quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Oposição diz que MP prejudica trabalhador e promete mudar texto

• Para Aécio Neves, Dilma "trai compromissos assumidos com eleitores"

Cristiane Jungblut, Isabel Braga, Júnia Gama e Simone Iglesias – O Globo

-BRASÍLIA- Líderes da oposição no Congresso criticaram a edição de medida provisória (MP) com regras que dificultam o acesso ao seguro-desemprego e outros benefícios. Eles acusaram Dilma Rousseff de romper compromissos de campanha e prejudicar os trabalhadores. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), informou em sua página no Facebook que vai tentar alterar o texto da MP no Congresso.

"No apagar das luzes do seu primeiro mandato, (... ) a presidente Dilma Rousseff trai novamente os compromissos assumidos com seus eleitores e anuncia novas e duras medidas que, na campanha eleitoral, garantiu que não iria tomar: reduz direitos dos trabalhadores (...)", escreveu o senador. Aécio ainda ironizou a frase dita por Dilma durante a campanha, de que não mexeria nos direitos dos trabalhadores "nem que a vaca tussa". "A cada nova medida anunciada vai ficando ainda mais claro que foi a mentira quem venceu as últimas eleições", afirmou.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), também lembrou a frase de Dilma:

— Ela disse que não mexeria em direitos dos trabalhadores nem que a vaca tossisse. E a vaca tossiu. Esse pode ser um caminho para a ruína, a menos que haja a retomada efetiva da economia. Porque, se isso não ocorrer, ela ficará sem realizações e sem legitimidade.

Para o presidente nacional do DEM e líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN), Dilma alterou as regras da concessão do seguro-desemprego sabendo que haverá aumento do desemprego no país. E o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que, por tratar-se de reforma em direitos trabalhistas, o governo deveria ter enviado um projeto de lei para ser discutido no Congresso, em vez de recorrer a uma MP.

Representante do PDT rompe
Em campanha para a Presidência da Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), evitou criticar a MP:

— Não conheço o texto completo ainda, mas, a princípio, qualquer medida que sirva para conter abusos e distorções é bem-vinda. Os gastos estão elevados e a receita cresce quase nada, então o governo precisou fazer essa economia.

Já o ex-ministro do Trabalho Brizola Neto, do PDT, decidiu romper com o governo:

— Não podemos participar de um governo no qual a primeira medida anunciada é tirar direitos dos trabalhadores.

Opinião/O Globo: Sensatez
NO MESMO dia em que foram divulgados os números aterrorizantes das contas públicas de novembro, o governo anunciou medidas de correção no pagamento de benefícios e pensões. Uma coisa tem a ver com a outra.

AFINAL, O crescente desequilíbrio em gastos ditos "sociais" como benefícios previdenciários, seguros e auxílios, é uma das molas propulsoras do crescente e preocupante déficit público — astronômicos 6,06% do PIB, de janeiro a novembro.

NOVAS NORMAS para o pagamento de pensões por morte, seguro-desemprego, auxílio-doença e auxílio-defeso (para pescadores) apenas condicionam esses gastos à realidade fiscal do país. E tão-somente reproduzem o que muitos países já fazem.

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