sábado, 4 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Roberto Freire

As manifestações de junho já haviam deixado claro que a maioria dos cidadãos exige mudanças profundas. Apesar da análise precipitada de alguns comentaristas que, como penas de aluguel a serviço do lulopetismo, antecipam a reeleição de Dilma a um ano da disputa presidencial, uma recente pesquisa do Datafolha mostrou que dois em cada três brasileiros (66%) desejam que o próximo chefe da nação adote ações diferentes do atual governo. A própria aprovação da petista, que chegou a 65% em março, hoje gira em torno de 40%, índice que não lhe assegura a vitória antes de o jogo começar.

Roberto Freire, “A chance de encerrar o esgotado ciclo petista”. Brasil Econômico, 3/1/2014

Mantega tenta ‘acalmar nervosinhos’, mas deixa dúvidas sobre meta fiscal

João Villaverde

BRASÍLIA - O governo federal abriu o ano de 2014 com um gesto político forte com o objetivo de "acalmar os nervosinhos" do mercado financeiro. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem que a meta para as contas públicas de 2013, estabelecida em R$ 73 biIhões, foi cumprida pelo governo central (que inclui o Tesouro Nacional, o Banco Centrai e a Previdência).

Mantega antecipou o anúncio, que normalmente ocorre no fim do mês para "baixar a ansiedade" do mercado. "Como havia analistas dizendo que a meta não seria cumprida, não seria bom sustentar essa expectativa negativa até o fim do mês, então antecipamos para acalmar os nervosinhos", disse.

O superávit primário - o nome dado à economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública-de 2013 será detalhado dentro de três semanas pelo governo, mas Mantega antecipou que "chegou a cerca de R$75 bilhões"

Esse volume foi atingido sem manobras contábeis, segundo Mantega, diferentemente do expediente adotado com as contas no ano anterior, que tantos problemas causou à imagem do governo Dilma Rousseff frente aos mercados.

Diante da falta de credibilidade da política fiscal e das ameaças colocadas para 2014, que envolvem um possível rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências internacionais de classificação de risco, o anúncio de Mantega ganhou contornos políticos.

No intuito de mostrar apenas o lado bom da notícia, o ministro se esquivou de questionamentos sobre o curto prazo, isto é, quanto à meta de 2014, que costuma ser definida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada pelo Congresso em junho do ano anterior.

A LDO e o Orçamento de 2014, aprovados pelo Congresso no ano passado, preveem i uma meta fiscal de 1,1% do PIB.

O problema é que o ministro in; formou que o governo vai revisar o índice, mas ontem não quis antecipar se pretende elevar ou reduzir o porcentual.

O mercado vê com ceticismo a promessa de aperto fiscal no ano eleitoral, especialmente porque a meta de 2013 foi cumprida com forte ingresso de receitas extraordinárias - R$ 35 bilhões, aproximadamente, entraram nos cofres federais somente em novembro e dezembro de forma atípica.

O governo contou com o pagamento de R$ 15 bilhões pela Petrobrás e suas sócias no consórcio que arrematou o leilão do bloco de pré-sal no campo de Libra, em São Paulo, enquanto outros R$ 20 bilhões, pelo menos, foram pagos por grandes empresas e bancos por meio de programas especiais de parcelamento de débitos tributários atrasados.

Em novembro, mesmo contra a Receita Federal, o governo abriu três "Refis" - programas que concedem grandes descontos para as empresas com débitos com o Fisco que pagarem à vista ou via parcelada.

Despesas. Sem indicar qual será o esforço fiscal para este ano, que somente será definido em fevereiro, quando o governo anunciar o decreto de execução orçamentária, Mantega voltou a repetir o compromisso feito i pelo governo em 2012 e em 2013 que as despesas com seguro-desemprego e abono salarial devem ser reduzidas.

"Estamos em trajetória positiva da economia, com a recuperação dos investimentos e com o início das concessões de infraestrutura. Teremos um 2014 melhor do que foi 2013, que foi um ano razoável, e muito melhor do que foi 2012", disse.

Ele destacou o fato de que, junto a arrecadação cresce com a economia. "Apesar das diversas desonerações fiscais que fizemos nos últimos três anos, a arrecadação está melhorando, e tende a aumentar ainda mais a partir de agora."

Colaboraram Renata Veríssimo, Laís Alegretti e Ricardo Della Coletta

Fonte: O Estado de S. Paulo

A cartada de Mantega contra a desconfiança

Ministro da Fazenda antecipa o anúncio dos resultados fiscais, com superavit de R$ 75 bilhões. O valor, no entanto, só foi obtido com receitas extraordinárias.

R$ 75 bilhões para acalmar os "nervosinhos"
Diante da descrença generalizada nas contas públicas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, resolveu antecipar a divulgação de parte dos resultados fiscais de 2013. Ontem, informou que a economia para pagar os juros da dívida (poupança chamada de superavit primário) ficou em R$ 75 bilhões no ano passado — R$ 2 bilhões acima da meta do governo. A despeito de superar o objetivo oficial, o valor só foi alcançado com a ajuda de receitas extraordinárias, ou seja, não foi construído com base em um esforço fiscal verdadeiro, a partir de maior disciplina nos gastos.

O anúncio antes da data prevista teve a intenção de ofuscar o desempenho medíocre de outros indicadores, como a balança comercial, que teve o pior resultado dos últimos 13 anos, e o crescimento econômico, que não conseguiu ir muito além de 2%. Nas palavras de Mantega, serviu também para afastar expectativas negativas que rondam 2014. "Como alguns analistas diziam que não íamos cumprir o (objetivo) fiscal, ficar com essa percepção até o fim de janeiro não seria bom", afirmou. "Estamos antecipando para acalmar os nervosinhos."

Foram principalmente eventos ocorridos no fim do ano passado que permitiram ao governo alardear o cumprimento da meta fiscal. Uma delas foi o programa especial de refinanciamento de débitos com o Fisco. Criticado por técnicos da Receita Federal por facilitar a vida de devedores contumazes, ele proporcionou uma receita extra de R$ 20 bilhões em novembro. Além disso, outros R$ 15 bilhões entraram nos cofres públicos, naquele mês, com o pagamento do bônus de assinatura pelas empresas que ganharam a concessão do campo petrolífero de Libra, na área do pré-sal.

Apesar da intenção de tranquilizar investidores, o mercado não reagiu como o ministro esperava. A maneira pela qual o governo chegou ao superavit, na visão de especialistas, é mais um exemplo da política de "contabilidade criativa" que colocou em xeque a nota soberana (rating) do Brasil — espécie de ranking que classifica as economias conforme a segurança que oferecem para investimentos, no qual o país está ameaçado de perder posições. "Isso não ajuda a melhorar a credibilidade. O argumento é de que está tudo bem na parte fiscal. Mas foi mais um passo para a perda de nota das agências de classificação de risco", disse o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.

"O anúncio antecipado, bem como a decisão da presidente Dilma Rousseff de ir, neste ano, ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, insere-se na estratégia de convencer formadores de opinião econômica de que o Brasil não se encontra em desordem fiscal", avaliou Marcos Troyjo, professor da Universidade Columbia, em Nova York.

Esforço
Em dezembro, segundo Mantega, o governo central fez um superavit de R$ 14 bilhões, um recorde para o mês. A arrecadação, de R$ 116 bilhões, foi a maior já registrada no período. Para o ministro, o resultado reflete o aumento da atividade econômica. "Os brasileiros estão pagando menos impostos na cesta básica, os empresários, na folha de pagamentos, e as pequenas empresas, com o Simples. Mesmo assim, a receita está crescendo. Isso é uma combinação feliz e positiva", afirmou.

A economia de R$ 75 bilhões — equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) — corresponde somente à fatia que cabe ao governo federal na meta fiscal para 2013. O valor total será fechado com o esforço feito por estados e municípios, uma colaboração que deveria levar a poupança para 2,3% do PIB. Esse número, no entanto, parece impossível de ser alcançado.

Mantega não quis antecipar as metas para este ano, que serão anunciadas em fevereiro. Ele garantiu, porém, que apenas na eventualidade de uma "catástrofe" o governo fará um superavit menor do que 1,1% do PIB, como vem sendo estimado pelo mercado. "Infelizmente, as perspectivas para 2014 apontam para um resultado abaixo da meta para o setor público consolidado", ponderou Flávio Serrano, economista do Espirito Santo Investment Bank. "Teremos crescimento baixo e será difícil arrumar novamente tanta receita extraordinária."

Divisa em espécie fica sem IOF
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que não haverá aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para a compra de moeda estrangeira em espécie por turistas. No fim do ano passado, o governo elevou de 0,38% para 6,38% a alíquota para operações com cartões de débito e pré-pagos, compras de cheques de viagem e saques em moeda estrangeira no exterior. 

"Essa medida busca evitar exageros. O efeito arrecadatório ocorrerá, mas não é o mais importante. O aumento não será colocado em outros itens. Estamos tirando e não colocando IOF", disse o ministro.

Fonte: Correio Braziliense

Aécio e Campos salvam suas trincheiras

Acordo entre os presidenciáveis garante alianças em Minas e Pernambuco, com apoio a um único candidato a governador, e pode melar intenção de Marcio Lacerda de entrar na disputa

Juliana Cipriani

Acordo fechado no início de dezembro entre o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), deve sepultar de vez a possibilidade de o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), concorrer ao Palácio da Liberdade. Os dois firmaram um pacto de não agressão que implica, em primeiro lugar, a manutenção das trincheiras de cada um. Aécio não lançará candidato ao governo de Pernambuco e Campos não o fará em Minas Gerais. O interesse comum dos dois é tirar votos da presidente Dilma Rousseff (PT), ampliando as chances de a oposição chegar ao segundo turno.

A primeira conta feita em um restaurante na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde Campos e Aécio jantaram longe dos holofotes em 8 de dezembro, foi a dos números de urna das legendas. É importante para o tucano que o PSDB concorra sozinho em Minas, para elevar a vitória de Aécio onde ele é mais forte. No estado natal, o tucano quer garantir uma frente de 4 milhões de votos em relação a Dilma. Pelos cálculos internos, concentrar a campanha em um candidato a governador com o mesmo número do nome para presidente representa um impacto de 2% a 3% na votação.

A outra questão é política: falta confiança. Depois de eleito prefeito de Belo Horizonte, Lacerda vetou as principais indicações dos tucanos para a composição de governo. Até mesmo uma articulação para escolher o presidente da Câmara Municipal foi negada. Aliados avaliam que, se o PSDB "entregar" o Palácio da Liberdade ao socialista, podem ficar vendidos na administração.

Por sua vez, Aécio deixará o caminho livre para Eduardo Campos em Pernambuco tentar vencer ou pelo menos diminuir uma vitória de Dilma, que é forte nos estados do Nordeste. Coube a Campos fazer o primeiro gesto concreto, depois do jantar que acertou, não só a questão de Minas e Pernambuco, mas uma espécie de divisão das prioridades eleitorais. O pernambucano oficializou ontem a entrada do PSDB na sua administração, concedendo ao partido a pasta do Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo e a Presidência do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Oposição. Com a entrada de um nome indicado pelo presidente do PSDB local, deputado federal Sérgio Guerra, fica consumada a adesão do partido – que até então fazia oposição a Campos na Assembleia – à futura candidatura ao governo. O PSB mineiro agora aguarda uma conversa com os tucanos no estado. A nomeação de Tiago Lacerda, filho de Marcio Lacerda, para comandar a Secretaria de Turismo e Esportes, que incorpora as funções da pasta que tratava de ações para a Copa do Mundo, não foi vista como uma nova sinalização, já que, segundo o presidente do PSB estadual, deputado federal Júlio Delgado, ele não é filiado.

Delgado diz que o PSB não exige uma pasta, pois já integra o governo de Antonio Anastasia, mas espera uma conversa institucional para resolver a situação do partido. A questão agora é se o PSB será convidado a compor chapa majoritária com o candidato tucano, ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, ou se ficará avulso. O secretário de Governo de Minas, Danilo de Castro (PSDB), afirmou ontem que as conversas entre Aécio e Eduardo Campos estão avançadas no sentido de garantir um território ameno de disputa que lhes permita uma união em um eventual segundo turno contra Dilma.

De acordo com o secretário, não interessa a nenhum dos dois enfraquecer o outro, por isso, o acordo entre eles vai se refletir nos estados de origem. Danilo de Castro confirmou que o PSDB não espera uma candidatura adversária de Marcio Lacerda em Minas Gerais. "Sendo um prefeito muito bem avaliado, ele não vai partir para uma aventura sem o apoio do Aécio e do Anastasia. Não teria chance eleitoral nenhuma", avalia.

Fonte: Estado de Minas

Marina no meio do caminho

O rateio eleitoral feito pelo senador Aécio Neves (PSDB) e o governador Eduardo Campos (PSB) para viabilizar o nome de um dos dois no segundo turno das eleições contra a presidente Dilma Rousseff (PT) passa por pelo menos oito estados. Além de Minas Gerais e Pernambuco, terras dos opositores à petista, foram colocados na roda Amapá, Mato Grosso e Paraíba, que teriam prioritariamente candidaturas encabeçadas pelo PSB, e Pará, Paraná e São Paulo, que ficariam com a primazia do PSDB. O problema é que o apoio à reeleição do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), esbarrou na ex-senadora Marina Silva (PSB).

Nova aliada de Campos desde que a Rede, idealizada por ela, não conseguiu registro eleitoral, Marina rechaça a possibilidade de subir no palanque de Alckmin. Para vencer a queda de braço, ela teria concordado em ser lançada como vice de Campos ainda este mês desde que o PSB não apoiasse Alckmin. As notícias são de que Marina já teria vencido a questão. Fontes ligadas à cúpula socialista afirmam que a decisão está tomada e que o anúncio depende apenas de alguns ajustes. Pesquisas internas do PSB mostram que, tendo Marina como vice, as chances eleitorais de Eduardo Campos em São Paulo aumentam.

O deputado federal Walter Feldman (PSB-SP), muito próximo a Marina Silva, avalia que o cenário de Pernambuco é atípico. "É uma realidade local. A nossa posição é ter candidatura própria. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais estamos lutando para isso. Não ter candidatura própria é um problema porque dificulta a explicitação de um programa alternativo para o Brasil. Em Pernambuco, não temos esse problema uma vez que o governo de lá já é do PSB", explicou.

A ex-senadora compôs o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas depois de uma série de desentendimentos, inclusive com a então ministra Dilma, foi para a oposição. Assim como ela, o PSB era aliado, mas rompeu com o governo petista no ano passado por causa das pretensões eleitorais do governador pernambucano.

O combinado era o PSB ter um gesto de cavalheirismo onde o PSDB tivesse candidato e vice-versa. Só que em São Paulo, a troca parece ter melado. No dia 17 haverá no Recife um encontro informal de dirigentes nacionais do PSB. Entre outros assuntos, discutirão nomes para a vaga de Alckmin. Socialistas e tucanos já conversaram sobre a possibilidade de estarem juntos no Rio Grande do Sul, porém sem nenhum deles encabeçar a chapa. Pelas conversas, ambos apoiariam a candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo.

Durante a posse de novos secretários no Recife, incluindo a cota tucana, Eduardo Campos discursou ontem em tom de explicação da união com o PSDB. O pernambucano disse que o que está em jogo este ano não é apenas uma eleição, mas o futuro do povo brasileiro, e que é possível fazer "mais e melhor". "Não podemos ficar achando que está tudo uma beleza, pois sabemos que não está. Quem sabe ver um pouco adiante do que se apresenta na realidade hoje sabe que é hora de a gente poder guardar as conquistas de ontem e ter novas conquistas", pontuou.

Presente à cerimônia e tratado com deferência especial pelo governador, o deputado federal Sérgio Guerra (PSDB) ressaltou a importância da aliança e fez questão de relacionar o ato com a campanha nacional. Segundo o dirigente tucano, os partidos estão "somando esforços em nome de um projeto maior para o Brasil".

(Colaborou João Valadares)

Fonte: Estado de Minas

PSB quer que Marina defina se vai ser vice até fevereiro

O PSB espera que Marina Silva anuncie que será vice na chapa de Eduardo Campos à Presidência até o fim do mês ou meados de fevereiro. A condição que teria sido imposta pela ex-ministra para que isso ocorra é que a sigla abra mão de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. "O nosso desejo é que ela (Marina) seja a vice", disse o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos principais articuladores políticos de Campos. Albuquerque nega, no entanto, que haja uma decisão sobre o quadro paulista.

PSB prepara anúncio de Marina como vice de Campos na disputa presidencial

Isadora Peron

O PSB espera que Marina Silva anuncie publicamente que será vice na chapa de Eduardo Campos à Presidência até o fim do mês ou meados de fevereiro. A condição que teria sido imposta pela ex-ministra para que isso ocorra é que a sigla abra mão de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.

"O nosso desejo é que ela (Marina) seja a vice", disse o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), um dos principais articuladores políticos de Campos. O deputado nega que haja uma decisão sobre o quadro paulista, principal foco de tensão entre os integrantes do PSB e da Rede Sustentabilidade, sigla que Marina tentou criar, mas teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

"Essa não é uma decisão que vai ser tomada de cima para baixo, pelo Campos ou por Marina. E uma decisão que os diretórios estaduais vão tomar", disse Albuquerque. No dia 17, Campos vai receber no Recife os principais dirigentes do PSB para definir o cronograma de campanha e discutir a situação dos palanques estaduais.

Antes de Marina se filiar ao PSB, em outubro, o PSB paulista articulava uma aliança com os tucanos. À frente das negociações estava o presidente estadual da sigla, deputado Márcio França. O parlamentar continua defendendo o apoio a Alckmin, mas diz que a posição final vai depender do espaço que a legenda vai ter numa eventual coligação. Para França, se o governador não oferecer ao PSB a vaga de vice na chapa, posto para o qual o próprio deputado está cotado, uma nova estratégia pode começar a ser pensada.

Os aliados de Marina, no entanto, apoiam a tese da candidatura própria, independentemente de qualquer conjuntura. O nome natural para a disputa seria a deputada Luiza Erundina (PSB), que resiste à ideia e tem declarado que pretende concorrer novamente a uma vaga na Câmara.

De acordo com integrantes do PSB, Campos, que havia dado carta branca para França negociar o apoio a Alckmin, começou a emitir sinais de que poderia mudar de ideia depois de uma conversa com Marina no mês passado, na Bahia. Na ocasião, a ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon se filiou à legenda e anunciou que iria concorrer a uma vaga no Senado.

A decisão de Marina de antecipar o anúncio de que será vice na chapa seria uma forma de garantir que Campos não vai voltar atrás na decisão de não apoiar o PSDB em São Paulo.

O movimento político da ex-ministra é visto com bons olhos pela cúpula do PSB, que avalia que a sinalização cria um fato novo neste período de pré-campanha e coloca a dupla em evidência já no início do ano.

Pernambuco. A resistência de Marina à aliança com o PSDB em São Paulo, no entanto, não impediu que Campos abrisse espaço em seu governo para a sigla. Na manhã de ontem, ele deu posse a dois tucanos, um na Secretaria de Trabalho, outro na presidência do Detran (leia ao lado).

Em dezembro, Campos e o senador mineiro Aécio Neves, que deve concorrer à Presidência pelo PSDB, encontraram-se em um jantar no Rio de Janeiro para discutir possíveis acordos entre as duas siglas nos Estados. Além de Pernambuco e São Paulo, os presidenciáveis avaliaram a possibilidade de dividir palanques em Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul.

Pesquisas. Terceira colocada na corrida presidencial de 2010, quando recebeu cerca de 20 milhões devotos, o nome de Marina aparece sempre com índices maiores que os de Campos nas pesquisas de intenção de voto.

No último levantamento do Datafolha, divulgado em dezembro, Marina alcança 26% das intenções de voto quando disputa com a presidente Dilma Rousseff e com Aécio. Em outro cenário, contra os mesmos adversários, Campos marca 11%.

Levantamentos internos do PSB mostram que a intenção de voto no governador de Pernambuco aumenta quando o nome dele aparece ao lado do da ex-ministra do Meio Ambiente.

Colaborou Monica Bernardes

Fonte: O Estado de S. Paulo

'Aliança com tucanos é a nova política', diz Campos

Campos exalta ingresso do PSDB no seu governo; cerimônia de posse foi marcada por clima eleitoral

A posse de seis novos integrantes do secretariado do governo de Eduardo Campos (PSB), ontem, no Recife, teve clima de campanha eleitoral. A cerimônia marcou o ingresso do PSDB na gestão do governador pernambucano. Durante os discursos, frases de efeito, aplausos efusivos, gritos e elogios ao "modo moderno" de Campos governar.

A aliança com os tucanos de Pernambuco foi classificada pelo governador como o exemplo da "nova política" praticada por seu partido e aliados. O PSDB vai ocupar na administração Campos a Secretaria do Trabalho, com Murilo Guerra, ex-superintendente do Sebrae em Pernambuco, e a presidência do Detran, com Caio Mello, secretário de saúde do município de Camaragibe.

Articulador do acordo, o deputado federal Sérgio Guerra, presidente estadual do PSDB, sentou-se na primeira fila e foi tratado com deferência especial pelo governador.

"Aprendi com o meu avô, o ex-governador Miguel Arraes, o valor das alianças políticas. Mas não alianças feitas para interesse de políticos ou de partidos. Temos sempre de saber fazer alianças colocando os interesses do povo no centro do que está sendo feito. Essa é a distinção entre a velha política e a nova política", afirmou.

Guerra fez questão de reforçar a importância da aliança, no plano local e nacional. "Estamos somando esforços em nome de um projeto maior para o Brasil", comentou em entrevista após a cerimônia. Durante o ato, no entanto, coube ao novo secretário de Infraestrutura, João Bosco de Almeida (PSB/ PE) - que até o final do ano passado dirigiu a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) - fazer uma espécie de balanço das ações desenvolvidas pelo governador nos últimos sete anos, além de "prospectar os efeitos positivos" de uma potencial vitória de Campos na disputa presidencial.

"Estamos comprometidos para trabalhar com muita união e coroar com êxito o fim dessa gestão. Além de fazer, deveremos fazer melhor para mostrar ao Brasil inteiro que aqui se instalou um novo modo de fazer política". Bosco ainda aproveitou para alfinetar o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). "Pude constatar (durante a passagem pela Chesf) o quão carente está o governo da União das práticas que são empregadas em Pernambuco", criticou, sob aplausos de uma plateia formada basicamente por assessores, parlamentares e correligionários.

O escalado para falar por aqueles que deixaram o Executivo foi o ex-secretário de Infraestrutura, o deputado estadual Isaltino Nascimento, que, em outubro, deixou o PT - partido que ajudou a fundar no Estado - para se filiar ao PSB. "Nós pernambucanos somos conhecidos em todo o Brasil por sermos megalomaníacos. Dizem que o Atlântico é formado pelos rios Capibaribe e Beberibe. E dizem uma série de situações que nós temos mania de grandeza. E certamente essa mania de grandeza e o sentimento de pernambucanidade ficou muito mais evidenciado nesses anos da gestão de vossa excelência. E nós sabemos o quanto hoje, Pernambucano vivência, não só aqui no Recife e na área Metropolitana, mas em todo o interior do Estado, os ventos e o sentimento de transformação que nós estamos vivenciando", disparou Nascimento, sob os aplausos dos aliados./M.B.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina veta apoio do PSB a Alckmin em SP e concorda em ser lançada logo a vice na chapa de Campos

Ex-senadora acerta que sua candidatura a vice será lançada ainda neste mês ou no máximo até meados de fevereiro

Ricardo Noblat

BRASÍLIA — A ex-ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, ganhou a queda de braço com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, aspirante a candidato do PSB à sucessão da presidente Dilma Rousseff. O PSB não apoiará o governador Geraldo Alckmin (PSB), de São Paulo, candidato à reeleição.

Em compensação, Marina concordou em ter sua candidatura a vice de Eduardo lançada ainda neste mês – ou no máximo até meados de fevereiro. No próximo dia 17 haverá em Recife um encontro informal de dirigentes nacionais do PSB. Entre outros assuntos, discutirão nomes para a vaga de Alckmin.

Eduardo guarda na memória do seu computador pessoal os resultados de pesquisa recente encomendada pelo PSB sobre a eleição em São Paulo. Uma das questões propostas aos entrevistados testou a popularidade de Marina Silva e o alcance do seu apoio como vice à candidatura de Eduardo.

A popularidade de Marina bateu a casa dos 20%. Com o apoio dela, Eduardo ultrapassa Aécio Neves, aspirante a candidato do PSDB a presidente, nas maiores cidades do Estado. Os resultados da pesquisa convenceram o governador de Pernambuco a acatar o veto de Marina ao nome de Alckmin.

A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSB) resiste ao assédio de Marina para ser candidata ao governo do Estado. Eduardo resiste à pressão da cúpula do PSB paulista para que o partido apoie a reeleição de Alckmin e continue fazendo parte do governo dele. O PSB precisa de candidato próprio em São Paulo para dar palanque a Eduardo.

Em breve, Aécio retribuirá o gesto de Eduardo que oficializou em Pernambuco a entrada do PSDB no seu governo. O partido ganhou uma secretaria de Estado e a chefia do Detran. O candidato de Aécio ao governo de Minas Gerais será o atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB).

Em dezembro último, Eduardo e Aécio se reuniram no Rio de Janeiro e acertaram que dividirão o mesmo palanque nos Estados onde isso seja conveniente ao PSDB e ao PSB. Lacerda apoiará Aécio, apesar de ser filiado ao partido de Eduardo. Mas Eduardo, que nada tinha a perder em Minas, pelo menos ganhou um palanque para pisar.

Palanques comuns a Eduardo e Aécio têm muito a ver com as sucessões estaduais. O PSDB enfrentará em Minas a forte candidatura de Fernando Pimentel (PT), atual ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Márcio Lacerda é o melhor nome de que pode dispor Aécio para vencer Pimentel.

PTB e PT deixaram o governo Eduardo em outubro passado. Ou concorrerão à sucessão de Eduardo com um único candidato ou com dois – que, num eventual segundo turno, estarão juntos. O PSDB, que no Estado era oposição a Eduardo, agora passará para o lado dele.

Na Paraíba, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) pretende disputar o governo do Estado. Nas contas de Eduardo, ali o PSDB acabará apoiando a reeleição do atual governador, que é do PSB. No Paraná, Beto Richa (PSDB), governador, ganhará o apoio do PSB. O vice dele é do PSB.

Fonte: O Globo

Rede já vinha paralisando negociações do PSB

Movimento aliado ao partido de Campos prega candidaturas próprias para reforçar projeto nacional

Gustavo Uribe

SÃO PAULO — A resistência de integrantes da Rede em apoiar candidatos tucanos nas eleições do ano que vem já vinha paralisando as negociações entre PSB e PSDB iniciadas em setembro em vários estados. O partido de Marina defende candidaturas próprias da aliança com o PSB nos estados para firmar a posição de “terceira via”.

Em encontro no Rio de Janeiro, no início de dezembro passado, Aécio Neves e Eduardo Campos, ambos pré-candidatos à sucessão presidencial, avaliaram o mapa eleitoral e decidiram esperar até abril para definir as alianças regionais entre as duas siglas. Os estados onde havia maiores dificuldades eram São Paulo e Paraná, nos quais os socialistas cogitavam apoiar as reeleições dos governadores tucanos Geraldo Alckmin e Beto Richa.

Em São Paulo, a Rede aprovou em dezembro manifesto pela candidatura própria, e o deputado federal Walter Feldman, do grupo de Marina, já informara a Alckmin que seria difícil a Rede apoiá-lo. Agora, Marina sacramentou de vez a separação com os tucanos no estado. No Paraná, onde o PSB é um aliado tradicional do atual governo estadual, os membros da Rede defendem a candidatura da deputada federal Rosane Ferreira, do PV.

Em nota, divulgada em dezembro, o comando nacional da Rede reafirmou a defesa de candidaturas próprias que reforcem o projeto nacional da coligação. “A Rede Sustentabilidade realizará todos os esforços para que, em consenso com PSB e PPS, os estados possam apresentar alternativas alinhadas com seu programa nacional

Fonte: O Globo

Jarbas mantém distância de Guerra

Senador afirma que a aliança entre Eduardo e o PSDB não significará uma aproximação com o deputado tucano

Gabriela López

A aliança do governador Eduardo Campos (PSB) com o PSDB, do deputado federal Sérgio Guerra, não significará reaproximação do tucano com o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que também faz parte da base de sustentação do socialista. O recado foi dado pelo próprio peemedebista, que, apesar de mandar o aviso, preferiu não polemizar com a nova coligação.

"Não vou conviver com ele (Guerra). Vou conviver com o partido dele e pessoas que são minhas amigas e que já votaram comigo: Elias Gomes (prefeito de Jaboatão dos Guararapes), Betinho Gomes, Daniel Coelho (ambos deputados estaduais)... não vou deixar de fazer política por causa da presença desta pessoa que você falou ou de qualquer outra", disse, em conversa com o JC ontem, dia em que o governador empossou o tucano Murilo Guerra (agora titular da pasta de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo) e outras cinco pessoas como novos secretários.

Em uma costura liderada por Sérgio Guerra e o governador, os tucanos entram na base no último ano de gestão e no momento em que Eduardo Campos prepara sua candidatura a presidente.

Em 2010, Jarbas - então candidato a governador, em embate com a reeleição de Eduardo Campos - acusou Sérgio Guerra de não se engajar na campanha e ter sido conivente com a migração de prefeitos do PSDB para o palanque do socialista, o que motivou o rompimento entre os dois, que já estiveram juntos na chamada União por Pernambuco.

"O governador está no papel dele de agregar força para uma eleição que não vai ser fácil (a de presidente), é mais disputada. Ele está ampliando a base. Não dá para falar de conteúdo, se é bom ou ruim", comentou Jarbas.

Na eleição de 2012, Jarbas e Eduardo voltaram a se coligar - após duas décadas de racha - na campanha que elegeu Geraldo Julio (PSB) prefeito do Recife.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Eleição é 'imprevisível', afirma revista 'The Economist'

Para revista britânica, "economia oferece uma linha de ataque" aos adversários de Dilma na campanha deste ano

Fernando Nakagawa

LONDRES - A primeira edição do ano da revista The Economist traz uma reportagem em que afirma que o resultado das eleições presidenciais de 2014 no Brasil é "imprevisível". Ao comentar que estudos mostram que o eleitorado brasileiro quer mudanças, a publicação diz que "o espírito dos protestos de junho ainda está vivo e uma parte do apoio a Dilma Rousseff poderia derreter se uma alternativa forte emergir". A revista britânica diz que a economia será um ponto frágil na campanha à reeleição da atual presidente da República.

"A economia oferece uma linha de ataque para concorrentes. Desde que Rousseff tomou posse em 2011, o crescimento tem sido anêmico. O desemprego é baixo e, até recentemente, a renda subia mais rápido que a inflação", observa a Economist. "Mas a criação de empregos e o aumento de renda agora estão esfriando, enquanto os preços continuam subindo. As finanças públicas se deterioraram e isso não será consertado em um ano eleitoral."

Além dos temas econômicos, a revista aponta o risco de voltarem a ocorrer protestos como os de 2013, em especial durante a Copa do Mundo. Outra ameaça é a possibilidade de que pelo menos uma cidade-sede do torneio tenha de ser retirada pelos atrasos na construção dos estádios. "Isso seria um grande constrangimento."

Apesar disso, a publicação nota que Dilma retomou parte da popularidade após os protestos de junho. Além disso, os demais candidatos ao Planalto não começaram efetivamente a fazer campanha ou ainda enfrentam problemas internos. "O PSDB de Aécio Neves foi atingido por indícios de corrupção e superfaturamento em contratos públicos em São Paulo", cita a revista britânica. "Eduardo Campos segue preparando um programa com sua provável companheira de chapa, Marina Silva."

Um mês atrás, a revista publicou reportagem sobre o cenário econômico brasileiro e os efeitos do baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na campanha à reeleição de Dilma. A Economist ponderava que o País havia retomado investimentos em infraestrutura, o desemprego seguia baixo e - a renda, em alta, ainda que em menor velocidade, mas que o governo tinha "pouco espaço de manobra" no ano eleitoral. No fim de 2012, a Economist chegou a pedir a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. No ano passado, foi irônica ao dizer que ele era "um sucesso".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Triângulo das Bermudas- Merval Pereira

Os principais candidatos à Presidência da República em outubro estão dedicando seus melhores esforços à formação de palanques na Região Sudeste, especialmente nos três principais colégios eleitorais, São Paulo, Rio e Minas, o chamado Triângulo das Bermudas da política brasileira, onde, tudo indica, as batalhas mais decisivas serão travadas.

A decisão de romper a aliança com o PSDB em São Paulo, se confirmada, é uma jogada de risco para a candidatura de Eduardo Campos do PSB no principal colégio eleitoral do País.

Mesmo que Marina Silva tenha tido em 2010 cerca de 20% dos votos no estado, nada indica que ela conseguirá transferir essa votação para Campos mesmo sendo confirmada como vice na chapa do PSB.

A aposta é que ela transfira seu prestígio também em outros estados e no Distrito Federal, onde venceu a eleição, e no Rio. A reação do líder Beto Albuquerque, que se recusa a aceitar a decisão como definitiva perguntando “para onde vamos então?”, mostra bem, no entanto, a dificuldade. Além do mais, o PSB pretende usar o número 40 em suas candidaturas majoritárias, para ajudar a aumentar sua bancada federal no Congresso, e está difícil encontrar um candidato no partido.

A ex-prefeita Luiza Erundina se encaixaria nesse perfil socialista, mas resiste a aceitar. O vereador Ricardo Young é do PPS, mas poderia haver um acordo entre os partidos para que ele concorresse com o número 40.

São candidatos, no entanto, não competitivos, e Campos teria de abrir mão de dividir o palanque de Alckmin com o tucano Aécio Neves, o que enfraquece desde já sua candidatura.

Mesmo que o governador do PSDB esteja em situação difícil com todas as acusações às gestões tucanas de formação de cartel nas licitações do metrô e de trens, ele continua sendo o favorito em São Paulo, e o partido tem uma grande estrutura no estado, só comparável à do PT com a máquina federal e, agora, a prefeitura.

Nas últimas eleições o PSDB tem vencido sempre para presidente em São Paulo, e mantém o governo estadual, embora o PT esteja na Presidência do país por quase 12 anos. Ao mesmo tempo os candidatos do PT à Presidência têm vencido as eleições em Minas, mesmo que o PSDB esteja no poder estadual.

Em 2010 o resultado do primeiro turno da eleição para presidente em Minas coincidiu com o resultado oficial geral. A candidata Dilma Rousseff teve 46,9% dos votos, o mesmo percentual que obteve no Brasil, e o tucano José Serra teve 30,7%, contra 32,6% no país. Também a candidata Marina Silva recebeu em Minas 21,2% dos votos, sendo 40% em Belo Horizonte, contra 19,6% no plano nacional.

Não se trata de mera coincidência, mas de uma representação das diversas regiões do país detectada pelo presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que constatou em muitos anos de pesquisa eleitoral que os resultados em Minas refletem cada vez mais a média nacional.

Se a tese for confirmada, o candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, pode se considerar eleito, pois em suas contas ele pretende sair de Minas com uma vantagem de 3 a 4 milhões de votos sobre a presidente Dilma Rousseff.

Mas o PT avalia que desta vez encontrou um candidato de peso a governador, o ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, e se acha capaz de vencer no reduto eleitoral do candidato tucano. Além do fato de a presidente Dilma ser mineira, embora tenha feito a carreira política no Rio Grande do Sul.

Se a presidente repetir a vitória que teve em 2010, onde venceu por diferença de 1.797.83 votos, toda a estratégia de Aécio vai por água abaixo, já que será muito difícil para ele ter uma vitória folgada em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, com 1/3 do PIB nacional e 1/4 do eleitorado, onde os partidos solidamente implantados em São Paulo são o PSDB e o PT.

O PSDB tem vencido regularmente a eleição para presidente em São Paulo, mas a diferença a seu favor vem diminuindo: Fernando Henrique abriu cerca de 5 milhões de votos de frente para Lula em 1994 e 1998, em 2006, Alckmin venceu por uma margem de 3,8 milhões de votos e Serra, em 2010, por cerca de 1,8 milhão.

Esta será a primeira eleição presidencial desde 1994 em que não há candidatos paulistas na disputa, e, portanto, não se sabe qual será a reação do eleitorado tucano (e da máquina) diante do senador Aécio Neves. Ele acha que se vencer em SP, por mínima que seja a diferença, estará eleito. O PT prepara-se para vencer em São Paulo, para o governo e para a Presidência. (Continua amanhã)

Fonte: O Globo

O ano-espetáculo – Revista Será? / Editorial

Dois grandes eventos programados garantem as emoções de 2014: a Copa do Mundo de Futebol e as eleições gerais de outubro. 2014 será o ano-espetáculo. A Copa do Mundo vai despertar o entusiasmo futebolístico dos brasileiros que pode explodir em alegria nacionalista ou afundar numa depressão, a depender do desempenho da “pátria de chuteira”. De qualquer forma, o povão vai ficar fora dos estádios, barrado pelos ingressos, tão perto mas tão longe quanto na copa da África do Sul.

E as eleições? Evento político que, no entanto, promete ser outro grande espetáculo midiático, jogo de imagens e pirotecnia fabricado por competentes marqueteiros. A festa democrática será uma disputa política e terá grande importância para o futuro do Brasil com a definição dos novos governantes e dos novos parlamentares. Mas, como tem sido nos últimos pleitos, as eleições serão uma competição entre publicitários – quase uma outra Copa – disputando o poder de sedução dos seus candidatos, independente de projetos e ideologias.

Podemos perder a Copa do Mundo, seria triste mas, afinal, somos penta. Não podemos é perder a chance de participar da definição dos destinos do Brasil que se desenham por trás das fantasias e maquiagens desenhadas pelos marqueteiros.

Ah! O carnaval será em março. Fora estas emoções previsíveis, 2014 pode trazer algumas surpresas lembrando as advertências deixadas por 2013: a grande mobilização da sociedade contra a corrupção política e pela melhoria da qualidade dos serviços públicos.

Fonte:Revista Será? - Penso, logo duvido.

O Brasil sem muletas - Armando Castelar Pinheiro

Foi um erro apostar em uma política econômica que supunha que o mundo nunca voltaria à normalidade.

O Brasil deve ter um 2014 difícil. É o que se conclui da declaração do ministro da Fazenda, para quem "a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas: de um lado, o financiamento ao consumo, que está escasso, e, de outro lado, a crise internacional, que nos rouba uma parte da nossa possibilidade de crescimento".

De fato, o Brasil está com pernas mancas há bastante tempo. Isso só não ficou evidente antes pois caminhávamos apoiados nas muletas do crédito fácil e de uma economia internacional que nos ajudava muito. Retiradas as muletas, viu-se que nosso modelo econômico é de fato manco.

Alguns números ilustram nossa dependência dessas muletas. Nos 12 meses até novembro, o crédito livre às pessoas físicas aumentou 1,8%, descontada a inflação, contra uma média de 10,9% ao ano no quinquênio anterior. Isso explica, em parte, a expansão mais lenta das vendas do varejo - 2,2% nos 12 meses até outubro, contra 8,4% ao ano no quinquênio anterior - e do consumo das famílias - 2,3% nos quatro trimestres até setembro, contra 4,9% ao ano no lustro anterior.

O crédito ao consumo está mais "escasso" pois a massa salarial real está crescendo menos: 2,4% nos doze meses até novembro, contra uma média anual de 6,0% no quinquênio anterior. Além disso, as famílias estão se endividando para comprar moradia, deixando menos espaço para empréstimos para o consumo. Nos doze meses até novembro, o crédito imobiliário direcionado para as pessoas físicas aumentou 26,9% em termos reais.

A forte alta no crédito imobiliário fez com que o total de empréstimos às pessoas físicas crescesse 10% nos doze meses até novembro. Ainda é um aumento muito grande. Dado o patamar que já atingiu, a dívida das famílias não tem como continuar a crescer tão à frente da massa salarial, especialmente agora que os juros, em vez de cair, estão subindo. É irreal acreditar que o crédito ao consumo pode voltar a crescer como antes. Essa muleta se foi.

A economia mundial ajudou menos o Brasil em 2013 do que vinha fazendo até então. De acordo com o FMI, em 2013 o PIB mundial cresceu 2,9%, 0,3 ponto percentual a menos que em 2012. A Ásia Emergente, em especial, cresceu "apenas" 6,3%, contra uma média de 7,8% ao ano no quinquênio anterior. Isso ajuda a explicar por que o preço das nossa exportações caiu 12% nos 24 meses até outubro, depois de subir 14% ao ano no quinquênio anterior.

O Brasil também sofreu com a perspectiva de que o Fed, o banco central americano, começaria a reduzir a emissão de dólares para comprar títulos públicos e papéis lastreados em hipotecas. Desde que o presidente do Fed tocou nesse tema pela primeira vez, os juros e o dólar dispararam no Brasil. A alta dos juros encareceu o custo de financiamento público e corporativo. A desvalorização do real ameaçou as empresas endividadas em moeda estrangeira, obrigando o Banco Central a prover hedge no mercado de derivativos.

Mas esses desenvolvimentos na Ásia e nos EUA nada mais são que o início de uma volta à normalidade. Foi um erro apostar numa política econômica que supunha que o mundo nunca voltaria à normalidade. Como acreditar que o preço das exportações continuaria subindo 14% ao ano para sempre ou que o Fed iria indefinidamente imprimir um trilhão de dólares ao ano? Essa muleta também se foi.

Porque não se preparou para isso, o Brasil está sofrendo mais que a maioria dos emergentes com a normalização externa. De acordo com o FMI, depois de crescer em média 4,5% ao ano em 2006-10, o Brasil deve ter expansão de apenas 2,2% ao ano em 2011-14. A desaceleração no resto da América Latina foi bem mais branda, de 3,9% para 3,8% ao ano entre os dois períodos. Vale dizer, o cenário externo impactou bem mais o Brasil que o resto da região.

Isso ocorreu por termos tantas "pernas mancas": nosso déficit externo é alto, a situação fiscal piorou sensivelmente e nossa inflação segue perto do teto da banda, a despeito de todas as isenções tributárias e de os preços controlados pelo governo terem subido apenas 1% nos doze meses decorridos até novembro. Isso sem falar da alta e complexa carga tributária, do péssimo ambiente de negócios, da falta de infraestrutura e mão de obra qualificada, e da alta insegurança jurídica.

Com o mercado de trabalho mais fraco em 2014, os juros mais altos e a preferência pelo crédito imobiliário, o crédito ao consumo vai continuar escasso no ano que vem. Com a Ásia Emergente crescendo 6,5% em 2014, o Fed começando este mês a desmontar a política de afrouxamento quantitativo, e nossos fundamentos econômicos piorando, no ano que vem o ambiente externo também não vai ajudar muito.

O mercado prevê que o país, com as pernas mancas e sem muletas, conseguirá crescer só 2% em 2014. No Ibre, projetamos alta de apenas 1,8%. A questão que se coloca é se, passadas as eleições, faremos as reformas necessárias para poder crescer com pernas fortes e menor dependência do crédito farto ao consumo e dos fortes ventos a favor da conjuntura global.

Armando Castelar Pinheiro é coordenador de Economia Aplicada do IBRE/FGV e professor do IE/UFRJ.

Fonte: Valor Econômico

Por trás da maquiagem, a crise real da indústria - Rolf Kuntz

O pior saldo comercial em 13 anos - o pitoresco e discutível superávit de US$ 2,56 bilhões - está longe de ser um desastre isolado. Os números da balança retratam com precisão a crise brasileira: uma indústria com enorme dificuldade para competir, o descompasso entre consumo e produção, a política econômica feita de remendos e improvisações e a dependência cada vez maior de uns poucos setores ainda eficientes, com destaque para o agronegócio e a mineração. O menos importante, nesta altura, é apontar a exportação fictícia de plataformas de petróleo, no valor de US$ 7,74 bilhões, como evidente maquiagem dos números. Muito mais instrutivos, nesta altura, são outros detalhes. Uma dissecção da balança comercial, mesmo sumária, dá uma boa ideia dos estragos acumulados na economia em dez anos, especialmente nos últimos seis ou sete.

Sem os US$ 7,74 bilhões das plataformas, a exportação de manufaturados fica reduzida a US$ 85,35 bilhões. Para igualar as condições convém fazer a mesma operação com os números de 2012. Eliminada a plataforma de US$ 146 bilhão, a receita desse conjunto cai para US$ 89,25 bilhões. Sem essa depuração, o valor dos manufaturados cresceu 1,81% de um ano para o outro, pela média dos dias úteis. Com a depuração, o movimento entre os dois anos é uma assustadora queda de 5,13%.

Alguns dos itens com recuo de vendas de um ano para o outro: óleos combustíveis, aviões, autopeças, veículos de carga, motores e partes para veículos e motores e geradores elétricos. No caso dos aviões, a redução de RS$ 4,75 bilhões para US$ 3,83 bilhões pode estar relacionada com oscilações normais no ritmo das encomendas e da produção. Mas o cenário geral da indústria é muito ruim. No caso dos semimanufaturados, a diminuição, também calculada pela média dos dias úteis, chegou a 8,3%.

Não há como atribuir esse resultado à crise internacional, até porque várias economias desenvolvidas, a começar pela americana, avançaram na recuperação, Para a América Latina e o Caribe, grandes compradores de manufaturados brasileiros, as vendas totais aumentaram 5,6%. Mesmo para a Argentina as exportações cresceram 8,1%, apesar do protecionismo.

O problema no comércio com os mercados desenvolvidos está associado principalmente ao baixo poder de competição da indústria, ou da sua maior parte, e às melhores condições de acesso de produtores de outros países. Mas essa é uma questão política. O governo brasileiro rejeitou em 2003 um acordo interamericano com participação dos Estados Unidos. Com isso deixou espaço a vários países concorrentes. No caso da União Europeia, o grande problema tem sido o governo argentino. É o principal entrave à conclusão do acordo comercial em negociação desde os anos 1990.

O Mercosul, promissor na fase inicial, tomou-se um trambolho com a conversão prematura em união aduaneira. Os quatro sócios originais nunca chegaram sequer a implantar uma eficiente zona de livre-comércio. Mas foram adiante, assumiram o compromisso mal planejado da Tarifa Externa Comum e aceitaram as limitações daí decorrentes. Nenhum deles pode, sozinho, concluir acordos ambiciosos de liberalização comercial com parceiros estranhos ao bloco.

De vez em quando alguém sugere, no Brasil, o abandono da união aduaneira e o retomo à condição de livre-comércio. Poderia ser um recomeço muito saudável, mas o governo brasileiro nem admite a discussão da ideia. A fantasia de uma liderança regional - obviamente associada ao terceiro-mundismo em vigor a partir de 2003 - tem sido um entrave ainda mais danoso que as amarras da fracassada união aduaneira.

Em 2013 o pior efeito da crise global, para o Brasil, foi a redução dos preços de commodities. Apesar disso, o comércio do agronegócio foi muito bem. Até novembro, o setor exportou US$ 93,58 bilhões de matérias-primas e produtos elaborados e acumulou um superávit de US$ 77,88 bilhões. O saldo final deve ter superado US$ 80 bilhões, valor anulado com muita folga pelo déficit da maior parte da indústria.

Em dezembro, só as vendas de milho em grão, carnes bovina e de frango, farelo e óleo de soja, café em grão, açúcar em bruto e celulose renderam US$ 3,87 bilhões. O quadro especial do setor, com valores discriminados e reorganizados, aparecerá, como sempre, no site do Ministério da Agricultura. Os números serão os do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas a arrumação seguirá um critério diferenciado.

No caso do agronegócio, o poder de competição reflete os ganhos de produtividade acumulados em três décadas, além da manutenção, nos últimos anos, de um razoável volume de investimentos setoriais, como as compras de caminhões e máquinas em 2013. A eficiência tem sido suficiente para compensar, mas só em parte, as desvantagens logísticas.

Quando um setor respeitado internacionalmente mal consegue embarcar seus produtos, é quase uma piada insistir na conversa do câmbio como grande problema da economia nacional. Mas a piada convém a um governo com graves dificuldades para formular e executar uma política de investimentos públicos e privados.

Ainda no capítulo do humor, um lembrete sobre as exportações fictícias de plataformas: o expediente foi realmente criado em 1999 para proporcionar benefícios fiscais à atividade petrolífera. Até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, citou esse fato em entrevista. Mas essas operações nunca foram usadas tão amplamente quanto no último ano. Em 2012, esse item rendeu US$ 1,46 bilhão à contabilidade comercial. Em 2013, US$ 7,76 bilhões, com aumento de 426,4% pela média diária. Apareceu no topo da lista de manufaturados, acima de automóveis, aviões e autopeças. Mas nem isso disfarçou os problemas de uma indústria enfraquecida por anos de incompetência e irresponsabilidade na política econômica.

*Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Sete desejos de ano novo - Demétrio Magnoli

Oposição se faz com o bisturi afiado da crítica e com a bússola apontada para um rumo de mudança

1. As denúncias de Edward Snowden sobre a espionagem em massa das comunicações de cidadãos comuns deflagraram uma investigação oficial, que gerou um relatório de propostas de mudanças nos procedimentos da NSA. Faz sentido criminalizar o personagem que apontou as distorções, reconhecidas pelo próprio governo, de uma agência estatal descontrolada? Desejo que Obama anistie incondicionalmente o delator. Seria um sinal de vitalidade da democracia americana --e, de passagem, resgataria Snowden do abraço de urso de Putin.

2. A "maior Copa de todos os tempos", na frase de Dilma, é a Copa mais cara da história. A festa macabra da Fifa, bancada com dinheiro público, simboliza a inigualável soberba do lulismo. Que as pessoas voltem às ruas desde a hora do apito inicial e, no entorno das arenas bilionárias, até a cerimônia de encerramento, exponham ao mundo a desfaçatez dessa aliança profana entre os donos do negócio do futebol e os gerentes dos "negócios do Brasil". Que a polícia trate com urbanidade os manifestantes --e com a dureza da lei os vândalos mascarados.

3. Serra colou sua foto à de Lula na campanha presidencial de 2010 e tentou colar em todo o PT o rótulo infamante de quadrilha de corruptos nas eleições municipais de 2012. Que Aécio aprenda com tais precedentes a lição do que não se deve fazer. Oposição se faz com o bisturi afiado da crítica e com a bússola apontada para um rumo de mudança. Que o tucano combine radicalidade (de fundo) e civilidade (de forma).

4. "Vemos as filhas do Bolsa Família serem mães do Bolsa Família. Vamos assistir a elas serem avós do Bolsa Família?" Eduardo Campos revela a ousadia dos estadistas quando, desafiando a geleia geral brasileira, indica os limites dos programas de transferência de renda. Que ele desenvolva esse tema difícil sob o fogo da propaganda eleitoral. Que estraçalhe o véu atrás do qual se esconde o deplorável conservadorismo de um governo devotado à reprodução infinita do círculo de ferro da pobreza e da dependência.

5. Franklin Roosevelt governou por 12 anos, entre 1933 e 1945. Depois, para reforçar o princípio da alternância no poder, uma emenda constitucional impôs a regra de uma reeleição única. O provável triunfo de Dilma estenderia a presidência lulista a 16 anos, um intervalo longo o suficiente para converter um governo num regime. A eternização no poder de uma corrente política que tende a borrar as fronteiras entre Estado, governo e partido envenena as instituições democráticas. Nossa democracia não precisa de um Partido com inicial maiúscula. Que as urnas de outubro cortem o caminho do quarto mandato consecutivo do lulismo.

6. Suzana Singer qualificou Reinaldo Azevedo como "um rottweiler", dois dias depois da publicação do primeiro texto do novo colunista, que não continha nenhuma impropriedade, e revelou sua insatisfação com a chegada de outro colunista (este aqui), acusado do crime hediondo de ser um "crítico entusiasmado do PT". Há algo de muito errado no cenário do debate público quando a ombudsman do maior jornal do país faz tabelinha com as correntes difamatórias da internet financiadas pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Que Suzana recupere o prumo e a compostura.

7. Um relatório judicial entregue ao STF revelou que 59 presos foram assassinados na cadeia de Pedrinhas (MA), onde a tortura e o abuso sexual entre prisioneiros fazem parte do cotidiano. Nas cadeias do país, 500 mil presos amontoam-se em 300 mil vagas. Durante o julgamento do "mensalão", o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo crismou o sistema carcerário brasileiro como "medieval", uma incrível descoberta propiciada pelo espectro da condenação definitiva de seus companheiros petistas. Que, 12 anos depois da ascensão de seu partido ao poder, Cardozo supere o hiato entre a palavra e a ação.

Fonte: Folha de S. Paulo

Roteiros para a civilidade - Miguel Reale Júnior

A falta de seriedade revelada pela cultura do faz de conta cm nosso país, objeto do meu último artigo nesta página, somada à epidemia de nonsenscy abordada ainda em outro artigo, deixou-me em inevitável clima de desalento. Estaria mesmo tudo perdido?

Estudo recente sobre perspectivas para crianças e jovens em pequena comunidade do sul da Bahia mostra uma sociedade consciente de seus defeitos e de seus sonhos, bem como dos meios necessários para dar um passo avante no sentido da realização de seus ideais. O estudo compreendeu entrevistas em três povoados litorâneos, com população de cerca de 4 mil pessoas. Foram ouvidos 205 crianças e jovens e 120 adultos, entre pais, professores e membros da sociedade.

Esse trabalho, realizado por duas psicólogas sociais, envolveu a comunidade, contando com a boa vontade de escolas, unidades de saúde e associações culturais, tendo sido positivamente aceito pela população, sempre presente às reuniões realizadas no decorrer da pesquisa. Três enfoques foram estabelecidos: conhecer o público-alvo, a sua visão do futuro e o caminho imaginado para a transformação. No primeiro enfoque, foi pesquisado o ponto de vista que as crianças e os jovens têm de si mesmos e também como são vistos pelos adultos com que se relacionam.

O retrato das crianças e dos jovens feito por eles mesmos e pelos adultos é muito severo, depreciativo mesmo, pois, se destacam como pontos positivos o que gostam de fazer, realçam como negativo a sua forma de ser. Refletindo sobre o que pensam, são e desejam, os jovens consideram positivo gostar de música, ir à praia, praticar esporte, apenas mencionando serem carinhosos. Já no aspecto negativo, eles se olham e são vistos como egoístas, desobedientes, desinteressados pelo estudo, propícios ao uso de droga e álcool, agressivos e prepotentes, irresponsáveis pelo sexo sem uso de camisinha, influenciáveis e bagunceiros.

As crianças e os jovens foram indagados, então, acerca de como seria a comunidade ideal daquele lugar em 2018 e quais qualidades deveriam ter os jovens para estar adequados a essa situação ideal. As qualidades numa sociedade ideal seriam, para os jovens, humildade, obediência, honestidade, dedicação ao trabalho, sexo seguro, distância das drogas, qualificação profissional, boa aparência, resistir às influências nefastas.

A grande questão, todavia, está em saber o que os jovens e a população desses povoados consideram essencial para promover esse salto de uma realidade vista severamente com traços negativos para uma situação superior, na qual as pessoas possam exercitar as virtudes consideradas ideais. São diversos os âmbitos revelados nas entrevistas como fundamentais para o alcance da melhoria das condições pessoais, buscando a realização pessoal e profissional, além da criação de clima de paz social: o afetivo, o escolar, lazer, cultural, estrutural e financeiro.

No âmbito afetivo, na medida de possível intervenção do poder público, requer-se a criação de espaço para encontro e reflexão, tomando viáveis oportunidades de familiares partilharem atividades e serem orientados.

No âmbito escolar, propõem-se professores mais preparados e motivados, cursos de pequena duração (de cabeleireiro, marceneiro, culinária, informática). Para o lazer e a fruição cultural requer-se local - a escola, por exemplo - onde haja esporte, dança, capoeira, acesso a peças teatrais, cinema, oficinas de arte, aulas de canto e de música e valorização de antigas brincadeiras.

Por fim, no campo estrutural e financeiro, os jovens clamam por ter escola organizada, água boa para beber, horta comunitária, melhoria das mas e estradas.

A escola deve ser o centro catalisador da convivência e de desenvolvimento pessoal, além, é lógico, do seu papel de formação intelectual. Cumpre, portanto, usar a escola como lugar para encontro da comunidade, onde pais, filhos, amigos convivam na fruição de lazer e de atividades artísticas e culturais.

Os jovens não querem primacialmente objetos de consumo, eles querem convivência em clima de socialidade na busca de paz social em que prevaleça o respeito pelo outro. Essa pesquisa mostra, portanto, jovens muito conscientes de suas deficiências, dotados de compreensão do que deveriam ser e das condições necessárias, além da própria força de vontade, para que sejam dados passos avante no desenvolvimento da personalidade.

Em 2002, no Ministério da Justiça, diante do elevado número de jovens mortos por assassinato, mal ainda presente, segundo o IBGE, convidei ministros da área social para conversar, pois não se tratava de questão policial, mas social. A proposta surgida na reunião foi no sentido de transformação, como tarefa dos ministérios, de escolas da periferia em centros de convivência, com quadras de esporte, aulas, campeonatos e atividades culturais, criando-se projeto-piloto. Com minha saída, a ideia não prosperou.

Agora, passados mais de dez anos, no microcosmo de povoados litorâneos da Bahia, reafirma-se haver roteiros para a melhoria do grau de civilidade de nossa gente, sujeita apenas ao recebimento de educação formal, esquecidos os poderes públicos de dar às pessoas oportunidade de se relacionar para juntas se desenvolverem culturalmente, em espaços nos quais se sintam ouvidas e prestigiadas.

A prova está na resposta dos jovens à pergunta sobre o que gostariam de fazer se pudessem, pois aflorou o desejo não de bens materiais, surgido apenas secundariamente, prevalecendo a vontade de terem aulas de natação, dança, flauta, piano, música em geral. Em suma, o estudo conclui que as soluções propostas apontam na direção da arte, da música, da qualificação profissional e da atenção às famílias como a direção ideal a ser seguida para uma vida melhor.

No país do nonsense, há caminhos de racionalidade e de afeto. Basta ter vontade política e ouvir o povo.

*Advogado, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras, foi Ministro da Justiça

Fonte: O Estado de S. Paulo

Lula e os militares - Ruy Fabiano

A denúncia do ex-delegado Romeu Tuma Jr., publicada no recém-lançado livro “Assassinato de Reputações”, de que Lula atuou como delator junto ao Dops ao tempo do regime militar, não é exatamente inédita – nem exata, em seus termos.

Antes dele, o jornalista José Nêumanne Pinto já a havia feito, no livro “O que Sei de Lula”, publicado há mais de um ano. Ambos, cada qual a seu modo, conviveram com Lula ao tempo em que sua liderança sindical emergia e o inseria na cena política nacional.

Não havia ainda o PT, mas Lula já pensava em criá-lo. Era o final dos anos 70 e o PT surge em 1980. Nêumanne, então repórter do Jornal do Brasil, foi destacado para cobrir o sindicalismo do ABC paulista, que surgia como o fato novo da política brasileira.

Tuma Jr. era já agente da Polícia Federal e assessorava o pai, Romeu Tuma, chefe do Dops. Lula já contou – e há um vídeo na internet com esse relato – que era tratado a pão-de-ló por Tuma pai, ao tempo em que esteve preso no Dops.

Nêumanne diz que, nessa época, em que, para além dos contatos profissionais, desfrutava da companhia de Lula em mesas de bar, deu-lhe carona para um encontro (de que não participou) com personagens do governo militar – entre outros, um representante do general Golbery do Couto e Silva, que nele via uma peça-chave para desmontar a frente oposicionista, abrigada no MDB.

Lula se recusava a integrar a frente oposicionista. Não se via um discípulo de Ulysses Guimarães ou Tancredo Neves. E não via com simpatia a volta dos mais eminentes anistiados, como Miguel Arraes e Leonel Brizola, embora não pudesse dizê-lo de público.

Para a opinião pública, eram aliados; no campo da realidade nua e crua da política, já eram concorrentes. Numa coisa e noutra – na recusa à frente oposicionista e na rejeição aos líderes anistiados -, coincidia com o pensamento do governo militar, então presidido pelo general Figueiredo.

Natural que o estrategista do regime, general Golbery, então chefe do Gabinete Civil, se interessasse em conversar com Lula e examinar pontos de convergência. Esses encontros e acertos, mencionados à época, no entanto, não fazem de Lula um dedo-duro, nos termos, por exemplo, do que, na sequência da implantação do regime militar, se imputou ao ex-cabo Anselmo.

As informações de Anselmo aos órgãos de repressão não só provocaram prisões e violências, como foram feitas a partir do que obteve em confiança, de pessoas que o julgavam um companheiro de luta. Há aí uma transgressão bem mais grave que a que se queira atribuir a Lula.

Não se trata de absolvê-lo ideologicamente com ele. A rigor, tal avaliação diz respeito ao campo moral, não ideológico. Trata-se de examinar com objetividade e isenção o que se passou.

Não foi algo muito diferente, do ponto de vista prático, de sua recente aliança com Paulo Maluf. Em nome de interesses imediatos e fisiológicos – a eleição do prefeito de São Paulo -, abjurou de tudo o que dele dissera ao longo de duas décadas.

Uniu-se a quem julgava politicamente indecente para atender a seu projeto de poder. É claro que há aí uma questão moral, mas que deve ser julgada nos seus termos, sem deles extrapolar.

Lula, quando emerge no cenário político, a conjuntura era bem distinta. Já não havia, desde o final de 1978, o AI-5, revogado no apagar das luzes do governo Geisel; já não havia, desde a anistia, em 1979, presos políticos – e, por conseguinte, já não havia exilados.

O temor dos militares era com a ascensão de uma oposição unida, que levasse ao revanchismo, hoje, ironicamente, materializado na Comissão da Verdade, instalada pelo PT.

A Lula, interessava então formar o seu partido, no qual, a princípio, não queria nem a presença dos intelectuais acadêmicos, que acabaram por dar o estofo ideológico que até hoje o preside.

O jogo que fez, do ponto de vista dos que lutaram anos contra a ditadura e o viam como aliado, pode ser tachado de desleal ou egoísta – ou ambas as coisas. Mas nada tem a ver com delação. É o mesmo jogo que fez ao proibir o partido de votar em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral e de assinar a Constituição de 88 sob protesto.

De suas conversas com lideranças do regime não resultaram prisões, torturas ou exílios – e pelo simples motivo de que o regime militar não tinha mais meios de promover aqueles atos. Já estava jogando o jogo político e lhe interessava apenas garantir uma retirada honrosa e segura, afinal obtida.

Lula já estava construindo o seu projeto pessoal, mas não colaborou para a permanência do regime – e sim para sua retirada segura, que hoje paradoxalmente seu partido quer revogar.

Ruy Fabiano é jornalista.

Fonte: Blog do Noblat

Brasília-DF – Denise Rothenburg

Assim você me mata
Deputados federais têm reclamado que os ministros que serão candidatos em outubro privilegiaram as próprias bases eleitorais no momento da liberação das emendas ao Orçamento. E deixaram, com isso, os aliados a ver navios.
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A reclamação no empenho das emendas é antigo. O Congresso sempre diz que o governo libera menos do que deveria. Desta vez, contudo, são as próprias bancadas que apoiam os ministros as mais queixosas. Deputados do PP e do PMDB estão entre os que mais criticam os ministros indicados pelos próprios partidos.
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O clima vai ficar quente na volta das festas de réveillon.

Ai, se eu te pego
É bom lembrar que muitos ministros serão candidatos à reeleição para deputado federal ou aos governos estaduais e precisarão do apoio dos atuais companheiros de partido para se darem bem nas eleições de outubro.

Eles são Dilma...
O Pros nasceu para ser uma legenda de governo. Vota com o Planalto e o presidente da sigla, Eurípides Júnior, já foi recebido pela presidente Dilma Rousseff. A legenda tem como principais expoentes os irmãos Cid e Ciro Gomes e sonha até com um ministério na reforma que a presidente fará a partir do fim deste mês.

...Eu sou Marina
No terceiro maior colégio eleitoral do país, no entanto, o palanque do Pros está fechado com Marina Silva. Trinta e quatro anos depois de concorrer ao governo fluminense, Miro Teixeira será candidato ao Palácio da Guanabara. "Desde as manifestações de junho, o Rio é o local mais propenso à mudança e ao novo. E esse novo é representado pela Marina. Até Dilma sabe disso", afirmou Miro.

CURTIDAS
Acerto de ponteiros/ Mais bem avaliado na pesquisa Ibope que avaliou os governadores do país, Omar Aziz (PSD-AM) não poderá concorrer este ano, pois está no segundo mandato, e vai apoiar a candidatura do vice, José Mello (Pros). A tática dificulta a vida de Eduardo Braga (foto), do PMDB, líder do governo no Senado. Por isso, alguns integrantes do PMDB defendem que Braga seja recompensado pela presidente Dilma Rousseff com uma vaga na Esplanada durante a reforma ministerial que será iniciada este mês.

Ninguém me ouve!/ A Agência Nacional de Saúde (ANS) obriga as operadoras de plano de saúde a criar ouvidorias para atender melhor os usuários, mas ela mesma não dá exemplo. Encerrou 2013 sem nomear o titular da própria ouvidoria.

De passagem/ Desde agosto, a ANS mantém um interino no cargo, Jorge Toledo, agente administrativo da carreira da Polícia Federal que estava como gerente de Administração e Finanças da diretoria anterior do órgão regulador.

Esse não!/ A atual direção da ANS tentou emplacá-lo como titular do cargo, mas a Casa Civil vetou o nome por não corresponder ao perfil desejado para um setor tão sensível ao humor da população. Outro nome já foi encaminhado ao Ministério da Saúde e ao Planalto. Sem resposta, por enquanto.

Fonte: Correio Braziliense

Política - Claudio Humberto

PSB de SP peita veto de Marina
Presidente do PSB em São Paulo, o deputado Márcio França afirmou que "não muda nada" se a ex-senadora Marina Silva vetar o apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Qualquer mudança depende do voto dos 680 delegados na convenção, e hoje 95% apoia o governador", alfineta França, que pleiteia para sair a vice do tucano. "Só vale a pena lançar candidato próprio se tiver consistência", disse.

Falta disposição
Márcio França acredita que, aos 79 anos, Luiza Erundina não tem disposição para uma campanha majoritária. "Se perder, ela ficará sem mandato."

Diferenças
Para o deputado socialista, Marina Silva se filiou ao PSB por um projeto político, "mas somos moralmente de partidos diferentes".

Agora toma
No PSDB, aliados de Alckmin defendem seu palanque para Eduardo Campos para dar troco em Aécio Neves, que fez corpo-mole em 2010.

Toma lá, dá cá
Após o governador Eduardo Campos (PSB) entregar cargos ao PSDB em Pernambuco, o governador Minas, Antonio Anastasia (PSDB), indicou Tiago Lacerda, filho do prefeito socialista Márcio Lacerda, para comandar superpasta que agregará Esportes, Turismo e Juventude.

Avon chama
A ONG Contas Abertas apurou que o governo Dilma "melhorou" o resultado do superávit primário de 2013 adiando até os últimos dias do ano os pagamentos para obras e compras de equipamentos.

Bye, bye Amorim
É forte o rumor entre os militares de que Dilma já decidiu trocar Celso Amorim (Defesa) pelo secretário-geral da Previdência, Carlos Gabas, considerado nas Forças Armadas "um verdadeiro nacionalista".

Olho do dono
Responsável pela transparência na fiscalização do gasto público, a CGU caprichou no equipamento: gastou R$ 4,3 milhões com 1.154 novos computadores, por quase R$ 4 mil cada.

Pergunta
Dirceu teria Facebook, Twitter e blog atualizados todo dia se fosse "prisioneiro político" em Cuba?

Frase
"Não há a menor possibilidade de reversão (das demissões)"
Diretor da General Motors (GM), Luiz Moan, sobre a cobrança de Guido Mantega (Fazenda)

Prejudicados
Grupo de 18 deputados do PMDB está em pé de guerra com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), a quem acusa de ignorar o encaminhamento do Palácio do Planalto e cancelar suas emendas parlamentares.

Atritos
Candidato do governador Jaques Wagner (PT-BA) a sua sucessão, o secretário Rui Costa (Casa Civil) desceu a lenha em seu marqueteiro, Sidônio Palmeira, durante almoço com o publicitário João Santana.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Panorama Político - Ilimar Franco

Crise à vista
O Planalto fechou 2013 numa boa com o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), mas nuvens negras se aproximam com a reforma ministerial. Cunha avisou que não aceita que o Turismo seja entregue a outro partido e que o substituto de Gastão Vieira tem que ser escolha da bancada. O governo não tem dado ouvidos e aposta que dar ao PMDB o Ministério da Integração basta.

Um ano depois do outro
Em 2012, o ex-presidente Lula e o presidente do PSB, Eduardo Campos, inventaram candidatos para São Paulo e Recife. Tiveram sucesso na eleição. No entanto, os prefeitos Fernando Haddad e Geraldo Júlio se transformaram num peso a ser carregado este ano. Em Pernambuco, Campos teve que assumir o comando, transformando a prefeitura numa espécie de secretaria extraordinária de seu governo. Pelo menos três vezes por semana, Júlio despacha com Campos. A gestão Haddad, que também patina e aparece mal nas pesquisas de opinião até o momento, acabará influenciando a campanha do ministro Alexandre Padilha (PT) ao governo.

“O Mantega versão 2014 evoluiu da contabilidade criativa para a contabilidade do calote. Não paga as contas e diz que fez superávit”.

Beto Albuquerque
Deputado (RS), líder do PSB na Câmara

Ufa!
O ministro Guido Mantega (Fazenda) respirou aliviado por não ter ganho na Mega Sena da virada. Na véspera do sorteio, ele pediu para entrar em um bolão organizado por jornalistas que cobrem a área econômica. O ministro estava sem a carteira para entrar na vaquinha e acabou esquecendo de pagar os R$ 30,00 devidos.

Libera geral
A direção do PP vai liberar o partido nos estados para as alianças que os progressistas quiserem fazer mas, como contrapartida, pediu aos senadores e deputados que não se oponham ao apoio formal à reeleição da presidente Dilma.

Melhor prevenir
O entendimento entre os progressistas começou a ser feito quando chegou à cúpula sinalização de que a presidente Dilma poderia escolher outro partido para comandar o Ministério das Cidades, com a saída de Aguinaldo Ribeiro na reforma.

Onde mora o perigo
Petistas avaliam que o pernambucano Eduardo Campos (PSB) é um candidato mais perigoso do que o tucano Aécio Neves nas eleições presidenciais deste ano. Acreditam que a base social do PSB jamais votará no PSDB, enquanto os votos de Aécio serão descarregados em peso em Campos, num eventual segundo turno.

Blindados no Rio
O STF contratou por R$ 181 mil carros blindados de modelo executivo para atenderem aos ministros, sempre que demandarem. A empresa contratada tem que oferecer carros em perfeitas condições e com até 40 mil km rodados.

Na pressão
O governador Eduardo Campos (PSB-PE) está sendo pressionado pelo partido a definir até fevereiro seu candidato à sucessão, para evitar sentimento de favoritismo do senador Armando Monteiro (PTB), candidato da presidente Dilma.

Tombini 2015. Se a presidente Dilma for reeleita, a aposta é que o presidente do BC, Alexandre Tombini, será o próximo ministro da Fazenda.

Fonte: O Globo