os imigrantes do exterior e do Nordeste brasileiro que ocuparam outras áreas. Com pouco mais de um século, chegou-se à "macrometrópole".

Segundo o autor, "o grave congestionamento de todos os acessos urbanos a rodovias permite antever, em curtíssimo prazo, uma situação caótica de paralisação diária do trânsito à entrada e saída da cidade". Hoje, na capital, a velocidade média dos automóveis e ônibus é de apenas 22 quilômetros por hora, com congestionamentos de 120 quilômetros. A velocidade média dos veículos sobre rodas caiu para 18,5 quilômetros horários e "aproxima-se da velocidade de um corredor de maratona (20 km/hora) ou de uma carroça puxada por cavalos (26 km/h). E não há como aumentar o espaço para mais 872 veículos novos que a cada dia se juntam à frota. Nas faixas exclusivas, a velocidade média dos ônibus não passa de 36 quilômetros por hora, sem elas cai para 14. Na cidade de São Paulo há 33 mil táxis. E ao todo circulam na cidade 7,49 milhões de veículos automotores.

Mais espantoso ainda é saber que no País, entre 2001 e 2011, o número de automóveis cresceu a taxas mais de dez vezes superiores à do crescimento da população (136% ante 12,2%). Chegamos, segundo o Ipea, a 50,2 milhões de automóveis, 19,9 milhões de motos, 7,9 milhões de outros veículos motorizados. Em São Paulo, são 40 veículos para 100 pessoas; em Curitiba, 44,9.

Pergunta, então, Wilheim: qual será o futuro do automóvel privado? Nos formatos atuais, sua liberdade de circular acabará cerceada, diz ele. O preço de manutenção o tornará "exclusivo de famílias ricas". Cairá o comércio de veículos. Crescerá o sistema de locação de pequenos veículos urbanos (como já se faz em muitas cidades de outros países). O número de veículos obsoletos levará à implantação de sistemas obrigatórios de reciclagem, como na Suécia e em outros países. O transporte público gratuito - hoje letra quase morta da legislação - poderá exigir uma taxa de contribuição ao descongestionamento, para financiá-lo. Quem sabe, não se exigirá que vereadores e ocupantes de cargos no poder só usem o transporte público para serem estimulados a legislar adequadamente? Quem sabe, impedir-se-á que as tarifas do setor do transporte público aumentem mais de 3,5 vezes além da inflação (como entre 1995 e 2008)?

São números e argumentos importantes para os planejadores. Outros estão em O plano de mobilidade urbana e o futuro das cidades, de Barbara Rubin e Sérgio Leitão, diretores do Greenpeace, que começam lembrando o jornal londrino Times, que em 1894 publicava que, se não houvesse mudança, "em meados de 1950 todas as ruas de Londres estariam soterradas sob 2,5 metros de dejetos de cavalos". Em Nova York, a "frota" de 200 mil cavalos que por ali circulava gerava a cada dia 2 mil toneladas de dejetos. Hoje, no Brasil, mais de 50% dos domicílios têm automóvel ou moto. São Paulo só perde para Xangai em tempo alto de deslocamento.

As taxas de acidentes com veículos no Brasil (22,5 mortes por 100 mil pessoas) são mais altas que na Índia (18,9), na China (20,5), o dobro dos Estados Unidos (11,4). As perdas no trânsito em São Paulo chegam a R$ 40 bilhões por ano; cada cidadão deixa de ganhar ou aplicar R$ 3,6 mil enquanto preso em congestionamentos. O setor de transporte é o segundo maior emissor de poluentes (7% a 9%); 68% dessas emissões se devem ao transporte individual, 32% ao coletivo. Mas só 3,8% dos 5.564 municípios têm planejamento para a mobilidade urbana, que a legislação exige - embora recursos federais de R$ 90 bilhões tenham ido para o setor em um único ano (2009).

De acordo com os autores, reverter a logística das cidades exigirá forte avanço no transporte público e revisão dos benefícios e incentivos ao transporte individual. Hoje a relação entre benefícios ao transporte individual (redução de IPI, da Cide, do IPVA) e ao transporte coletivo está em oito para um. O IPVA médio de R$ 850 não passa de R$ 2,30 por dia. Há outros argumentos em vários artigos na revista - mas não há espaço para citar todos.

Quem convencerá o poder público a mudar esse quadro, principalmente em vésperas de eleição? Mas os números e argumentos estão aí, nesses ensaios. E não há como contestá-los. Podem levar os não beneficiários dos privilégios a também mudar o quadro eleitoral. Ou ocupar as ruas de novo.

*Washington Novaes é jornalista.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eliane Cantanhêde: Ruídos

A prioridade da política externa brasileira em 2014 é restabelecer uma relação saudável e produtiva com a maior potência do planeta. Precisa dizer qual é?

A ironia é que, enquanto os EUA têm acesso a comunicações do mundo todo, o ruído na linha entre Washington e Brasília continua.

O governo Dilma não se contentou com as seguidas demonstrações de Obama, que determinou um diagnóstico da espionagem, foi à TV se explicar e convidou o chanceler Luiz Figueiredo para ir ao país.

E o governo Obama registrou com satisfação a decisão firme do Brasil de não acolher o delator Snowden, mas não consegue entender outras sinalizações não só do governo brasileiro, mas da própria Dilma.

Ficou "disappointed", em linguagem elegante, ou sentiu um soco no estômago, em outra nem tanto, com a derrota dos caças da Boeing para os da sueca Saab. E está tentando digerir como natural a demora de Figueiredo em marcar a data da sua ida.

Por último, os EUA perguntam-se, perplexos: como o Brasil pode almejar uma vaga permanente no Conselho de Segurança se simplesmente desdenha a participação nas negociações de Montreux pela paz na Síria?

Os EUA incluíram o Brasil numa demonstração de confiança e não entendem como o chanceler, que já iria para Zurique, ali ao lado, enviou o segundo escalão para Montreux por ordem de Dilma. Qual foi o recado? Na diplomacia, tudo tem significado.

Quem conhece bem o Brasil e a América do Sul até pode deixar barato: foi algo meio impensado, erro de avaliação. Mas, para quem não conhece --os que estão lá, à distância, no Departamento de Estado-- só aumentam a perplexidade, as interrogações, a crise de confiança.

Se a prioridade de 2014 é a reaproximação com os EUA, a política externa parece não estar começando bem o ano. Provavelmente, menos pela capacidade de Figueiredo, mais pela incompreensão de Dilma sobre o que vem a ser diplomacia.

Fonte: Folha Online

Luiz Carlos Azedo: Liberais na luta contra a ditadura

O resgate da verdade oculta nos porões da ditadura, por meio de pesquisas, reportagens e biografias, vem sendo acompanhado de uma certa glamourização da luta armada contra o regime militar e da superestimação do papel da esquerda na transição à democracia. Isso ocorre, é claro, em razão da ascensão ao poder do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder operário que comandou a histórica greve dos metalúrgicos do ABC de 1978, e da presença de uma ex-guerrilheira da Var Palmares Dilma Rousseff na Presidência da República. Na verdade, a força política mais importante na derrota dos militares foi o PMDB, sob o comando de um político liberal, Ulysses Guimarães, que liderou gigantescas manifestações por todo o país em defesa do restabelecimento das eleições diretas para presidente.

A campanha das Diretas Já começou pra valer em 25 de janeiro de 1984 e completará 30 anos amanhã, com o grande comício na Praça da Sé, em São Paulo, convocado pelo então governador Franco Montoro, democrata-cristão de origem, que mais tarde viria a ser um dos fundadores do PSDB. O sucesso do comício, que reuniu 300 mil pessoas, até surpreendeu os caciques da oposição que haviam aderido à campanha em favor da aprovação da emenda Dante de Oliveira, então um jovem deputado do PMDB; Fernando Henrique Cardoso (então no PMDB), Mário Covas (PMDB), Leonel Brizola (PDT), Miguel Arraes (PSB), Lula (PT) e Roberto Freire (PMDB), que já falava abertamente em nome do PCB, representavam a esquerda. O comício de Belo Horizonte reuniu 400 mil pessoas. No encerramento da campanha, os comícios da Candelária, no Rio, e do Anhangabaú, em São Paulo, reuniram 1 milhão e 1,5 milhão de pessoas, respectivamente.

Ulysses Guimarães via na aprovação da emenda das eleições diretas o fim do regime militar e, também, um meio de chegar à Presidência da República. O mandato do general João Baptista Figueiredo (PDS) se aproximava do fim. O governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, chegara a propor sua prorrogação porque o ex-governador de São Paulo Paulo Maluf, então deputado federal, estava em plena ofensiva para se eleger presidente da República no colégio eleitoral como o candidato apoiado pelos militares. O movimento era uma alternativa para unificar toda a oposição, empolgou o país, com a participação de artistas, religiosos e representantes da sociedade civil. Mas, em 25 de abril de 1984, apesar de todo o apoio popular, quando foi colocada em votação, a emenda constitucional das eleições diretas não foi aprovada. Eram necessários dois terços dos votos. Foram 298 votos a favor e 65 contra e três abstenções (outros 112 deputados não compareceram). Para ser aprovada, a proposta precisava de 320 votos. A votação mostrou, porém, que a oposição tinha a chance de derrotar Maluf no colégio eleitoral e contava com inédito poder de mobilização.

Tancredo e Sarney
Logo pós a votação, a imprensa mostrou uma conversa entre Ulysses, Tancredo e o então presidente do PDS, o senador Ernani do Amaral Peixoto (RJ), que havia deixado o antigo MDB na reforma partidária para comandar o partido governista que sucedeu a antiga Arena. Eram velhos caciques do antigo PSD, que sempre jogaram no mesmo time, mas divergiam quanto à melhor maneira de transitar à democracia. Ulysses havia apostado tudo nas Diretas Já, ao contrário de Amaral, que acreditava na eleição do vice-presidente Aureliano Chaves, mas não contava com o apoio de Figueiredo à candidatura de Maluf. A única opção para derrotá-lo era eleger Tancredo Neves no colégio eleitoral.

Deu-se início então à campanha de Tancredo, para a qual uma parte da esquerda torcia o nariz. Ex-ministro da Justiça e do Interior de Getúlio Vargas, ex-primeiro-ministro da fase parlamentarista do governo Jango, o governador de Minas era um conciliador nato. Em 1978, antevendo uma transição negociada com os militares, chegara a fundar o Partido Popular com apoio da ala mais moderada do PMDB e de dissidentes da Arena, mas voltou atrás após a proibição das coligações. A campanha de Tancredo trouxe o povo de volta às ruas e consolidou a hegemonia dos liberais na transição à democracia. Foi eleito na Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, tendo como vice José Sarney. Foram 480 votos a favor (sendo 166 oriundos de deputados do PDS), contra 180 dados a Paulo Maluf, candidato do PDS, e 26 abstenções. O PT, contrário à eleição indireta e ao acordo feito com os governistas, optara pela abstenção e expulsou três deputados que votaram em Tancredo: José Eudes (RJ), Bete Mendes (SP) e Airton Soares (SP).

Doente, Tancredo não chegou a tomar posse, morreu em 21 de abril, depois de várias cirurgias causadas por uma diverticulite. Símbolo do poder que estava sendo derrotado, quem assumiu o poder foi o vice José Sarney. As eleições diretas para presidente do Brasil só ocorreriam em 1989, após ser estabelecida na Constituição de 1988. Sarney é hoje o político mais longevo em atividade e uma espécie de fiador da aliança do PT com o PMDB.

Fonte: Correio Braziliense

Bruno Wilhelm Speck: Consequências iminentes

Campanhas são caras porque o processo eleitoral é importante

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o financiamento de partidos e campanhas, iniciada em dezembro 2013, continua suspensa, em função do pedido de vistas do ministro Teori Zavascki. O processo tem origem na ação direta de inconstitucionalidade (ADI) apresentada em setembro 2011 pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O ministro relator Fux acolheu a ação da OAB em todos os pontos, declarando inconstitucional tanto as doações por pessoas jurídicas em geral como também a falta de tetos únicos para as doações dos cidadãos e dos próprios candidatos. Três ministros o acompanharam, criando um clima de que uma decisão da corte acompanhando o voto do relator seria iminente. Os argumentos em torno da ação se aglutinam em torno da questão da oportunidade, do conteúdo e das consequências de uma possível decisão acompanhando voto do relator, como parece provável.

Em relação à oportunidade do posicionamento do STF sobre um tema que seria da competência do Congresso Nacional, os argumentos políticos tendem a favorecer o Congresso que deveria ser o centro do processo legislativo. No campo da opinião pública pesa contra os legisladores que, apesar de vários avanços tópicos, uma reforma profunda do financiamento não foi aprovada. O STF pelo contrário está de vento em popa com a decisão do mensalão. Mas no campo dogmático o STF criará um fato consumado, uma vez que ele é a última instância para julgar não somente a constitucionalidade das leis, mas também a sua própria competência para fazê-lo.

Em relação ao conteúdo da ação, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, foi o único a defender o sistema atual de financiamento, invocando o artigo 17 da Constituição que implicitamente permite o financiamento privado. No entanto a decisão do STF seguiu os argumentos da OAB. Empresas não devem financiar campanhas, porque podem corromper os representantes eleitos. Doações de cidadãos devem obedecer a tetos iguais, para seguir o princípio da igualdade. Se confirmada a decisão, o legislador terá que elaborar nova legislação a partir destes dois marcos.

Aqui começa a terceira parte do raciocínio. Quais as consequências de uma possível decisão do STF? Uma das indagações diz respeito à validade de uma eventual decisão para as eleições de 2014. Vários comentaristas lembraram a insegurança jurídica criada com a aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2012, posteriormente revogada pelo STF. Seria desejável que o STF esclarecesse desde já de que forma o artigo 16 da Constituição (estabelecendo que eleições são regidas por legislação aprovada há mais de um ano) se aplica às suas próprias decisões. A mesma indagação vale para novas regras estabelecidas pelo Congresso. Estas terão validade imediata, em função da correção da inconstitucionalidade da regra anterior, ou obedecerão ao critério do artigo acima citado da Constituição? Deixar esta Espada de Dâmocles sobre as eleições deste ano pode causar dano maior do que o próprio financiamento privado.

A outra questão se refere ao sistema que virá a substituir o financiamento atual. Com as novas regras 90% do financiamento atual (grandes doações e recursos de empresas) será banido. Há duas possibilidades para cobrir este buraco: diminuir os custos das campanhas ou abrir outras fontes de financiamento. A medida mais fácil seria estabelecer tetos para os gastos dos partidos nas campanhas eleitorais. Mas a verdade é que campanhas são caras porque o processo eleitoral é importante. Mais recursos significam mais competitividade nas eleições.

Tudo indica que a solução será ampliar o financiamento público para partidos e candidatos. Como costuma acontecer na política, a solução de um lado leva a dor de cabeça em outro lugar. A medida é impopular e certamente não ajudará a melhorar a imagem do Congresso. Mas a questão de fundo é como distribuir os recursos entre diferentes partidos. Olhando para as democracias contemporâneas observamos que a alocação dos recursos públicos tende a seguir um de três modelos distributivos: o primeiro consiste na divisão equitativa de recursos entre todos os competidores. É o modelo adotado quando poucos candidatos estão em jogo, como nas eleições presidenciais nos Estados Unidos onde o modelo é optativo. A última vez que ambos os candidatos optaram pelo financiamento público exclusivo, recebendo valores iguais, foi em 1996 (Clinton x Dole). A alocação de recursos iguais é pouco viável em eleições proporcionais com grande número de partidos. Afinal, segundo esta regra os partidos nanicos receberiam recursos iguais aos grandes, criando incentivos para abrir mais siglas em busca de uma fatia dos recursos.

A segunda opção é a distribuição dos recursos proporcional ao sucesso eleitoral no passado. É o sistema para dividir os recursos do Fundo Partidário em vigor Brasil. Neste modelo o financiamento político tende a reproduzir a proporção de força dos partidos. Dependendo da posição política, isto é interpretado como um desequilíbrio na competição que pode se agravar ou como salutar contribuição à consolidação do sistema partidário.

A terceira opção consiste na alocação dos recursos públicos incorporando elementos de participação cidadã. A implementação abarca vários modelos, como sistemas de matching funds, vouchers para cidadãos ou benefícios tributários. Sem entrar nestas questões técnicas, todas elas têm uma preocupação em comum: os cidadãos deveriam ter voz na questão da alocação dos recursos públicos para partidos políticos. Esta opção pretende superar uma das lacunas do modelo atual: a distribuição burocrática segundo um modelo fixo de proporcionalidade tende a tornar os partidos pouco responsivos aos cidadãos. Se o acesso aos recursos públicos for intermediado pelos cidadãos, estes se tornarão novamente os principais na representação política, controlando os seus agentes, os representantes políticos. Tomara que o Congresso tenha a calma e sabedoria suficiente para sair da defensiva e adotar um sistema de financiamento que não somente responda ao imperativo que o STF está prestes a lançar, mas que fortaleça os vínculos entre cidadãos, partidos e os representantes políticos.

Bruno Wilhelm Speck é professor de ciência política na Unicamp, visiting scholar no MIT

Valor Econômico

Luiz Roberto Nascimento Silva: Nosso sistema de votação é seguro?

Os EUA são o país com o maior domínio da informática, uma nação da qual não se duvida dos propósitos democráticos, e usam sistema quase artesanal na apuração do voto

Num país onde se desvia merenda escolar, se rouba remédio popular e se desnaturam emendas parlamentares, a prática política assegura o direito ao silêncio premiado, mas impede a delação premiada, causa-me estranheza que tenhamos adotado o modelo eletrônico de votação, sem maior debate ou cuidado. Já foram praticados inúmeros crimes de apropriação indébita eletrônica, sem maior divulgação. Soa-me, portanto, ingênuo não debater essa questão.

Serão as economias mais desenvolvidas de EUA, Alemanha, França e Japão países atrasados por continuarem a se utilizar de processos históricos de apuração? Os Estados Unidos são o país com o maior domínio e criatividade na informática e uma nação da qual não se duvida de seus propósitos democráticos. Eles continuam a obedecer à sistemática do voto distrital concebido na sua formação política e a utilizar um sistema quase artesanal na apuração do voto. Por que esses países continuam a ter controles humanos ao lado do processo eletrônico?

Essas perguntas não se afastam da minha mente. Há algum back up disponível para a consulta pública de zonas eleitorais? A história recente de nossas eleições após a democratização demonstra que existiram desvios que a imprensa ajudou a coibir. Como a imprensa pode desempenhar esse papel num processo técnico que transforma a apuração numa caixa-preta?

Na estrutura atual de apuração, todos os votos das diversas zonas eleitorais são transferidos para o Tribunal Regional Eleitoral. Até agora ao menos não houve um único pedido de recontagem. A rigor é como se de uma forma mágica, instantânea, inquestionável, estivéssemos validando, transformando em verdade definitiva e absoluta toda eleição.

Não é difícil imaginar a tentação numa hipotética zona eleitoral de uma eleição num domingo chuvoso faltando meia hora para o fechamento das urnas, existindo um contingente de 300 eleitores que deixaram de comparecer. Não é também difícil imaginar um mesário com a lista dos ausentes, soletrando o número dos títulos de eleitor e ao fundo o som da urna eletrônica perguntando: Confirma? Confirma. Tudo rápido, simples, sem impressão digital.

Para que essa preocupação não se limitasse a uma paranoia difusa, fui pesquisar sobre o assunto para ver se minhas preocupações tinham fundamento técnico. Descobri vários estudos. O doutor Antônio Pedro Dourado Rezende, do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília, em trabalho sobre o voto eletrônico esclarece: “A urna é confiável? É claro que a urna eletrônica é confiável, mas não no sentido que lhe dá o contexto costumeiro dessa pergunta. É confiável no sentido em que uma máquina pode ser confiável, na acepção de ser previsível. No caso da urna, se entra software honesto sai eleição limpa. Se entra software desonesto sai eleição fraudada".

Não se trata, portanto de desmoralizar a tecnologia numa atitude de tecnofobia. Não é isso. Não se defende o retorno ao sistema primitivo, não informatizado. Temos um tripé: votação, apuração e fiscalização. Sabemos que a informatização facilitou a votação e acelerou a apuração. Não temos, entretanto, exemplos que comprovem os avanços na área de fiscalização e, se fizermos um exercício de memória, veremos que não houve recontagem alguma. Até o momento a população não tem restrições às mudanças, nem se constatou nenhum desvio grave. Entretanto, institutos de pesquisa fizeram alguns prognósticos que depois não se confirmaram nas urnas. Nosso passado político, nossa prática de coronelismo, enxada e voto, mesmo com todos os avanços inegáveis ocorridos no país, não nos sugeririam um maior cuidado? Baudrillard já nos ensinou que “contra o mal, só temos o fraco recurso dos direitos humanos”. Fica a pergunta.

Luiz Roberto Nascimento Silva é advogado e foi ministro da cultura no governo Itamar Franco

Fonte: O Globo

Eliseu Neto: Vou de rolezinho

Jovem suburbano percebeu que está excluído e resolveu incomodar a classe média com o que tem de mais simples: sua presença

Dias atrás, quando o rolezinho do Shopping Leblon ainda estava de pé, vi muito preconceito vir à tona. Quando apoiei o ato no Facebook, a primeira palavra que apareceu foi “vagabundos”, seguida de “Engraçado você apoiar baderna. Ter livre acesso é uma coisa, causar pânico na sociedade é outra”. Um amigo espanhol, que vive aqui, escreveu “Shopping é lugar de família, odeio quem atrapalha meu lazer”. O que as pessoas não veem é que o pobre não tem obrigação de sair da pobreza, ele tem o direito de sair dela.

Temos uma economia de mercado baseada no consumo, mas ele é dividido: existem, por exemplo, no Rio, locais ditos populares, como a Saara. E existem lugares de maioria branca e maior renda da Zona Sul.

Essa é toda a questão do rolezinho. O jovem suburbano percebeu que está excluído e, num ato corajoso e inteligente, resolveu incomodar a classe média com o que tem de mais simples: sua presença. Shoppings fazem todo tipo de promoção para nos levar para dentro deles, sorteiam carros, fazem shows, decoram. Mas jovens pobres não são bem-vindos em certos locais. Descobriram finalmente o apartheid brasileiro.

Um amigo disse: “Eu faço a minha parte, ajudo deficientes no asilo.” Esse é o pensamento da classe média: o deficiente fica no asilo, o pobre, nos shoppings populares, a classe C, na econômica do avião.

“Trabalhar, ninguém quer...”, continuam os críticos. Mas qual a diferença entre o jovem de classe média que não precisa trabalhar e vai ao shopping e esses meninos? Por que presumimos que logo os pobres são vagabundos, se todos estão no mesmo lugar fazendo a mesma coisa, nada, só andando de lá pra cá (dando um rolé)? Mas o rolé dos pobres é logo definido como “baderna, arruaça e confusão”.

Num país com 75% de analfabetos funcionais e com 20% da população sem acesso nem a saneamento básico, o que sobra é a resposta das classes média e alta: pobre e negro tem que trabalhar — apenas trabalhar — sem reclamar. Não queremos ver aqueles que nos servem usufruindo a mesma coisa que nós, isso “atrapalha nosso lazer”.

O rolezinho é um dos movimentos mais legítimos e inteligentes que já vi. Usa o medo, o preconceito e os valores podres e deturpados de uma camada social contra ela mesma. Afinal, na maioria dos casos, não existe crime, existe pânico e histeria coletiva.

Eliseu Neto é psicanalista, psicólogo e gestor de carreira, membro do diretório do PPS-RJ

Fonte: O Dia, 23/1/2014

Diário do Poder – Cláudio Humberto

• Manifestantes atacam van de ministros em Natal
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento Industrial) levaram um susto na inauguração do estádio Arena das Dunas, em Natal. Acompanhados de ministros, eles seguiam para o estádio quando foram surpreendidos por um grupo de manifestantes que apedrejaram, picharam e tentaram derrubar a van em que estavam. O veículo teve o vidro quebrado.

• Contra Copa
O Arena das Dunas foi o primeiro a ser inaugurado após a Copa da Confederações. O Planalto teme mais protestos nos doze estádios.

• Mais uma dose
Apesar do incidente, seguranças de Dilma e do governo saíram para comemorar “sucesso” da operação. Acabaram pegos pela Lei Seca.

• Se deu mal
Flagrado na blitz, Victor Ciarlini tentou dar carteirada ao se identificar como sobrinho da governadora Rosalba (DEM-RN). Teve a CNH retida.

• Lobby
Petista pressionam Dilma a substituir o chatíssimo Arlindo Chinaglia (SP) por José Guimarães (CE), na liderança do governo na Câmara.

• Itamaraty começa a punir assédio em consulado
O Ministério das Relações Exteriores indeferiu pedido de aposentadoria antecipada do diplomata César Cidade, ex-adjunto do consulado-geral do Brasil em Sidney (Austrália), acusado com o então titular do posto, embaixador Americo Fontenelle, de abuso moral e sexual. O caso foi revelado nesta coluna há quase um ano, mas até agora a sindicância não foi concluída. Ambos estão em Brasília tentando “saída honrosa”.

• Dia do caçador
O Itamaraty seguiu a letra da lei que impede a manobra, antes da concluir o processo disciplinar e, se for o caso, cumprimento da pena.

• A história se repete
Fontenelle tenta culpar as vítimas para escapar de punição. Ele foi cônsul-geral em Toronto (Canadá) e respondeu pela mesma acusação.

• Óleo identificado
Tem gente suspeitando que óleo de Peroba é tão abundante, no Palácio do Planalto, que vazou e escorreu até poluir o lago Paranoá.

• Na pista
Ex-prefeito de Belo Horizonte, o engenheiro Aloisio Vasconcelos é cotado entre dirigentes do PMDB de Minas para substituir o deputado Antônio Andrade no comando do Ministério da Agricultura.

• Telhado de vidro
O ex-ministro Ricardo Berzoini criticou Fernando Henrique no Twitter, por dizer que o mensalão tucano foi “apenas caixa 2”. Lula disse exatamente o mesmo em 2005, em Paris, sobre o mensalão do PT.

• Queijo do reino
Presidente do PT em Recife, Oscar Barreto foi apelidado por petistas de “queijo do reino”: vermelho por fora e amarelo por dentro. Ele é secretario-executivo de Agricultura na gestão Eduardo Campos (PSB).

• Controle absoluto
No esforço do Planalto para evitar vaias, até deputados foram obrigados a enviar o número do RG para se participar da inauguração da Arena das Dunas com a presença da presidenta Dilma, em Natal.

• Duas versões
PMDB aposta que Cid Gomes (PROS-CE) pode apoiar Eunício Oliveira à sua sucessão, após faturar a Integração, mas o Pros espalha que o senador pemedebista quer mesmo é ser presidente do Senado.

• Inelegibilidade
Com a representação do PSDB junto à Justiça Eleitoral, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), pode ser declarado inelegível. Ele é acusado de abuso de poder e de fazer campanha antecipada.

• Correria
O governo Dilma ligou as turbinas e colocou a equipe de plantão para garantir que todas as emendas parlamentares estejam cadastradas em 120 dias, e com a execução do Orçamento Impositivo a pleno vapor.

• Alô, alô marciano
Aviso aos “rolezinhos” nos shoppings: ninguém é obrigado a comer o Mcdonald’s mais caro e pagar a mais alta carga tributária do planeta, num país de “classe média” que tem renda de R$ 720 por mês.

• Nem Freud explica
Deve dar nó na cabeça de Dilma juntar-se aos “globalizados” em Davos, na Suíça, e depois encontrar os “fossilizados” de Cuba.

Fonte: Diário do Poder

Brasília-DF - Denise Rothenburg

Quase ministro não dá canja
Mesmo com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o futuro ministro da Saúde, Arthur Chioro, tem se cercado de todos os cuidados para não morrer feito peixe, pela boca. Sentar na cadeira de ministro antes da hora pode ser fatal. Após o encontro com a presidente Dilma, na terça-feira, riscou momentaneamente a palavra "Ministério da Saúde" do seu vocabulário.
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Saiu do Palácio do Planalto decidido a só conceder entrevistas após o comunicado oficial da Presidência da República. Mas, diante das denúncias publicadas pelo Correio, envolvendo o seu nome, não teve saída. Convocou coletiva de imprensa para não chegar frito até o fim do mês, quando deve ser oficializado no cargo. Assessores o orientaram a falar apenas como secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP). Ele até que tentou. Não respondeu a nenhum questionamento sobre a saúde nacional, mas, de tanto cuidado, acabou escorregando quando um repórter perguntou sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). "Este assunto, a gente debate em outra ocasião." Ou seja, quando assumir o posto de ministro. Na entrevista, os repórteres caíram na risada.
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Quem não se lembra de Sérgio Côrtes, que havia sido indicado pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para comandar a pasta da Saúde. Dormiu ministro e acordou do lado de fora da Esplanada. O culpado foi o próprio Cabral. Falou demais e Dilma acabou cortando sua língua. Resolveu nomear Alexandre Padilha para ocupar o posto.

Rolezinho em Paris
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, criticou a forma como o advogado do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) se referiu a ele. Alberto Toron havia dito que o ministro causou desgaste ao petista condenado no mensalão por não ter executado sua prisão e o ironizou ao afirmar que Barbosa está dando um "rolezinho em Paris". Ao Correio, o ministro classificou a manifestação de preconceituosa. "Um advogado que ataca o juiz que condenou seu cliente é a prova de um deficit civilizatório."

Facebook aloprado
Mesmo depois de toda a confusão diante da publicação do texto "A balada de Eduardo Campos", que classificava o governador pernambucano de playboy mimado, os responsáveis pelas postagens na página oficial do PT nas redes continuam com o pé no acelerador. Nos bastidores da pré-campanha, o grupo já é chamado de "os aloprados do Facebook".

Slogan
Com a possibilidade de o Partido dos Trabalhadores (PT) apoiar o senador Armando Monteiro (PTB), que já foi presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na disputa pelo governo de Pernambuco nas próximas eleições, os piadistas não perdem tempo. Já criaram um slogan para alfinetar os petistas: "Chega de circo e pão. Em Pernambuco, trabalhador vota em patrão".

Big brother de R$ 777 milhões
O Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas do GDF se reuniu pela primeira vez na semana passada. Durante o encontro, no Palácio do Buriti, os conselheiros autorizaram o governo a fechar contrato com um pool de empresas que ficarão responsáveis pela implantação, manutenção, administração e operação do Centro de Gestão Integrada do governo. O valor do contrato é de R$ 777 milhões e parte da infraestrutura será usada na Copa do Mundo.

Lucro à vista / O consórcio Inframerica, que administra o aeroporto de Brasília, estabeleceu como meta alcançar um lucro de R$ 170 milhões em 2014. Os usuários torcem para que boa parte desses recursos seja usada em melhorias. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), as obras realizadas no terminal da capital estão entre as que mais causam transtornos aos passageiros.

Xô, imprensa / Preocupada com o desgaste diante da retirada dos estudantes da Universidade Gama Filho do gramado do Congresso Nacional, na noite de terça-feira, a Polícia Legislativa do Senado orientou a segurança da Casa a não deixar a imprensa chegar ao local para registrar depoimentos e imagens dos jovens. A operação "cala boca" fechou os portões de acesso à garagem do prédio, onde fica a sede da polícia.

Clone / A deputada Perpétua Almeida publicou uma foto nas redes sociais da atriz Elizabeth Savalla, a Tetê Parachoque da novela global Amor à Vida, que só vive com uma flor vermelha na cabeça assim como a parlamentar. "Espalharam por aí que pedi direitos autorais da Globo. Não é verdade, embora merecesse", brincou.

Fonte: Correio Braziliense

Panorama Político - Ilimar Franco

Marina leva São Paulo
O PSB caminha a passos largos para ter candidato em São Paulo. Em Recife, os socialistas avaliaram que o esgotamento, após 12 anos de PT na Presidência, também se aplica aos 19 anos de PSDB em São Paulo. "O vento que sopra lá é parecido com o que quer acabar com a dicotomia PTxPSDB", diz o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque.

São todos “mui amigos”!
O candidato do DEM ao governo do Rio, Cesar Maia, que está no altar à espera do candidato tucano ao Planalto, senador Aécio Neves (PSDB-MG), publicou ontem uma entrevista com um tal "deputado A" do PSB. Nela, este socialista afirma que, se o partido mantiver sua aliança com o PSDB em São Paulo e Minas Gerais, contra a vontade de Marina Silva, esta não só deixará de aceitar a vice na chapa de Eduardo Campos como não entrará de cabeça na campanha. Por isso, o "deputado A" diz que a insistência de Aécio em defender o apoio ao PSDB nos estados é porque ele "sabe que Marina, como vice de Eduardo, é imprescindível para nossa competitividade".

“Os ‘rolés sociais’, que ocorrem nos shoppings, são protestos de jovens das periferias, repudiando a discriminação contra pobres, negros e favelados nesses ‘santuários do consumo”
Júlio Miragaya
Conselheiro do Conselho Federal de Economia

O alvo
A van que transportava o presidente da Câmara, Henrique Alves, e os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Garibaldi Alves (Previdência), anteontem, em Natal, foi cercada, apedrejada e teve um vidro quebrado.

Arisco
O futuro ministro Arthur Chioro (Saúde) não quer colocar o carro na frente dos bois. Aos que o tratam como ministro, corrige: "Secretário"! Aos que perguntam de seus planos, explica: "Qualquer declaração seria precipitada, e eu tenho juízo". Aos que querem saber a data da posse, desconversa: "Não fui nem convidado ainda".

Gol contra
Às vésperas da realização da Copa no Brasil, a Infraero resolveu anunciar uma reestruturação. A instabilidade é ampla, geral e irrestrita. Os funcionários relatam que ela envolve cortes que podem reduzir em até 50% os vencimentos.

Os limites do Orçamento Impositivo
O pagamento obrigatório das emendas individuais dos parlamentares não é totalmente garantido. O governo pode alegar “impedimentos de ordem técnica” para não liberar os recursos no final do ano. Os órgãos têm até abril para informar os problemas. Líderes dos partidos sentenciam: abril será a hora da verdade.

Perdidos no espaço
Um eleitor de Ipanema recebeu ontem mensagem no celular, enviada pelo telemarketing da campanha a governador do deputado Anthony Garotinho (PR), perguntando: "O que falta para a Baixada Fluminense melhorar?".

O famoso quem?
O governador do Ceará, Cid Gomes, é solenemente ignorado por seu novo partido, o PROS. Na página do partido na internet, o único governador da nova legenda não é sequer notícia.

A GOVERNADORA Rosalba Ciarline (DEM-RN) tentou, sem sucesso, na inauguração da Arena das Dunas, tabelar com a presidente Dilma.

Fonte: O Globo