sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Vinicius Torres Freire - Dilma 1 também atropela o emprego

• Números do mercado formal até agora indicam que 2014 será o pior desde o início dos anos petistas

- Folha de S. Paulo

Este será o ano mais fraco no avanço do emprego formal pelo menos desde 2001, talvez desde 1999. O desempenho não é tão ruim quanto parece, no entanto. Mas é muito pior do que diz a propaganda de Dilma Rousseff 1. Será ainda mais deprimente em 2015.

O crescimento da quantidade de gente com carteira assinada será com certeza o menor desde 2002. Considerada a hipótese muito otimista do governo para o resultado de dezembro deste ano, o ritmo de "criação de empregos formais" será 36% inferior ao de 2013, metade do registrado em 2012, um terço daquele de 2011.

É possível argumentar que a formalização do emprego não teria como crescer mais em ritmo tão acelerado, pois nem se criam tantos empregos nem há tanto mais gente que possa ter enfim seu emprego registrado em carteira.

No entanto, a comparação com o resultado de 2013, a queda abrupta nos últimos dois anos e a estagnação do número de pessoas ocupadas nas grandes metrópoles desde o ano passado indicam que o mercado de trabalho foi enfim abalroado pela política econômica de Dilma Rousseff 1.

A falta de precisão no início deste texto se deve ao fato de que a série de estatísticas mais recentes sobre o mercado de trabalho não é diretamente comparável com as do começo ou do final do século passado. No entanto, o resultado de 2014 vai cair na vala comum daqueles anos ruins, final dos 1990, começo dos 2000.

Ao divulgar os resultados de novembro, o Ministério do Trabalho deu a entender que espera apenas umas 200 mil demissões em dezembro (dezembro é habitualmente um mês de demissões em massa, não importa o andar da economia no ano). Bem, em 2012 e 2013 as demissões rondaram os 500 mil.

Um tipo sarcástico poderia dizer que o resultado das estatísticas de emprego formal é excelente, dado o desempenho da economia brasileira em geral. O crescimento do PIB será neste ano próximo de zero, a inflação anda em torno de 6,5%, a taxa de investimento cai, o deficit externo veio subindo desde 2008 e permaneceu em altos 3,7% do PIB mesmo com a economia estagnada etc.

Pode ser. As políticas econômicas de Dilma 1, macro ou micro, deram com muito mais burros em outras águas, vide a situação do setor elétrico ou da Petrobras, por exemplo.
Mesmo com tamanhos desastres, a situação do mercado de trabalho é ora apenas de estagnação; de resto, não está previsto nenhum desastre para o ano que vem, ainda que por enquanto se dê como certo que a economia não vai crescer nada, outra vez.

A taxa de desemprego deve crescer, mas pouco, pois muita gente anda fora do mercado de trabalho, até porque pode, pois a vida em média melhorou, até pelo menos 2013. Mas o progresso do emprego, formal ou não, vai parar por uns dois anos. Aliás, deve haver algum regresso, no ano que vem.

A falta de crescimento da economia e das receitas do governo, que estará sujeito a pão e água até 2017, vai impedir, no entanto, a expansão dos programas de transferências sociais de renda, que melhoraram a vida de muita gente de modo direto, por meio das "Bolsas" várias, como por meio do estímulo à atividade econômica de regiões pobres, com o que se criavam empregos, claro.

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